terça-feira, 30 de agosto de 2016

O homem cujo pé era uma bola


O neurocientista  Miguel Nicolelis desenvolve uma 
Teoria para explicar a genialidade de Pelé em campo 

A partir do fim dos anos 60, seguindo os conselhos do mais fanático palmeirense que eu conheci, o inesquecível Tio Dema, o futebol passou a ocupar uma parte essencial da minha vida. Ao longo dessas décadas dedicadas à profissão de torcedor fissurado,  muitos momentos também inesquecíveis, passados nas arquibancadas de estádios pelo mundo afora ou à frente de uma TV ( ou computador, nos últimos anos  ), marcaram também minha carreira de cientista.

Quando, no ano 2000 , o editor da revista científica inglesa Nature pediu que eu iniciasse um artigo com alguma descrição que instigasse a imaginação dos leitores sobre as maravilhas que o cérebro humano é capaz de realizar, não hesitei um milissegundo. No primeiro parágrafo daquele que se tornou um dos meus artigos mais citados na literatura neurocientífica, narrei, em muitos detalhes, a jogada que originou o primeiro gol da seleção brasileira contra a Itália na final da Copa do Mundo de 1970, no México.

Numa outra ocasião, durante a abertura de uma palestra no Instituto Max Planck, na cidade alemã de Tübingen, três dias depois da vitória da seleção carinho na Copa do Mundo se 2002, na Coréia do Sul e no Japão, simplesmente não pude me conter mais uma vez. Contrariando o apelo aflito do meu filho mais velho, presente na platéia, não tive dúvida em abrir minha aula, num auditório lotado de neurocientistas alemãs sisudos, com uma imagem mostrando o esforço em vão do goleiro alemão Oliver Kahn, tentando se esticar todo para impedir mais um gol do fulminante ataque brasileiro. O título do slide era: I Kahn t get it !  Para minha total surpresa, assim que a imagem foi projetada, toda a platéia germânica veio abaixo  - no bom sentido  - e muitos desses colegas, até hoje  , se lembram daquela provocação com bom humor.

Entre todas as histórias e emoções desfrutadas nessa minha carreira paralela de torcedor profissional  , poucas se comparam ao privilégio de poder testemunhar, sempre ao lado do Tio Dema  , em tardes passadas nas arquibancadas do antigo Parque Antártica ou no charmoso Estádio Municipal do Pacaembu, os embates épicos entre as várias Academias palmeirenses e o Santos de Pelé, disparado o melhor jogador de futebol de todos os tempos  , pelo menos deste lado da Via Láctea

Embora todos os clássicos do então glamouroso Campeonato Paulista fossem eventos esperados com grande antecipação  , nada se comparava  , ao menos para mim, à expectativa de estar presente num jogo em que o Rei do Futebol desfilaria pelo gramado, perseguido por todos os cantos pelo infatigável Dudu, tentando  , a cada momento  , superar em elegância e eficiência o também extra-terrestre Ademir  “ Divino “ da Guia.

Apesar de ser palmeirense até a última célula do corpo e torcer em cada jogo desesperadamente pela vitória do esquadrão alviverde, havia algo muito especial em visualizar aquela libertação de ferocidade e destreza motora que o furacão cinemático chamado Pelé realizava ao longo de um prélio. Enquanto antes da partida ele parecia uma pessoa comum, dando entrevistas no gramado, bastava que o apito inicial soasse para que todos no estádio entendessem instantaneamente por que aquele homem fora apelidado com o nome de um vulcão do Caribe.

Erupção de dribles  , arrancadas e gingas  

Anos depois, provavelmente devido à incomparável popularidade adquirida pelo número 10 santista em todo o sistema solar, o mesmo nome  , Pelé  , seria dado ao acidente geográfico mais exuberante da lua de Júpiter chamada Io. Nos campos de Io, Pelé até hoje pode ser claramente identificado como uma erupção vulcânica continua, de alta velocidade  , que espalha lava e fumaça  , sem cessar  , por mais de 3000 quilômetros ao seu redor, definindo o ponto mais atraente daquele satélite. Sem tirar nem pôr, esse era o efeito Pelé terrestre. Uma erupção contínua de movimentos, de dribles arrancadas, gingas  e, sobretudo, de chutes mortais, com cada uma ou ambas as pernas; no chão ou no ar, de pé ou de cabeça para baixo,  bem no meio de uma de suas bicicletas que desafiavam a gravidade e faziam todo um estádio ficar sem ar.

O desejo de marcar gols era tão obsessivo e compulsivo nesse vulcão brasileiro que tudo que as leis da física permitem  Pelé realizou para chegar ao objetivo; até tabelar com as pernas dos adversários. Revendo filmes daqueles tempos, é assombroso confirmar as inúmeras vezes que Pelé, não tendo alternativa, em vez de desistir de passar a bola  , achava uma forma de recrutar seus marcadores para que esses, involuntariamente, o ajudassem a abrir um caminho rumo ao gol. Não é exagero especular que   , se houvesse um prêmio de melhor jogador do mundo naquela época  , Pelé o teria ganho  , ininterruptamente  , de 1958 a 1973. E não me venham com Messi ou Maradona. Como Pelé não houve, não há  jamais existirá. 
Quem viveu e viu sabe  . Ponto final  .

E todos os malabarismos e desafios à lógica que eu presenciei Pelé fazer em campo, a característica que mais me marcou foi verificar  , jogo após jogo  , como a bola parecia , sem hesitação  , grudar em seus pés  , e  , dali para a frente  , se recusar a se separar daquele que a tratava como ninguém mais era capaz. Curiosamente, anos depois, um dia eu deparei com uma gravação realizada pela rádio inglesa BBC durante um amistoso  Brasil x Inglaterra, disputado no Maracanã, 30 de maio de 1964. Durante aquele verdadeiro massacre futebolístico ( 5x1 ) imposto pelos então bicampeões mundiais aos futuros campeões do mundo, o lance do primeiro gol brasileiro desnorteou o locutor da BBC  a ponto de levá-lo a dizer que Pelé realmente não devia ser deste universo. Nesse lance, depois de driblar vários ingleses. Pelé tenta o chute ao gol  . Caprichosamente, a bola bate num defensor e retorna. Para onde  ?  Ora, para o mesmo pé de Pelé, que  , imediatamente, para o desespero do locutor britânico, coloca Rinaldo  ( então ponta-esquerda do Palmeiras ) na cara do gol. Mais tarde, Pelé daria outro passe de gênio para o ícone alviverde Julinho Botelho marcasse mais um gol para o Brasil. Segundo o locutor da BBC, todas essas jogadas fenomenais refletiam o fato inegável de que “ a bola não larga do pé de Pelé simplesmente porque ela faz parte dele  ! “

Objetos como extensão do corpo

Meio século depois daquele jogo histórico, em todas as minhas palestras pelo mundo afora, é esse exemplo que uso para descrever como nosso cérebro de primata assimila todas as ferramentas que cada um de nós utiliza no cotidiano  - nossos carros, nossos telefones, nossas roupas, raquetes  , bolas   etc  . – como uma verdadeira extensão do nosso corpo biológico. Levado ao limite da sua capacidade de assimilação  , nosso cérebro permite que alguns de nós atinjamos graus impressionantes de proficiência no manuseio de ferramentas artificiais e objetos inanimados. Muito provavelmente é dessa voracidade cerebral em assimilar tudo ao seu redor que emergem os exímios violonistas,  pianistas e também craques de futebol  , esses heróis populares que nos permitem manter por toda uma vida  , ainda que tenuamente, laços quase imemoriais com nossa infância e juventude.

É por isso que, ao terminar minhas palestras  , sempre gosto de frisar que  , se um dia alguém tivesse o privilégio de mapear o cérebro desse vulcão de duas pernas chamado Pelé, esse alguém encontraria  , na região do lobo parietal  , não apenas a representação  de um pé  - mas  , sim  , a imagem de uma verdadeira fusão desse com aquela que foi sua mais fiel e amada companheira  : a bola  !

Fonte   -     EDIÇÃO  ESPECIAL      -   ABRIL  NA  COPA
Págs  13 ,14 e 15                     Miguel  Nicolelis 

De  62  a  70  :  a Taça  Jules Rimet  fica  com  o  Brasil  

Em 1962  , no Chile  , o Brasil não teve muita dificuldade para manter o título mundial  , A equipe soube superar a ausência de Pelé, que se contundiu na segunda partida  . Garrincha foi o jogador decisivo para a conquista.
Quatro anos depois  , na Inglaterra  , a desorganização prejudicou a seleção brasileira  , eliminada por Portugal ainda na primeira fase  . A taça foi para os donos da casa  . Os inventores do futebol   eram  , enfim  , campeões do mundo.
O tri tinha apenas sido adiado. No México  , Pelé  , Gérson e companhia conquistaram para o Brasil a Taça Jules Rimet - de posse definitiva para o primeiro país que vencesse três Copas.


1962    País  sede   :    Chile         Campeão  -  BRASIL 

Depois de perder Pelé na segunda partida,  o Brasil contou com Amarildo e   Garrincha para chegar ao  bi.

Titulares                                        Posição
Gilmar                                           Goleiro
Djalma Santos                              Zagueiro 
Nilton Santos                               Zagueiro 
Mauro                                           Zagueiro 
Zózimo                                          Zagueiro
Zito                                                Meio - campo
Didi                                                Meio  - campo
Zagalo                                           Atacante 
Amarildo                                    Atacante 

Reservas 
Zagueiros       -        Altair  , Bellini  Jurandir  , Jair  Marinho 
Meio  - campo  -       Mengálvio, Zequinha 
Atacantes         -        Coutinho   , Pelé  , Pepe 
Técnico             -         AIMORÉ  MOREIRA 

QUARTAS DE  FINAL                               SEMIFINAIS                                 FINAIS 
10/6  Chile 2x0  URSS                                  13/6                                          17/6
10/6  Iugoslávia 1x0 Alemanha                  Brasil     4                                 Brasil                      3 
10/6  Brasil  3x1 Inglaterra                          Chile      2                                 Tchecoslováquia   1
10/6 Tchecoslováquia 1x 0 Hungria          13/6                                           Decisão do 3° lugar 
                                                                        
                                                                      13/6                                             16/6
                                                                      Tchecoslováquia  3                   Chile 1x0 Ioguslávia
                                                                       Iugoslávia 1


A  SELEÇÃO  DA COPA 
Seis brasileiros foram escalados entre os 11 melhores do Mundial   .
A Tchecoslováquia , vice – campeã  , entra com dois jogadores  .


1966
País     sede:    Inglaterra 
Campeão            Inglaterra  

A  SELEÇÃO  DA  COPA 
O time ideal escolhido pelas jornalistas a Copa de 66 era uma mescla das 
Seleções inglesa ( com quatro jogadores ) e alemã ( três jogadores) 

O BRASIL  EM  1966
A seleção brasileira não soube mesclar os veteranos do bi com a nova geração  .
O time foi desclassificado na primeira fase  .

Titulares                                 Posição                       Reservas          Posição
Gilmar                                      Goleiro                      Brito                  Zagueiro    
Djalma  Santos                        Zagueiro                   Edu                    Atacante 
Paulo Henrique                      Zagueiro                    Fidelis               Zagueiro
Bellini                                       Zagueiro                    Gérson             Meio  -   campo 
Denílson                                  Zagueiro                    Manga              Goleiro 
Altair                                        Meio  -  campo         Orlando            Zagueiro
Alcindo                                     Atacante                    Paraná             Atacante
Garrincha                                 Atacante                    Rildo                Zagueiro
Pelé                                           Atacante                    Silva                 Atacante 
Jairzinho                                  Atacante                     Tostão             Atacante 
                                                                                        Zito                  Meio  - campo 
Técnico  : Vicente  FEOLA 

1970 
País  sede    :    México
Campeão    :     BRASIL

O  tri  consagrou  Pelé e garantiu a

Taça  Jules  Rimet 

Titulares                                Posição                  Reservas                     Posição
Félix                                       Goleiro                   Ado                              Goleiro
Carlos Alberto                      Lateral                    Baldochi                      Zagueiro
Brito                                       Zagueiro                Dario                            Atacante 
Piazza                                     Zagueiro                Edu                              Atacante 
Everaldo                                Lateral                    Fontana                       Zagueiro
Clodoaldo                             Meio - campo         Joel                              Zagueiro
Gérson                                   Meio - campo        Leão                            Goleiro
Pelé                                        Meio – campo        Marco Antônio         Lateral
Jairzinho                                Atacante                 Paulo César               Atacante 
Tostão                                    Atacante                 Roberto                     Atacante 
Rivelino                                  Meio – campo        Zé Maria                   Lateral 
Técnico    :  ZAGALO    

A   SELEÇÃO DA  COPA 
O Time formado pelos 11 melhores da Copa era totalmente dominado pelos brasileiros.
Eleitos em seis posições  . O goleiro alemão Sepp Maier ganhou uma disputa acirrada com o inglês Gordon Banks

QUARTAS – DE -FINAL                            SEMIFINAIS                                         FINAIS  
14/6  Itália  4x1  México                           Itália  4x3  Alemanha Oc                   Brasil 4x1 Itália
14/6 Uruguai 1x0 URSS                            Brasil  3x1  Uruguai                            Decisão do 3° LUGAR 
14/6  Alemanha Oc  3x2                                                                      20/6 Alemanha Oc 1x0 Uruguai 
14 /6 Brasil 4x2 Peru 

Fonte: Folha de São Paulo - Esportes - Poster da Copa
Domino, 17/04/94    

ATLETAS DO SÉCULO


O MAIS JOVEM CAMPEÃO DO MUNDO  

O único tricampeão mundial.  Artilheiro de todos os tempos do Campeonato Paulista. Mais de mil gols marcados em sua carreira.

Uma empresa de material esportivo justificou sua contratação como garoto-propaganda, certa vez  , ao constatar que seu nome era um dos quatro mais reconhecidos no planeta  - os outros três eram marcas registradas de produtos.

Na África, uma guerra foi interrompida só para que um amistoso de seu Santos fosse realizado.

Na França  , foi eleito o “ atleta do século “  , a despeito de sobrarem duas décadas ainda para surgir uma nova estrela do esporte.

Nos EUA, tornou-se um dos poucos mortais a passar pela rigorosa alfândega do país sem apresentar o passaporte  - um fã lhe surrupiou o documento.

Lançou-se candidato duas vezes à presidência,  disse que os brasileiros não sabiam votar e tornou-se homem público, assumindo o ministério  dos Esportes no primeiro mandato de FHC.

Empresário, associado a ma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo, promete revolucionar o futebol brasileiro baseado na lei que ele mesmo elaborou quando ministro.

Dribles desconcertantes  , antecipação de jogadas  , passes precisos  , 1282 gols   e mais uma dúzia de lances que não o permitiram dar o soco no ar, a mais famosa comemoração, mas que mereceram adjetivos, replays na TV e estudos científicos.

É para muitos  , ao atleta perfeito. Seus reflexos e decisões  , documentados e analisados, servem de parâmetro para a avaliação técnica e psicológica de outros esportistas.

Talvez não exista na história do esporte um atleta igual  , capaz de capitalizar tanto a própria imagem.

Não à toa, um locutor famoso se negava a dizer seu nome nas transmissões. Quando pegava a bola, dizia apenas  “ ele “  , como se o camisa 10 do Santos  e da seleção brasileira fosse uma entidade, um ser sobrenatural que concedia o raro privilégio de sua presença para o deleite de alguns humanos no estádio.

Fora dos campos, deliberadamente ou não, continua sorrindo para as câmeras, batendo bola com chefes de Estado, mandando beijos, dizendo   “I  Love you  “ .  Ele.       
 68 kg  / 1,73 m

“Eu   sofri  uma  crise  de  choro".

Revelando que ficou nervoso no ônibus da delegação brasileira, antes da final contra a Itália, no México. 


As marcas  
3        vezes    campeão  da  Copa  do  Mundo  com  a  seleção  brasileira 
#        Único     jogador  a  conquistar  três  Copas  do  Mundo  
2        vezes    campeão  do  Mundial  Interclubes  com  o  Santos 
5        vezes    Campeão  brasileiro 
11      vezes    Campeão  Paulista 
58     gols   em  um  único  campeonato  ,  o   Paulista  de  1958  , recorde 
97     gols  em  115  jogos  pela  seleção  ,  média  de  0,843  por  partida 
1282   gols  marcados  ,  recorde  mundial  -  média  de  0, 939  por  partida 

Pelé
23.out.1940
Edson Arantes do Nascimento nasce em Três Corações,  Minas Gerais, filho do jogador de futebol João Ramos do Nascimento, o Dondinho, e da dona–de-casa Celeste  Arantes do Nascimento  

1953    
Joga no Baquinho  , equipes de base do BAC   . Também joga no Radinho  , juvenil do Radinho   

1956  
Aos  15 anos  , chega aos Santos  . Joga sua primeira partida como titular e faz um gol  , contra o Corinthians de Santo André  

1957
Firma-se como titular do Santos  . É convocado para a seleção brasileira e estréia contra a Argentina  , entrando no segundo tempo  . Faz o gol do Brasil na derrota por 2 a 1  . Três dias depois entra como titular e faz mais dois gols  : Brasil 2x0 Argentina  . É artilheiro do Paulista  , o que repetiria nos oito anos seguintes  . 

1958  
Vence a Copa do Mundo  . Entra no terceiro jogo  , contra a Rússia  , e firma-se no time  . Faz seis gols durante a competição  , dois deles na vitória por 5 a 2  , sobre a Suécia  , na final  . É campeão paulista  pelo Santos  e artilheiro  , com 58 gols  , um recorde até hoje não superado  
1959
Serve o Exército  , mas continua atuando pelo Santos  . Inicia a dupla com o Coutiho  , seu parceiro  de “tabelinhas  “  . É campeão do Torneio Rio – São Paulo 

1960
É campeão paulista  

1961
É bicampeão paulista e pela primeira vez é campeão brasileiro 

1962 
No primeiro jogo da Copa  , faz um gol no México  . Sofre uma distensão e não joga mais na competição  , mas o Brasil é campeão  . Conquista com o Santos a Taça Libertadores da América e o Mundial Interclubes  , batendo nas finais o Benfica  , de  Portugal  . É tricampeão paulista e bicampeão brasileiro  

1963
Com o Santos  , conquista o bicampeonato da Libertadores e do Mundial  , vencendo o Milan  , da Itália  , na série de partidas finais  . É tricampeão brasileiro e campeão do Torneio Rio – São Paulo 

1964
É tetracampeão brasileiro  , volta a conquistar o Paulista e o Rio – São Paulo 

1965
Conquista seu sexto título paulista e o quinto brasileiro 

1966 
Na estréia na Copa faz um gol  , sobre a Bulgária  . Deixa o torneio na terceira partida   , contundido 

1967 e 1968 
Nos dois anos  , é campeão paulista  . Em 1968  , o Santos leva a Rio- São Paulo

1969
É campeão paulista pela terceira vez seguida  . Volta a ser o artilheiro do campeonato  . Em 11 de novembro  , no Maracanã  , cobrando pênalti  , faz aquele que ficou conhecido como seu milésimo gol 

1970 
No México  , lidera a seleção brasileira na conquista de sua terceira Copa do Mundo  . Faz quatro gols na Copa  , incluindo o primeiro da final  , contra a Itália  

1971 
No Maracanã  , despede-se da seleção brasileira 

1973 
É campeão paulista pela 11 ª e última vez 

1974 
Faz seu último jogo pelo Santos  , uma vitória por 2 a 0  , sobre a Ponte Preta  , em Campinas 

1975 
É contratado pelo Cosmos , time de Nova York, de propriedade de Warner  , que queria impulsionar o crescimento do futebol nos EUA. 

1° . out .1977
Faz sua última partida como jogador profissional de futebol  : vitória do Cosmos sobre SFC  por 2 a 0  , com um gol do Pelé 

Depois que parou...

Em  80   ,
 Faz    dois gols no jogo – despedida de Franz Beckenbauer 

Em 87  , 
Enfrenta a Itália em um jogo pela seleção brasileira de sêniors 

Em 90   ,
Defende a seleção brasileira contra um combinado  “ Amigos de Pelé “ no jogo em homenagem aos seus 50 anos 

Em 95  , 
Assume o cargo de ministro extraordinário dos Esportes no governo de FHC  , que ocupa até 
1998 

Em 99
Passa a treinar com equipes de base do Santos. 

Fonte  - Jornal  Folha  de São  Paulo     -  pág 12 
ESPECIAL    - Domingo  , 23  de  maio  de 1999

Jesse Owens - O homem que humilhou Hitler


Jesse Owens foi mais que um super atleta. Foi ele que, na Olimpíada de 36, em Berlim, na Alemanha, derrotou a teoria da supremacia ariana, respondendo ao desprezo de Hitler com quatro medalhas de ouro.

Owens era filho de um apanhador de algodão, do Alabama, e neto de escravos. As glórias olímpicas que conquistou, custaram a frutificar em sua vida profissional. Logo após Berlim, só encontrou trabalho como zelador de um parque infantil, conseguindo dinheiro extra com corridas contra cães, cavalos, carros, caminhões e motocicletas e excursões com o time de basquete dos Harlem Globetrotters.

Uma pessoa incapaz de guardar ressentimentos, assim se referiu às suas experiências após o triunfo de Berlim: “Quando voltei, depois de todas aquelas histórias de Hitler e seu desdém, não podia andar na frente do ônibus  de meus país natal. Não podia viver onde queria. Qual a diferença? “.

James Cleveland Owens participou de sua primeira corrida aos 13 anos. Ele já era um nome nacional em atletismo enquanto estudante do Colégio, em Cleveland, Ohio. Mas, ao contrário de esportistas menos famosos, isso não lhe garantiu uma bolsa de estudos para a faculdade. Pelo contrário, para frequentar a Universidade do Estado de Ohio, ele conseguiu um emprego como ascensorista noturno, que lhe pagava cem dólares mensais.

Em 1935, aos 23 anos, quebraria vários recordes, num feito maior que o conseguido na Olimpíada, um ano depois. A ocasião, 25 de maio  , foi o encontro anual dos “ dez mais “ em atletismo, uma competição dos melhores esportistas das Universidades americanas. Embora Jesse Owens fosse o favorito, ele estava impossibilitado de mover-se, após ter machucado as costas numa brincadeira com um amigo, quando rolaram por uma escada, pouco tempo antes. A dor era tanta que ele só conseguiu vestir seu uniforme com a ajuda de outros atletas  e, com medo de piorar sua condição, nem mesmo participou do aquecimento com sua equipe.

Mas Owens recusou-se a aceitar os conselhos de seu técnico para desistir. Entretanto, em apenas 45 minutos, ele quebrou, sucessivamente, os recordes para os 100 metros rasos, salto em distância  , 200 metros rasos e 200 metros com barreiras. Ao qual teria comentado um dirigente americano: “ Ele é uma maravilha que plana  , como se tivesse asas".

Apesar do movimento no país para que os Estados Unidos boicotassem a Olimpíada  de Berlim,   em protesto pela política racista de nazismo, os americanos enviaram seu time.  Só na equipe de atletismo havia 66 deles, sendo dez negros. Eles ganharam  seis das onze medalhas de ouro individuais conquistadas pelos americanos. Owens sozinho ganhou metade delas nos 100 metros, nos 200 metros e no salto em distância. Sua quarta medalha foi no revezamento 4 x 100 metros. Ironicamente, sob pressão alemã, substituindo um corredor judeu.

Quando morreu  Jesse Owens era muito famoso e, falando geralmente para auditórios brancos, ele percorria o país, fazendo várias conferências semanais, fumando um maço de cigarro por dia  e faturando cerca de dez mil dólares por mês. Morreu em 1980, de câncer no pulmão.

Fonte   -    Revista  ÈBANO    -   ANO  IV      N°  24 
JULHO /AGOSTO /84          pág  84 
             


UM  SUPER – HOMEM  NEGRO

Ao chegar à Alemanha  , Jesse Owens carregava o peso de enfrentar a máquina nazista de propaganda  , e viveu , na prova de salto em distância, um momento inesquecível na história do esporte. No dia 25 de maio de 1936, Owens estava na pista de se aquecendo quando notou um alemão alto, de olhos azuis, observando–o com atenção. Alguma coisa não deu certo no primeiro pulo de classificação, e Owens não conseguiu alcançar a marca. Neste instante, o alemão se aproximou, e estendeu-lhe a mão, falando em inglês. “ O que há com você? “, perguntou, “ você alcança esta marca pulando de olhos fechados... “ Era Luz Long, o representante ariano na prova . Conversaram alguns instantes, e Long propôs  que Owens fizesse uma marca na pista para memorizar bem a distância que necessitava para sua última tentativa de classificação  . Deu certo.

Na final  , à tarde  , era justamente Long seu adversário. Jesse abriu a série quebrando logo o recorde olímpico. Long devolveu pulando a mesma distância que o americano. Owens, estimulado pelo desafio  , pulou 8,04 m  , quebrando seu próprio recorde há pouco conquistado. Long, chegou bem perto, mas já mostrava que não conseguiria ir mais longe. Owens correu então para a glória , saltando incansáveis 8,06 m.

Diante do silêncio da platéia, o primeiro homem a abraçar Owens foi justamente Long, emocionado pela maravilhosa perfomance daquele negro que jogava por terra todas as teorias nazistas. Anos mais tarde, Owens declararia que “ podem derreter todas as medalhas e taças que conquistei  , e elas todas juntas não terão o brilho de 24 quilates do gesto de amizade que ganhei de Luz Long naquele momento“. Long morreu no front oriental  , durante a guerra , e Owens continuou se correspondendo com sua família durante muitos anos.

Há uma lenda que afirma ter sido Owens esnobado Hitler, que teria se recusado a cumprimentá-lo. Na verdade, o führer nem estava no estádio. O incidente em questão ocorreu no dia anterior, quando outro grande atleta negro, Cornelius Johnson, venceu o salto em altura e Hitler se retirou antes da premiação. Se houve alguém que esnobou Owens  , foi o próprio presidente americano Franklin Roosevelt, que não o convidou para ir à Casa Branca e se quer lhe mandou uma carta de agradecimentos.  Owens desfilou em carro aberto em Nova Iorque  e Cleveland, saudado por milhares de pessoas, e tornou-se em uma das maiores lendas do esporte mundial.

“  OWENS   E  LONG  SALTARAM  OS  PRECONCEITOS  EM  NOME  DA  AMIZADE  “

A   Ética  Nazista  -  O jornal nazista Der Angiff  , criado por Goebbels  , publicava todos os
Dias a relação das provas e excluía  , sem a menor preocupação  com a ética  , todas as 
Medalhas  conquistadas por atletas  negros.

A fortíssima equipe alemã conseguiu nada menos que as 33 medalhas de ouro em 10 esportes  , sendo que no hipismo ficaram com todas. Mas a supremacia ariana desejada por Goebbels  , o Ministro da Informação  , não se tornou realidade, pelo empenho decisivo dos atletas de outras nações, e pelo brilho particular do negro americano Jesse Owens. Aliás  , só os americanos fizeram frente ao poderio alemão, com 12 medalhas de ouro nas provas de atletismo, graças , principalmente aos 10 atletas negros  - “ ajudantes pretos“  , como foram classificados pela imprensa nazista -, que conquistaram seis medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze.

Owens conseguiu o ouro nos 100 m  , 200 m , salto em distância e os 4x100 m  , reinando absoluto nas pistas alemãs. Nos 100 m , venceu as provas classificatórias , cravando 10 s 3, 10s 2 , 10s 4 , e 10s 3. Repetiu a atuação nos 200 m  , com 21s1 , 21s1  , 21s3  e 20s7  . Owens foi o primeiro a correr nos 4x100 m , já deixou a equipe americana em vantagem para chegar ao ouro. E no salto em distância protagonizou um sensacional duelo  com o alemão Luz Long, disputa que se tornou mais emocionante pela amizade que se estabeleceu entre os dois atletas.

Em uma olimpíada que havia sido montada para mostrar a superioridade da raça ariana, nada melhor do que a verdade dos índices: há atletas bons, excepcionais, ou únicos, e eles se superam na busca da perfeição. Ao contrário do que apregoavam os nazistas, este talento não passa pela cor, nacionalidade  ou convicção religiosa, mas apenas pelo esforço individual de cada um. E isto já não é pouco.
  
Fonte   - Revista  BANERJ      PÁG  45  
CAPÍTULO  11         -     BERLIM   1936

TURISMO ECOLÓGICO na lha Grande / RJ



O  Paraíso  Tropical 

A  Ilha  Grande é um lugar mágico, repleto de belezas naturais, situado no Município de Angra dos Reis. Esta é a maior das ilhas do litoral de Angra dos Reis.  É uma ilha de 193 quilômetros quadrados  com relevo acidentado e montanhoso, suas maiores elevações são o Pico da Pedra  D Água ( 1031 m ) e o Pico do Papagaio ( 982 m ), este último o mais famoso pela sua forma pitoresca. As costas da ilha são recortadas por inúmeras penínsulas e enseadas  ( sacos )  , formando várias praias. A vegetação é exuberante, formada por mata atlântica, mangue e restinga

No passado, esta bela ilha, foi invadida e atacada por piratas, serviu de rota para o tráfico de escravos, se tornou abrigo da Colônia Penal Cândido Mendes e foi palco de muitas outras histórias interessantes.

Em 2007, a Ilha Grande foi eleita uma das Maravilhas do Rio de Janeiro  e ficou em 2º lugar, perdendo apenas para o Pão de Açúcar  .

A Ilha Grande possui 192 km2 e mais de 100 praias de águas verdes -azuladas, vegetação exuberante formada pela mata atlântica , trilhas cheias de aventuras, animais silvestres  , clima tropical o ano inteiro e povo acolhedor. Um lugar com passeios de barco inesquecíveis, mergulhos  em grutas e lugares repletos de vida marinha, praias semi-desertas, banho em cachoeiras de águas cristalinas. Recanto perfeito para a família.

O local de maior estrutura turística é a Vila de Abraão  , a “capital da ilha“. As atividades econômicas giram em torno da pesca e, principalmente, do turismo. A ilha oferece atualmente muitas alternativas turísticas: passeios de barco  , praias com águas calmas para mergulho em família, praias destinadas à prática de esportes como o surfe, trilhas ecológicas por dentro da mata ao centro da ilha, além de algumas atrações históricas.

Dentre as muitas surpresas que você poderá ter na Ilha Grande, também está a possibilidade de encontrar animais  , como golfinhos  e tartarugas. A ilha é dividida em dois parques  : Parque Estadual da Ilha Grande e Parque Marinho do Aventureiro, e uma Reserva Biológica : Reserva Biológica das Praias do Sul, cujo acesso é somente permitido a pesquisadores e pessoas autorizadas pelo IBAMA. As áreas de proteção ambiental visam garantir a proteção da grande reserva de mata atlântica ainda existente lá e da vida marinha existente no entorno da ilha.

Para os amantes do esporte  , a Ilha Grande oferece o canyoning  ( rapel na cachoeira da Feiticeira ); o trekking ( caminhada  ); esportes aquáticos como o remo, o esqui–aquático
O surf ( praias de Lopes Mendes e Aventureiro ) e o mergulho ( profundidade e snorkeling  ).

Principais praias: Abraão  , Palmas  , Lopes Mendes  , Aventureiro  , Dois Rios  , Praia do Sul  , Praia do Leste  , Praia Vermelha  , Araçatiba   , Bananal  , Sítio Forte  , Lagoa Verde  , Lagoa Azul  . Saco do Céu  , Caxadaço  , Provetá.

Então, está esperando o que para conhecer este paraíso ecológico  ? 

Fonte   -     JORNAL     -   OPÇÃO  NATURAL 
EDITORIAL      - pág   02     Editor    Maio/2011



Passeios  gratuitos  para sair da rotina 
Parque  da  Catacumba 

É inverno no Rio, os termômetros estão longe dos 40 graus, mas o calor e os belos dias estão aí ! Para aproveitar o dia, o carioca tem como opção os morros da cidade .

A trilha para a Pedra Bonita  , em São Conrado, é uma das mais procuradas  , assim como a dos Dois Irmãos  , no Leblon.

Para quem quer curtir o visual em uma ilha fácil, com cerca de 20 minutos de caminhada fechada e vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas , o Parque Carlos Lacerda, conhecido como Parque da Catacumba é a melhor opção.

O passeio é gratuito e uma ótima ideia para quem quer apreciar as belezas da Cidade Maravilhosa e o visual para quem alcança o pico do morro está a 134 metros acima do nível do mar.

O visitante pode desfrutar da bela paisagem da Lagoa  , Ipanema  , Leblon , Jardim Botânico  , ilhas oceânicas,  Morro Dois Irmãos  , Pedra da Gávea e Corcovado.

O parque foi criado na década de 70, após a remoção da favela da Catacumba, o que deu início ao reflorestamento da área e implantação de um parque voltado à difusão cultural e exposição de obras de arte  - destaque para O Guardião de Celeida Tostes, Ampulheta de Franz Krajcberg, Oxossi de Caribé, Iansã de Tati Moreno, Estrutura de Sérgio Camargo, Flora de Mário Cravo e Construção de Bruno Giorgi.

O parque integra a Área de Proteção Ambiental do Morro dos Cabritos desde 1992 e as visitas podem ser feitas de 8:00 às 17:00 , todos os dias. Nos finais de semana e feriados há monitores especializados. O endereço é Av. Epitácio Pessoa, nº 3000, na Lagoa.

Fonte  -      Jornal  Copacabana    pág  7 
Luis  Pimentel                             ano 2015