sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Uma unidade que supere os partidarismos

 



Editoriais

Com aproximação das  novas eleições municipais, as comunidades católicas voltam a ser confrontadas com  as divisões de ordem  ideológico - partidária . É inegável  que os princípios  da Doutrina Social católica têm  peso político e que  a Igreja fornece critérios para a  participação política e  para as  es-colhas  eleitorais  . Contudo , como sabiamente lembra  o  Compêndio da Doutrina Social da Igreja        ( CDSI ) , " as instâncias da  fé  cristã dificilmente  são assimiláveis a uma  única  posição politica : pretender que um partido ou uma corrente  política corresponda completamente  às exigências da fé e da  vida cristã gera equívocos    perigosos " ( CDSI 573 ) .

Sendo assim , é natural que as  opções políticas  dos  católicos  se distribuam por vários partidos, lan- çando dois importantes desafios ao povo de Deus .Em primeiro lugar, uma vez    a unidade é  o sinal mais evidente da presença de Cristo entre nós  (cf,Jo17,21-23 ) , como conciliara pluralidade própria da política com a unidade que deve nos  caracterizar ?    Em segundo lugar , como os critérios que nascem da Doutrina Social da Igreja devem nos orientar , sem com isso  forçar um    único e uniforme ? Para enfrentar esses desafios , O Caderno , Fé e Cidadania desta edição , O SÃO PAULO se dedica justamente  à unidade católica diante da  pluralidade da política .

O magistério da Igreja convida  à adesão consciente aos  princípios da sua  Doutrina Social.   Contudo , como lembra  Dom Rogério Augusto das Neves , Bispo Auxiliar de  São Paulo e especialista em Direito Canônico , em seu artigo  no referido Caderno , citando Bento XVI,  " a Igreja não pode nem deve co-locar -se no lugar no lugar do Estado . Mas também não pode  nem deve ficar à margem na luta pela  justiça  Deve inserir-se nela pela via da argumentação  racional e deve despertar as  forças espirituais , sem as quais a  justiça que sempre requer renúncias , não poderá afirmar-se nem  prosperar " ( Deus -prudente entre a comunidade    e o  debate político , mas sim em um  posicionamento cada vez mais consciente das razões e motivações dos princípios  cristãos para  ordem social , capaz de  respeitar a justa autonomia de cada cidadão , ao mesmo tempo que lhe dá  critérios sólidos para a  construção do bem comum .

A indicação de candidatos e partidos , prática comum na  Igreja em alguns momentos do passado , em função de conjunturas específicas , não é mais uma orientação sugerida em  em nossos dias .  de Em  seu  lugar , destaca  Rocco  Butiglione , professor  de  filosofia  política , que foi  euro - deputado  e  atualmente  preside a  Academia  Latino -Americana de Líderes   Católicos , temos a  ênfase em uma prática política orientada pela caridade social,  que condiciona um modo de fazer  política  no qual os  católicos  podem reconhecer mutuamente e  encontrar caminhos  compartilhados para o  diálogo  e a  justiça social  independentemente das opções partidárias .

Raiva e  ressentimento, escândalos e  cancelamentos determinam cada vez mais a  dinâmica de par-ticipação , política dos  brasileiros . Redes  sociais  e influenciadores , preparados  para explorar as emoções e despertar paixões ,muitas vezes se valem de visões parciais ,quando não distorcidas, dos princípios  cristãos para  atrair os  católicos para  suas  posições partidárias , fraturando  a  unidade eclesial .Diante disso , as lideranças comunitárias devem estar bem-preparadas tanto para acolher os que pensam de  modo diferente .

Esperamos que esta  edição do caderno  Fé e  Cidadania ajude  a todos a caminhar em unidade e  fi-delidade aos princípios da  Doutrina Social da  Igreja , de modo que as  eleições  que se  aproximam sejam ocasião de encontro e  diálogo , não  de  divisão e  desorientação.

Fonte  - Jornal  O  SÃO  PAULO   -  pág 4  Editoriais                                                                          Data   - 31  de  julho  a 6  de agosto  de 2024


segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Nos Jogos Olímpicos , a Igreja propaga os ideais de paz e fraternidade

 



Atletas, treinadores e oficiais das  delegações que participam dos  Jogos de  Paris 2024  foram abençoados em  uma vigília  de oração na Catedral de Saint - Denis , na de oração  na  Catedral  Metropolitana de Paris , no dia 25 , véspera da  abertura da olimpíada , em missa com  a  partici-    pação de  Thomas  Bach , presidente  do  Comitê Olímpico Internacional  ( COI ) .

Esta é uma  Conferência Episcopal Francesa , em parceria com as dioceses  locais , realizará durante esta edição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos . Paralelamente ,  acontecem os Holy Games ( https : //holygames.fr ) , com o propósito de ressaltar a relação  da Igreja com o esporte , tornar a prática esportiva  acessível aos mais vulneráveis e celebrar o ser humano e a  fraternidade  entre os povos . 

O  ESPORTE  PERSPECTIVA  CRISTà

Desde suas origens ,a Igreja não está alheia ao esporte .Na carta aos Coríntios ,por exemplo, São Paulo Apóstolo compara a  vida espiritual a uma  corrida esportiva , cujo  prêmio não será a uma  coroa  cor-ruptível , mas  salvação eterna . ( cf. 1 Cor 9, 24 ) 

Ao longo da  história , também os  pontífices destacaram o  papel do esporte para o bem da  huma-nidade . Assim o fez o  Papa Francisco , em mensagem à  Arquidiocese de Paris no dia 19 , na qual apontou que o  esporte " é  uma  linguagem universal que ultrapassa  fronteiras, línguas ,raças, na-cionalidades e  religiões ; tem a  capacidade de unir as pessoas ,de favorecer o diálogo e a  aceitação recíproca , estimula a  superação de si , forma o  espírito de  sacrifício , fomenta a  lealdade nas  re-lações  interpessoais ; convida a reconhecer os  próprios limites e o  valor dos outros " .Ele lembrou ainda ,que os cinco anéis  olímpicos entrelaçados,  " representam o  espírito de fraternidade que deve caracterizar o  evento olímpico e a  competição  esportiva em geral " .



A  IGREJA  E   MOVIMENTO  OLÍMPICO 

Há algumas  vinculações entre o  movimento olímpico e a  Igreja Católica . O lema  dos Jogos da  era moderna citus , altius , fortius - " mais  rápido , mais alto , mais forte "  - foi  pensado pelo  frade  do-minicano  Henri  Didon  ( 1840 - 1900 ) , depois proposto ao  Barão  Pierre de   Coubertin , idealizador dos  Jogos modernos , e vem sendo adotado desde  os Jogos de Paris  de 1924 .E julho de 2021 , o COI  acrescentou ao  lema  a  palavra  " juntos " , para indicar que o  esporte também é uma  via  para  a  so-lidariedade .

Em 1905 , Coubertin  pediu ajuda  à Igreja para impulsionar  a quarta  edição da  Olimpíada , inici-almente prevista para  Roma no ano de  1908 .Como a prefeitura tinha dúvidas sobre a  viabilidade do evento e muitos na  sociedade italiana enxergavam o esporte como um instrumento de  alienação das pessoas , o propositor dos  Jogos  encontrou-se com  São  Pio  X ,  um  entusiasta  dos  esportes .

" O Barão conseguiu amplo apoio do  Papa , que via no evento  algo internacionalista e que ajudaria na  promoção  da  paz , uma  preocupação  constante  da Igreja . E o  Papa Pio X  não   só  abençoou  os  Jogos  como também  incentivou  que  os  católicos  dela participassem " , explicou ,  ao  O  SÃO PAULO , Narayana  Astra  van  Amstel , doutor em  Sociologia pela Universidade Federal do  Paraná e autor da  tese  " A ética  católica e o  espírito do  olimpismo " .

Devido à  erupção de um vulcão no  Monte Vesúvio , em 1906 , Roma desistiu de  sediar  a   Olimpíada  de  1908 , transferida para  Londres . No entanto , a ponte  entre  a  Igreja  estava  criada .



CAPELANIA  PARA  OS  ATLETAS 

Assim como ocorreu em outras  edições , Paris 2024  tem um espaço  multireligioso na  Vila  Olimpica , com  capelanias  cristã , budista , judaica , muçulmana e hindu .  -

Na capelania cristã ,há 30 capelães católicos ,em um ambiente com ícones cristãos e a  Bíblia , e cujas  atividades incluem a  lectio  divina e a leitura e  a partilha do  Evangelho .

" Neste espaço privilegiado de acolhimento , os  atletas  católicos do  mundo inteiro poderão   passar a  ser abençoados em várias línguas . Temos  momentos de oração e  Confissão para  eles , seus  familiares e os  oficiais das  delegações " , explicou , ao  O  SÃO  PAULO , o  Padre   Omar Raposo , Reitor do  Santuário Arquidiocesano do  Cristo Redentor , no  Rio de Janeiro ,  um dos  capelães em  paris 2024 .

Padre  Omar enalteceu o trabalho que a  Igreja  Católica  na  França tem feito para que os  Jogos de Paris 2024 também sejam  " uma  experiência  de  acolhimento , fé , gratidão , diálogo e  propagação de  valores olímpicos , que não estão  distantes dos  nossos valores   cristãos , colaborando para  a  construção  de  uma  cultura  de  paz " .

" Enquanto a  paz  no  mundo  está seriamente  ameaçada , auspícios calorosamente  que   dos  respeitem a # trégua olímpica , na  esperança de resolver os  conflitos e restabelecer  a  concórdia " , escreveu  o  Papa Francisco na  rede social  X , no dia 25 , reiterando o pedido que fizera  na mensagem para os  Jogos de  Paris , no dia 19 , e no Angelus , no dia 21.

A  trégua  olímpica surgiu no  século oitavo  antes de  Cristo e foi retomada na  década de   1990 . Ela  prevê que as  nações  paralisem todos  os conflitos a partir de  sete dias  antes da  cerimônia de abertura da  Olimpíada ,até  sete dias após  o  encerramento da  Paralimpíada.  Ela é sempre aprovada pelos paí- ses - membros da ONU . A atual começou a valer no  último dia 19 e prosseguirá até  15 de setembro .

Em  maio , na  Conferência  Internacional sobre  Esporte e  Espiritualidade , em Roma  , o Cardeal José  Tolentino de Mendonça , Prefeito do Discastério para a  Cultura e a Educação,  ressaltou que a trégua  " é um  exemplo concreto do  espírito olímpico , uma de  suas expressões , porque  os atletas vêm dos  cinco continentes para  estar  juntos , para competir,  para  se  encontrar  e  para  melhorar  o  horizonte  de  esperanças  no  mundo " .

Fonte  - Jornal  - O  SÃO  PAULO   -  Reportagem                                                                            31 de  julho a 6 de agosto de 2024  -  pág  11 - DANIEL  GOMES 


domingo, 25 de agosto de 2024

Bispos franceses lamentam ' cenas de zombaria ao Cristianismo '

 



A encenação do quadro  " A Última Ceia " , de Leonardo Da Vinci , por cerca de  dez   travestis du- rante a cerimônia de  abertura dos  Jogos Olímpicos de Paris 2024 , na sexta-feira , 26 , repercutiu negativamente em  todo o mundo . 

No sábado ,27 , a Conferência Episcopal Francesa ( CEF ) lamentou que a  cerimônia tenha incluído  " cenas de escárnio e  zombaria ao  Cristianismo sentimos profundamente " . 

Ainda no comunicado  , A Conferência Episcopal Francesa manifestou : Pensamos em    todos os  cristãos de todos os continentes que foram feridos pelo  excesso e pela provocação de certas cenas " . Pelas  redes sociais , Dom François Touvet , Presidente do Conselho  de Comunicação  da  CEF , chamou  o  episódio de  " insulto escandaloso  e    grave feito aos cristãos de todo o mundo " . 

No mesmo dia , em entrevista à  France Info , Michael Alonso , porta  voz  do Comitê Organizador dos Jogos  de Paris 2024 , saiu em defesa  do diretor da  encenação :  "    Assumimos essa criatividade , assumimos que movemos as linhas e assumimos essa audácia de Thomas Jolly " .

Em coletiva  de imprensa no domingo , 28 , Anne Descamps , diretora de comunicações     do Comitê Organizador dos Jogos de  Paris 2024 , declarou  " claramente , nunca houve a  intenção de demonstrar falta de respeito a qualquer grupo religioso . Ao contrário , creio  que com Thomas Jolly , realmente tentamos  celebrar a tolerância comunitária " , disse , complementando , " Ao observar o resultado das pesquisas , acreditamos que esse objetivo foi alcançado . Se as  pessoas  se sentiram ofendidas , claro ,  lamentamos , muito , muito " . ( DG )   ( Com informações de France info , UOL e  CEF )

Fonte  Jornal  O  SÃO PAULO  -  pág 11  - Reportagem                                                                   31 de julho  a 6 de agosto de 2024  - DANIEL  GOMES  


sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Filosofia e pensamento

 

CORRENTES  CRUZADAS 

 


A Filosofia não é uma ciência , uma teoria ou disciplina do conhecimento , tal como se entendem hoje em dias estes termos . Ao contrário . Toda ciência , teoria ou disciplina do conhecimento  é que são , de  alguma maneira , dependentes da Filosofia , quer reconheçam ou não .

A Filosofia também não constitui  uma ideologia , concepção de vida  ou  visão de mundo . Mas não vale a inversão . Pois toda ideologia , concepção de vida  ou visão de mundo não podem prescindir da Filosofia . Foi o que ,de certa feita , reconheceu Bertrand  Russel , com as seguintes palavras : 

“ Um  empirismo  lógico  , sem  compromisso  , é  logicamente  insustentável “  .

Mas , então , que é Filosofia se não for ciência , teoria ou disciplina do conhecimento , se não for ideologia , concepção de vida ou visão de mundo ? 

Antes de responder , pensemos o que nos torna a perguntar  não somente possível como , sobretudo , imperiosa .

A pergunta supõe aceitas , sem mais , muitas coisas . Supõe , por exemplo , que toda Filosofia seja ou , ao menos ,pretenda ser um exercício de conhecimento . Supõe , também , que , além de conhecimento , já não sobre nada para a Filosofia ser . Supõe , igualmente , que tudo que é não possa deixar de ser al-guma coisa , um quê , e , por isso , pergunta “ que  é  “ . Supõe que toda a pretensão de conhecimento termina sempre com a produção de um conhecimento objetivo e ,então, é ciência , ou , com a produção de uma ilusão transcendental ou empírica , e , então é ideologia .

Supõe ,por fim , que todas as épocas tenham concepção de vida e visão de mundo , e não somente a época moderna . 

Como se pode ver, não poucas as suposições que sustentam as perguntas . Mas, e se todas as  e suas su-posicões racionalidade ,muito bons , sem dúvidas estiverem a serviço da ditadura da razão , seu racio-cínio  , para conhecer objetos , mais imprestáveis para pensar a  realidade do real nas realizações his-tóricas do homem ? Neste caso , com que cara ficamos nós , ao perguntar : mas , então ,que é Filosofia se não for nem conhecimento , nem ideologia , nem  concepção de vida , nem visão de mundo ?  Será que ainda ficarmos com alguma cara , quando só nos restar a carranca intransigente da razão e sua di-tadura ? 

Agora, que percebemos os limites da pergunta , poderemos tentar respondê-la .

A  Filosofia  é uma experiência de Pensamento .  Mas não é a única .  Outras experiências  são o mito e a mística .Uma outra  é a experiência dos deuses e extraordinário , seja ou não religiosa .Ainda outra é a Poesia e a Arte .Ainda outra é a Pólis e a Politeia  Thanatos .

Hoje somos pós - modernos . Vivemos os progressos da técnica e os avanços da ciência . Nestas con-dições , por que nos é tão importante ainda aprender a pensar no nível  dos pensadores  ?   Não seria muito mais vantajoso empenhar logo todas as forças  e concentrar todo o  esforço em  desenvolver a técnica e promover o crescimento  da  ciência , dedicando apenas a Filosofia Analítica da Ciência e as Ciências Cognitivas ? Que utilidade poderá ? . A última , por  ser no fundo , a primeira experiência de Pensamento , é a vida e a morte , Eros  trazer para nós " filhos  do carbono e do amoníaco " , " joguetes nas  mãos do caos e dos fractais " ,"  aranhas da w .w .w " ?  Para  que as e os  big-brothers  Brasil  nos inculcam subrepticialmente que o ideal  é a exclusão e não a  inclusão e  a distribuição .aprender a pen- pensar, como os pensadores , se os muitos chats já nos fazem repetir os slogans já pensados das ideo-logia

O Pensamento é  um passado tão vigente que sempre está  por vir .Qualquer esforço da  Filosofia não deixa de ser um esforço do Pensamento pelo Pensamento .E por quê ? Porque nenhum esforço filosó-fico pode dispensar a força de futuro do pensamento do passado. Por isso também  toda Filosofia vive de pensar a His - tória da Filosofia . É que  se tornou transparente , sobretudo , desde Hegel  . A  Filo-sofia inclui sempre uma Filosofia da História . Na introdução de suas Preleções de história da filosofia , Hegel  pergunta : como é possível que a  Filosofia , que busca  a verdade , possa , em sua História , des-dobra-se numa multiplicidade de tantas filosofias ? 

De fato , o balcão da história nos mostra , à saciedade , que onde um filósofo  diz " sim" ,outro diz " não " e vice-versa .  Por isso se costuma repetir que é próprio dos  filósofos se contradizerem uns aos outros  e do filósofo contradizer a si mesmo .

A todas estas arremetidas da razão contra o Pensamento na Filosofia a resposta Hegel é dialética : a verdade não é a parte . As partes são passagens de que necessita a verdade para chegar a si mesma no todo . A ver-dade é o todo . Por ser e para ser  o  todo , a verdade possui a tendência de se desenrolar nas peripécias de  uma  dialética , formando um fluxo de crescimento , o curso de  História . E não somente  Hegel  que o percebeu . Heráclito já sabia , Platão também , Aristóteles também , santo Agostinho  também , Joaquim de Fiore  também , Kant  também , Scheambélling  , Nietzsche , Hei-degger também . Mas é um saber raro . Só os grandes também  o possuem na medida em que trans-formam na grandeza de outros endereços de Pensamento  - e de novos caminhos de pensar. O destino do Pensamento , em qualquer endereço ou caminho é mantê-lo vivo da forma mais pura , na forma de um contínuo questionamento .Por isso os filósofos nascem e morrem como filósofos , num diálogo  ininterrupto de  Pensamento com seus  antecessores  e com  os seus sucessores .Somente morrendo é que um filósofo e uma filosofia se tornam contemporâneos do Pensamento . É o sentido da famosa definição platônica da Filosofia melete  thanatou , empenho da morte . Agora talvez se tenha tornado um pouco mais clara a resposta de que , em distinção de toda a ciência , teoria ou disciplina do conhe-cimento , de toda ideologia , concepção de vi da ou visão de mundo , a Filosofia é apenas uma expe-riência do Pensamento em todos os empenhos de conhecer e sentir , de fazer  e agir , em todos os ad-ventos de ser , não ser e  vir a ser dos homens em peregrinação histórica .

JORNAL  DO  BRASIL  -  pág  2  -  IDÉIAS                                                                                      Sábado,  1º de Março de 2003  -                                                                                                EMMANUEL CARNEIRO  LEÃO FILÓSOFO  DA                                                                ACADEMIA  BRASILEIRA  DE  FILOSOFIA 




O  cronista  entrevista  o  obscuro  Hegel 

' Considerado   pelo  colega  Schopenhauer  um  ' espatifador  dos   miolos  alheios ' , Hegel  continua  sendo  pouco  lido  , embora seja  um dos   mais   importantes  filósofos  da  história  da  humanidade '

George  Wilheim  Friedrich  Hegel é ,com certeza , um dos filósofos mais importantes  da história da humanidade .Curiosamente , apesar de famoso , é pouco lido , apesar de famoso , é  pouco lido .  É considerado muito obscuro . Seu colega  Schopenhauer  uma vez disse que ele era  ' garatujador  de  absurdos "  e " espatifador  dos  miolos  alheios " .

Para ajudar a difundir algumas de suas ideias ,pensei em entrevista-lo .Havia , porém , um obstáculo considerável : Hegel morreu em 1831 , há 173 anos .Fiz , então ,algo que ( conforme me ensinara ) nunca se deve fazer " entrevistei " o morto através de frases extraídas de seus livros .

As perguntas e respostas que se seguem , portanto , carecem de autenticidade . Reproduzo-as , contudo , na esperança de que talvez não careçam de interesse para os leitores que cultivam curiosidades filosóficas

- É notório que o senhor é um racionalista empedernido , que confia demais na razão .

Não é ? 

- O que notório , exatamente por ser notório , não é efetivamente conhecido .

- Mas o senhor confia na razão , não confia ? 

- O que é real é racional e o que é racional é real . 

- E a paixão , qual é a importância da paixão  ? 

- Nada de grande no mundo se realizou sem paixão .

- E a felicidade , na história ? 

- A história mundial não é lugar para a felicidade . Os períodos felizes são páginas em

branco . 

- O senhor me dá a impressão de pensar os seres humanos muito abstratamente  . Os 

homens , afinal , são guiados pelas ideias ?

-Os indivíduos em atividade na história são seres particulares , têm necessidades específicas , pulsões peculiares , interesses próprios . frases ocas , como " o Bem pelo

Bem " , não têm espaço na realidade efetiva das pessoas vivas .

- Então os seres humanos são vítimas das circunstâncias ? São inocentes ?

- Só o animal é efetivamente inocente . 

- Não há risco de dogmatismo na sua filosofia ? 

- O dogmatismo na maneira de pensar e filosofia consiste em subordinar o verdadeiro

a uma fórmula fixa ou conhecê-lo como algo que se esgota na percepção imediata . 

- A sua filosofia é conhecida pela importância reconhecida ao conceito de totalidade .

Mas em que consiste , exatamente , a totalidade .

- Qual é o grande desafio do pensamento dialético , hoje ?

- Reconhecer a rosa da Razão na cruz do presente .

- A filosofia pode atuar como vanguarda nisso ? 

- A filosofia chega sempre tarde . A coruja de Minerva só levanta voo quando chega o 

crepúsculo .

- Qual o valor da opinião pública ? 

- Na opinião pública , tudo é falso e verdadeiro.  Cabe aos grandes homens achar  o que é verdadeiro nela .

- O que é mais importante , a prática ou a teoria ? 

-O teórico está contido no prático . A vontade já traz o teórico nela .- Como na sociedade civil burguesa  os indivíduo as podem ser mais universais ? 

 - A sociedade civil burguesa é o campo da batalha dos interesses individuais privados  contra todos .

- Como um pai deve educar seu filho para fazer dele um bom cidadão ? 

- Fazendo dele um cidadão de um bom Estado , de um Estado com boas leis .

- Como educar as crianças contando-lhes a vida de Deus ? 

- A vida de Deus pode se expressar como um jogo do amor consigo mesmo . Mas sempre evitar que ela se torne edificante e lhe faltem a seriedade , a dor , a paciência e o trabalho do negativo .

- O que é religião ? 

- É a relação com o Absoluto em forma de sentimento , representação e crença . 

- Qual o valor do ser humano ? 

- O ser humano cale pode ser humano , então por ser judeu , católico , protestante  ,

alemão , italiano , etc .

  Fonte  - JORNAL  DO  BRASIL  - pág  B 2  - Caderno  B

Sábado , 10 de julho de 2004  - Leandro  Konder 

 


sexta-feira, 9 de agosto de 2024

O progresso da robótica e da inteligência artificial esteja sempre a serviço do ser humano




Um filme de grande sucesso no  fim do milênio passado mostrava um computador que assume o comando    de uma  nave espacial . Ele se torna uma  máquina  inteligente e ataca os  humanos. Pois, o que era apenas  ficção científica, vai se tronado realidade : robôs  “ inteligentes “. Já tentam fazer que nossas ruas e  estradas sejam tomadas por  veículos que se movem autonomamente , sem depender de motoristas . Um  problema surge : o que fazer com a  mão da  obra  humana sempre há  vozes tranquilizadoras  ;  surgirão novas  opor-tunidades de  emprego .Mas, não é à toa que certa realidade vai se  espalhando  : a multidão  de  idosos  – muitos requerendo cada vez mais cuidados – e as  crianças e jovens que escasseiam em tantos  lugares desta  terra .Os  pais de hoje temem pelo  futuro de seus  filhos , num  mundo de  trabalho  aparentemente mais res-trito e  exigente . Será que “ o  ensino à  distância “  não estaria fechando salas de  aula  e dispensando  pro-fessores e professoras ?  Dizem que não… Mas  será mesmo?  Tantas  profissões vêm desaparecendo e os sistemas  educacionais  parecem não dar conta da  rápida  evolução científica e  tecnológica  Há poucos anos , no  Brasil, um diploma universitário era sinônimo de  emprego . Agora  , há té  doutores desempre gados . O  progresso em  si é  bom. O  Senhor  nos  fez “ criaturas  criativas  “ . Quem quer voltar  à  idade  da  “pedra  lascada” ? Quem não gosta da  máquina de  lavar ou  geladeira ? Mas assim como podemos usar bem ou usar mal , uma faca , podemos ver  estragos causados pelos  progressos da  robótica e das  máquinas com " in - teligência  artificial “ . Qual  o  remédio ? Sem dúvida ,como para tudo , a oração  confiante e corajosa . Nela buscamos a  consolação  e a inspiração de  Deus  : o  crescimento na fé , esperança e  caridade para o  bem  do  mundo ..

Fonte  -   Bilhetes  Mensais  do  Apostolado  da  oração  do  Brasil    -                                            Novembro ano cento e quarenta e  seis  - hum mil oitocentos e setenta e quatro – dois mil e vinte              Texto de  Pe. Paiva ,- Edições  Loyola