Uma justa
homenagem aos que
Lutam
contra a desigualdade racial
Milton Gonçalves
muito
Inspirado emocionando a
Todos ao recitar o poema “ Eu me Levanto “
Uma noite alegre, descontraída de confraternização e muita
emoção. Assim pode-se definir a edição do V Prêmio Camélia da Liberdade,
realizado pelo CEAP – Centro de Articulação de Populações Marginalizadas que
aconteceu no último dia 31, no VIVO RIO. O evento cujo objetivo é homenagear
aos que se destacaram e realizaram obras em prol do combate às mais diversas
desigualdades teve como atrações musicais Marcelinho Moreira, Teresa
Cristina, Sandra de Sá e Grupo Fundo de
Quintal. Na ocasião prestou-se uma bela homenagem ao marinheiro João Cândido.
Mas, o que seria uma premiação e um encontro de
confraternização, acabou por se transformar em um evento tomado por muita
emoção, que obrigou os vários presentes e refletirem sobre a realidade do
negro em nossa sociedade. O momento aconteceu exatamente quando foram
concedidas homenagens especiais ao ator Milton Gonçalves, ao Padre Gege e ao
delegado Henrique Pessoa – personalidades que se destacam nesta luta contra as
desigualdades.
Milton Gonçalves, o primeiro a ser homenageado, recitou o
poema “Assim eu me Levanto“, da
poetisa americana Maya Angelou, e, em seguida fez uma reflexão sobre o texto
e um discurso emocionado que sensibilizou aos participantes do evento. O ator, em alguns momentos quase indo às lágrimas foi enfático:
- Se somos 50% da população deste país, por que não somos 50% nas Câmaras de
Vereadores , nas Assembléias e no Senado ?
Se somos 50% desse país por que
não ocupamos 50% dos melhores empregos e cargos que tragam dignidade humana? É
preciso construir o presente e o futuro e deixarmos de lamentar o passado. É preciso viver dignamente e a exemplo do
poema que acabo de ler, nos levantarmos, pois
só assim poderemos ser respeitados em nossas individualidades e
merecermos o tratamento de um país sem preconceito e democrático como nos
rotularmos.
Ainda assim , eu me levanto
Maya Angelou
Você pode me riscar da História
Com mentiras
lançadas ao ar .
Pode me jogar contra o chão de terra ,
Mas ainda assim , como a poeira ,
Eu vou me
levantar .
Minha presença o incomoda ?
Por que o meu brilho o intimida
?
Porque eu caminho como que possui
Riquezas dignas do grego Midas .
Como a lua e como o sol no céu
,
Com a certeza
da onda no mar ,
Como a
esperança emergindo na desgraça ,
Assim eu vou me
levantar .
Você não queria me ver quebrada
?
Cabeça curvada e olhos para o chão ?
Ombros caídos como as lágrimas
,
Minh´alma enfraquecida pela solidão ?
Meu orgulho o ofende ?
Tenho certeza que sim
Porque
eu rio como quem possui
Ouros escondidos em mim .
Pode
me atirar palavras afiadas ,
Dilacerar-me com seu olhar ,
Você pode
me matar em nome do ódio ,
Mas ainda assim , como o ar ,
Eu vou me
levantar .
Minha sensualidade incomoda ?
Será que você se pergunta
Porquê
eu danço como se tivesse
Um diamante
onde as coxas se juntam ?
Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto
De um
passado enraizado na dor
Eu me
levanto
Sou um
oceano negro, profundo na fé,
Crescendo e
expandindo–se como a maré .
Deixando para trás noites de terror e atrocidade
Eu me levanto
.
Em
direção a um novo dia
De intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a
Esperança do homem escravizado,
E assim, eu me levanto,
Eu me
levanto.
Fonte - Jornal
Destaque - junho 2010 pág
10
Capital Cultural - Texto :
Jurandir Junior
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