terça-feira, 15 de agosto de 2017

OS PAIS TÊM QUE SE APROXIMAR DE SEUS FILHOS




Ao Metro Jornal, psicanalista comenta sobre os abusos e as necessidades do uso de medicação na adolescência, e explica como lidar com preocupações familiares do cotidiano, como a ameaça do jogo Baleia Azul.

“Medicação na infância e adolescência: abusos e necessidades“. Essa questão tem levado muitos pais a buscarem consultórios para obter ajuda sobre o comportamento dos filhos. Integrante da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ), Miguel Calmon é um dos psicanalistas convidados que vai abordar o tema em debate que será realizado hoje no Midrash Centro Cultural, no Leblon.

Medicação seria uma solução fácil para tratar as angústias dos adolescentes?

A sedução do fácil é muito poderosa. Todos queremos soluções fáceis e elas não existem. Seja a medicação como meio de silenciamento de eventuais sintomas, culpabilizar os pais por tudo o que acontece ou acusar as crianças por seus comportamentos, nada é fácil. E qualquer tentativa de redução do problema ao fácil dificulta a compreensão de tudo o que está acontecendo. O que acho importante compartir é o espanto, é a perplexidade que a gente experimenta quando se vê, por exemplo, dentro dessa história do jogo Baleia Azul [game que propõe 50 desafios macabros aos participantes e, ao final, o induz ao suicídio]. É dessa perplexidade que nasce a curiosidade para se aproximar do problema. Leva-nos à necessidade de entender o que motiva os adolescentes a desejarem se inscrever num jogo cujo 'o grande prêmio‘ é o   suicídio. A medicação, no contexto de um tratamento, com certeza ajuda muito. Mas, imaginar que ela seja suficiente para dar conta de tudo, não. 

O   que explica a atração de jovens  por esse tipo de jogo?

É a urgência de necessidade de vínculo que, mesmo que no final determine o suicídio, faz com que ele exista para alguém. A necessidade de existir para alguém está na base de todo sentimento de identidade: eu significo alguma coisa para você. Esse sentimento me confere consistência: eu me sinto reconhecido, importante. Quer dizer, tem alguém que me dá ordens e eu existo para esse alguém. Eu saio de uma espécie de um mundo de indiferenciação. Não consigo imaginar que isso se dê sem uma perturbação pessoal que acaba vindo à flor da pele com a experiência desse jogo. Lembremos–nos que a adolescência se caracteriza por essa busca de identidade. 

O que fazer ao perceber que há algo estranho no comportamento desse jovem? 

Os pais têm que buscar um modo de se aproximar de seus filhos para conversar. Isso exige paciência, porque vou me ver freqüentemente contrariado naquilo que eu espero. É algo que demanda uma insistência de voltar e conversar de novo, e ter sensibilidade para buscar formas de aproximação. Quando se esgota a capacidade de diálogo e se percebe que o filho continua voltado para dentro dele, sem vida social, ligado quase exclusivamente à realidade virtual, aí vem os profissionais, as terapias, a medicação.

A depressão pode estimular o jovem a participar do jogo Baleia Azul?

A depressão talvez seja uma conseqüência direta dessa patologia ligada aos ideais, do que requerem de mim e não alcanço. E quando não os alcanço, me culpo, e quando me culpo, deprimo. É uma espécie de círculo vicioso. 
A depressão pode interferir na vida desse jovem com esses vazios, com a sensação de inexistir, de não ter nada de bom para oferecer a alguém.

Fonte   -    Jornal  METRO  pág.   FOCO   3
Terça -feira , 2/05/2017   GISLANDIA  GOVERNO 


Baleia Azul: jogo mortal que preocupa educadores 

O jogo chamado Baleia Azul  ( Blue Whale  ) ganhou as manchetes dos jornais brasileiros com cenas de mutilações e até de suicídio. Tornou-se uma mania entre os jovens participar da brincadeira, que pode trazer sérias consequências. 
Ao longo dos meses de março e abril várias escolas públicas e particulares enviaram aos pais ou responsáveis comunicados  específicos sobre o jogo, com alerta para não permitir que as crianças ou jovens entrem no jogo. 
Esse jogo teve início em 2015, na Rússia com 50 desafios que o participante teve que fazer para avançar nas fases da competição on line que dura 50 dias. 
As tarefas começam bem simples, como assistir um filme de terror; com o passar dos dias o “administrador“ ou “curador“ solicita tarefas mais agressivas como tatuar o desenho da baleia em uma parte do corpo.
O primeiro caso de suicídio registrado e atribuído ao jogo foi em novembro de 2015, da adolescente russa Rina Palenkova, de 16 anos. As fotos publicadas pela jovem antes do ato, a mensagem de despedida e supostas fotos do corpo viralizaram no Vkontaire, ou VK, espécie de  Facebook russo.
A partir daí surgiram os chamados “grupos da morte“ da web russa, com objetivo somente de atrair jovens para conhecer histórias de suicídios e assim aumentar o faturamento da rede.
Em 2016 uma nova reportagem, também na Rússia, apresenta o depoimento da mãe de uma menina de 12 anos, que se matou por conta do jogo  e, a partir de então, as autoridades daquele país chamaram para depoimentos os supostos “ curadores “ ou “ administradores “. 
Segundo o jornal Novaya Gazeta, Filipp Budeikin, de 22 anos, um dos   “curadores “ disse que tudo não passava de “ piada “. Em suas comunidades, contudo, Budeikin se referia aos jovens como “ lixo biológico “ a ser eliminado. Ele acabou preso em novembro de 2016, acusado de incitar pelo menos 15 suicídios, e aguarda julgamento. 
Recentemente, em 2017, surgiu uma grande busca na internet pela hashtag # o jogo, o que fez as autoridades internacionais a observarem mais a movimentação dos jovens. Quem não faz a tarefa diária precisa pagar um valor em dinheiro, o que os especialistas estão identificando como “estelionato virtual".
A rede de comunicação BBC apurou junto ao Ministério da Justiça que no Brasil há relatos sobre a adesão e a vitimização de adolescentes que aceitaram desafios propostos pelo jogo nos estados de Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Maranhão e Amazonas
Nossa reportagem contatou a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado que em nota comunicou;
“A Polícia Civil informa que monitora boatos como citados para verificar se há comprovação de crime. Até o momento, nenhuma ocorrência foi confirmada. A Polícia Civil orienta toda pessoa que for ameaçada ou coagida, seja por meio “virtual ou pessoalmente, a registrar boletim de ocorrência para a apuração dos fatos “.

Suicídios  ou  envenenamentos 
O jogo Baleia Azul trouxe a oportunidade de a sociedade discutir o número de suicídios de crianças e jovens e, ainda, as diversas formas de relacionamentos sociais, sejam com pais, amigos, vizinhos ou parentes. O Brasil é o oitavo país do mundo em número de suicídios; 5,8% da população sofre de depressão, conforme dados de especialistas da área.
A depressão não é uma doença que atinge somente adultos, pode acontecer em qualquer idade. Para a Organização Mundial de Saúde, a depressão atinge 350 milhões de pessoas no mundo. O diagnóstico não é fácil porque alguns sintomas são iguais ao sentimento humano de desânimo, tristeza ou indiferença. Quando a doença atinge a variação do humor ou afeta a produtividade da pessoa, a fase é mais avançada e todos percebem. 
No caso do jogo, envolvendo os jovens, nem sempre os sinais são claros. Circulou em Minas Gerais um boato de que participante precisava entregar 30 balas envenenadas em três escolas diferentes para crianças pequenas. Este tipo de notícia causou pânico e as ações de prevenção são tarefas diárias dos educadores e pais. 

Estelionatos  ou  ameaças 
Mesmo com informações que a rede Russa define como pagamento em dinheiro para as tarefas não realizadas, no Brasil ainda não existe nenhum registro deste tipo de situação.
As autoridades informam que se os pais ou responsáveis identificarem mensagens ameaçadoras devem registrar boletim de ocorrência e orientar a criança ou jovem a não responder mais.

Fonte     -      Jornal              Folha  do  SERVIDOR  PÚBLICO          pág  21  
Edição  292      Maio  -   2017 

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