Apresentamos aos nossos leitores, 3 fases do grande acontecimento futebolístico deste ano … Copa Jules Rimet .
I – ANTES : A HISTÓRIA - No decorrer de um ano , 55 países competiram nas “ elimina-tórias “ , nos vários continentes . Foram classificados 14 :
Da América : Argentina , Colômbia , México , Uruguai .
Da Europa : Alemanha Ocidental ,Checoslováquia , Bulgária , Espanha , Inglaterra , Hungria , Suíça , Itália , Itália , Iugoslávia e Rússia .
O Chile participou por direito de sede . O Brasil , por seu título de campeão mundial .
Você sabia que o Brasil é o único país que participou de todos os campeonatos mundiais de futebol ? Este foi o sétimo !
O primeiro foi no Uruguai ( 1930) .Participaram 13 países . No jogo final ,o Uruguai derrotou a Argentina por 4 a 2 .
Em 1934 , concorreram 16 países na Itália , que saiu campeã por 2 a 1 , na final com a Checos -lováquia .
O terceiro campeonato foi disputado na França , em 1938 . Tomaram parte 14 países . A Itália , bi- campeã , venceu a Hungria , por 4 a 2 .
Em 1950 ( após doze anos de interrupção , devido a guerra ) o Brasil ofereceu a sede a 13 países . Batemos a Espanha por 6 a 1 ; a Suécia , por 7 a 1 . A vitória já nos sorria ...Mas , a seleção do Uruguai nos venceu : 2 a 1 .
A Suíça hospedou em 1954 , 16 equipes . O V .° campeonato deu a vitória à Alemanha que venceu a Hungria por 3 a 2 .
Na Suécia ,em 1958 ,disputamos brilhantemente o VI . ° Campeonato e vencemos a Suécia ,na final , por 5 a 2 .
Pelé , Didi , Garrincha , Djalma … tornaram-se famosos .
II – DURANTE O JOGO - Quem deixou de ouvir com o coração nas mãos a narração do
jogo ? Quem não vibrou com os foguetes que anunciavam os “ nossos “ gols ? E quem não delirou , de norte a sul , com a conquista do “ BI “ ?
Foi uma nação em peso que acompanhou entre angústias e satisfações , entre ansiedades e entusiasmos , um pugilo de patrícios lutando pela posse de um troféu esportivo .
Foi um povo que saudou , com desvanecido enternecimento os seus “ craques “ . Porque neles festejou a vitória da Pátria .
“ A TAÇA É NOSSA ! “ … andamos a repetir de boca cheia como se cada um de nós hou- vesse feito algum “ gol “ em Vinã del Mar ou em Santiago.
III - DEPOIS : A LIÇÃO – Também em um Campeonato pode uma nação re- fletir algumas de suas qualidades .
Quem observou atentamente o desenrolar-se da campanha internacional , terá notado que os brasileiros deram no Chile uma impressionante prova do regime de liberdade em que vivemos
e pretendemos continuar a viver .
Um dos fatores da vitória do nosso quadro , foi o individualismo , sem contudo, transgredir a disciplina do jogo em conjunto . Incompatíveis com sistemas de pressão , os nosso “ craques “ conservaram suas tendências tão simpáticas . E foi a compreensão dos dirigentes em aceitar certas sugestões que nos levou à vitória .
Outra reflexão : a unidade dos sentimentos nacionais . Por toda parte , as mesmas manifes - manifestações de regozijo ou de apreensão . Uma terceira característica da nossa gente se manifestou em aspectos interessantes colhidos pela reportagem da N.C.B : a sua religiosidade .
A imagem de N.S. Aparecida acompanhou ao Chile a nossa delegação ... As estréias de seu manto faiscaram aos nossos gols .
" Com as bençãos de Deus e de meus pais entrarei em campo e lutarei pela vitória " ... e Amarildo , de fato levou o Brasil à vitória contra a Espanha .
O jogo com a Inglaterra coincidiu com a celebração da santa Missa em Brasília , na Praça dos Três Poderes e a consagração a N. S. Aparecida e a S. João Bosco , da nova Capital . E ven - cemos por 3 a 1 .
" Os Pequenos cantores da Guanabara " gravaram vibrante " marchinha " : " Brasil Bicampeão " da autoria do Padre Ralfy Mendes .
Falhou redondamente a "profecia " do tal cérebro eletrônico de Moscou ... Mas valeram as " rezas " do nosso povo simples. E dessa vez creio que o " pagador de pro-messa " não foi um ... mas , fo- ram milhares ... Ora ,a iniciativa individual ,a união na-cional e o espírito religioso são virtudes capazes de garantir a nossa marcha para o futuro com que sonhamos , cheios de fé em Deus
em Deus e na coragem dos que hão de fazer com a cabeça o que o nosso selecionado fez com
os pés ...
Revista - Primavera em flor
No seu reencontro com a imprensa ,o piloto falou de tudo um pouco. Sua parceira com Prost na Mclaren , a experiência ( e saída ) na Lotus , a relação com os outros pilotos da Fórmula - .E fez uma previsão : em 88 , a grande rival da sua equipe será a italiana Ferrari .
Longe dos noticiários ,das entrevistas , nos postos da Fórmula 1 , Ayrton Senna passou dois meses , desde o término da temporada de 87 em novembro , apenas descansando e cuidando da sua con - dição física com o professor Nuno Cobra . Ontem ,o silencio foi quebrado . Senna reuniu-se com jornalistas e falou das suas expectativas para 88 e das esperanças de , finalmente , chegar a um título da Fórmula 1 agora na sua nova equipe , a Mclaren .
Ontem , à tarde , no auditório do hotel Crowne Plaza , o piloto brasileiro respondeu a inúmeras per - guntas de jornalistas , fãs e ,porque não , até de alguns curiosos . Postado em uma mesa repleta de microfones de rádios ,e, sempre assediado por câmeras fotográficas e de tevê ,Senna , por uma hora , falou de tudo : a nova equipe , Alain Prost, suspensão eletrônica ,Lotus bastidores da F-1 , e até de loteria .
P – Como será o seu relacionamento com Alain Prost , um piloto bicampeão do mundo , reconheci- damente um dos melhores da Fórmula 1 ? E qual será a posição da McLaren em relação a você e o Prost ?
R – O esquema da McLaren é muito profissional e para ela o interessante é ganhar o título , seja com o Senna ou com o Prost . O objetivo é ter dois pilotos em condições de vencer . É lógico que , no decorrer do campeonato ,o que estiver em melhor posição de conquistar o título terá a preferência da equipe . Quanto ao Prost , ele é um dos melhores , se não for o melhor piloto de Fórmula 1 da atua- lidades , e não terei problemas com ele .
De uns dois anos para cá , temos notado que você tem se distanciado de imprensa e consequente- mente , do público . A relação imprensa e Senna ficou um pouco mais difícil . Parece que à medida que você começou a subir na F-1 a impressa foi ficando de lado . Por que issso ?
Não é bem um afastamento , as próprias condições é que determinaram a distância . Sai do Kart , passei para a Fórmula - Foprd , cheguei na F -1 e ao mesmo tempo,fui conhecendo mais gente e o contato foi tornando-se pesado . Mas o número de horas que permaneci disponível não se alterou . O que aconteceu é que tive de tirar algum tempo para cuidar da minha privacidade e não dava para atender todos e a todo momento . Aliás , desde 85 não consigo parar . Em 86 , sacrifícios , depois , na temporada seguinte ,a Lotus adotou o motor Honda e foi mais um ano trabalhando o carro na tentativa de ajustá-lo ao novo motor . E teve também muitos problemas políticos que desgastaram a gente .
Alguma coisa com a sua saída da Lotus ?
Para falar a verdade , no meio da temporada não tinha mais vontade de disputar os GPs . Ficava
contando nos dedos - bom esse passou , ficam faltando mais três ... isto desde julho . Muita coisa aconteceu e eu não pude falar para não atrapalhar as negociações com a nova equipe .Na verdade , desde abril eu já tinha acertado com a McLaren .O trabalho ,fora das pistas , para chegar à McLaren condições que julgo ideais , foi lon-go . Só que tudo isso foi pintado de outra maneira . E não tinha assinado o contrato ,mas tudo já estava certo .Aí quando ele ( Piquet ) assinou com a Lotus , muitos fala-ram que ficaria sem equipe . Fui obrigado a engolir muitas coisas . Foi a minha saída da Lotus que abriu espaço , para outra pessoa .
E o seu relacionamento com os outros pilotos , como é que está ?
Desde que entrei na Fórmula 1 existe o antagonismo . Em 85 eu tinha o carro nas mãos e estava sempre na frente . Em 86 , a condição mudou um pouco , e em 87 o motor era ótimo , mas o carro decaiu . Tenho uma personalidade forte e quando só depende de mim , não aceito o confronto . Agora , se existe o confronto , as dificul-dades surgem e , às vezes , na Fórmula 1 , isto é inevitável .
E a experiência adquirida na Lotus sobre a utilização da suspensão eletrônica , você pretende trazer para a McLaren ?
Para 88 , a McLaren não está pensando em suspensão eletrônica e fica difícil prever alguma coisa para o próximo prever alguma coisa para o próximo ano .Sei que apanhei muito ano passado com esta suspensão .
Sobre os dois novos brasileiros na Fórmula 1 , Roberto Pupo Moreno e Maurício Gugelmin , quais as condições deles no campeonato ?
Para o Brasil é muito bom mais dois pilotos na F - 1 . O Moreno tem mais experiência e pode conseguir bons resultados ; já o Maurício enfrentará dois pro blemas : as sua equipe é pequena e tem pouca experiência .
Com Alain Prost e você , a McLaren , antes de iniciar o campeonato, já é apontada como favorita . Na sua opinião , qual será o maior adversário ?
Sem dúvida nenhuma será a Ferrari , que terá o mesmo carro do ano passado e terminou a temporada com uma perfomance excelente . O duelo com a Ferrari não vai ser fácil .
Agora, saindo um pouco das pistas : a Caixa Econômica Federal estará criando uma nova Loto , que premiará o acertador das seis dezenas , batizada de Sena . E, segundo informações extra-oficiais , você teria sido convidado para lançar esta ideia .
A imagem de um esportistanão condiz com jogo de azar . E tem também o apoio e amizade do Banco Nacional . fui convidado , mas ...
E quanto ao novo projeto Honda / McLaren com a permanência dos motores turbos ?
Senna - Se a Honda escolheu este momento para a McLaren eu confio plenamente na Honda , pois o objetivo final é vencer . E Fórmula - 1 é muito business e um pouco só esporte .Antes de tudo é preciso vencer , depois vem o resto é isto eu aprendi na Fórmula - 1 .
Na próxima terça-feira , Ayrton Senna embarca para a Europa e nos dias 15 e 16 deste mês , em Paul Ricard , França , ele testará , pela primeira vez ,o seu novo carro , já experimentado por Alain Prost , em dezembro de 87 , em Estoril , Portugal . Prost só ficou atrás de Gerard Berger , da Ferrari , por milésimos de segundos .
Fonte Jornal da Tarde - Esportes -pág 28
Quinta-feira , 4-2-88 - AUTOMOBILISMO
O cirurgião
Reconstruir o corpo humano é trabalho do espanhol Pedro Cavadas . Em 2009,ele fez o primeiro transplante de rosto com mandíbula e língua do mundo .Agora vai ajudar um paciente a andar novamente – com um transplante de pernas também nunca antes realizado
Por que fazer um transplante inédito como um rosto ?
O caso foi do meu paciente era muito grave . Ele havia perdido parte do lábio superior até o pomo de adão [ após um acidente de carro ] .Não tinha mandíbula nem língua ,e os lábios estavam muito deformados . Havia feito 8 cirurgias em 10 anos,com pouco sucesso . Viveu todo esse tempo com um pano no rosto para não assustar as pessoas . Não podia comer nem falar.
Como foi a preparação para a cirurgia ?
Durou 2 anos e meio . O paciente precisou fazer sessões com um psicólogo. Eu fiz testes em cadáveres e animais .
E a operação em si ?
Começou com a extração do rosto do doador para depois implantá- lo no recepto .Isso levou 15 horas e meia .Aí ,com técnicas de microcirurgia ,enxertamos quase metade do rosto :nariz,boca ,parte das bochechas e maxilar inferior.A segunda etapa foi reconstruir os nervos do rosto , artérias e veias . Também foram reconstituídas os dutos salivares e detalhes da boca e da língua , o que levou mais de 8 horas de operação .
Qual foi a parte mais difícil ?
A mobilidade das pálpebras e o mecanismo de drenagem das lágrimas , além da proteção do glóbulo ocular .Também precisamos fazer uma operação menor antes da cirurgia para reconstruir e dar sensibilidade e movimento à mandíbula e a língua .
Agora você está se preparando para realizar um transplante duplo de pernas ,algo também inédito . Quais são os desafios de uma cirurgia pioneira como essa ?
O transplante de pernas nunca foi feito porque a próteseé a mais indicada na maioria dos casos ,e geralmente funciona muito bem .Mas este é um desafio novo :o paciente não tem pernas acima dos joelhos . Como a operação nunca foi feita , há pouca informação disponível e precisamos estudar com base em situações similares .A cirurgia ainda não tem data prevista porque espero a aprovação do Ministério da Saúde espanhol , que autoriza procedimentos inéditos .
Dá para dizer que chegaremos ao ponto de reconstruir um ser humano ?
Em um futuro próximo será muito mais frequente transplantar não só as mãos ,os braços, e sim todo o aparato locomotor . Já somos capazes de transferir cirurgicamente qualquer parte do corpo.Mas ainda falta avançar nos estudos sobre medicação e sistema imunológico,e principalmente em como evitar rejeições .A farmacologia ainda está muito atrás da técnica cirúrgica .
E como é sua rotina quando está fora da sala de cirurgia ?
Atendo em meu consultório das 8h às 21 h . Também costumo viajar ao Quênia para realizar aten- dimentos cirúrgicos como voluntário . Lá faço cirurgias de reconstrução simples , na maoria em crianças com sequelas de queimaduras , tumores , fraturas , má-formação . Os adultos têm sequelas de agressão e disparos de armas . Desde que me formei – hoje tenho 45 anos – já fiz entre 12 mil e 14 mil cirurgias , o que dá mais de 4 por dia .
Fonte - Revista - SUPERNOVAS
Maio de 2011 - pág 33 - SUPER
Texto - MARINA GONÇALVES
Os 100 anos da Primeira Guerra
O início do século XX foi marcado por inovações tecnológicas
movimentos culturais e um conflito
O século XX rompeu em paz e repleto de promessas . Um mundo novo e moderno se descortinava capitaneado por inovações tecnológicas,por importantes movimentos culturais e movido a muito carvão e eletricidade .O surgimento do cinema , a consolidaçãodas comunicações via telégrafo e , logo depois , por telefone , globalizavam a informação.
Transatlânticos cruzavam os mares ,cobrindo a distância da Europa às Américas em uma semana ;o dirigível e o avião ganhavam os céus e os primeiros automóveis começaram a circular nas ruas das grandes cidades .
- A última guerra havia ocorrido em 1870 e, desde então , a Europa vivia um longo período de paz – explica o historiador Marcello Scarrone , da revista de História da Biblioteca Nacional . - A burguesia dos diferentes países se considerava euro-peia , ocidental , e viajava muito ,de um lado para o outro ,num circuíto das classes mais abastada do qual até mesmo a Rússia fazia parte .
CIÊNCIA E PSICANÁLISE
O intenso fluxo de ideias que se alastram rapidamente pela Europa burguesa e in-telectual abriu caminho para novas e revolucionárias ideias ; da psicanálise de Sigmund Freud à Teoria da Relatividade Geral , de Albert Einstein , passando pela sombra literatura de James Joyce e Franz Kafka .
Enquanto Einsten subvertia a noçãoi de espaço e tempo , e Freud propunha a existência do inconsciente ,Pablo Picasso destorcia as formas das suas " Demoiselles D' Avignon " para fundar a arte moderna. O mundo nunca fora tão moderno e promissor .
- A linguagem estética e científica acompanham o processo produtivo - sustenta o especialista em história contemporâneada Universidade Federal Fluminense (UFF),Bernardo Kocher . - É a segunda Revolução Industrial em marcha , com o uso da ciência e tecnologia como elementos básicos da competição econômica ,com a eletricidade , a química , a metalurgia , e a generalização da sociedade do consumo de massa , com a popularização de itens como o relógio de pulso , o chá , a bicicleta . Scarrone concorda com o colega .
- Aquele era o grande momento da ciência na europa , daquela sensação de quase certeza do inevitável e irrefreável progresso científico da Humanidade : todas as fronteiras do conhecimento seriam conquistadas ,as respostas gerais e globais seriam encontradas .
Anacronicamente,as estruturas de poder se mantinham arcaicas,calcadas em impérios seculares , no espansionismo colonial , na exploração de mão de obra barata nas fábricas , nas péssimas condições de vida de proletários nos grandes centros urbanos , na ausência de leis trabalhistas .
O mundo caminhava para um choque entre duas realidades distintas , entre transformação e tradição , que produziria uma das maiores carnificinas da História , der rubaria império e recriaria a ordem geopolítica mundial , entre 1914 e 1918.
Enquanto os europeus viviam sua época de ouro , forças econômicas e ideológicas se uniram para pôr fim ao idílio
- Governos constitucionais avançavam ,mesmo na Rússia ; a classe trabalhadora conquistava alguns direitos e benefícios ,os sindicatos se fortaleciam - enumera a histo-riadora britânica Margaret MacMillan , da Universidade de Oxford , autora do re-cém-lançado " The war that ended peace " ( A guerra que pos fim à paz , em tradução livre ) . - Havia muitas mudanças acontecendo, e os problemas sociais certamente contribuíram ( para a eclosão da guerra ) , certamente foram um fator , mas não a causa principal.
Margaret não considera , no entanto , que a guerra fosse inevitável :
- Conseguimos olhar para trás e ver por que ela aconteceu ,mas não acho que fosse inevitável . Acho , sim que foi um erro , que ocorreu por resultado de pressões , de tensões e de más decisões políticas .
Enquanto os europeus vivam os estertores de sua Belle Époque , da sua época de ouro , forças ideológicas e econômicas se conjuravam para por fim ao idílio burguês .O aumento do proletariado ,o incremento do movimento operário e o fortalecimento dos sindicatos a insuflar novas ideias , desafiando -os até então dominantes valores do capitalismo .
A expansão colonial gerava riquezas para impérios europeus , mas gerava também um intenso fluxo de migração e pobreza para os imigrantes e, segundo alguns historiadores ,teria sido um dos principais fatores para a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
- De um lado , as inovações tecnológicas geravam desemprego ; de outro , novas linhas de produção faziam crescer a classe operária , fortalecendo os sindicatos - conta Kocker . - as instituições internacionais no entanto, não evoluíam ; o mundo se transformava ,mas o cenário internacional não tinha regulação ,não dispunha de formas atualizadas , não dispunha de formas atualizadas de negociação .
Para Hocher , o conflito que levou à eclosão da Primeira Guerra deixa isso bem claro : - Houve um colapso das relações internacionais e a consolidação rápida de blocos de poder,centrados , de um lado, na Alemanha ( que logo se uniu ao Império Austro- Húngaro ) , e de outro , na França e na Inglaterra ( às quais depois se uniu a Rússia ) .
COMUNISMO GANHA TEMPO
Para Margaret Mac Millan , as raízes pra as ideologias que depois se revelariam nefastas , como o fascismo e o comunismo , ganharam terreno na Primeira Guerra .
- As noções de socialismo e comunismo já existiam desde muito antes de Revolução francesa - sustenta a historiadora britânica . - Mas o que a guerra faz é torná-las mais atraentes para os idealistas , que queriam um mundo melhor , na medida em que prometem uma sociedade mais justa , mais igual .
A guerra acabou por escancarar as falhas da Belle Époque europeia .
- A guerra mostra uma realidade que será totalmente realizada posteriormente , comos regimes totalitaristas e a Segunda Guerra Mundial : o drama da condição humana,o drama daqueles que acreditavam no progresso sem fim da civilização e se dão conta de que devem recomeçar tudo de novo - resume Scarrone . - O século XIX é o do grande otimismo das convicções , das certezas ; o século XX tudo isso entre em crise até o fim da Segunda Guerra . Foi o fim de um mundo que parecia em paz .
Fonte - Jornal O GLOBO - pág 31
Sábado , 5.7.2014 - História - ROBERTA JANSEN
JÔ SOARES
É interessante o quanto a falta de inventividade se apossa de cenário artístico do país ,em contra ponto ,uma das culturas mais ricas do mundo ( a começar da nossa língua ,falada em mais de vinte modos diferentes ) .
Com tudo o que tem direito o programa “ Jô Soares Onze e Meia “ completou quatro anos . Que ele é bom , todo a mundo sabe , e basta os aventurar com o controle remoto afora para certificarmo-nos o quanto ele poderia ser ruim.
Tentando renascer das cinzas a TV Manchete promoveu a volta ao vídeo do figurinista Clodovil Hernandes . O pseudo -programa de variedades é rigorosamente cômico.
Há uma pequena plateia , um solista , o convidado também se senta diante de uma mesa e tudo segue aos moldes de “ Onze e meia “ . O que difere é que no programa de Clodovil há um toque de elegância ao servir um vinho do Porto , prontamente derrubado com a insistência do apresentador ao grantir sua procedência .
Jô Soares não faz café . Nem mesmo revela o que teria dentro de sua caneca , que também raramente oferece ao entrevistado . É só na TV Manchete se consegue reviver o constrangimento de que somos vítimas ,quando queremos dar atenção a nosso convidado ao mesmo tempo que lhe fazemos um café . Não há assunto nem coor-denação motora que resista . E bravamente , Clodovil vende o novo modelo de cafeteira todas as noites . Mesmo com o preço comparado às cafeteiras italianas, se-gundo vendedoras do shopping Iguatemi ,“ a cafeteira do Clodovil ” tem uma saída espantosa . Só o Brasil é capaz disso .
Noites atrás , uma psicanalista brasileira , avesso a medicina e a psicanálise oficiais , declarou a Jô Soares que uma pessoa energeticamente bem aparatada jamais contrairá o vírus da Aids . E mais : disse que a doença , assim como o câncer , não existiam . Eram invenções da medicina convencional . O que se viu a partir daí foi um verda-deiro show de ética de Jô Soares , que aflitivamente discreto , tentou fazer a psica- nalista retirar o que tinha dito porque nem o programa , nem ele , poderiam “ assumir a SERIEDADE do que estava sendo declarado “ . Foi um pasme . Esta ética , este sentido jornalístico ,este comportamento profissional é dos mais nobres .
O “ Onze e Meia “ também é repetido ainda mais cedo que às 22 horas da Manchete. Vai editado às 20h30 na TV 2 Cultura , apresentado por Marcelo Rubens Paiva . Tem uma pequena plateia , música na entrada dos convidados e incidentalmente uma perfomance . Ou seja , dirigido ao público jovem , tem seus modos modernos de se expressar . E o pseudo apresentador que é também , pseudo jornalista , pseudo es-critor e faz esforço para ser um intelectual , fala , fala e tanto de quanto seus convi-vidados não dizem absolutamente nada .
Uma editora da Folha de São Paulo esteve recemtemente naquele programa e o resultado , uma multidão . Havia dois aspectos : a necessidade de alguns artistas chamados marginais em classificar a editoria de variedades da Folha de São Paulo enquanto cultura oficial e a necessidade da jornalista em rebater evasivamente as argumentações . No meio , um Rubens Paiva enfadado , olhando para a pauta com cara de " a que horas eu posso ir para casa " ?
Uma entrevista para ser boa precisa efetivamente de um interesse jornalístico e um re-pórter que tenha sensibilidade em conduzir a conversa , de preferência , sem o rigor das pautas , para que a espontaneidade possa aparecer e contagiar o telespectador . Jô Soares é um homem que há muito sabe que perder a vaidade é ponto de partida para profissionais . Algumas vezes ele chegou a deixar que o humorista passasse a perna no jornalista , mas sempre se recompõe. Uma verdadeira integração entre o fato em si e a maneira de apresentá-lo é que leva a empatia , ao aprendizado e principalmente , ao serviço . O jornalismo é isso , um serviço prestado ao público .Não um espelho de vaidade , um meio de auto-promoção , nem de psicologias domésticas , ou um levantar bandeiras de minorias e outras infelicidades .Enquanto o jornalista não respeitar seu convidado não terá respeito ao público do programa . Porque não estará respeitando o público . Levamos quase trinta anos para descobrir a verve de Jô enquanto jornalista . Ainda bem que o encontramos . A TV brasileira precisa de riquezas . Sem câmaras de close .
Fonte - Jornal das Artes - pág 15
Ano 1994 - CAROLE CHIDIAC
Bruna : sempre um novo amor
Par muitos , ela é uma excelente modelo ,com o rosto lindo , fotográfico.Para outros , uma ótima escritora ,que alcançou uma boa vendagem de suas publicações .Milhares de pessoas no momento , a conhecem com a Patrícia de Louco Amor . No entanto , Bruna Lombardi não quer rótulos , e sim conquistar seu próprio espaço em qualquer atividade . Para tanto , tem em seu favor o talento ,a garra , a beleza e uma personalidade marcante que fazem dela , simplesmente , um ser humano vibrante e sensível pronto para enfrentar qualquer .
“ A vida da gente é sempre superar as coisas , vencer os obstáculos . Conquistar o próprio espaço, o próprio lugar mesmo " , afirma Bruna . E prossegue : " A vida éuma longa lição de saber ver uma coisa germinar ,saber ver a coisa crescer , sem a pressa da colheita . Tenho uma coisa dentro de mim
que é fundamental para me descrever,para falar de mim . Não façoas coisas pensando só no resultado . Eu penso notrajeto . Faço pelo prazer . Isso é uma filosofia mesmo , pensar na germinação “
Filosofia de vida à parte. Bruna está às voltas com muito trabalho .De um ano para cá,ela enfrenta um ritmo alucinante de gravações e ensaios que começou com a Maria de Avenida Paulista . Representou um menino na peça Numa Nice , versão paulista , uma bruxa fada sereia no filme inédito. Ocangaceiro Trapalhão e foi das vítimas do Mandrakena Quarta Nobre . Atualmente , é a Patrícia de Louco Amor , que toma quase todo o seu tempo . “ Patrícia é uma composição difícil porque ela é introspectiva , tímida , bem diferente de mim . É delicada , frágil , sensível , romântica .Uma pessoamuito sozinha . Não consegue ter amigos, tem medo e é dependente . A única coisa que a sustenta é essa insegura jovem está emprestando a sua alma . Bruna , a cada personagem , confessa “ um casode amor “ , já se torna impossível não se envolver nos dramas vividos por eles : A cada trabalho , a fonte de riqueza é a descoberta dos caminhos . Trabalhar com elementos desconhecidos dá um bom retorno . Tenho uma construção muito emocional de personagens . Quando fiz a Maria de Avenida Paulista foi um período muito difícil , em todos os sentidos . Era um período de insônia , de andar pela casa , porque ela era uma pessoa que sofria muito e , de certa maneira , a gente fica carregada com isso “ . Bruna costuma abraçar as causas das personagens , e , no caso da Patrícia , partiu do princípio que a “ humanidade é totalmente alucinada . Na hora em que estou criando a Patrícia , a minha loucura está canalizada para a criação de uma personagem . Um escritor , na hora em que es- creve ,está canalizando a loucura dele para o texto ,e assim por diante . A obra de arte ,seja ela qualfor , é a canalização da loucura .Por isso ,acho que todas as pessoas têm que ter , mesmo não profissionalmente , alguma coisa para se jogarem , sempre . É o melhor remédio para
tudo “ .
Por falar em textos e obras de arte , Bruna Lombardi tem desde pequena o hábito de escrever . " Acho que as tendências das pessoas se manifestam cedo " .Formada em jornalismo e em publicidade e marketing , de repente , viu suas prosas e poesias publicadas emParis , Nova Iorque e traduzida para 11 idiomas . Posteriormente teve dois livros publicados - No Ritmo dessa Festa e Gaia . " Os livros estavam implícitos naminha vida . Não sou uma pessoa de objetivos , tipo eu vou por essa coisa ali . Não é bem assim a minha cabeça . Eu vou vivendo . Sou bem Leão . Noutro dia , estava vendo o Caetano ( Veloso ) e acho ele muiuto parecido comigo . A gente vai fazendo as coisas .Nunca tive aquela coisa de eu vou publicar um livro . A única coisa que me interessava era escrever . Meu prazer era escrever as coisas que eu gosto . Aí de repente , estavam publicando as minhas coisas fora do Brasil " .
Bruna , se considera " uma pessoa bem-sucedida , mas tem muito trabalho atrás " ,
Essa carioca de Copacabana não se deixou abater com os empecilhos , nem com a discriminação . ela confessa ter sido discriminbada " tanto quanto as outras milhares são , pois é uma coisa atávica no homem achar que a mulher não vai ser capaz de realizar alguma coisa " . Para ela , o sucesso alcançado em tudo o que se propõe fazer é uma decorrência e não se considera uma pessoa de sorte : " O público desconhece que você chegou e explodiu . Não é verdade . Você não consegue que nasça uma flor se não regar , tratar " ...o reconhecimento público é " muito gratificante " , mas encara o sucesso como " uma coisa fora de mim . Na hora do trabalho , não penso no sucesso . É aquela coisa que me define bem . É uma constante pensar no trajeto e não no resultado . O prazer de representar está acima de tudo " . Para finalizar , Bruna lembra Bertold Brecht" , escritor alemão , dando a sua receita paras ser feliz : " Agente tem que viver sem machucar ninguém . Brecht dizia assim : 'Eis o bem : não e a si também . Eis o bem . ' Feito isso , não precisa mais " .
Fonte - Revista Amiga
Aviso - É uma relíquia ter essa reportagem , pois a Bruna Lombardi não gosta dos
holofotes. Ser fã é assim , guardamos revistas antigas ou adquirimos. Ana Regina
Atualidades
Para compreendermos a identidade católica de nossa nação , faz-se necessário regressar do assim chamado “ Descobrimento do Brasil “ .
Em 22 de abril de 1500 ,Pedro Álvares Cabral , explorador português chegou às terras do novo continente, carregando consigo a compreensão que , além de expandir o domínio da coroa por - tuguesa ,estaria igualmente ampliando a presença da Igreja Católica no mundo.Isso fica claro quando , no dia 26 de abril de 1500 , já foi rezada a primeira missa em solo brasileiro pelo Frei de Coimbra , que acompanhava a expedição de Cabral.
A partir de então ,a fé católica passou a se espalhar por nosso país , desde seu período colonial .Uma das expressões mais evidentes dessa fé enraizada na cultura é o símbolo da Cruz ,que está presente nos marcos de fundações de muitas cidades his- tóricas .Também há cruzes que são colocadas em morros , estradas , próximo de rodovias , para marcar um sinal de fé , um local de falecimento ou uma devoção às algumas .Outras características interessantes de nossa identidade católica estão nos no -mes de muitas cidades que se referem aos santos católicos , além dos brasileiros que têm seu nome inspirado nas devoções e /ou promessas familiares .A devoção aos santos ,especialmente à Virgem Maria , marca nossa fé popular expressada nas peregrinações a lugares de culto ( Santuário Nacional de Aparecida ) , nas procissões realizadas pelas ruas,nas pequenas imagens que cada família possui em suas casas igualmente na invocação de um Santo no dia a dia de nossa vida , como quando alguém se afoga , por exemplo , imediatamente dizemos “ São Brás “ . Em tudo isso , vemos a fé inserida na cultura brasileira .
Por isso , é importante que essa nossa experiência popular de fé , que recebemos des-desde o período colonial , seja sempre mais amadurecida e compreendida por todos nós . A fé cristã tem seu fundamento na pessoa de Jesus Cristo e em seu Evan - gelho . Desse modo , cabe a nós , como Maria , tornar-nos sempre mais seus discí-pulos – missionários , para que a mensagem de Amor , Salvação e Vida continue ten-do sentido entre nós , brasileiros .
Enfim entre os exemplos citados , Nossa Senhora Aparecida tem um lugar todo es-pecial .Em sua pequenina imagem ,Maria se identifica com nossa cor e assume nossa identidade brasileira , apesar de sermos um povo proveniente de muitas culturas e nacionalidades : com diversas com diversos e traços recebidos de nossos irmãos indígenas , europeus , africanos e asiáticos . Somos um povo multicultural e com diversas etnias ,porém , que compartilha , desde suas raízes , uma única e profunda fé .
Fonte - Revista de Aparecida - pág 26
Ano 2022 - Pe. Jonas Luiz de Pádua , C.S.s.R.