segunda-feira, 19 de maio de 2025

Sobre as confusões educativas contemporâneos






Comportamento 

Atendendo muitas famílias  e tomando  conhecimento de  suas angústias educativas ,  senti-me movida a fazer uma breve análise do que do que leva as pessoas a buscar tantas e tão diferentes técnicas  e teo-rias educativas . 

Temos disponíveis no  mercado , especialmente   no mercado  on-line , as  mais diversas propostas de  intervenções educativas  a  disciplina positiva , a comunicação não violenta , a cama compartilhada , a  educação neuro compatível ,enfim , seria difícil nomear todas as linhas educativas que se apresentam e acabam  integrando não somente o  imaginário , mas especialmente  ação do  país .

Creio que seja  muito importante ,  mais do que  criticar ou aderir , compreender em  que lugar entram essas teorias .Por que os pais se abrem tanto a tudo o que de mais “ novo “  se apresenta nesse campo ? 

Desde  os  movimentos  iluministas ,  oriundos  da  Revolução  Francesa , todos  estamos  relativista e equivocado no  que diz  respeito  a quem  é  a  pessoa , ou seja , não nos  ancoramos numa concepção antropológica clara  sobre a pessoa e , consequentemente , sobre  como a  criança chega a  ser pessoa em todo o  seu potencial . 

A partir da  visão rousseaunerana de  Educação , se aderiu a  uma postura educativa espontaneísta , ou seja ,se vê a criança como alguém potencialmente capaz de , quase que somente por herança genética, chegar  à sua  melhor versão a partir de seu crescimento natural .

Tudo o que  vai  “ contra a  tendência natural “  e  espontânea da  criança é visto co mo  opressão ,falta de  liberdade , de autenticidade , ou  limitador da  criatividade infantil .

Ocorre que isso toma  conta do  imaginário  dos pais sem que eles saibam exatamente o  porquê. Com medo de  oprimir ou de  traumatizar as  crianças , exatamente por não entenderem bem  o modo como realmente o  crescimento saudável e adequado acontece e como as crianças podem  chegar ao máximo do  seu  potencial  os pais  aderem  a  essas técnicas  . Sendo assim , sem  que saibam , estão  agindo , muitíssimas vezes , em  direção contrária ao  que realmente querem . ‘ É preciso , a  meu ver , escla-recer  aos pais  o que se  ganha  e o que  se  perde quando  não se tem clareza sobre  quem somos nós , pessoas . 

Baseando-se , então , numa  antropológica ,  proponho  uma  visão  mais ampla dessas abordagens educativas .

Crianças  nascem “ débeis “ . Por experiência , todos sabemos que elas nasce completamente depen-dentes e absolutamente  inaptas  a  viverem sós . Dependem do  adulto para  sobreviver e aprender a  viver . Não são  capazes de  escolher  nem  agir  por  si mesmas .

Elas têm um aparato neurológico imaturo ,com  um sistema límbico em alto funcionamento ,o que as leva a buscar  o prazer e  reagir intensamente ao desprazer ( frustração ) . 

Como os  animais , elas têm uma  sensibilidade presente que  as leva a  perceber o mundo e se  adaptar a ele , mas , como  pessoas , possuem  as potências da  inteligência e da vontade vão promover  uma  vida superior  à  de  qualquer outro  animal . Estas ,na infância , estão presentes em  potência , precisando de ajuda para se transformarem em ato . Essa ajuda se dá  pelo processo educativo , que  no ser humano é  absolutamente transformador - capaz de  levar a  pessoa à sua  melhor versão .

A  pessoa vai se aperfeiçoando e se tornando  melhor quanto  mais vai  sendo educada em sua  potência volitiva  e  intelectual – isso se dá a partir da  aquisição de  hábitos e  virtudes .

Feitas essas considerações , fica  praticamente impossível acreditar que , desenvolvimento espontâneo , chegarão a  resultados positivos . 

Algumas propostas educativas pregam que crianças até determinada idade não compreendem o sentido da  palavra “ Não “ . E eu pergunto a você como  compreenderão  se não apresentarmos essa palavra a elas ? Como se aprende  uma  língua  nova? Sem ouvir o que não se conhece , não se aprenderá nunca . 

Outras dizem que ao invés de dizermos aos pequenos o que não podem fazer ,devemos  apontar aquilo que podem .Pergunto  novamente : é contato com a frustração ter somente horizontes abertos abertos ? Quando  perceberem  que  a vida real  se  trata  de escolhas e que escolhas pressupõem  um ganho em detrimento de algumas perdas, como se sairão ? 

Como poderemos ensinar a virtude da coragem ,da fortaleza ,da  paciência ,da generosidade ,da ordem , se  nos imitarmos a  “ respeitar  “ as  capacidades  imaturas da criança  e não  as estimularmos a  mais ?

Claro  nada disso precisa ser feito com autoritarismo ou agressividade .Ao contrário com muito carinho e firmeza . Exatamente  por  um grande  gesto  de amor não podemos deixar que  os  pequenos fiquem  reféns da  condição imatura .Devemos a eles a possibilidade de crescerem e   se desenvolverem , de se tornarem  grandes  homens  e mulheres . A  educação  é  a  única  condição  para que  isso  aconteça  verdadeiramente .

Fonte  -  Jornal  O  SÃO  PAULO  -  pág  5  -  Viver  bem   /  Fé e Vida                                                Data  -  de  8  a  14 de junho de  2022  - Simone  Ribeiro  Cabral  Fuzaro                                              fonoaudióloga e educadora  -  Comportamento 







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