Filho de imigrantes nordestinos, Chico Mendes nasceu no Acre, em 1944. Trabalhou no seringal desde a infância e não pode estudar, pois não havia escola na floresta. Foi alfabetizado a partir de notícias de jornal, por volta dos 18 anos, por Euclides Fernando Távora - militante do Partido Comunista Brasileiro que viva clandestinamente na região e era uma das poucas pessoas que sabiam ler. Adulto, consciente de que os patrões se aproveitavam dos trabalhadores, Chico considerava fundamental que as pessoas estudassem. Ele defendia a aliança dos povos da floresta ( índios, seringueiros, castanheiros e outros ) e a criação de cooperativas agro extrativistas, sem agressão à natureza.
Na década de 70, o governo militar iniciou um processo de ocupação da Amazônia, vendendo grandes áreas para empresas agropecuárias do Sul e do Sudeste. Muitas terras foram queimadas retirando o sustento de seringueiros e castanheiros. Em 1976, começaram os “empates“ uma forma de resistência em que os trabalhadores rurais com suas mulheres e crianças, impedia ( “ empatavam “ ) a ação dos peões encarregados de derrubar a mata. Isso acirrou o ódio dos fazendeiros e desencadeou reações violentas.
Com o apoio de várias instituições. Chico lançou um projeto de alfabetização baseado na realidade da floresta. A cartilha chamava-se Poronga , nome da lanterna que o seringueiro leva na testa para caminhar na floresta de madrugada. Calcula-se que cerca de mil pessoas tenham sido alfabetizadas na região de Xapuri com essa cartilha. Em 1975, Chico Mendes foi acusado de estar formando “agitadores“ – e precisou interromper o trabalho.
Antes de Chico, outros seringueiros haviam lutado pela organização dos trabalhadores locais, mas ele foi o primeiro a denunciar a situação no exterior. Em março de 1987, numa reunião do BID, nos Estados Unidos, ele provou suas denúncias e foi ouvido pelo mundo. Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado em Xapuri. O mundo o conhecia, mas no Brasil muitos ainda não sabia quem era.
O Brasil faz parte do grupo de 188 países que assinou, em 1992, a Agenda 21, documento que estabelece compromissos a serem cumpridos para a conservação do planeta. “O mundo está de olho no que acontece aqui “, diz Mara Régia. De fato. A decisão brasileira de combater o comércio ilegal de mogno, madeira que faz sucesso na Europa e Estados Unidos, teve ampla repercussão internacional. Em outubro de 2001, o Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ( www.ibama.gov.br ) suspendeu a exploração, o transporte, o comércio e a exportação dessa espécie ameaçada de extinção. Atualmente, só podem ser cortadas as árvores que tiveram o selo verde.
Fonte - Revista TV ESCOLA PÁG 35
AMAZÔNIA:
A Amazônia é uma das principais áreas do planeta em recursos naturais. Sozinho, esse oceano verde representa um terço das reservas florestais do mundo. Com o potencial para ser um mega paraíso ecológico, reúne, ao longo de seus 5,5 milhões de quilômetros quadrados, centenas de milhares de espécies animais e vegetais, tem um quinto da água doce da Terra e concentra enormes jazidas de minério. Mas, ao lado de toda essa riqueza, a vida dos habitantes e as relações de trabalho ali estabelecidas nunca foram boas e vêm piorando ao longo dos tempos. No século XVI, os colonizadores, além de escravizarem os índios, provocaram a morte de grande parte da população da floresta. Durante o Ciclo da Borracha ( 1840 – 1913, enquanto os grandes proprietários de terras acumulavam fortunas, os seringueiros levavam uma vida miserável. Muitos isolados no meio da mata, acabaram trabalhando como escravos. A riqueza adquirida com a borracha teve vida curta. Não foi aplicada na melhoria da produção do látex, e nem investida na diversificação de outros setores da economia. Dilapidadas em menos de um século, as fortunas deixaram para trás muitas lembranças e ruínas. Estagnada, a região praticamente vegetou até a década de 1970. A partir desse período, com a descoberta de ricas jazidas minerais, foram implantados na Amazônia projetos de exploração que provocaram grandes impactos ambientais e aceleraram a destruição social, cultural e econômica das populações nativas. Venerada por grupos ambientalistas de todo o mundo e cobiçada por empresas multinacionais do extrativismo vegetal e mineral, a Amazônia continua à espera de uma intervenção decidida dos poderes públicos e da implantação de projetos que permitam sua ocupação equilibrada, juntando proteção ambiental, produção e desenvolvimento econômico e melhoria das condições de vida para o conjunto da população.
Fonte - HISTÓRIA DO BRASIL Caderno - Literatura
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário sobre a postagem.