Brasilidade é um conceito que pretende designar “o caráter
ou qualidade peculiar,
individualizadora, do que ou de quem é
brasileiro“ ou ainda um “sentimento de afinidade ou de
amor pelo Brasil“ de acordo com o
dicionário Hoauiss. O termo é
relativamente novo em nossa língua,
tendo sido empregado numa página da revista Fon-Fon, em 1930, data em que a palavra entrou no português.
A Fon–Fon,
considerada uma das melhores e mais influentes publicações ilustradas do
país, circulou, em edições semanais, de 1907 a 1945. Esse período recobre justamente as
marcantes décadas do início do século vinte em que se processava uma grande
mudança na mentalidade nacional,
através de uma intensa agitação de ideias que as artes em geral, e especialmente a literatura, ajudaram a fomentar. No bojo das reflexões que se faziam estava
em curso uma espécie de redescobrimento do Brasil, como se fôssemos novos Cabrais ou modernos
bandeirantes, munidos agora de um olhar
antropológico e ávidos por conhecer-nos
a nós mesmos, numa adoção tupiniquim em
escala coletiva do princípio socrático do autoconhecimento. “Quem somos os brasileiros?“.
“Que país é este ?“ Eram perguntas que se faziam nos meios acadêmicos e nas rodas de
artistas e pensadores. A identidade
nacional era então objeto de investigação estética e de especulação científica: por toda parte um interesse renovado pela
cultura brasileira crescia e tomava corpo. Da poesia combativa de Mário de Andrade e de Oswald de Andrade à prosa
regionalista de Jorge Amado e de Graciliano Ramos, o sentimento de brasilidade se afirmava num
desejo nacionalista de (re)conhecer e de retratar o país, provocando inquirições patrióticas, sociais e filosóficas. Era
o Brasil que enfim despertava para os brasileiros ou, antes, os brasileiros que acordavam o Brasil.
Como fruto maduro desse processo de aprofundamento da
consciência brasileira, tivemos a
extrema felicidade de poder contar com o gênio inspirador Guimarães Rosa em nossas letras. O autor nos ofereceu , logo em 1946, a coletânea de contos Saragana e,
dez anos depois , em 1956 , o romance Grande Sertão: veredas, obras insuperáveis , que
permanecem exalando um denso frescor de brasilidade.
Desde então ,
variadas e ricas experiências produziram-se na arte nacional, com o Cinema Novo , a Bossa Nova e o Movimento
Tropicalista. Artistas criadores, como Nélson Pereira dos Santos e Gláuber
Rocha , Tom Jobim e João Gilberto ,
Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre
tantos outros nomes admiráveis,
ajudaram a quebrar barreiras entre a cultura popular e a erudita, ao mesmo tempo em que projetavam uma imagem
mais viva e contrastante do Brasil para o mundo. Era a brasilidade tomando novos caminhos e expandindo–se em genuínas possibilidades nutridas pela
geleia geral. Com o advento da ditadura
militar e o ato institucional número 5,
a orientação artística na busca da brasilidade teve de amargar a concorrência
bruta de uma censura que se esmerava em reduzir o sentimento nacionalista em
termos de um ufanismo reacionário com fórmulas tacanhas do tipo “ Brasil : ame-o ou deixe-o“.
A partir da retomada democrática, nos anos 80, e com o atual contexto de um
mundo globalizado, o processo de
reconhecimento de nossa própria identidade passou a trilhar novos rumos , renovando–se qualitativamente ao abarcar
a visão dos mais diferentes grupos sociais
na construção de uma representação dinâmica daquilo que somos como
povo. Não há outro modo de projetarmos
com clareza o futuro que desejamos a não ser revelando honestamente a nós
mesmos toda a nossa brasilidade.
Fonte - Revista
NEO MONDO pág 23 Abril de
2009
Doutor em Estudos
Literários - Márcio
Thamos
Professor de Língua e
Literatura Latinas junto ao Departamento de Lingüística da UNESP
- FCL /CAR , credenciado no Programa De
Pós – Graduação em Estudos Literários da mesma instituição . Coordenador
do Grupo de Pesquisa LINCEU - Visões da Antiguidade Clássica
ESPAÇO ESCOLA
Pátria madrasta vil
Onde já se viu tanto excesso de falta ?
Abundância de
inexistência... Exagero de escassez ... Contraditórios ?
Então aí está!
O novo nome do nosso país!
Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL . Porque o Brasil nada mais é do que excesso
de falta de caráter, abundância de
inexistência de solidariedade , o
exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal
engendrada - e friamente sistematizada –
de contradições. Há quem diga que “ dos
filhos deste solo é mãe gentil “ , mas
eu digo que não é gentil e , muito menos
, mãe. Pela definição que eu
conheço de MÃE , o Brasil está mais para
madrasta vil.
A minha mãe não “ tapa o sol com a peneira ! Não me
daria , por exemplo , um lugar na universidade sem ter-me dado
uma bela formação básica. E mesmo há 200
anos não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade
apenas para morrer de fome. Porque minha a mãe não ia querer me enganar, iludir.
Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na
resolução do problema , e que contivesse
educação + liberdade + igualdade . Ela sabe que de nada adianta ter educação
pela metade , ou tê-la aprisionada pela
falta de oportunidade , pela falta de
escolha , acorrentada pela minha voz-nada-ativa.
A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação
gerar liberdade e esta , por fim, igualdade.
Uma segue a outra ...
Sem nenhuma contradição !
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais ,
revolucionárias , que quebrem esse
sistema - esquema social montado ; mudanças que não sejam hipócritas , mudanças que transformem ! A mudança que nada muda é só mais uma
contradição.
Os governantes ( às vezes ) dão uns peixinhos , mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí . O povo está tão paralisado pela ignorância
que não sabe a que tem direito. Não
aprendeu o que é ser cidadão.
Porém , ainda nos
falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático
do estado não modificam a estrutura. As
classes média e alta - tão
confortavelmente situadas na pirâmide social – terão que fazer mais do que
reclamar ( o que só serve mesmo para
aliviar nossa culpa ) ... Mas estão elas preparadas para isso ?
Eu acredito profundamente que só uma revolução
estrutural , feita de dentro para fora e
que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos
, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal , de que serve
um governo que não administra ? De que
serve uma mãe que não afaga ? E ,
finalmente , de que serve um homem que
não se posiciona ?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja
ligado ,
justamente , a um posicionamento
perante o mundo como um todo. Sem
egoísmo . Cada um por todos.
Algumas perguntas,
quando auto indagadas, se tornam
elucidativas . Pergunte-se : quero ser pobre no Brasil ? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil ?
Ser tratado como cidadão ou excluído ? Como gente ... Ou como bicho ?
Fonte - JORNAL DOS
PROFESSORES - CPP
pág 15 JUNHO DE
2014
“ Premiada pela UNESCO , Clarice Zeitel Vianna Silva , concorreu com outros 50 mil estudantes . Ela acaba de voltar de Paris , onde recebeu o prêmio da Organização das
Nações Unidas para a Educação , a
Ciência e a Cultura por uma redação sobre
“ Como vencer a pobreza e a desigualdade
“ . A redação de Clarice , intitulada “ Pátria Madrasta Vil“, foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no
concurso . A Publicação está disponível
no site da Biblioteca Virtual da
UNESCO .
Desinverta o Brasil
Em 1977, o mundo
conhece mais uma importante revelação científica. O psicanalista Norberto Keppe descobre que
o ser humano não sofre de um “ inconsciente “
portador de instintos naturais de morte, mas sofre de uma INVERSÃO PSÍQUICA, o que tem causado praticamente todos os seus problemas.
O que vem a ser isso
? Vou tentar expor a seguir. Desde o nascimento, o ser humano tem uma “ percepção “ invertida
do mundo.
Vê as coisas de “ ponta cabeça “ e o seu cérebro desinverte automaticamente
as imagens dos objetos captadas pela sua visão. Porém , algo aconteceu com o mecanismo de desinversão da realidade
abstrata, não captada pelos cinco sentidos. Desde o nascimento temos a tendência de “
perceber “ o Bem como Mal e o Mal como Bem, só que neste caso,
estranhamente , nossa mente nem sempre
desinverte essa percepção.
Por exemplo , a
criança luta para não dormir e chora e grita quando quer algo para si . Morde o seio que alimenta e agride os pais
que a mantém viva . Destrói seus
brinquedos queridos e machuca animais e outras crianças. Age a nível somente sensorial como se fosse
um animalzinho.
À medida que cresce o ser humano conserva a lei do egoísmo e
a frustração é sentida como morte . Quer
tudo para si. Mente para conseguir o
que quer , e se a verdade aparece , sente-se agredido , limitado pela vida dos instintos e dos
prazeres dos cinco sentidos.
Com o tempo , e com os
ensinamentos das leis sociais e da moral
, o indivíduo é constrangido a reprimir seus impulsos egocêntricos para
minimizar os conflitos em sociedade.
Infelizmente essa repressão
, aliás cada vez mais débil na educação infantil e juvenil , não é suficiente para garantir o equilíbrio
psicossocial na vida adulta . Privar o
ser humano de condutas para ele prazerosas
, sem conscientizá-lo do porquê dessa necessidade , bem como das vantagens dessa
frustração , pode agravar o
problema, escondê-lo por algum tempo
para depois ele voltar a manifestar-se com maior força.
Este é o motivo para que muitos adultos que hoje dirigem a
sociedade , e que um fia foram crianças
não conscientizadas, permaneçam invertidos por trás de uma boa máscara, fazendo uso de bens
públicos e planetários como brinquedos
para satisfação de seu egoísmo irracional.
Exemplos dessa cegueira invertida são: o ser humano a serviço do dinheiro e não
vice-versa; retirar energia da matéria
consumindo todos os recursos naturais;
praticar uma medicina organicista e não psicossomática; ver o trabalho como fonte de estresse e
felicidade no ócio e na dispersão; falar
a verdade é ofensivo e ser hipócritas, sinal de afeto e gentileza...
O Instituto Keppe & Pacheco de Ciência e Tecnologia e a
futura Faculdade Trilógica Keppe e Pacheco têm como missão utilizar todos os
recursos terapêuticos e pedagógicos para promover a desinversão individual e
social e, com isso possibilitar o crescimento da humanidade de maneira
sustentável.
Fonte - Jornal
STOP N° 90
= Claúdia Bernhardt
de Souza Pacheco - Presidente o Instituto
Keppe & Pacheco
de Ciência
e Tecnologia ( distribuição
gratuita ) São Paulo
- Ano IX
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