No Brasil, apenas recentemente a sociedade civil e o poder público voltaram seu olhar para a necessidade de criar e sustentar políticas públicas de atendimento específico à juventude. Mesmo assim, em geral, o jovem é tratado como problema.
Assim também é visto o jovem pobre, morador das periferias das grandes capitais. Principalmente no que tange aos números da presença da violência e da precariedade ou ausência de escolaridade sobre esta última, várias estatísticas e avaliações educacionais denunciam os baixos índices de desempenho em relação às habilidades de leitura e escrita e outras, além dos números darepetência e da evasão escolar.
Quanto à educação, o problema ganha ainda mais densidade quando diz respeito à populaçãojovem afro-brasileira. Aos poucos, constata-se o óbvio: concepções, currículos e práticas pedagógicas estão distanciados do universo sóciocultural de crianças, adolescentes e jovens desse segmento. Além disso, a gestão escolar pouco incentiva ou assegura a participação deles como sujeitos de direitos e protagonistas na construção dos espaços mais significativos de convivência eaprendizagem.
Em relação à violência física - agressões e mortes -, os indicadores se repetem: o maior número de vítimas encontra-se entre jovens negros do sexo masculino. Pesquisas recentes apontam que os casos de violência têm lugar, dia e hora marcados para acontecer, geralmente nas periferias, nos finais de semana e à noite.
Ao falar de políticas públicas, tais dados marcam a necessidade de tomar a juventude não como um grupo homogêneo, caracterizado apenas pela faixa etária, mas de examinar também outras variáveis relativas às condições de vida e o pertencimento racial. A mesma exigência diz respeito ao lazer.
Fonte: Artigo de Ana Lúcia Silva Souza
extraído do livro "Racismo no Brasil - Percepções da Discriminação
e do Preconceito no Século XXI"
da Fundação Perseu Abramo - 2005