Obra de Pedro Américo, no Museu Paulista, é preferida de José Sebastião Witter
Os críticos podem alegar que não havia cavalos daquele tipo no País em 1822. Ou que D. Pedro I não cavalgava uniformizado e garboso às margens do Rio Ipiranga naquele dia 7 de setembro - estaria, isto sim, de camisolão, sendo acometido por uma terrível dor de barriga. Para o historiador José Sebastião Witter, de 72 anos, a cena do grito pintada por Pedro Américo é uma obra de arte sem igual.
“Foi essa a cena da independência que entrou para o imaginário popular“, diz Witter. “O pintor teve muita criatividade e competência para recriar, em Florença , um fato que havia ocorrido quase 70 anos antes no Brasil. “
Independência ou Morte , também conhecida como O Grito do Ipiranga, foi feita entre 1886 e 1888, sob encomenda, para o Salão de Honra do Museu do Ipiranga, atualmente Museu Paulista da Universidade de São Paulo ( USP ). Está lá até hoje e é uma das mais frequentes ilustrações nos livros da história brasileira.
A relação de Pedro Américo com a família imperial é estreita. Foi D. Pedro II que concedeu a bolsa que permitiu ao paraibano estudar na Escola de Belas Artes de Paris. Ele fez o retrato de D Pedro I, D. Pedro II e também do marechal Duque de Caxias. O primeiro painel veio em 1871, com a cena da Batalha de Campo Grande, que fez sucesso na época. Em seguida , mostrou a Guerra do Paraguai , na tela A Batalha do Avaí, a pedido do Exército.
Foi numa de suas várias temporadas em Florença que Pedro Américo realizou Independência ou Morte, que tem 4,15 por 7, 6 metros. O quadro foi alvo de uma polêmica sobre plágio. Isso porque alguns críticos acham a tela parecida com a de 1807. A Batalha de Friedland, de Ernest Meissonier, retratando uma vitória de Napoleão. Outros acreditam que a semelhança é natural.
O historiador conta que o quadro encanta. “Algumas crianças a gente não consegue tirar da frente da tela “, comenta Witter, que foi diretor do Museu Paulista. “Tem gente que se ajoelha na frente do quadro.“
No museu ao ver Independência ou Morte é uma boa oportunidade para apreciar a reformados jardins. Os chafarizes e as fontes dão charme ao ambiente, inspirado no famoso Jardim de Versailles, na França.
Fonte - Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO
TESOURO PAULISTANO - Carla Miranda
7 de Setembro
As heranças portuguesas no Brasil
Foram 322 anos de colonização portuguesa até a independência. O navegador e comandante militar Pedro Álvares Cabral aportou na costa da Bahia, iniciando o período de colonização dos povos que aqui viviam pelos portugueses, com apoio dos jesuítas da Companhia de Jesus. Até a tão aclamada independência do Brasil, em 1822, a cultura portuguesa enraizou-se nos povos da terá. A língua portuguesa é a principal herança, mas não permaneceu intacta, porque acolheu palavras indígenas, como abacaxi, mandioca, caju etc.
O português é língua oficial de oito países ( Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné–Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste ). Também é falado em pequenas comunidades como Zanzibar ( na Tanzânia , costa oriental da África ); Macau ( China ), Goa, Diu, Damão ( na Índia ); Málaca ( na Malásia ).
A independência de Portugal aconteceu nos aspectos econômicos e políticos, mas continuamos em nosso dia a dia a preservar a cultura lusa. Na cidade de São Paulo, segundo dados do Sistema Nacional de Cadastro e Registro Estrangeiro ( Sincre ), organizado pelo Observatório de Turismo e Eventos ( OTE ), núcleo de estudos e pesquisas da empresa municipal São Paulo Turismo ( SPTuris ), a comunidade portuguesa é a maior, com 100.855 pessoas, seguida da boliviana ( 53.235 ), da japonesa ( 26.496 ) e chinesa ( 24.194 ).
Depois da língua, a herança mais conhecida vem da culinária. São várias as influências deixadas por Portugal na gastronomia brasileira: Portugal trouxe para o Brasil, produtos vindos da África e do Oriente; novas formas de confecção, preparação e conservação dos alimentos; e adaptaram também alguns dos seus pratos com ingredientes existentes no Brasil, como é o caso da mandioca, utilizada para substituir o trigo. Podemos afirmar que a gastronomia do nordeste sertanejo é aquele que mais se assemelha à culinária colonial portuguesa. Os doces portugueses são originários das receitas dos conventos, sendo o mais conhecido o pastel de Santa Clara. Dos pratos típicos mais consumidos no mundo, destacamos: Acorda de Mariscos, Alheira de Mirandela, Arroz de Pato, Bacalhau, Caldo Verde, Cozido à Portuguesa, Feijoada Portuguesa, Pastel de Santa Clara, Pudim Abade de Priscos, Sardinha Assada, Leitão da Bairrada e Arroz de Marisco.
A dança pau de fita, tradicional no período junino, a cavalhada ou o fandango são alguns dos exemplos de danças deixadas pelos portugueses. Nas artes, em geral, foram responsáveis pela introdução dos grandes movimentos artísticos europeus como o renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo. Mais tarde, com o fenômeno da imigração portuguesa para o Brasil, vários artistas plásticos portugueses se radicaram no país, deixando mais vincadas as tendências artísticas de origem portuguesa. Um dos mais renomados é Fernando Lemos, que veio ao Brasil nos anos 1950 e hoje está presente nas coleções dos principais museus e instituições brasileiras. A partir do início dos anos 2000 uma nova onda migratória trouxe ao País muitos artistas, arquitetos e designers portugueses. Além deles, diversos artistas visuais contemporâneos portugueses estão inseridos nas principais galerias de arte do país e aqui expõem regularmente como é o caso de Julião Sarmento, Vasco Araújo, Joana Vasconcelos, Gabriela Albergaria, a dupla João Maria Gusmão e Pedro Paiva, entre outros. Além de toda a influência citada os brasileiros também guardam importantes laços hereditários com os portugueses.
Fonte - Jornal Folha do SERVIDOR PÚBLICO pág 6
Setembro de 2015
O BRASIL PRECISA DE BASES SÓLIDAS
Dizer que o ano de 2017 começou bem não é verdade . Nos meados de janeiro, 134 presos foram assassinados: 26 deles em apenas dois dias, em massagens nas prisões, em consequência da guerra entre facções criminosas. Duas delas se apossaram de pavilhão e de ala do presídio Alcaçuz, em Natal, Rio Grande do Norte. Uma era o Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte, a outra facção era o PCC, Primeiro Comando da Capital. O fato da guerra nada mais é do que outra denúncia da continuada crise do sistema presidiário nacional. Faz tempo que rebeliões servem apenas para as autoridades apresentarem a viciada solução: construção de novos presídios... Em tantos casos realizados com preços superfaturados e que logo estarão superlotados. A sempre esperada, porém irreal, recuperação dos criminosos é ideal cujo alcance parece impossível. E, pior, não sabe o que fazer com eles.
Há tentativas diferentes de juízes mais realistas que chegam a determinar a soltura de presos que cumpriam pena ilegalmente em delegacias superlotadas. A ida para os presídios poderia fatalmente resultar na adesão às gangues sempre bem organizadas, o que confirma a tese cada vez mais patente de que a cadeia virou escola de criminosos. É penoso ouvir sobre cenas da guerra travada por presos e ver familiares aflitos, temendo que filhos, irmãos ou maridos sejam assassinados dentro do próprio presídio, onde teoricamente deveriam ter oportunidade de pensar em tomar outro rumo na vida. É necessário que esses atos venham a público e obriguem as autoridades a sair do marasmo para ao menos fazerem notar que algo tem de mudar.
De propósito, evitei usar o termo “culpados“ para indicar os responsáveis pelo constante número de criminosos que enche de dores a vida dos brasileiros. Mas é preciso falar deles porque os que hoje são chamados de bandidos estão atrás das grades também nascem em famílias, crescem no seio da sociedade, frequentam escola, tem alguma religião e... nada disso tem adiantado! Ou seja, não bastam as estruturas da sociedade para garantir vida digna e pacífica, se elas têm sinal de podridão. A família, por exemplo, marcada por desmanches, por crises de princípios e de valores, por falta de autoridade e mau exemplo dos pais; a escola, cujos mestres desiludidos mal conseguem pôr ordem em alunos e são obrigados às aprovações sem méritos; as religiões, cujas igrejas repletas vivem de promessas.
Dos esteios da sociedade só fazem gerar pessoas que sem base para aderir ao bem e para lutar por vida digna, inútil pensar em construir uma nação sem base sólida.
Fonte - Revista de Aparecida pág 22 ATUALIDADES
Abril 2017 - Pe Cesar Moreira C .SS . R .
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