Cidade
Transmitida pelo Aedes aegypti
, o mesmo mosquito da dengue e do zika,
A virose torna-se
a nova ameaça à saúde pública na região
metropolitana
Estação favorita dos cariocas, o verão não é apenas sol, calor, praia e curtição. É também a
temporada do ano em que a proliferação do mosquito Aedes aegypti atinge o
ápice, aumentando drasticamente a
ocorrência de doenças cujo principal transmissor é o inseto. Os moradores do Rio e dos municípios
vizinhos , que , nas últimas décadas , passaram a conviver com a dengue como se
fosse parte da rotina, descobriram no
ano passado o assustador espectro do zika, que ao infectar mulheres grávidas provoca microcefalia nos bebês. Neste ano, cresce a ameaça de uma terceira doença, transmitida pelo mesmo vetor, de nome mais complicado, a chikungunya. As autoridades de saúde pública já esperam
por uma epidemia dessa virose , e a análise dos números não deixa margem para dúvidas. Os 71 casos registrados pela Secretaria
Estadual de Saúde, entre janeiro e
novembro de 2015, passaram 15265 no
mesmo período de 2016. A imensa
maioria, cerca de 90%, diz respeito a pacientes da capital e da
Baixada Fluminense. “Como a doença é
nova na cidade , a população fica
suscetível . A expectativa é que haja um
aumento considerável no mesmo número de casos", avalia o infectologista Rivaldo Venâncio, pesquisador da Fio Cruz em Mato Grosso do
Sul, uma das principais autoridades
sobre a doença no país.
A chikungunya foi identificada em 1952 a partir dum surto
na África. Ao longo das últimas
décadas , ela atingiu basicamente
populações no sudeste asiático e em ilhas do Oceano Índico e no Caribe. Os primeiros casos no país oram detectados
em 2013 no Amapá. Um ano depois, a doença já havia chegado a Feira de
Santana , na Bahia , de onde acredita-se, teria alcançado o Rio. O Ministério da Saúde identificou, até 28 de novembro, em todo o Brasil , 259928 prováveis casos , a maioria nas regiões dos Nordeste e
Sudeste. Os sintomas da virose são semelhantes aos das demais doenças
transmitidas pelo mosquito , mas com
consequências bem diversas para os doentes. Os primeiros sinais são febre alta e fortes dores nas articulações , sintomas que em 50% dos casos podem
perdurar por vários meses. A doença
também pode agravar outros problemas já existentes, como diabete, hipertensão, artrite e glaucoma. Pessoas
com obesidade e idosos exigem mais cuidados, pois a infecção pelo vírus pode piorar quadros de doenças crônicas e
levar à morte. A recuperação requer
muito repouso e hidratação. Segundo
Venâncio, deve-se evitar a automedicação e não interromper nenhum tratamento
de uso contínuo. Assim como o zika, há um alerta para as grávidas. “Se a mulher tiver a doença nas últimas
semanas de gestação, a possibilidade de
passá-la para o bebê é grande . Nesses casos , há risco alto de morte da criança“,
alerta.
Erradicado no Rio em 1907 com o trabalho do médico
bacteriologista Oswaldo Cruz, há trinta
anos o Aedes aegypti voltou a incomodar os cariocas ao provocar as epidemias de
dengue. As campanhas anuais de combate
e controle do vetor estão nas mãos das prefeituras e vêm se mostrando ineficientes,
assim como a rede pública de hospitais é sofrível. E a situação falimentar da administração
estadual agrava tal cenário, pois as
três doenças juntas podem provocar superlotação em serviços públicos de saúde, atualmente aquém da necessidade. O combate ao mosquito depende, em grande parte, da própria
população, mas o governo do estado vem
testando tecnologias para tentar minimizar o problema. “O Aedes já está totalmente adaptado ao
ambiente urbano e nos cabe agora buscar um caminho para conter a contaminação
da população“, explica Alexandre
Otavio Chieppe, subsecretário de
Vigilância em Saúde. Entre as
tentativas a utilização de mosquitos tratados biologicamente para interromper o
ciclo de transmissão de vírus, um novo
larvicida desenvolvido pelo Instituto
Vital Brazil, uma armadilha elaborada
pela Fio Cruz que envenena os insetos e um inseticida biológico batizado de
Dengue Tech. “Essa é uma luta
complicada mas a solução ainda está em acabar com a água parada", pontua
Chieppe. Apesar de o controle ser possível
com uma medida conhecida e simples, o
combate ao mosquito tem se mostrado uma tarefa hercúlea.
Fonte - Revista
VEJA RIO págs
28 e 29
21de dezembro , 2016
Cidade Pedro Moraes
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