terça-feira, 3 de março de 2020

A origem dos males urbanos em São Paulo

Av. São João - Largo do Paissandú 


‘Prelúdio  da  Metrópole‘ analisa a evolução da cidade do fim do século 19 até os anos 30  e  mostra os efeitos nefastos da especulação imobiliária e de um poder público  inoperante  

Em Preludio da Metrópole – Arquitetura  e Urbanismo em São Paulo na Passagem do Século XIX ao XX ,lançado pela  Ateliê  Editorial , Hugo  Segawa vai às origens do problema urbano em São  Paulo e deixa evidente – a partir de uma pesquisa detalhada e criteriosa – que não é técnica , mas política e econômica a origem dos males urbanos desta megalópole .

Com um olhar aguçado sobre os problemas atuais dessa cidade caótica , Segawa conseguiu traçar um fascinante e perturbador panorama do período em que São  Paulo deixava para trás o ranço provinciano e buscava construir as bases para sua expansão  futura . Um dos aspectos mais interessantes evidenciados por esse trabalho é que muitos dos diagnósticos feitos feitos hoje sobre a doença urbana paulistana já estavam evidentes no início deste século. Mais ainda, não foram feitas apenas avaliações mas também projetos que, se tivessem sido postos em prática, teriam dado uma outra aparência à cidade .

O fato de ter sido originalmente um trabalho de conclusão de curso escrito em 1979 só faz aumentar a importância de Prelúdio  da  metrópole , já que , ao longo desses quase 20 anos , a pesquisa  ( que só estava representada por um exemplar na  biblioteca da Faculdade  de  Arquitetura   e  Urbanismo  da USP ) foi construindo seu caminho, sendo cada vez mais citada por renomados pesquisadores da área .  Esse sucesso explica a decisão de Segawa de relançá-la agora ,com apenas alguns ajustes. Esse “relançamento” ,no entanto, poderia ter dado lugar a um aprofundamento  dessa pesquisa , levando o autor a mergulhar mais fundo nas causas desse crescimento perverso e desorganizado.

O período abrangido pela pesquisa final do século 19 aos anos 30 . O crescimento da cidade ,estimulado pela riqueza do café leva os paulistanos a tentarem ampliar  os limites da cidade para além do acanhado triângulo , determinado pelos  Conventos  de  
São  Francisco , do Carmo  e  do  Mosteiro de  São  Bento . " Num primeiro momento a fixação da elite paulistana foi vencer as depressões: transpor ou urbanizar os vales " escreve ele, acrescentando que em 1877  Jules  Martin propõe  o  Viaduto  do  Chá  
( inaugurado em 1892 ) e transforma em realidade o que parecia impensável , cobrando pedágio para atravessar uma ponte que levava a nada . 

Trata-se de um período de grande atividade .O desejo por reformas não referia apenas ao centro ,mas pululavam também projetos de construção de empreendimentos imobiliários nas periferias ,foram idealizados vários projetos comerciais ,ansiosos por explorar a importância crescente dos padrões de consumo europeus.  Chegou-se inclusive a idealizar uma  Exposição  Universal  , prevista para 1892 .  Também chegavam à cidade os serviços de infraestrutura oferecidos por empresas estrangeiras ,o que lembra - e muito - a atual rodada de inversões  multinacionais  em serviços públicos  , como  a  telefonia .

" No entanto , a impressão final , é que , comandados sob o signo de  inversões  imediatas , todos esses empreendimentos careciam de um sentido social claro " , afirma Segawa . Essa constatação , que se refere ainda ao final dos oitocentos pode tranquilamente ser aplicada à grande maioria das iniciativas tomadas em relação à urbe em questão até nossos dias . 

Arborizar  é  sanear -  Nosso primeiro urbanista , Adolfo  Augusto Pinto , já afirmava que o principal problema a ser resolvido era a questão do saneamento público e tinha como máxima  o slogan  " arborizar é  sanear " . É de sua autoria  o  primeiro plano de melhorias para a cidade . O projeto , no entanto , ficou na vontade , com exceção do  Viaduto  Boa  Vista .

Segundo Segawa , a primeira década do século foi marcada pelo surgimento de uma consciência mais madura em relação à cidade , " talvez pela formação de um quadro de engenheiros da Escola Politécnica , talvez pela presença de empresas estrangeiras voltadas à exploração de serviços de transporte e energia " . 

Havia , no entanto ,uma série de empecilhos  econômicos  e problemas ligados à especulação imobiliária . " Mesmo que houvesse um desejo potencial por parte do poder público de assumir obras de  embelezamento  urbano , somente a  iniciativa  privada  arriscava recursos financeiros para tais interesses " , oferecendo propostas articuladas segundo os seus interesses" , resume  Segawa , concluindo que " essa situação tornar-se-ia  o paradigma das limitações do poder público e da atuação do empreendimento privados na evolução da cidade de  São  Paulo  até hoje " .

Se ela pode agradar todos queles se interessam pelos aspectos sociais relacionados com as  políticas  urbanas desenvolvidas no País ( fato reforçado pela rica iconografia de época , como as  saborosas  charges  de  Voltolino ) , a obra de Segawa tem atrativos a mais para arquitetos e historiadores . As descrições detalhadas sobre três projetos de urbanização distintos apresentados entre novembro de 1910 e janeiro de 1911.

Enquanto um grupo de capitalistas defendia o projeto  Alexandre de Albuquerque , inspirado no modelo imposto por  Haussmann  em  Paris , a prefeitura apresentava o  projeto  Freire-Guilherm e o governo do Estado , por sua vez , defendia  o Samuel das Neves . Para solucionar a polêmica recorreu-se ao ilustre arquiteto  francês  Joseph  Antoine  Bouvard , que estava de passagem por aqui .

Em seu parecer , ele defende uma série de medidas como  a  preservação  da  história da  cidade , uma estratégia que permita tirar partido da  topografia  acidentada  da  região e o preenchimento entre os clarões que separavam o vários  núcleos  urbanos .  " Em todas essas disposições convém não esquecer a conservação e a criação  de espaços  livres , de  centros  de  vegetação " , receita ele , lembrando que " mais  a população aumentará , maior será a  densidade  de  aglomeração , mais crescerá o número de construções , mais alto subirão os edifícios , maior se imporá a urgência de  espaços  livres " , escreve.

Autofagia  - Esse plano norteou de certa forma as intervenções urbanas realizadas  na cidade durante a década de 20 , sendo responsável entre outras coisas pela criação dos  Parques  do  Anhangabaú  e D. Pedro II . mesmo sendo implementado apenas socialmente , foi o trabalho dele que permitiu a  São  Paulo " atingir um equilíbrio saudosamente relembrado " pelas gerações mais velhas . Mas, como bem lembra Segawa , essas intervenções pontuais se tronaram ainda menos eficazes a partir da década de 40 , com o acentuamento do processo de  " autofagia  urbana ' .

No último capítulo do livro , intitulado A Periferia  Saudável e  Periferia  RemediadaSegawa foca seu olhar , deixando de lado o mapa da cidade e investigando a  política habitacional  da  época , as diferenças crescentes entre os loteamentos para  rico  e pobres . Um de seus materiais  de  pesquisa  reproduzidos no livro são os anúncios  e
artigos de jornais  de  época . Uma saborosa propaganda publicada no  estado , em 1925 , por exemplo , oferece as vantagens do  loteamento  Nova  Machester louvando a classe  média . " A classe  média , essa classe  laboriosa  e  heroica , que sofre mas não se queixa , termina agora o seu nobre sacrifício " , diz o texto.

Se a propaganda pinta um  cenário  cor-de-rosa , as charges e estatísticas mostram o  lado  negro  da  crise  habitacional . " A habitação jamais foi um problema que pudesse ser resolvido com uma  porção de  casas bem  construídas " , afirma . " E mesmo que chegássemos a esse ponto , não poderíamos incorrer nos vícios  urbanísticos intencionalmente preservados nos códigos de obras .Afinal ,como dizia o professor  Artigas , ' uma  casa  não  acaba  na  soleira  da  porta ''' , conclui  Segawa .

Fonte  - Jornal  O  ESTADO  DE  SÃO  PAULO  - pág D4   Caderno 2/ Cultura
Domingo , 15 de outubro de 2000 - ARQUITETURA -  MARIA  HIRSZMAN  

O centro de São Paulo



Ladeira  da  Memória 

Quem atravessa o  Viaduto  do  Chá , sobre o  Vale  do  Anhangabaú , em direção ao 
" centro  novo "  custa a acreditar que há pouco mais de um século esse caminho não era percorrido tão facilmente . Hoje em dia , sair da   Praça do  Patriarca , cruzar  a Líbero  Badaró e chegar ao outro lado do  Vale é tarefa simples .Aliás ,se aquela enorme praça embaixo do imponente  viaduto é um do vale ,  onde está  o rio ? 

Rio  Anhangabaú , afluente  do  Tamanduateí ,está canalizado desde o início do culo  XX ,e passa por baixo de todo o concreto que dá forma ao Vale  do AnhangabaúHá  100  anos , o centro  de  São  Paulo era muito diferente . E ainda mais quando a cidade nasceu  466 anos .

Os padres  jesuítas chegaram ao local onde está  a Praça  Pátio do  Colégio , em 1554,
e fundaram uma escola no entorno da qual se formou uma vila .  O  local escolhido, uma colina , era perfeito para a proteção dos religiosos contra  os  indígenas  que habitavam a região . Em um dos limites dessa colina está o  Rio  Tamanduateí e no outro,  o  Rio  Anhangabaú .

Foi nessa colina que cresceu a outrora  vila e, a partir de 1711 cidade de  São Paulo . Uma pacata  cidade  provinciana até meados  do  século  XIX , escolhida pelo governo  imperial para sediar  a  Faculdade de  Direito justamente por suas características  bucólicas.

São  Paulo era , então ,limitada pelo seu centro , por aquela colina escolhida pelos jesuítas e que concentrava toda a vida  da  cidade . O lento  Rio  Tamanduateí era dono de uma vultuosa várzea que impedia a ocupação de suas margens , e,  para além do  Anhangabaú , concentravam -se  chácaras , onde estão , por exemplo , as Ruas  Vinte e  Quatro  de  Maio  e  Barão de Itapetininga .

Foi no final do século  XIX que a  feição do centro  começou a mudar . O aumento no número de habitantes e o  crescimento  econômico fizeram com que novas construções surgissem , o  comércio  aumentasse e os  limites  urbanos ultrapassem a velha colina. Alguns anos depois , o  centro  da  cidade era outro.

A  natureza foi domada , os   cursos  d'água  canalizados  e  escondidos , as  várzeas saneadas para que pudessem ser ocupadas . Com a  expansão  urbana ,  tiveram de 
ser criados acessos aos outros lados da cidade . Ainda assim , o  centro continuava sendo por excelência a " cidade " . A pulsante   vida  urbana estava em suas ruas e casas comerciais.

Fonte  -   Revista   EM  CARTAZ  -    pág  72 
Maio  de  2009  - Natália   Maria  Salla 



Pinheiros  de  ontem  

A história do bairro sempre encontrou espaço na Gazeta de  Pinheiros . Uma consulta aos arquivos do jornal mostra  histórias  curiosas , divertidas ou tristes sobre pessoas e acontecimentos do  passado  pinheirense , narradas por historiadores locais que as viveram ou ouviram de  antepassados .

Três  cronistas  pinheirenses foram mais assíduos nas páginas da  GP  contando histórias do bairro e de sua gente : Albertino Iasi , que foi o fundador do  primeiro  jornal , que aqui circulou ( o  Pinheirense , 1923 ) , Ambrósio de Flório Sobrinho  ( o tio Ambrósio) e José Simão Filho , já falecidos. Os três assinaram colunas e artigos de sucesso na  Gazeta  de  Pinheiros, sempre contando aos mais novos , quase sempre de forma poética , histórias  do  passado  pinheirense .

Para recordar ,transcrevemos aqui um artigo de José Simão Filho ,publicado na edição de 15 de dezembro de 1961 , na coluna " Pinheiros  de  Outrora  , sobre a antiga  Rua  do  Comércio .

" A Rua do Comércio iniciava-se em frente do  Mercado  de  Pinheiros  , terminando no Butantã . Era a artéria principal de  Pinheiros . A nossa rua de mais comércio  . É por esse motivo que era cognominada  Rua  do  Comércio . Era a rua de mais conveniente  entrada e  saída para o nosso bairro.  Era  a  nossa  grande  rua . A  via onde se desenrolavam os grandes acontecimentos  diurnos  e  noturnos .

Nessa época , era a rua da  lama  e  do  pó, por onde transitavam os saudosos carros de bois que na sua  marcha lenta e sonolenta , ao passo pachorrento de mansos bois , rangendo e chiando nos eixos , enchiam o  ar  de  melancolia com a toada  triste  do  carreiro . Desfilavam diariamente  tropas  de  animais , boiadas que , quando passavam ,o comércio geral cerrava suas portas para evitar a investida de bois bravios. Essas boiadas procediam de lugares distantes para matança e abastecimento da Capital . Vinham também de fora , dos municípios  próximos - Cotia , Caucaia , Itapecirica e Embu - os  burros  cargueiros , carregando em suas bruacas comestíveis destinados à venda no mercadinho  de  Pinheiros  , conhecido como o  " mercadinho  dos caipiras " . Essas  tropas  cargueiras  eram conduzidas pela  besta  madrinha  adornada de guizos  e cincerros.

Rua do Comércio , quanta saudade deixou na alma . Concentra-se nela toda a  história  pitoresca  e picaresca  de  Pinheiros . Com todo seu  bulício  tumultuoso , não possuía linguagem , mas tinha alma , tinha vida . Durante o dia , o movimento  era estonteante e dinâmico  . À noite , era calma , romântica como as  cidades  provincianas .

Pela madrugada começava a  vida  ativa. Vultos apressados de operários se agitavam para tomar  o  bonde , rumando para  a  cidade em busca do  labor  cotidiano . Outros aguardavam  a  chegada  do  bondinho  verde ,   " o cara  dura " , em que se  pagava  apenas 100 réis ( um tostão ) de passagem .  Quando se aproximava a tarde ,  o estrugido  do movimento esmorecia . À noitinha ,  no  Largo  de  Pinheiros , onde suavemente o rádio do  ' bar  do  Vale ' ( Vale é irmão do conhecido humorista de  rádio e televisão  Nhô  Totico ) fazia ouvir um  tango  lento ,surgiam grupos de  boêmios  e gaiatos  que conversavam  jocosamente .Próximo da  Rua São  Manoel estava instalado o barzinho " Buraco  da  Onça " ,de propriedade do sr. Carmo de Barros  ( pai do velho amigo  dr. José de Barros ) , antigo morador de nosso bairro no local onde estava instalado esse  célebre  barzinho,  em tempos distante funcionou  o  posto  policial  de  Pinheiros.

Era ali que se reuniam os veteranos políticos  de Pinheiros , que em tertúlias políticas saboreavam a gostosa e legítima  caninha  de  Parnaíba , recebidas diretamente , em grandes  cartolas  , pelo proprietário do bar. Os assíduos frequentadores eram o falecido escrivão Afonso Vaz , Pedrinho Cavalheiro , capitão Gabriel , Nestor Viasnamajor Belizário e outros mais .

Adiante , pelas ruas transversais , avistavam-se grupos de namorados que caminhavam entrelaçados , em longas confidências amorosas . Aos sábados à noite , surgiam sempre grupos empunhando  violões  e  sanfonas e que percorriam as nossas ruas , acordando as  belas donzelas com as suas modinhas , em serenata errante e boêmia. 

Eis aí um saudoso esboço do que foi a nossa  Rua  do  Comércio , hoje a  tumultuosa  e  trepidante  Rua  Teodoro  Sampaio , que finaliza no  Largo  de  Pinheiros .

Fonte  -    Jornal  GAZETA  DE  PINHEIROS  -   pág 3   
SUPLEMENTO  ESPECIAL    -  41°  aniversário

CARNAVAL - BATE-BOLA



A  Entrevista  do Carnaval  Suburbano  Carioca

Fantasia de  Bate Bola ( Clóvis ) , é bastante comum nos  subúrbios  cariocas no dias de Carnaval. Bate  Bola ou Clóvis é o nome de uma Fantasia  Carnavalesca , principalmente os das Zonas  Norte  e Zona Oeste .

Nos primórdios , a fantasia de Clóvis se assemelhava muito de  Palhaço , porém , incluindo  máscaras . Batendo  no  chão com suas  bexigas de  boi , presas por uma corda a uma vara ou um cabo, os Bate-bola , eram e são a  alegria  da  criançada, nos  tradicionais  carnavais  de ruas ainda tradicionais , nas Zonas  Norte e Zona Oeste

Com o tempo a  indumentária foi incorporando novas características e, atualmente , os grupos de Clóvis podem ser classificados em  diversos  tipos , tais como  “ Bola e  Bandeira “ , “ Leque  e sombrinha “ , “ Sombrinhas  e  Bonecos “ , entre outros. 

Lei  Municipal , 02 de outubro de 2012  - Elton  Babú .


MAGIA  
Uma  história  de  amor  sem  ponto  final  

A  QUANTOS EXISTE  A  TURMA  DA  MAGIA  ? 

A turma  Magia de  Marechal Hermes existe à 17 anos. Foi fundada em 2001  por Pierre  Sales, que é o atual presidente. A turma iniciou com 30  componentes e durante esse tempo de existência o número de  componentes vários.

POR QUE CRIARAM A TURMA ?

A  turma foi criada com a  intenção de  valorizar  a cultura  suburbana  e  a  inovação.

FALEM DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA TURMA:

Piere está em constante busca por  fantasias cada vez mais modernas porém sem fugir do que é tradicional no  bate bola . Como exemplo de  inovação e  criatividade temos o  bate bola de 2013 onde a sombrinha ( objeto  tradicional ) foi modernizada de forma radical, dela saiam  bolinhas de  sabão. Na  sombrinha de 2014, colocamos uma  pirâmide que girava e acendia. No bate  bola de 2015 acrescentando  o LED  no macacão e o  tablet na  casaca .

VOCÊS  PARTICIPAM  DE  ALGUM  TIPO  DE  CONCURSO ? 

Quando  o  carnaval acaba alguns bairros fazem concursos para eleger  o bate bola mais bonito e toda a  comunidade participa.

O  QUE  A  MAGIA  TEM  DE  SURPRESA  PARA  ESSE  CARNAVAL ? 

Esse ano , a  Turma  Magia  de  Marechal não estará diferente . Teremos  novidades no macacão e nossa sapatilha será substituída por um  tênis  moderno .Nossa casaca também receberá um  toque  especial . 

VOCÊS  SÃO  EM  NÚMERO  DE  QUANTOS ? MULHERES PARTICIPAM ?

Somos um total  de 20 membros . Por ser uma turma de muitos  homens casados ,  as mulheres participam tanto da  confecção  da  fantasias ,saem na turma ou criam fantasias  femininas com o mesmo tema da turma . Acontece o mesmo com os filhos dos componentes .

O  QUE   VOCÊS  ESPERAM  PARA  O  FUTURO  DO  BATE  BOLA  ?

Nós ,da  turma  Magia  de  Marechal  Hermes acreditamos que a  cultura  carnavalesca suburbana irá sempre estar presente  no  Carnaval  carioca e esperamos que a verdadeira arte seja conhecida e respeitada por toda  a  sociedade.

COMO  ESTÁ  A  ORGANIZAÇÃO  DO  CARNAVAL  PARA  AS  TURMAS  DE  BATE-BOLAS ?

Não há uma  organização  dos  órgãos  oficiais mas cada  turma se organiza do seu jeito para  a  divulgação  de  sua  fantasia .

Fonte   -   Revista  MISTÉRIOS  DE  ORUNMILÁ  -  págs 22 e  23 
Fevereiro  2017    CARNAVAL 

O mundo encantado de um palhaço



Criador  de  uma  oficina  que é sucesso  entre anônimos  e  famoso, ele fala  sobre a  arte  da  palhaçaria  e  como  ela  pode  ajudar  mesmo  quem  nunca  pensou  em  subir  num  picadeiro. O  artista  conta  ainda  como encontrou, dez  anos  atrás,  sua  única  filha.

Marcio Libar tem o mesmo par de  sapatos há 20 anos.  Ao abrir a maleta de seu palhaço Cuti Cuti , a primeira coisa que ele tira de dentro são os calçados de couro com bico grande e arredondado, feitos por um velho sapateiro da Praça da Bandeira . Há pouco tempo , ele reencontrou o homem , chamado Ernesto , e com ele consertou parte do bico. O solado original, duro feito pedra e cheio de desníveis, foi mantido em sua imperfeição.

- Repare como é torto . Quando eu o calço , já entro no desequilíbrio , já sei onde escorregar , como cair. Ele me leva ao mundo encantado - conta, aos 48 anos , com a voz rouca e os dreads sobre os ombros .

Libar gosta de coisas tortas e imperfeitas, de pessoas que escorregam e caem . Como palhaço , aprendeu a não levar a vida tão a sério , "  já que ninguém sairá vivo dela . " Afirma ser medíocre e preguiçoso a maior parte do tempo .  Não dirige ,  não  fala inglês e pena para enfiar um prego na parede. Ao admitir fraquezas - teria saído com mais delicadeza da vida das pessoas, teria usado drogas por menos tempo -, ele encontra amor dentro de si mas também sabe que a confissão deixa a vontade as pessoas ao seu redor . Faz parte do seu show .

No palco de Libar , o palhaço Cuti  Cuti cedeu espaço a uma figura um tanto temível : o Messiê  Loyal . É com esse personagem , de fraque vermelho e cartola , um antigo  monsieur  dono  de circo , que Libar vem formando uma discreta legião de seguidores. São pessoas que participam do jogoficina criado por ele há três anos . Trata-se de um reality  game  em que todos são aprendizes de palhaço- e o objetivo é ser aceito ao Gran  Cirque  du Messiê  Loyal .

Anônimos e famosos se misturam a cada workshop , sempre com 13 pessoas . Taís Araújo, José Mayer , Stenio Garcia ,Leandra Leal ,Luana Piovani e Reinaldo Gianecchini são alguns dos globais que já participaram - e entraram para  Liga Extraordinária  dos  Idiotas , versão bem-humorada de uma sociedade secreta que já conta com mais de 800 membros . Eles respeitam os segredos do jogo  e não falam sobre o que acontece no Gran  Cirque

Libar não trata os famosos de modo especial . Em alguns casos , faz questão de fingir que não os conhece durante o trabalho. Ficou olhando para Gianechini , por exemplo , e no segundo dia soltou : " Você poderia ser modelo " . Para José Mayer , escolheu um codinome provocador : Antonio Fagundes. Tony Garrido era Carlinhos Brown . Mas a brincadeira é coisa séria . Muitos participantes derramam rios de lágrimas , especialmente no momento final , quando enfrentam o picadeiro.

- É nessa hora que eu mudo a vida das pessoas. Uso a arte do palhaço em toda a sua potência . Como as regras do jogo são minhas , consigo fazer com que as pessoas tirem as máscaras . O palhaço não representa : ele brinca , joga e aceita quem ele é . E o difícil nesse mundo é ser quem se é . 

ENCONTRO  COM  A  FILHA 

Muitas , o palhaço chora por dentro enquanto , por fora , faz os outros sorrirem . Um episódio do passado atormentou Libar durante anos . Todo dia 23 de maio , ele sabia que sua única filha fazia aniversário.  Fruto de uma relação meteórica, Giuliana cresceu sem saber quem era o pai. Não podia imaginar que ele e sua mãe se conheceram figurantes do  clipe "Eu queria ter uma bomba " , pouco antes de Cazuza  deixar o Barão  Vermelho . Apaixonaram-se  e ela engravidou aos 17 anos . A família quis o aborto , a menina disse não. O patriarca italiano , velho e bravo , chamou Libar para conversar. 

- Estávamos na Praia de Copacabana , em frente à Rua Belford Roxo. Nunca esquecerei  aquelas palavras : " Você não vai assumir sua filha ; você vai é sumir. Minha neta não precisa de um pai negro e pobre ". Chorei muito , me senti uma merda , incapaz de ser pai , de ser qualquer coisa . Só me restava ser palhaço- recorda.

O primeiro abraço de pai e filha veio apenas há dez anos , depois de ele fazer um mapa astral e decidir - com o entusiasmo que os astros lhe deram - procurar a jovem . Ajudado pelo irmão encontrou Giuliana na rede social Orkut . Emocionou-se ao ver suas fotos pela primeira vez : os mesmo olhos de ressaca , o mesmo sorriso , os cabelos de  Bob Marley .

- No primeiro  Dia  dos  Pais  , ele estava em turne na Europa , mas pegou um avião e veio ficar comigo . Depois ,voltou para Lisboa - recorda  Giuliana , de 28 anos , a quem Libar chama de filhote . Hoje ,  ela é o braço direito dele em todos os seus projetos.

FAZENDO  GRAÇA  EM  MÔNACO 

O único professor de interpretação que Libar teve foi Carlos  Wilson , o Damião , figura lendária  do Teatro  O  Tablado . Na primeira aula , no Centro de Artes  Calouste  Gulbenkhian , Damião apresentou-se à sua maneira : " Eu  sou  zonasulzérrimo e meu sotaque é o ipanemês " , disse , para uma plateia atônita . criado na Abolição , Libar não frequentava a  Zona  Sul até então . Estava apenas começando a nascer para o mundo . Anos depois , em 1986 ,  fundou com amigos uma das companhias  teatrais  mais longevas do Rio  - Teatro  de Anônimo , sediada na Fundição  Progresso .

Foi se entregando ao tal mundo encantado , até que a palhaçaria tomou conta de sua vida. Conheceu alguns dos maiores  palhaços  brasileiros  e estudou também com estrelas da palhaçaria  clássica , entre elas  o  italiano  Nani  Colombaioni , representante de uma tradicional família de palhaços e  artistas de  circo .No filme " I Clowns" , de Federico  Fellini , a família  Colombaioni concebeu a cena final , do funeral do palhaço. Libar e o ator  João  Carlos  Artigos aperfeiçoaram com Nani o número  " Um , two, trois " , uma comédia sem fala que foi selecionada para o festival  Internacional  de  Circo  de Monte  Carlo , em 2006. Competindo com  palhaços  do  mundo  inteiro , eles venceram dois dos quatro troféus em disputa : O  Nariz  de  Prata e um prêmio especial do  Cirque  du  Soleil .

- Quando a princesa  Stéphanie  de  Mônaco  subiu ao palco para entregar o troféu  , me lembrei da música  " Olhar 43 " , do RPM - recorda ,   antes de cantarolar  : " Stephanie de  Mônaco  aqui estou , inteiro ao seu dispor  !

Ele se lembrou também da pessoa mais importante de sua vida : o avô , Seu  Boliva  , que ajudou na sua criação após a morte do pai , quando  tinha 6 anos .  Seu Boliva apresentou aos netos o Centro do Rio , o carnaval , o Maracanã . Na Cinelândia , o velho dizia : " Ali  é  o  Teatro  Municipal . Tem ópera , tem balé , as pessoas vêm  ,muito bem vestidas . Ali é a  Biblioteca  Nacional . Você entra com a sua caderneta da escola , pede um livro , se senta e lê à vontade " , lembra Libar , com um voz muito diferente , as palavras saindo devagar . Sua mãe acha que ele se parece cada vez mais com o avô , morto em 1988 . Libar sonha com ele até hoje . 

Fonte  - Jornal  O  GLOBO   - pág 28  -  Encontros  de Domingo  MARCIO  LIBAR 
Domingo , 14.9.2014  - CAIO  BARRETO  BRISO   - RIO 







De  como  a  evolução  do  circo  transformou  o  teatro 

Estudo  registra  a  história  de  Benjamin  de  Oliveira,  o  palhaço negro.

Se o teatro é a arte da representação ou " o local aonde se vai para ver " , o circo  -teatro , por sua vez , não foge muito ao seu legado , na acepção da palavra e na imitação dos seus trejeitos e expressividades , na forma de entretenimento e da teatralidade , na formação do público e no encantamento da platéia . Um e outro fundem-se , na verdade , em função da dramaticidade e da comicidade , sendo o teatro de formação clássica , fundida nas grandes óperas , para uma sociedade de escol , enquanto o circo tem sua origem na população mais humilde , formada na itinerabilidade com que percorria os lugarejos  distantes , as feiras das cidades interioranas ou dos burgos de gentes simples .

Caminhos  controvertidos 

Ao contar a história do circo no Brasil , Ermínia  Silva percorre um dos caminhos mais controvertidos e polêmicos que os fatos e as ações podem lhe oferecer . Juntando elementos da  commedia  dell'arte , ela tece os substratos para estabelecer os paralelos dos espetáculos entre o palco e o picadeiro , datando-se desde o século 18 .  É sem dúvida , uma proposta ousada , de grande fôlego e arrojo , manifestada pela primeira vez como tese de doutoramento em história pela Universidade  Estadual  de  Campinas, agora publicada no livro  Circo-teatro : Benjamin de Oliveira e  a teatralidade circense no Brasil.

Com observância acurada , analisa o papel dos downs  europeus  , sua evolução pelo mundo , como já fizera , em outros tempos , Machado  de  Assis . Mapeia os conflitos artísticos entre uma dramaturgia e outra , e faz menção ao requerimento  irritadiço do consagrado ator  João  Caetano  ao marquês de Olinda , em 1862 , solicitando a proibição dos espetáculos  circenses nos mesmos dias das  récitas  o  teatro nacionalpor ser uma  " diversão  descomprometida e sem caráter  educativo " .

Essas e outras polêmicas vão tomar conta da trajetória do teatro e do circo brasileiros . E como demonstra  Ermínia  Silva ,o circo aproxima-se cada vez mais da  dramaturgia  teatral  , ao  passo que o teatro perde fôlego e a própria  teatralidade , circunscrita a um círculo de público cada vez mais fechado , elitista  e  burguês . Já o circo , no entanto , além de agregar a tecnologias  como a  orquestra de  músicos  à boca de cena ,a abo- lição da figura do ponto , e , mais para o final do século  19 ,  o cinema e o sistema radiofônico ,como o disco  e  o  rádio ,mantém,  ao mesmo tempo ,os ingredientes que lhe marcaram as  origens  e  a sobrevida : as  apresentações  equestres  , a  acrobaciaa ginástica   , a mágica  , o malabarismo , o palhaço de  cara  pintada  de  branco .

Diálogo  com  a história 

Menos  para fugir  das comparações óbvias , das representações  circenses teatralizadas  ou pantomímicas que tanto sucesso fizeram nos  palcos  e  picadeiros, e sim para estabelecer a linha divisória ,a fronteira ,limítrofe entre ,talvez , o picadeiro e o  palco, é que o livro de  Ermínia  Silva se propõe a ser um diálogo com  a história do  circo e um diálogo com a história do teatro  , sendo a autora , como se sabe , descendente de pioneiros  artistas  circenses , a quem haveria razões de sobra para a defesa de um detrimento do ataque de outro . Pelo contrário , é tudo o que ela não faz .

O  palhaço  negro 

De comunhão com a história do  teatro e do  circo-teatro , está a história  do pioneiro 
da teatralidade  circense entre nós . Trata-se do  palhaço ator  , compositor , dramaturgo , produtor  e diretor  Benjamin  de  Oliveira . Em vida era considerado o mais perfeito  artista  de  representação  popular , ao atuar e criar farsas  , peças  burlescas  e  pantomimas, como então chamavam-se as representações desenvolvidas a partir da adaptação  para  o  circo  Spinelli de textos  consagrados  da  dramaturgia ,como  O guarani  , de  Carlos  Gomes  e a  Viúva  Alegre  , de Henri  Meilhac .

O livro traça um dos retratos mais apaixonadamente nítidos sobre a história  do circo a partir da trajetória  de  Benjamin  de  Oliveira , o  palhaço  negro . Mesmo um cético  como  Arthur  de  Azevedo , cronista respeitado  da  Gazeta  de  Notícias  e mentor do Teatro  Municipal  do  Rio , assistia e se tronara  amigo do  grande  artista  circense.  Benjamin  de Oliveira teve uma carreira  inusitada : fugiu com o circo quando criança, pois não suportava ver o pai , um feroz  capitão do mato  , perseguir com crueldade
escravos  fugidos  . No  circo , comeu o pão que o diabo amassou . Sua estréia foi das mais traumáticas : vaias  e  pedradas foram as primeiras oferendas recebidas . Mas , persistente , venceu pelo talento , e , segundo os jornais da época , tronou-se não só  " o  querido  do  povo " , mas uma verdadeira  celebridade .

Arte  menor  ?

Ao expor , em sua pesquisa , a vida e a obra de Benjamin  de Oliveira , Ermínia  Silva utiliza como pano de fundo o  nascimento  do  circo , desde seu surgimento na Europa, passando pelos  Estados  Unidos , e os países da  América  Latina , como Argentina  e o Brasil . No Brasil , pelo que depreende , o circo encontrou  campo  fértil , por  sua tradição  nas  feiras  livres , nos  lugarejos  distantes , bem como na ocupação  de espaços onde a elite  cultural torcia o nariz para comparecer .

Mesmo em cidades como as do  Rio  de  Janeiro , considerada o celeiro da  " melhor cultura  , o circo tornou-se a opção das classes  pobres e mesmo  ricas , ocupando  os espaços  da  nobreza , como o  Teatro  Lírico , e o imperial São  Pedro de  Alcântara.

Guardadas as proporções , é possível dizer que a evolução  do  circo , ao passo  que transformou  plateias , atitudes  e movimentou  a economia , transformou também  o teatro , diga-se de passagem , na crise que o assolava desde os seus primórdios  .

Os críticos da época viam  o  circo ou o  crico-teatro como " arte  menor " , por  ser armado em qualquer lugar e ser aceito por um público variado , de origem suburbana e de camadas  pobres ; enquanto o teatro , que falava a língua  de  Sarah Bernhardte das importantes companhais estrangeiras , preocupava-se em estar sempre à altura dos acontecimentos memoráveis , mas sem apaixonar as grandes multidões .

O trabalho  de  Ermínia  Silva conta histórias  pitorescas ,sobre palcos e  picadeiros. Detalha , como poucos já o fizeram , momentos expressivos da arte de representar  debaixo de lonas  e  tablados . As polêmicas são , naturalmente , inevitáveis .

Entretenimento  barato 

O circo , ainda hoje , como no passado , assume papel preponderante no entretenimento  da  população , principalmente por ser mais barato e de certa forma mais  democrático : não distingue o público ; o agrega . Junto com  o  teatro , são formadores  de belos públicos, com suas diferentes características: representam manifestações  populares, modelos  artísticos e a  grandeza  da  história  cultural de um povo.

Editado pela  novata  Altana , Circo-teatro ... é uma ótima oportunidade para conhecermos a  arte  circense por dentro e por quem entende , de fato , o que ela representa. Segundo a autora , tem sido  a arte  mais  festejada  de  todos  os  tempos , no  Brasil e
no  mundo . A ela tem se associado  artistas  e  intelectuais  de todos os matizes .

Tida como  arte  popular dentro das generalizações comprometidas pela  força do termo, voltada para as " massas  mais  incultas  " da população ( e não sociedade ) ,em contraponto à  alta  cultura , das  artes  dramáticas , o circo  tem  marcado  a  vida  de muitas  gerações . Com certeza pensando nisso é que  Ermínia  Silva  resgatou  a  história  tão  emocionante  para  os  nossos  dias .

Fonte  -  Jornal do Brasil   -  pág  17   - IDÉIAS -ARTES CÊNICAS
Sábado , 5 de abril de 2008    -  Uelinton  Farias  Alves ( escritor  e  jornalista ) 
Livro- Circo-teatro:  Benjamin de Oliveira e a tetralidade circense no Brasil Ermínia Silva . Altana  . 436 páginas 


Enredo do GRES ACADEMIA DO SALGUEIRO - no carnaval 2020.

A ORDEM



Mais  famosa  das  sociedades  secretas, a  maçonaria  já foi  descrita  como  religião, filosofia  e  centro  de  conspirações. Mas  afinal  o que  é, quais  os  segredos  e  o  que  acontece  nas  suas  sessões  ? 

Vamos fazer um acordo: eu conto um segredo e você , leitor , promete não revelá-lo a ninguém. Antes de topar o trato, você precisa saber que os outros quase 3 milhões  de pessoas que lerem esta revista conhecerão o mesmo segredo. Mas elas também se comprometerão a ficar de bico fechado . Agora,cá entre nós :quais as chances de nenhum dos envolvidos quebrar o trato e contar o que ficou sabendo para a patroa – que por sua vez vai contar para a irmã, que vai dividir a novidade com as amigas do salão de beleza e daí para o mundo ? Você apostaria na possibilidade de mantermos o tal segredo em sigilo ? 

Na cabeça de muita gente, a maçonaria foi capaz dessa proeza. Uma tarefa árdua. Os integrantes da mais conhecida entre as organizações secretas guardariam um grande segredo bombástico, revelado somente para quem concorda em ser iniciado numa sessão cercada de mistério. Em nome da honestidade jornalística , é preciso dizer logo no início da reportagem que se os maçons escondem uma informação dessas capazes de mudar o rumo do mundo, este repórter – e os estudiosos mais influentes do tema – foram incapazes de descobrir do que se trata. Por outro lado, são vários os rituais, símbolos e conchavos políticos que deveriam ficar restritos as 4 paredes ( obrigatoriamente sem janelas ) de um templo maçônico, mas que estão descritos nas próximas páginas . Segredos , histórias que foram reveladas a gente graúda como Benjamin Franklin , Simón Bolívar , pelo menos 17 presidentes americanos e D.Pedro I –   que entre os maçons brasileiros atendia pelo exótico apelido de Guatimozim . Nas próximas páginas ,você se juntará a eles .

A  TESE PODE SOAR FRUSTRANTE, MAS, PARA ALGUNS ESTUDIOSOS, O GRANDE SEGREDO GUARDADO PELA MAÇONARIA AO LONGO DA HISTÓRIA É UM SÓ: NÃO EXISTE SEGREDO ALGUM.

A história 

Para quem gosta tanto de segredos, nada melhor do que começar a própria história com um relato misterioso e que não pode ser comprovado. A origem da palavra maçom está no inglês, mason, que quer dizer pedreiro. Por isso , é forte a crença de que os primeiros integrantes da organização davam duro em canteiros de obras do passado. A lenda mais famosa conta que a origem da maçonaria está na construção do grande templo de Salomão , em Jerusalém , narrada no velho Testamento . Durante a obra , Hiram  Abiff , o engenheiro-chefe , foi assassinado por 3 de seus pupilos. O motivo do crime e nebuloso, mas envolveria segredos de engenharia guardadas por Hiram e uma disputa por promoções de cargo. O fato é que Hiram foi para o túmulo, mas não revelou o que sabia. Além de mártir, virou exemplo de bom comportamento maçônico. Para muitos maçons, é aí que começa a sua história, apesar de existir quem defenda que Moisés, os construtores da Torre de Babel e até Deus são maçons afinal, o todo poderoso não “construiu” o mundo em 6 dias?

Outra tese , também sem comprovação, é defendida por historiadores maçônicos como Christopher Knight e Robert Lomas e aponta a maçonaria como herdeira direta dos poucos cavaleiros templários que não foram trucidados por ordem do papa e do rei da França  entre 1307 e 1314 . Pesquisadores independentes porém , acreditam que a origem da maçonaria moderna estaria nas corporações de ofício, espécie de sindicatos da Idade Média. Especificamente na corporação dos pedreiros, que reunia alguns dos trabalhadores mais qualificados da Europa gente que construía catedrais gigantescas, como a belíssima abadia de Westminster , na Inglaterra , que recebe fiéis até hoje. Como esses truques profissionais significavam bons salários, era natural que os masons cultivassem o hábito de mantê-los em segredo. Ficou conhecida como  “maçonaria operativa “ esse período em que os integrantes da ordem colocavam a mão na massa. 

Entre os séculos 16 e 17, as técnicas de construção começaram a perder valor e as corporações mudaram o tom das reuniões. Especialmente na Grã-Bretanha , elas ganharam traços de alquimia e rituais simbólicos. Também se abriram para quem não trabalhasse com construção , mas topasse guardar segredo sobre o que acontecia nos encontros . Começou a fase da " maçonaria  especulativa " , voltava para o conhecimento filosófico - que dura até hoje.

O crescimento atraiu nobres. Era chique participar daqueles encontros com ar de sarau secreto . Os antigos trabalhadores , por sua vez , adoravam estar ao lado da nobreza. em cidades da Inglaterra , surgiram lojas ( como são chamados os grupos de reunião ) e, em 1717, 4 delas se reuniram para fundar a Grande  Loja  de  Londres , o " Vaticano  da maçonaria ", até hoje a mais importante instituição mundial da ordem, 5 anos mais tarde foi escrita a Constituição de  Anderson , texto redigido pelo maçom James Anderson, que colocava no pale todas as normas e rituais transmitidos  oralmente . As lojas escolheram também seu primeiro grão-mestre , um sujeito chamado  Antony Sayer , que estava longe do glamour que o cargo teria no futuro, quando seria ocupado até por herdeiros do trono  inglês . Quando morreu , Sayer era um simples vendedor de livros em Covert  Garden , região de Londres que até hoje é sede de uma feirinha dessas com jeitão alternativo.

Ideias 

Mas o que esses homens faziam - e ainda fazem - em suas reuniões ? Basicamente , discutem o caminho que o planeta deve tomar . E o rumo proposto é o da Luz , como eles se referem ao pensamento racional. A ideia é que se cada indivíduo refletir sobre suas atitudes e buscar sempre o caminho do bem e da perfeição , a sociedade vai caminhar naturalmente para o progresso. É uma filosofia, uma maneira de encarar o mundo, que foi um bocado revolucionária ao surgir no século 18 , época em que reis controlavam o corpo e a Igreja , as mentes das pessoas . Para debater idéias , maçons criaram uma série de regras e tradições - o historiador inglês  Eric  Hobsbawn diz que o período do surgimento da maçonaria  especulativa foi especialmente rico no que ele chamam de " invenção  de  tradições " , muito por causa das rápidas transformações que a sociedade vivia com mudanças nos costumes sociais e na divisão do poder.  Foi nessa época que surgiriam outras organizações  como a Rosa cruz e a Iluminati.

A maçonaria , que acabaria sendo a mais forte e poderosa de todas, se desenvolveu como uma fraternidade que funciona como estado, com hierarquias e legislação. E cada maçom tem liberdade de pensamento. No fundo, a maçonaria não é uma , são várias . E ao contrário do que muitos pensam, a ordem não formou um grupo uniforme. Cada país teve autonomia para definir seus rumos e caminhos, o que fez a ordem ter inclinações diferentes ao redor do globo: na Inglaterra e no Brasil , era ligada à aristocracia  política ; na França , anticerical e pragmática ; na Itália , revolucionária .

Diferenças entre as maçonarias existem . Mas também há muita coisa em comum - em especial , as regras e os rituais. Ser admitido na maçonaria , por exemplo , requer paciência em qualquer lugar do mundo . O candidato precisa ser convidado por um maçom, passar por entrevistas e ter a vida investigada por integrantes da ordem. São aceitos apenas homens que acreditam em Deus, têm pelo menos 21 anos e nenhuma deficiência física .

As sessões acontecem em templos cheios de simbologia ." Entrar num templo maçonico  é mergulhar num espaço codificado " , diz o sociólogo  José Rodorval da Univerdade Federal de Sergipe e autor de uma tese de doutorado sobre a maçonaria. O templo não tem janelas e a entrada é voltada para o ocidente, onde a pintura é mais escura. No outro estremo , o oriente é mais claro - para a maçonaria , é dali que vem o conhecimento . É nessa área também fica o altar de onde a autoridade mais alta comanda a sessão . Nas paredes , há 12 colunas , uma corda com 81 nós e outros símbolos como as pedras bruta e polida , que representam os momentos pré e pós - iniciação.

Durante as cerimônias , os homens vestem aventais para venerar o Grande  Arquiteto  do  Universo , como eles se referem a Deus . Mas um Deus tratado dentro dos valores de tolerância religiosa do deísmo , tradição que recusa a idéia de que uma instituição tem o poder para fazer a ligação com o divino. E por isso o um maçom pode ser judeu , católico, muçulmano . Nas sessões , Deus tem um nome específico . " Esse nome é um dos segredos mais bem guardados da maçonaria " , diz o historiador Jasper Ridleyque escreveu  The  Freemasons  ( " Os maçons  " , sem tradução em português ) . Mas Ridley entrega o ouro: o criador é chamado de Jahbulon , uma corruptela , que reúne os nomes sagrados de Jeová , Baal e Osíris .

Essas reuniões religiosas misteriosas , adivinhem só , colocaram a maçonaria em rota de colisão com o Vaticano. Tanto 2 bulas papais condenado a ordem chegaram a ser emitidas por Clemente 12  Bento 14 , "Como outros governos , o Vaticano também se molestava com a atmosfera de segredo com o qual se cercava a maçonaria" , diz o historiador espanhol  Jose  Benimeli no livro  Maçonaria e Igreja  Católica . A tensão hoje é menor , mas ainda existe. Em 1983 , quando comandava a Congregação para a Doutrina  da  Fé , o Papa Bento 16 publicou a Declaração sobre as associações maçônicas .O texto não deixa dúvidas : " Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em pecado grave " , escreveu .

 Revoluções  e  conspirações 

O Vaticano é apenas um dos desafetos da maçonaria . Ao longo da história , é ordem colecionou inimigos com a mesma força que manteve seus segredos - as 2 coisas , aliás , sempre estiveram diretamente ligadas. Pense na seguinte situação: sua vizinha está promovendo reuniões semanais na casa dela, mas não permite que você participe. Mais do que isso, ela se recusa a revelar o que está sendo discutido lá dentro. Se você tiver um mínimo " instituto  de  paranóia " - e a maioria de nós tem - vai achar que a dona está tramando contra você . A mesma lógica funciona para os maçons. Muitas das acusações contra a fraternidade começaram com pergunta do tipo " se é tudo boa gente , então por que raios eles não revelam o que estão fazendo " ?

Assim , manter segredo mostrou-se uma ótima maneira de atrair desconfianças. Mas a verdade é que para além, do mistério existe o fato de que as lojas maçônicas serviram , sim, de espaço para a agitação política . Seus ideais espelhados no iluminismo inspiraram - e muitos de seus integrantes se enganaram - em revoluções que chacoalharam o mundo , derrubaram governos e cortaram cabeças coroadas . " Ser maçom nos séculos 18 e 19 era um pouco como ser de esquerda no começo do século 20. Em geral, eram pessoas liberais receptivas a novas ideologias e preocupadas em reorganizar a sociedade " , diz Andrew  Prescott , diretor do Centro de Estudos da Maçonaria da Universidade de Sheffield , na Inglaterra . A consequência óbvia dessa atuação foi que a ordem frequentou os primeiros lugares da lista de maiores inimigos das monarquias  absolutistas.  O efeito colateral indesejado foi que quanto mais a  maçonaria era acusada de conspiradora pelos líderes aristocratras , mais ela se fortalecia . É uma autoprofecia que se cumpre . " Se as lojas maçônicas eram apontadas pelos inimigos como o lugar em que revoluções eram planejadas , então era lá que os jovens revolucionários queriam estar " , afirma  Jasper Ridley .

A Revolução Francesa , por exemplo , fez da visão de mundo maçônica  ( liberdade para adorar qualquer deus , igualdade entre os nobres e plebeus e fraternidade entre os membros do mesmo grupo) o mote do novo país que pretendia construir .E transformou uma música originalmente composta e cantada na loja maçonaria de  Marselha , em hino nacional - rebatizado de La  Marseillaise , " A  Marselhesa " . Segundo Ridley  , porém , são exageradas as afirmações  de que a  maçonaria liderou a revolução. Marat, ideólogo de uma das alas mais radicadas da revolução , e  La  Fayette , o militar aristocrata que aderiu ao movimento popular , eram maçons . Mas Danton  e Robespierre , os 2  mais importantes líderes  da  França após a  revolução , não.

Mais ativa foi a influência  na  independência  americana .Pelo menos 9 das 55 assinaturas da  Declaração  de  Independência vinham da maçonaria , assim como um terço dos 39 homens que aprovaram a primeira Constituição do país .  Benjamin  Franklin ,um dos principais articuladores  da independência ,era maçom até o último fio dos poucos ( mas longos ) cabelos que tinha . E  George  Washington , líder  dos  rebelados , teria aparecido de avental maçônico na cerimônia de lançamento da pedra fundamental da cidade que leva o seu nome. Hoje , há quem afirme que durante sua construção a  capital  americana foi recheada de símbolos maçônicos e , no mercado editorial , especula-se que a arquitetura da cidade será o ponto de partida  para  o livro  de  Dan " O  Código  da  Vinci " . Brown . Talvez o autor também dê nova explicação para as imagens que decoram  a cédula de 1 dólar , como o olho que tudo vê  e a pirâmide luminosa - uma ligação que nunca foi admitida pelos desenhistas da nota . 

Ventos maçônicos também foram sentidos na  América do  Sul . Na loja Lautaro , que tinha braços espalhados pelo continente ( o nome é homenagem ao índio que liderou uma revolta contra os espanhóis no século16 ) ,costumavam se reunir  Simón BolívarJosé  San  martin Bernardo  O'Higgins , todos líderes da  independência  no continente. No Brasil , eram integrantes , entre outros , José  Bonifácio  de  Andrada e  Silva , o barão do  rio  branco e o príncipe  regente - e depois o  imperador -Pedro IApelidado  de  Guatimozim , nome do último  chefe  asteca . D.Pedro teve ascensão meteórica na fraternidade . Foi iniciado em 2 de agosto de 1822  e promovido mestre 3 dias depois. Menos de 2 meses mais tarde , já era  grão-mestre da ordem no Brasil ,cargo máximo que poderia atingir . Na mesma velocidade , passaram-se apenas 17 dias até que , já  imperador , ele proibisse as atividades  Maçônicas no  Brasil. " A maçonaria é uma  fraternidade e durante as sessões todos se tratam por irmãos e  são iguais . Quando percebeu que nesse círculo ele poderia ter seu poder questionado  e não seria apenas  'o  imperador ' , D. Pedro deixou a ordem e proibiu seus trabalhos ", diz o historiador  Marco Morel , da UERJ .

Nada que tenha afastado os  irmãos " das atividades políticas ". Pior para os sucessores de Guatimozim : legalizada em 1831 , grande parte da maçonaria se aliou ao  movimento  abolicionista  , anticlerical e mais tarde  republicano para forçar a queda  da monarquia  no Brasil .Apesar de existirem muitos  maçons monarquistas e escravocratas, a luta contra o poder da  Igreja colocou a organização da linha de frente da defesa de  um  estado  laico , como o estabelecido em 1891  pela  primeira  Constituição republicana . Para os adversários , foi a comprovação do caráter conspirador da ordem . Os maçons diziam agir dentro de sua filosofia: lutavam por um país mais racional,e com ordem , que só assim chegaria ao progresso . 

Fonte  -  Revista  SUPER    -  pág  55 
Setembro  2005   - Texto   SÉRGIO  GWERCMAN