O primeiro presépio

Narrativa  primeiro  presépio  

de  Frei  Tomás  de  Delano ,contemporâneo de  São  Francisco

Precisamos recordar com todo  respeito e toda admiração o que São Francisco fez no dia de Natal , no povoado de  Greccio ,três anos antes de sua  gloriosa morte .Havia nesse lugar um  homem cha-mado João ,de boa fama e vida ainda melhor ,a que em São Francisco tinha especial amizade por-porque,sendo muito nobre e honrado em sua terra desprezava a  nobreza de  espírito . Uns quinze dias antesdo Natal , São Francisco mandou chamá-lo ,como costumava fazer , e disse : “ Se  você quiser  que celebremos o Natal em  Greccio , é bom começar a preparar diligentemente desde já . Quero  lembrar o  menino  que  nasceu  em  Belém , os apertos que passou , e contemplar com os  próprios olhos como ficou em cima da palha ,entre o boi e o burro “ .Ouvindo isso ,o homem bom

e fiel correu imediatamente e preparou no lugar indicado o que  o santo tinha pedido .

E veio o dia da alegria ,chegou o tempo da exultação .De muitos lugares foram chamados os irmãos. Homens e mulheres do lugar ,coração em festa ,prepararam como puderam  tochas e archotes para  iluminar a noite que tinha  iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela .Por fim,chegou 

o santo e , vendo tudo preparado , ficou satisfeito . Fizeram um presépio , trouxeram  palha , um

boi e  um burro .

Greccio tornou-se uma  nova Belém , honrando a  simplicidade , louvando a  pobreza e recomen-dando a humildade.A noite ficou  iluminada como o dia : era um encanto para os  homens e para os animais .O  povo foi  chegando e se alegrou  com o  mistério re- novado em  uma  alegria toda nova . O  bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros .Os  frades cantavam ,dando os devidos  louvores  ao  Senhor e  a  noite  inteira  se  rejubilava . O santo estava diante do presépio a suspirar , cheio de  piedade e de  alegria . 

A  missa  foi  celebrada  ali  mesmo no  presépio , e o sacerdote sentiu  uma  consolação jamais experimentada 

Fonte – Revista  O  MÍLITE  - pág  14  -  Rezar  com  São  Francisco

Novembro  de  2022    -   FREI  FLÁVIO  VENÂNCIO  -Franciscano Menor Conventual 

Frank Sinatra no Rio de Janeiro

 

O RIO  ESTAVA  DEBAIXO D’ÁGUA HAVIA 15 DIAS . NA  HORA  DO  SHOW ,  A  CHUVA PAROU . “ FOI DEUS “ , DISSE SINATRA

O Maracanã parecia estar numa decisão de campeonato . Cento e quarenta mil pessoas lotavam ,o então maior estádio do mundo .Gritaria , Assobios ,Palmas .Em campo,um homem apenas .Se é que se pode chamar assim dos maiores cantores de todos os tempos : Frank Sinatra ( 1915-1998) . Era noite de 26  de janeiro de 1980 , eu Rio de Janeiro assistia ao maior show de um cantor que o mundo já havia visto . Até aquele dia ,nunca um único artista conseguira reunir tanta gente num mesmo local – tanto que o espetáculo foi parar no  Livro dos Recordes . Hoje , pouco mais de 28 anos depois a , cidade se prepara para receber o filho do homem que ficou mundialmente conhecido como The Voice ( A Voz ). Aos 64 anos –  mesma idade que o pai tinha quando cantou no Rio - ,Frank Sinatra Jr . Se apresentará na próxima quinta-feira , dia 7 , no palco do  Viva Rio , cantando e tocando os  grandes clássicos imortalizados pelo pai . E  por mais interessante que seja ver o herdeiro de uma  lenda  da música internacional em ação ,o show do Sinatra Jr .Certamente não chegará nem perto do que foi o espetáculo que deixou o Maracanã em polvorosa,em janeiro de 1980 . Para relembrar  aquela noite histórica ,Domingo conta , a seguir , tudo o que de mais interessante e curioso aconteceu durante os dias de Frank Sinatra no Rio .Dias em que a Cidade Maravilhosa parou para ouvir A Voz. Tempestade e tensão .

Quando desembarcou no Rio , exatamente às 8h30 da manhã de 21 de janeiro de 1980 ,Frank Sinatra já era um cantor consagrado em todo o planeta .Onde quer que fosse , plateias se espremiam para vê-lo e ouvi-lo . Mas nem ele estava preparado para o que aconteceria no Maracanã . A multidão de 140 mil pessoas foi a maior público de toda a sua carreira .E fez com que ele superasse o cansaço –Sinatra já havia feito quatro pequenas apresentações na cidade – e a preocupação com a chuva que desabava sobre o Rio fazia já quase duas semanas para subir ao palco naquela noite histórica . Alguns músicos de sua orquestra reclamaram , dizendo que não colocariam seus instrumentos debaixo do aguaceiro que banhava a cidade . O show estava marcado para começaràs 21 h . Às  20h30  ainda chovia . E muito .Se o temporal não desse trégua , certamente não haveria espetáculo. E não havia a menor  hi- pótese de apresentação ser adiada para o dia seguinte ,já que o vôo do cantor e sua comitiva de volta para os Estados Unidos estava marcado para aquela madrugada .O clima era tensão total .

Numa tentativa desesperada de garantir ao menos alguns minutos de Frank Sinatra no palco ,o em - presário Roberto Medina , produtor do evento , chamou o cantor, que estava num dos vestiários , e levou-o até a boca do túnel . Ao deparar com aquela multidão assombrosa à sua espera , debaixo do temporal , Sinatra ficou extasiado .Voltou para o vestuário , reuniu seus músicos e pontuou : " Vamos fazer o show .

Vou cantar enquanto for possível " . No mesmo momento , o violonista Vinnie Falconi disparou : " Não vou colocar meu Stradivarius nesse temporal " . A resposta de Sinatra foi simples e taxativa : " Vou botar , sim . Não há um Stradivarius no mundo que não gostaria de estar aqui hoje . Esse ne -gócio é muito maior do que imaginá-vamos " . E Medinasaiu correndo ,aos gritos de " Vai ter show ! Vai ter show ! " , e orientando a equipe da produção a conseguir guarda- chuvas para proteger a or-questra .Mas nem foi preciso.Como que por milagre,a chuva cessou por completo, minutos antes de Frank Sinatra pisar no palco ,vestindo um defectível smoking preto . Ele jogou beijos para aplateia e, sob uma avalanche de fogos de artifício , começou a cantar " Coffee Song " . Naquela noite entraria em cena,pela primeira vez ,o português José Alves de Moura, mais conhecido como o "Beijoqueiro " , que passou pelos seguranças e deu um beijo em Sinatra . mas nada tiraria o brilhoda noite .No meio do espetáculo , o cantor parou e disse  :  " Deus abençoe a todos nós . Vocês viram o que Ele  fez conosco ? A chuva parou ! " . Os aplausos que se seguiram e encheram o Maracanã . Multidão em silêncio .

O show prosseguia , ainda mais fabuloso e emocionante do que esperavam até osmais otimistas . A orquestra estava perfeita , e a voz de Sinatra , que se recuperava dose uma forte gripe ,  o pura   e límpida como em raras oportunidades .No gramado ,a primeira fila de cadeiras ficava a 20 metros do palco e tinha 5152 as -sentos ( ao custo de 2,8 mil cruzeiros cada um de US$ 85) .Na arquibancada , os preços eram bem camaradas : apenas US$ 3 . Em alguns momentos , aos 140 mil pessoas pare - ciam estar sob uma hipótese coletiva de olhos e ouvidos vidrados em The Voice ,todos estavam em silêncio absoluto . Após o espetáculo e advogado e ex - presidente do Fluminense , Francisco Horta , disse um frase que traduzia com perfeição o que acabara de acontecer . " Só vi o Maracanã ficar em silêncio três vezes : na final da Copa de 50 , durante a visita do Papa e hoje , com o Sinatra " .

Poucas horas depois de ter encerrado o show ,cantando " New York , New York " , Frank Sinatra já estava a bordo de uma aeronave da Pan Am , a caminho de Los Angeles . Sua temporada em terras cariocas durou cinco dias , tempo suficiente para fazer quatro apresentações no antigo Rio  Palace  - atual Sofitel , no Posto 6 - , além do inesquecível espetáculo .

A vinda de Frank Sinatra ao Brasil passou por um longo processo de negociação , iniciando três anos antes do show no Maracanã . No início de 1977 , Roberto Medina , dono de  Artplan , contratou  o cantor americano para protagonizar uma campanha publicitária de uma bebida .Foi o primeiro passo para Medina convidar Sinatra para a-quele que seria o maior show da sua vida . A ideia  agradou ao cantor , que recusou uma proposta cinco vezes maior para tocar num clube de São Paulo e aceitou o contrato para ir ao Rio ." Quando consegui explicar ao Sinatra que poderíamos reunir mais de 60 mil pessoas no espetáculo dele no Maracanã , ele ficou  empolgado " , lembra  Medina. "  Mas acho que nem ele próprio  acreditava  muito que eu fosse fazer aquilo  , ainda  mais no fim da carreira  dele  . Quando colocamos  140 mil pessoas no estádio, foi sensacional . " E assim , depois de  três anos de conversas , na manhã de 21 de janeiro de 1980 , Frank Sinatra pisava em solo carioca .Ele aterrissou no Aeroporto do galeão , com duas horas de atraso , acompanhado da mulher , Bárbara , e mais  17 pessoas ,num avião DC-8 fretado da Braniff .Entre os que estavam na comitiva do cantor , havia até um nome forte da política americana : Spiro Agew, ex -vice -presidente dos Estados Unidos , durante o mandato de Richard Nixon , envolvido no escândalo mundialmente conhecido como  Watergate .

O deputado  Edson Guimarães entregou o título de Cidadão  Fluminense a  Frank Sinatra , que  es - estavacompanhado da sua mulher . O cantor e sua comitiva desembarcaram no Galeão na manhã de 21 de janeiro de 1980 .

Fonte - Revista de Domingo - págs 58, 59, 60

A Libertação dos Povos

  

    

Socioterapia

PSICO -SÓCIO – PATOLOGIA 

INDIVIDUAL - ( PSICOPATOLOGIA )

Neurose , Psicose , Doenças Orgânicas , Esquizofrenias Depressões , Manias .

SOCIAL  -  ( SOCIOPATOLOGIA )

Instituições Econômicas ,Religiosas ,Políticas , Tradicionais , Poderes Sociais , Familiares , Raciais , Nacionais Atuais 

Todos os reformadores pretendem  mudar a humanidade ,ou no aspecto  religioso,no político ,ou no econômico ; pelo menos , pelo que eu saiba ,nunca foi visto justamente seu lado mais  doentio , que é o fundamental . Aquela  antiga advertência de  Sócrates ( conhece-te a ti  mesmo  ) , continua atual-mente em  premente  necessidade –  mas principalmente no setor social ,e não só no individual ,como tem sido visto até agora .

Há algum tempo assisti a um  filme francês que mostrou a  saída de um  grupo de doentes mentais de um hospital psiquiátrico , depois que os seus  diretores o abandonaram , por causa da guerra . Os in-divíduos internados estiveram algumas  horas fora , e assistiram a tantas barbaridades que , abando -nando as  roupas de fantasia que usavam ,voltaram imediatamente ao  sanatório , como sendo o lo-cal  mais  seguro A grande mensagem foi justamente esta: o contato com a  própria psicopatologia é o  meio mais perfeito para se viver – porque as  lutas e  conflitos sociais são provenientes da  alie -nação em que as  pessoas que têm poder vivem .Parece que os  poderosos  veem o

povo como sendo um bando de esquizofrênicos , paranoicos , maníacos ,agressivos e delinquentes , em forma de  projeção do que eles são  ( os poderosos)  - como se o poder acobertasse todos os des-  mandos .Quando alguém do povo fala qualquer coisa diferente , é porque ele é fora da lei ; mas se um  poderoso diz a  maior idiotice , chamam-no excêntrico , genial e a necessidade .

É por este motivo que estamos mostrando a existência de uma  patologia  social , e a necessidade de haver conscientização dela , para que a  sociedade finalmente encontre sua  libertação , e todos nós possamos  respirar aliviados .De modo geral , todos sabem que dentro da existência de desníveis tão extremos  ( riqueza – pobreza , democracia – ditadura , trabalhadores – poderosos ) não poder haver  paz . Este é o primeiro passo , a  conscientização – os outros  passos virão fatalmente ,ou  felizmente para nós . 

“ Penso  mesmo  que  a  PSICOTERAPIA será  gradualmente  substituída pela  SOCIO TERAPIA , que é  um  processo  mais  amplo “ .

Penso mesmo que a  psicoterapia será  gradualmente substituída pela  sócio terapia , que é um pro- cesso mais amplo . De modo geral , podemos dizer quem ,se a  vida social não for terapêutica , não

é  vida social – porque o indivíduo não tem condições de viver em  equilíbrio , dentro de  uma estru-tura social  desequilibrada . A  sociedade exerce uma  poderosa influência em cada um de seus mem-bros – e só um indivíduo genial consegue superar os seus erros . 

Certa vez,lendo Freud notei que ele tinha uma  absoluta confiança no valor da verdade; no entanto, ele se desviou tanto ,e a  humanidade acreditou tanto em suas fantasias , que  eu  próprio tenho agora a ideia de que o ser humano procura  mesmo  é  a  ilusão  - enquanto não sair de seu processo de in- versão . E é esta a  maior dificuldade para  a difusão de nosso trabalho , tão realista .

Podemos afirmar que o  ser humano e a  sociedade vêm falhando , porque ainda não atinaram perfei- tamente com as causas de seus  problemas . Parece que este aspecto estava reservado para a  ciência do  psicopatológico , que só veio a  florescer no século XX . Sabemos que a  maior parte da humani-dade está  interessada apenas na  satisfação dos próprios  prazeres , e não no princípio da  realidade , como  Freud dizia ; a esta atitude chamei de  inversão porque : a) é impossível realizar qualquer  ato bom para si próprio ,se não for feito para os outros ; b) quem está demasiado interessado em si mes-mo , jamais poderá ser  feliz , porque esta  atitude já indica que ele não  está bem . Outra questão extremamente perniciosa é a  tentativa de tirar os sentimentos de culpa , tornado o  indivíduo  sem  medo ;  isto equivale a fazer uma lavagem cerebral , no sentido de  robotizar  o  ser  humano .

Sem uma  boa  vida  social , é  absolutamente  impossível ser  são ; e se o  estado é  anormal ,como será possível ter uma existência equilibrada ?  De outro lado , temos de considerar que a sociedade atualmente é fruto das leis e regulamentos substituídos por  pessoas doentes ; desde que nascemos , somos obrigados a nos encaixar em uma estrutura anormal ,contra nossa  própria natureza .De modo geral , podemos falar que o  primeiro passo para melhorar o ser humano e a civilização,seria mudar o arcabouço social ; se este passo não for dado , qualquer outra coisa que se faça , seria inútil.

Fonte  -  Jornal  STOP -  pág ( artigo de capa  )  - nº 90 

São Paulo - Ano  IX - Distribuição gratuita - em parceria com

TRILOGY  INSTITUTE - Jornal Científico  Trilógico

Norbert R. Keppe - Extrato do livro  A libertação dos Povos -

A Patologia do Poder , pág 188