terça-feira, 19 de novembro de 2013

20 de novembro - Um dia para comemorar e refletir

Dia da Consciência Negra

Há poucos dias atrás, recebi a noticia que uma cidade do sul do país, conseguiu cancelar o feriado de 20 de novembro, alegando prejuízos ao comércio local. Tal noticia me deixou preocupada. Qual o significado desse ato de um estado do sul do país? Certamente um retrocesso na luta pela democracia racial.
A falta de respeito com uma data tão importante para o povo negro é no mínimo lamentável e indicador de que as coisas não andam bem por aqui.
Soma-se a esse fato, os dados estatísticos de que os jovens negros morrem 4 vezes mais que os jovens brancos e que só esse ano morreram mais de 20 mil jovens negros. Um verdadeiro genocídio.
Ainda há em pauta: o debate sobre as cotas, o direito as terras dos quilombolas, a educação, a saúde, moradia, trabalho, a luta contra a intolerância religiosa, a maior participação dos negros nos meios de comunicação, o cumprimento da Lei 10.639. Enfim, o dia 20 de novembro é uma data simbólica, pois representa a luta do povo negro por igualdade e liberdade cuja a imagem mais emblemática é a de Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares, o maior quilombo do Brasil que tinha um projeto de sociedade baseada na igualdade, no trabalho e na solidariedade entre brancos, negros e índios que ali habitavam. Portanto, hoje neste dia lindo e conquistado pelos negros só podemos clamar para que o espirito de Zumbi nos ilumine e nos dê força, afinal fatos como o cancelamento do feriado no sul é apenas a ponta de um iceberg.

Maria Aparecida Pinto Silva, paulistana, graduada em Especialização em Ciências Sociais pela UNICAMP e com mestrado e doutorado na PUC de São Paulo. Sua dissertação de mestrado foi sobre os clubes e associações negras de São Paulo entre 1930 e 1968, trabalhou com a memória dos dirigentes e frequentadores. No doutorado trabalhou com o jornal "A Voz da Raça", jornal da Frente Negra Brasileira, fez uma análise histórica e antropológica sobre o jornal que foi tratado como uma expressão dos negros entre 1933 a 1937. É professora universitária há 23 anos e aposentada da rede pública do Estado de São Paulo. Possui uma pequena confecção de roupas étnicas, chamada Dandara.