quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Homenagem aos 450 do Rio


O  PÃO DE  AÇÚCAR  -   cartão postal do Rio de Janeiro

José de Anchieta foi um dos primeiros a descrevê-lo, numa carta a seu superior em Portugal, em que narra a fundação do Rio de Janeiro  junto a um piso de pedra muito alto, da feição de um Pão de Açúcar, que domina a floresta virgem e o capoeirão onde Estácio de Sá  assentou o seu arraial...” E foi  do sopé do penedo que Estácio, com a ajuda de Mem de Sá, partiu para expulsar os franceses invasores do Brasil e para tombar sob uma flecha envenenada, mais ou menos  no local onde fica a praia do Flamengo
De lá para cá, o Pão de Açúcar  repousou 410 anos sossegado, como um imenso felino deitado de lado, entre a Praia Vermelha e a Praia de Botafogo. Até que em 1908 durante as comemorações  do centenário da abertura dos portos brasileiros às nações amigas, o engenheiro Augusto Ferreira Ramos teve a brilhante ideia : construir um caminho aéreo que ligasse a praia Vermelha ao morro da Urca e este ao Pão de Açúcar. “ Por que não uma linha entre o morro da Urca  e o hospício  ?“, perguntou-lhe um amigo, referindo-se ao prédio onde hoje se situa a sede da UFRJ



A própria Prefeitura parece cética, mas resolveu dar 30 anos ao engenheiro para realizar o projeto.  Três anos, 4 toneladas de materiais  e 2 milhões de contos de réis depois, no dia 9 de outubro de 1912, fez-se a viagem inaugural, a bordo do waon movido por uma máquina elétrica de 75 HP, cobrindo uma extensão de 575 metros da praia Vermelha  ao morro da Urca. No ensolarado domingo que amanheceu três dias depois, abriu-se o serviço ao público. Naquele primeiro dia  de funcionamento, o bondinho levou 577 pessoas para contemplar uma paisagem nunca vista no Rio de Janeiro, sob o olhar incrédulo do resto da população.
Em 1930, Cristóvão Leite de Castro, engenheiro recém–formado, foi procurado por Augusto Ramos  para se encarregar da parte técnica do Caminho Aéreo  -  àquela altura um sucesso enorme  na cidade, com filas imensas esperando para andar no bondinho. Cristóvão  nunca mais se afastou do Pão de Açúcar e hoje é diretor–presidente da Companhia do Caminho Aéreo. Não se cansa  de visitar a montanha  e conta   que cada vez que sobe avista a cidade de um jeito diferente. “ Houve um dia  em que vi o Rio totalmente verde “. E , quanto aos 52 anos cita Camões : “ Mais servira se não fora para tão grande amor tão curta a vida... “ Outro veterano do Pão de Açúcar é o engenheiro e alpinista Giuseppe Pellegrini, italiano de nascimento, mas principalmente um cidadão das montanhas, pois foi escalando o penedo que começou a trabalhar na Companhia do Caminho Aéreo, há 20 anos. Foi um dos grandes responsáveis  pela duplicação das linhas e a escalar a montanha pelo menos quatro vezes por semana. A linha do morro  da Urca ao Pão de Açúcar já foi vencida por um alemão de motocicleta, no tempo em que açúcar  se escrevia com dois esses.  Mais recentemente  houve  um americano, Steve Macpeak  , que desengraxou toda a extensão do cabo  e,  segurando uma vara de 21 metros  ( uma bandeira brasileira  numa extremidade, uma bandeira americana  na outra  ) , equilibrou–se  ao longo dos 750 metros  do cabo. Sentando no meio do percurso para descansar. Outra paralisação aconteceu há uns quatro anos, por ocasião da filmagem de novas aventuras do agente inglês 007 em Moonraker. Durante uma semana a linha 2 ficou por conta da produção do filme, que pagou à companhia o equivalente  ao que o bondinho teria rendido se aberto ao público naquele período. Giuseppe Pellegrini ajudou e acompanhou o processo todo, com uma missão muito séria  : “ Evitar que os americanos fizessem loucuras. Eram muito organizados  , muito educados  , mas se você bobeasse eles mudavam a estação de lugar para conseguir um ângulo mais bonito. Havia inclusive uma cena em que o bondinho devia se espatifar contra a estação, mas não permitimos que fizesse isto , porque poderia dar uma imagem de insegurança do teleférico. “ ( Quem viu o filme, sabe  que a cena foi filmada, mas o bondinho sai ileso, e depois  de atravessar a estação como um bólido. )



Moonraker não foi o primeiro filme ali realizado;  houve muitos outros, nacionais  e estrangeiros, e certamente um dos pontos mais conhecidos do Brasil  - na  verdade , o grande cartão–postal do país  - continuará  servindo de cenário  . Mas o morro da Urca não vive só de cinema. Desde a construção  da nova estação, há 10 anos, vem se tornando um forte pólo cultural da cidade, um recanto  de lazer para o próprio carioca,  com uma concha acústica, uma casa de danças, além do restaurante  e inúmeras atrações para as crianças.  É um espaço importante para a exposição de artes plásticas, valorizado pela tranqüilidade, pelo silêncio  e  , talvez  , pela maior obra eternamente exposta a seus pés: a cidade. 

O Pão de Açúcar tem várias idades  : há 480 anos os portugueses o descobriram e há 500 milhões de anos que a montanha de quartzo e feldspato se formou. Conta-se que o primeiro a ver o Pão de Açúcar foi o navegador André Gonçalves, 1º de maio de 1502 , ao descobrir a baía do Rio de Janeiro ( hoje de Guanabara ). Mas existe uma lenda segundo a qual os egípcios teriam sido os primeiros turistas a chegar aqui, da altura da ilha Rasa, avistaram um imenso gigante deitado cuja cabeça era a pedra da Gávea ; o corpo  , o maciço da Tijuca e os pés, o Pão de Açúcar.

Fonte: Revista  Manchete    págs 115  e  116



Av.  Nossa  Sra.  de Copacabana 

Começa na altura da Rua Antônio Vieira, perto da saída do Túnel Novo e termina na Rua Francisco Otaviano, no Posto  6. 

Copacabana é uma península situada no sul do lago Titicaca, entre os países da Bolívia e  Peru. É famosa por sua capela onde está uma imagem da Virgem Maria, supostamente milagrosa, visitada por milhares de peregrinos.
A réplica de Nossa Senhora de Copacabana, foi enviada para o santuário da santa do mesmo nome, no Rio de Janeiro, daí originando–se o nome do bairro da praia carioca, famoso no mundo inteiro. 
Foi construída para que se pudesse dar início à urbanização do bairro através das duas empresas imobiliárias encarregadas de lotear os terrenos e abrir as ruas entre o Leme  e a igreja de Nossa Senhora de Copacabana  - que ficava onde hoje o Forte de Copacabana. 
Este logradouro foi  , durante anos  , conhecido por “estrada que vai para Nossa Senhora“, estrada esta que levava à Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana. 
A Companhia de Construções Civis, tinha como sócios Teodoro Duvivier, Paula Freitas, Torquato Tapajós, Antônio Roxo Rodrigues, Otto Simon  e Hermano Kakhül, construiu a primeira parte da obra. A abertura da Avenida Nossa Senhora de Copacabana  ficou concluída entre os anos de 1892 e 1894
Foi reconhecida oficialmente pela prefeitura como via pública da cidade em 1894. Depois, a outra empresa, do Comendador Moreira Filho - que tinha como sócios Constante Ramos, Coronel José Silva e Guimarães Caipora - entregou a segunda parte da avenida, que recebeu, então, o nome da antiga Igrejinha.
No recenseamento feito em 1906, realizado por ordem do prefeito Pereira Passos, apresentava 133 prédios, dos quais  117 eram de dois pavimentos e 16 de três pavimentos, ocupados por 1.107 moradores.
Pelo decreto de número 6488 ficou conhecida pelo simples nome de Rua Copacabana. É preciso não fazer, contudo, confusão com o antigo nome da atual rua da Passagem, que também já se chamou Rua de Copacabana e depois Rua do Pasmado
Com a abertura da pedreira do Inhangá  , incorporou a  Rua Conselheiro Souza  Ferreira. Esta tinha início na pedreira e terminava na Rua Gustavo Sampaio  .
Finalmente em 1939, passou  a formar uma só via pública, com a denominação de Avenida de Nossa Senhora de Copacabana. 
Desde o inicio, esta  estrada serviu para que se erguessem altos edifícios, sendo hoje  a mais populosa rua de Copacabana, ladeada por um muro de arranha-céus, com milhares de habitantes.
Principal avenida do bairro, onde trafegam automóveis de todos os tipos e várias linhas de ônibus, tem também  um comércio rico e variado  , como hotéis  , bares  , restaurantes  e lanchonetes  , bancos e o mais variado comércio que vende  de tudo que possa desejar . 

Fontes : Texto  - www.copacabana.com
Revista SESC RIO Destaque págs 4 e 5  Novembro de 2008



AS CALÇADAS   EM  MOSAICO E PEDRAS PORTUGUESAS  DO  RIO DE  JANEIRO

As calçadas em  mosaico de pedra portuguesa da  Av. Atlântica  são usadas há mais de cinqüenta anos nos folhetos turísticos como um dos símbolos de maior identidade da cidade do Rio de Janeiro. Em verdade, segundo especialistas, é a  nossa cidade a detentora da maior superfície de calçamento musivo no Mundo. Entretanto  , esse  tipo de calçamento teve origem há mais de 160 anos em Portugal, e em nosso país, nem ao menos foi o Rio de Janeiro a primeira a possuir. 
Em Portugal são conhecidas como “ calçadas  portuguesas“. No Brasil  , são  as “calçadas de pedras portuguesas“. 
Há mais de dois mil anos os romanos produziram delicados mosaicos nos pisos da velha Lusitânia. Na cidade romana de Conimbriga, origem da atual Coimbra, foram encontradas ruínas de  palácios, termas e mansões dotados de imensos pisos em mosaico, com desenhos figurativos de grande expressão. Tais mosaicos estão em perfeito estado de conservação e alguns ainda brilham  como se fosse obra recente.  Após o colapso do Império Romano no século V, esta arte andou esquecida pelos invasores visigodos, mas outros invasores, os  muçulmanos reintroduziram o mosaico na Península Ibérica no século VIII.
Até o século XIX, eram comuns nas vilas e cidades portuguesas os singelos pisos e calçadas feitos com pequenos seixos de rio, roliços  , dotados de colorações diferentes, e que por vez eram instalados formando desenhos rústicos de linhas, círculos  , corações e letreiros pitorescos. Com o terremoto de Lisboa em novembro de 1755, as calçadas dessa cidade  , foram refeitas  em grandes blocos de pedra  , mas a tradição continuou nas cidades do interior , inclusive no Brasil, onde em Paraty e nas cidades mineiras ainda existem prédios com pisos e ruas calçadas desse material. 
Ainda hoje existem calçadas de pedras portuguesas em cidades insulares dos arquipélagos da Madeira e Açores, bem como nas ex-colônias africanas e até na distante  Macau .
Em Portugal, além das cores acima citadas, também existem desenhos  com pedras  em vermelho, marrom, castanho e azul, estas as mais belas.
No Rio de Janeiro  , a decisão de introduzir esse tipo de calçamento  partiu  do Prefeito Pereira Passos durante seu profícuo mandato, tendo no ano de 1904  contratado em Portugal 33 calceteiros e comprado lotes de pedras portuguesas para aplicar nos novos logradouros que estava reformando ou abrindo na velha urbe carioca. Pouco depois  , ele mandou vir mais 170 homens de Lisboa. Entretanto, nenhuma calçada de pedra portuguesa foi realizada antes de novembro de 1905, quando a primeira de todas foi inaugurada  na avenida Central  ( desde 1912 avenida Rio Branco  ), próximo à atual Praça Mauá.
Calçamento caro, importado e de difícil execução, intentou o Prefeito Passos cobrar em maio de 1905  uma taxa de 25% sobre o imposto predial dos edifícios que dessem frente para tais calçadas, mas a reação popular pela imprensa foi contrária e violenta, sendo revogada  a medida.
A Av. Atlântica foi principiada pelo Prefeito Pereira Passos em 1905, mas,  quando de sua inauguração em 1908, era bem diferente da atual. Possuía  apenas quatro metros de largura e nenhuma calçada. Ampliada em 1911 pelo prefeito Bento Ribeiro, somente teve sua largura uniformizada para 19 m  e largo passeio oito anos depois,  em 1919, quando era prefeito Paul de Frontin. Ao contrário de Passos, Frontin completou a obra em menos de seis meses e mandou calçar os passeios com pedras portuguesas formando o desenho “ Mar Largo “, que logo se tornou marca registrada do bairro. Depois de uma forte ressaca em 1921, seu sucessor Carlos Sampaio mandou refazer o mesmo desenho, assim como Prado Júnior por idêntico motivo três anos depois.

Fonte – Jornal Copacabana  pág 5,6 ,7  -  Milton  Teixeira



PROFISSÃO  VEREADOR 

No início, mandato dava muito 
Trabalho e pouco dinheiro

Para participar da primeira eleição para a Câmara do Rio , não só os candidatos  , mas até os eleitores tinham que ter ficha limpa

Foram eleições limpas as que elegeram os primeiros vereadores no Rio. Os candidatos não podiam ter ficha suja, nem os eleitores. Participaram do processo eleitoral que inaugurou a Câmara, em 1567, apenas cidadãos sem passado criminoso ( embora o preconceito deixasse de fora também negros e mulheres ).  Foram  eleitos 12 vereadores, com mandato de um ano. Tinham direito a concorrer novamente, mas não na legislatura seguinte. Eram um misto de prefeito, polícia, tabelião e juiz. Cabia a eles administrar a cidade colonial, cuidando da abertura de ruas  , aterrando pântanos e lagoas. Zelavam pela segurança pública, incluindo a manutenção das fortificações e do pelourinho em frente a Câmara onde eram afixadas as ordens do rei, as sentenças e as punições para pequenas infrações. Ainda cabia a eles  a concessão de terras e o julgamento de pequenas causas.
Cuidar do bem-estar da comunidade não tinha preço. Não havia remuneração fixa. Menos ainda jetom por sessão extraordinária, diárias de viagem ou auxílio paletó. Pelo contrário: se faltasse para as despesas, eles é que tiravam do bolso. Havia uma recompensa simbólica: cera para fazer as velas com que se iluminavam as casas. Nossos vereadores, só ganhariam subsídios em 1874, já no Segundo Reinado
O modelo inaugural da Câmara foi alterado por Dom Pedro I em 1828. Passaram a ser nove os vereadores, eleitos de quatro em quatro anos  para cuidar da instrução pública, da polícia e da economia da cidade. As funções judiciárias foram repassadas a outros órgãos.  Mesmo perdendo poder e prestígio com o passar dos anos, a Câmara sempre esteve presente nas grandes articulações e movimentos nacionais. Foi assim na campanha pelo fim da escravidão, que contou com o apoio de vários vereadores  - José do Patrocínio, uma das figuras centrais do movimento abolicionista, foi eleito em 1886. E também no fim do Estado Novo, quando a redemocratização foi celebrada pelos vereadores Carlos Lacerda, Agildo Barata e Aparício Torelli, o Barão de Itararé. Foi nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia  - inaugurado em 1923 para abrigar o Legislativo carioca  - que culminaram praticamente todas as passeatas da cidade – entre as quais a marcha dos Cem Mil, em junho de 1968; a primeira campanha pelas Diretas, em 1984; os caras – pintadas pelo impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992.
A Passeata dos Cem Mil  foi motivada por outro cortejo histórico que teve o Palácio Pedro Ernesto como destino, em 28 de março de 1968. Para lá foi carregado o corpo do estudante Edson Luís, morto pelas forças da repressão no Restaurante Central  dos Estudantes, no Calabouço, reduto  da resistência do regime militar imediatamente, seus colegas tomaram o corpo nos braços e rumaram para o palácio ( então sede da assembléia Legislativa ), onde foi velado por uma multidão que crescia conforme a notícia ia se espalhando. Pela primeira vez o corpo de uma vítima da ditadura era salvaguardado. Não seria mais  “desaparecido político“.
Desde então, outras multidões acorreram ao saguão do palácio para dar adeus a figuras de relevância no cenário nacional, vinda de todas as áreas: o compositor Braguinha, o comunicador Chacrinha, a rainha do rádio Emilinha Borba, o escritor Graciliano Ramos, o herói da esquerda Apolônio de Carvalho...
Desde o século 16 a Câmara ocupou 14 diferentes imóveis, entre eles a Cadeia Velha, o Arco do Teles, o Paço Municipal  e o Liceu de Artes e Ofícios. Seu endereço atual, o Palácio Pedro Ernesto, teria sido uma obra superfaturada. A União iniciou a construção em 1920, durante o governo de Epitácio Pessoa, cargo da empreiteira Januzzi, a mesma que construiu a Avenida Rio Branco. O prédio que imita uma das galerias do Museu de Louvre, em Paris, custou a exorbitância de 23 mil contos de réis. O suntuoso Teatro Municipal, logo em frente, foi erguido por módicos dez mil contos. Surgia  , então , a alcunha “ Gaiola de Ouro “ , que volta a brilhar como metal polido sempre que ali se arma um trem da alegria ou outras falcatruas. Em 1987  , por exemplo , uma lei abriu a porta a 485 novos servidores sem concurso. No ano seguinte  outro comboio, ainda mais robusto , permitiu a efetivação de dez mil funcionários sem concurso e derrubou a emenda que impedia super salários. A manobra lhes rendeu outro apelido: marajocas,  os marajás cariocas.
Mas, se o luxo atrai a cobiça  , também inspira a arte. Teria sido num daqueles banheiros  com piso de mármore de  Carrara, espelhos de cristal e ferragens de bronze que o jornalista e compositor Orestes Barbosa, funcionário lotado no Gabinete da Presidência, escreveu, numa tira de papel higiênico, a letra de “ Chão de Estrelas “:  "Minha vida era um palco iluminado . onde eu vivia vestido de dourado “.
Pela Câmara passaram outros nomes ilustres, como o Pedro Ernesto, o primeiro prefeito  eleito do Rio, de forma indireta. Pernambucano, ele veio ao Rio para estudar medicina e nunca mais voltou.  Outro vereador do Rio foi o mineiro Ary Barroso. O autor de “ Aquarela do Brasil “ usou a força do rádio para se eleger com votação recorde, atrás apenas do também udenista Carlos Lacerda.  Rubro negro fanático, foi o autor da lei para a criação do Estádio do Maracanã, construído para sediar a Copa de 50. Para conquistar apoio das bancadas, Ary negociou com a prefeitura a construção de cinco pequenos estádios de futebol no subúrbio, o que acabou ficando no papel. Também não teve êxito o projeto de criar um órgão de defesa civil, o que só aconteceria  20 anos depois, com os temporais de 1966 e 1967. Outra de suas idéias “ malucas “ foi tentar implantar no Rio de 1949 a coleta seletiva de lixo.

Fonte  - Jornal  OGLOBO    Ítala Madueli 


OS JESUÍTAS, 458 ANOS DEPOIS



Eles fundaram São Paulo em 1554, numa cabana de pau a pique de 90 metros quadrados. Hoje, controlam colégios e faculdade.

O lugar tinha de ser alto, para que pudesse ser defendido de eventuais inimigos. Com um clima bom, para o cultivo da mandioca. E com água em abundância, para matar a sede dos novos moradores.
Em 25 de janeiro de 1554, nas proximidades dos rios Tamanduateí e Tietê, os padres jesuítas celebraram uma missa para oficializar a fundação do Colégio São Paulo de Piratininga.
Ali, no mato, cercados de índios, uma cabana  de pau a pique, com 90 metros quadrados, marcou o início da cidade  que, 458 anos depois, com 11 milhões de habitantes, é uma das mais importantes do mundo. 
São Paulo é a maior cidade do Brasil  , mas concentra os problemas do país“, afirmou ontem o padre jesuíta Carlos Alberto Contieri, de 49 anos, que administra há sete o Pátio do Colégio, um centro histórico, cultural e religioso no mesmo local da fundação de São Paulo, no Centro da cidade. 
São Paulo é a expressão  do progresso, mas grande parte da população não participa desse progresso“, acrescentou o padre Contieri.  "Ao contrário, são vítimas do progresso, estão à margem dele. “  
Em 1556, um novo colégio foi erguido no lugar da cabana de pau a pique. Era mais moderno, de taipa de pilão, um processo construtivo em que se soca terra umedecida, fibras vegetais, areia, estrume, óleo de baleia e sangue animal. A massa serviu para preencher a estrutura de madeira da construção.
No processo de catequizar os índios tupi, os missionários da Companhia de Jesus defendiam os  nativos. Por isso, foram expulsos pelos portugueses em 1640 e novamente em 1759
Só em 1953 o sítio histórico do Pátio do Colégio foi devolvido aos jesuítas. Em 1979 foi inaugurado no mesmo local o Museu Anchieta, para preservar a memória dos missionários. 
Os jesuítas de hoje são empreendedores. Em São Paulo controlam os colégios São Luís  (Cerqueira Cesar, na região central) e São Francisco Xavier  (Ipiranga , Zona Sul) e a FEI  (Faculdade de Engenharia  Industrial), em São Bernardo do Campo, na região do ABC.
Além do museu, biblioteca e a igreja do Pátio do Colégio, os 30 jesuítas de São Paulo gerenciam a editora Edições Loyola e têm várias obras sociais. 
Para Contieri, a democratização das oportunidades ainda é um sonho. “Com tantos desafios, a cidade é uma missão.



PADRE  JOSÉ  DE  ANCHIETA, o amigo dos índios 

A cabana de pau a pique, de 90 metros quadrados, a primeira construção de São Paulo, servia de dormitório para os oito jesuítas que já se instalaram e também de cozinha, capela e sala de aula para os índios.
Liderado pelo padre Manoel da Nóbrega, o jovem José de Anchieta, de 20 anos  , logo se destacou no papel de evangelizar os nativos. Para convertê-los à doutrina cristã, unificou a língua falada pelos indígenas. José de Anchieta tornou-se o elo entre os padres e índios.
A escassez de recursos não o impediu de humanizar às pessoas“, opinou o padre Carlos Alberto Contieri, que administra o complexo do Pátio do Colégio, onde foi erguida a cabana de pau a pique  , 458 anos  atrás
José de Anchieta , criativo , lançou mão do teatro para fazer os indígenas compreenderem o cristianismo. Usava as modinhas do século 16, modificando as letras, para que os nativos entendessem as suas mensagens.
O noviço José de Anchieta era natural de Coimbra, em Portugal. Chegou ao Brasil com 19 anos, debilitado por uma doença crônica nas costas. Queria curá-la. Mais tarde, explicou ter tido tanto trabalho que não encontrou tempo para sentir dor.
Num tempo em que se discutia se os nativos tinham alma ou não, os jesuítas  defendiam a liberdade dos índios. Nas palavras  do padre Contieri:  “Eles educavam os  indígenas de tal maneira que eles se sentiam autônomos. Passaram a se recusar a se submeter aos colonos portugueses“ . 
Em 1597, José de Anchieta, aos 65 anos, morreu no Espírito Santo  , de causas naturais. No oratório  da Igreja Beato José de Anchieta, no Pátio do Colégio  , estão expostos um fêmur do jesuíta e um manto que teria sido dele.  

Fonte – Jornal  Diário de São Paulo  - quarta-feira / 25 de Janeiro de 2012 - Ivo Patarra



São  Paulo, te amo ! 

São Paulo 
Terra adorada
Que terra  querida ! 
Tão cheia de gente  
Tão cheia de vida.
Olhares que vejo nas ruas...
Se  cruzam e se beijam...
De povos tão diferentes, de cores mestiças.
Não importa nada   ! 
Não importa  a cor  !
Nem importa a procedência  !
Na rua  é povo, é raça  ! 
Pessoas que lutam...
Para essa cidade gigante, crescer muito mais.
De longe esse nome ecoa e causa anseios, 
Desejos de pisar nesse pedaço de terra.
Tão boa, tão rica  !  
Trabalho e mais trabalho  
Para cada um que aparece 
E aqui fica.
E se torna mais um filho dessa Mãe Gigante.
Reclamam que é fria, 
Porque chove demais...
Que é fria, gelada 
Porque as pessoas não conversam mais...
Por que não há tempo  ? 
É uma loucura tão grande ! 
Que corrida constante que se chama progresso,
Que tirou o verde, o canto dos pássaros das ruas.
Dos prédios tão altos...
Que trancaram as crianças, sem poderem brincar.
Que gerou a insatisfação, a violência...
Impedindo as pessoas de se amarem mais.
Mas mesmo assim, 
Eu te amo  São Paulo  !  
Te  adoro  ! 
Não vou te deixar 
E apesar dos pesares, 
Te  quero  demais ! 
Esta cidade tem jeito.
Vamos nos unir para torná-la mais humana.
Trabalho, Progresso, Educação 
Caminham  juntos.


Fonte  - Poesia de Ana Regina Gouvêa (1990) - Homenagem a minha cidade