EDITORIAL
Vamos pensar, seria
possível escolher, se fosse o caso , entre uma coisa e outra? Vivemos num mundo de dualidades, a unidade só acontece
no plano divino, em nosso mundo tudo é duplo, tudo tem dois pólos; tudo tem
o seu oposto, sendo assim ser feliz nos
dias de hoje implicaria em ter uma real noção do que é felicidade e o que é ser
rico. A busca pela riqueza material
esta construída sobre uma percepção de gastos, contas para pagar, desejos para
satisfazer... O que é ser feliz para
você meu querido leitor ?
A felicidade, no seu
caso, depende de você ou para ser feliz
você precisa do outro ? Sua felicidade está em algo material? Bom, para muitas pessoas a felicidade está em pequeninas coisas, em ter uma família estruturada, saúde, um trabalho, contas em dia... Enfim, o tempo todo fazemos escolhas e são através
dessas escolhas que traçamos os caminhos de nossa felicidade. Problemas, crises, dificuldades são
situações aparentemente negativas que na realidade nos mostram a necessidade de
fazer mudanças: podemos entender tudo isso como sinais.
Podemos criar um quadro de família moderna onde pai e mãe
trabalham fora o dia inteiro, ao fim do
dia retornam ambos cansados e estressados
o dia inteiro os filhos,
estudaram, fizeram várias atividades
como cursos de inglês, informática, ao final do dia cada um faz suas refeições
sozinhos, pois os pais chegam muito
tarde, haja visto que todos esses serviços extracurriculares
custam muito dinheiro e nesse processo todos são envolvidos numa rotina onde uma simples pergunta aos
filhos de como foi o seu dia hoje na escola, não encontra mais espaço por falta de tempo, de paciência e principalmente por falta de
energia ara olhar e saber do outro.
Hoje vemos crianças que vão parar em consultórios se queixando de
depressão, de problemas de
aprendizado. Será que neste lar nesta
família há felicidade ? Os presentes
materiais preenchem o vazio que se instala dentro da ala do ser humano? Não sei, minha infância foi muito simples e a de minhas filhas também, muitas lutas, dificuldades mas, em momento algum, faltou conversa, atenção, carinho.
Quando uma situação grave bate à porta de um lar, como um acidente, uma doença terminal, um divórcio, qual é a estrutura que uma família formada na sociedade de consumo tem
para superar toda essa provação?
Normalmente o caos se instala e tudo vem abaixo, pois todos os curso e bens materiais não preparam as pessoas, nem as estruturam para as dificuldades da
vida onde o amor foi o grande ausente.
Não estou anulando a necessidade de preparar nossos filhos
para a vida com o de melhor que podemos
proporcionar, mas sim ressaltar que sem
estar na troca direta com eles , de
convívio , de atenção, de amor, nada disto
será base suficiente para os fortalecer para os desafios da vida.
E ser ricos ? Depende muito de qual riqueza estamos
falando; a material quando não temo
equilíbrio nos transforma em escravo
dela, onde o dinheiro em vez de nos
servir, nos torna servo dele . Acumular cada vez mais bens materiais de
forma obsessiva só nos escraviza um movimento caótico, onde não percebemos que apesar de toda
uma riqueza a nossa volta, nos tornamos
infelizes , vazios , insatisfeitos , carentes , deprimidos, não percebemos que na realidade é nossa alma que está doente,
pobre de valores , de amor.
Precisamos alimentar nossa alma com amor, pois só ele é a crença que nos liberta das
aparências, que nos leva a conciliar as
diferenças que nos fortalece em nosso
lado bom, transformando tudo, nos libertando das ilusões da vida de
eterno prazer e glamour.
A nossa volta temos a todo instante a beleza de Deus, em um sorriso de uma criança, em um nascer do sol , o desabrochar de uma flor. Ser gentil, amoroso, fraterno com o
próximo, também nos faz feliz, alimenta nosso ser.
Vou terminar nossa conversa, com uma frase que chegou até a mim no momento que fechava esse
texto:
“ Tentar ser feliz acumulando bens materiais é como tentar
satisfazer a fome colocando sanduíches em volta do corpo “ , George Carlin .
Fonte - Jornal PÔR
DO SOL pag 03
JUL/ 2014
por Ilka de Araujo
Dantas
EPIDEMIA vergonhosa
Disse o Papa Francisco:
“O corrupto irrita
Deus e faz o povo pecar ... E para os corruptos
, existe
só uma saída
: pedir perdão para não serem amaldiçoados por Deus “ .
A partir desta afirmação do Papa , Dom Orlando Brandes falou aos Microfones da Rede Milícia Sat as palavras que seguem:
A CORRUPÇÃO certamente é combatida, como diz o Papa
Francisco, quando nós apresentamos o
perdão e a misericórdia de Deus para quem está envolvido nela. Para que mude de vida, para que se converta, não basta, portanto, combater e punir a
corrupção o que é altamente necessário ,
mas , nós temos algo a acrescentar às pessoas vítimas ou promotoras da corrupção.
Os gestos de Jesus que foi misericordioso com Zaqueu que era
corrupto, com Levi e com outros ricaços
do Seu tempo os levou a se converter e compreender o pecado grave que
cometiam. Corrupção é um pecado social
que precisa da conversão pessoal para ser sanado. Nós temos muitos santos na nossa Igreja que
eram também corrompidos antes da conversão. Então, temos a grande força e o grande poder da revolução da misericórdia, da conversão dos corações. Mas, outro remédio eficaz é a educação de nossas crianças desde pequenas
para a honestidade.
Meu pai me ensinava que nem um alfinete eu devo reter comigo
se ele não é meu. Então, eu aprendi a
honestidade e a transparência com o meu pai. Por isso, a escola
, a família devem dar exemplos abertamente aos filhos a respeito deste
mal que já se tornou “ a gangrena de um
povo “ como nomeou o Papa. A corrupção se tornou uma epidemia vergonhosa e já virou quase como
que um costume. As pessoas se gabam dos
lucros que têm por meio da corrupção.
E o Papa também falou claramente que “ a corrupção é suja e
a sociedade corrupta é uma porcaria “. Se nós não nos despertarmos para a
importância do nosso voto, estamos também colaborando com a
corrupção. Neste Ano Santo, somos chamados a viver as obras de
misericórdia, e educar para a
partilha e honestidade faz parte destes
gesto.
O Brasil vive daquele famoso “ jeitinho “ . Isso é um perigo
muito grande, pelo sétimo mandamento de
Deus que diz “ não furtar “ é pouco respeitado. Também devemos ir contra a mentira, pois ela é que mantém a corrupção e defende os outros pecados graves. Precisamos combater a mentira e tomar
cuidado com o perigo do dinheiro , pois
, como afirma o Papa , ele se tornou “
um deus que tudo governa “ , e por isso
o mundo vai mal , com tantas
desigualdades sociais.
Temos remédios e caminhos para combater a corrupção e é
claro apoiar a operação Lava Jato,
apoiar todas as instituições e as leis que são contra esse mal tão incorporado
nos brasileiros , essa vergonha
nacional , esse mal contra a caridade e
contra o nosso povo , que chamamos de
corrupção .
Fonte - Revista O
MÍLITE pág 20 - ano 2016
DOM ORLANDO BRANDES Arcebispo de Londrina –PR
Contra o “
querer é
poder “
Obra de Bonder
critica “O Segredo“ e idéia de
que o cosmos deve nos servir
Um livro está na moda : “ O Segredo “ , de Rhonda Byrne. Transformado em DVD , ele corre o mundo ainda mais
rapidamente . Qual é a sua mensagem ? A de
que há um “segredo “ que é a própria estrutura íntima do universo . Desvendado esse mistério , você estará em condições de realizar todos
os seus desejos.
O rabino Nilton Bonder, líder de uma das comunidades judaicas do Rio de Janeiro , e autor de “ A alma imoral “ , estava
fazendo uma viagem pela Palestina , a
convite de Harvard, quando teve acesso
ao DVD de “ O Segredo “. Ele ficou
preocupado com o que viu, e dessa
preocupação surgiu “ O Sagrado “ . Para o rabino , “ O Segredo “ mistura aspectos bastante
refinados e grosseiros num mesmo pacote
, “ o que , em geral , abre
caminho para muita confusão “ .
“ O livro reedita ,
em pleno século XXI , uma disputa
milenar entre o sagrado e a visão mágica de um segredo “ , diz o rabino . “ O sagrado é a tentativa de religar o ser
humano a algo maior do que ele mesmo , e
que lhe permita resgatar-se como parte do projeto da vida, da àrvore da Vida . O segredo
, por sua vez , quer capacitar o
ser humano como um deus, alguém
que, no comando, determina a realidade
através do seu desejo.
Um conflito velho como
o mundo , diz o rabino
É um conflito velho como o mundo . Nilton Bonder ilustra esse conflito , em “ O Sagrado “ , com a história do Balac
e Balaão , que aparece no livro dos “
Números “ , da Bíblia . Israel está
entrando pela Palestina , vindo do Sinai
, e chega às planícies de Moab .
O rei de Moab , Balac , chama o adivinho Balaão para que ele
amaldiçoe essa raça de invasores . Mas ,
em vez de fazer o que o rei pede ,
Balaão acaba por abençoar os israelenses . O poder da magia tinha sido
derrotado por uma força exterior aos desejos de Balac e do próprio Balaão.
A tese de “ O Segredo “ parece às vezes ( ou é ) um discurso
de marketing . Diz um dos “ mestres “
citados pelo livro : “ Nós podemos ter
qualquer coisa que escolhermos . Não me
importo com o tamanho do desafio . Em que tipo de casa você quer morar ? Quer
ser milionário? Que tipo de negócio
quer ter? Quer mais sucesso? O que
você realmente quer?
O livro diz que tudo
é possível a quem tiver acesso à lei básica do universo. Que lei é essa? A lei da atração . “ Tudo o que entra na
sua vida é você quem atrai, por meio
das imagens que mantém em sua mente.
Você é o que está pensando. Você atrai
para si o que estiver se passando em sua mente“.
Como diz o rabino Bonder, o problema dessa abordagem é que ela mistura alhos com bugalhos. Se
estamos falando da “ força do pensamento positivo “ , isso não é nem novo nem
controvertido. Funciona - talvez não no nível que o livro
promete. Mas respeitáveis tradições
orientais ensinam: “ você é aquilo que você pensa “. A contextura do seu “ mental “ condiciona
a sua vida.
Onde é que as coisas se misturam ? É no achar que , qualquer que seja o rumo por você
escolhido , o resultado é igualmente bom .
O pensamento mágico se presta a todas as ilusões. É uma das formas mais arcaicas de
mentalidade religiosa. Você
descobre, por exemplo, um talismã –
algo que confere poder. Ou entra numa
forma de entendimento pessoal com o seu deus, de modo que ele atenda aos seus desejos.
Em “ O Segredo “ , não há deuses: há uma espécie de força impessoal que
ninguém sabe de onde vem: “ A lei começa
nos primórdios do tempo. Ela sempre
existiu e sempre existirá. É a lei que
determina a completa ordem do Universo, cada momento de sua vida. Não importa quem você é ou onde está : a
todo-poderosa lei da atração dá forma a toda a sua experiência de vida, ao ser posta em ação pelos seus
pensamentos “ .
Ingenuidade
perigosa ,
Fruto de uma mente inculta
É o que o Rabino Bonder chama de “ uma nova mitologia em
formação “ , uma alegoria do nosso próprio tempo: o cosmos como um vasto mecanismo cuja
última finalidade é atender aos nossos
desejos, mesmo que eles surjam sob a
forma de um consumismo desenfreado.
No fundo é uma ingenuidade muito grande, e perigosa. É produto de uma mente inculta (bem contemporânea) que ignora a
literatura universal. Os velhos gregos
já tinham seus mitos apontando para ambivalência dos desejos. Mestres mais modernos trataram do assunto
de maneira antológica. Basta ver os
avarentos de Balzac , ou de Molière. Sim, eles transformaram suas vidas num imenso desejo; pensaram nisso o tempo todo, como recomenda “ O Segredo “ , e conseguiram o que queriam .
Tornaram-se ricos ; mas , dentro deles , a alma apodreceu .
A ideologia moderna que assusta o rabino Bonder é a do
individualismo exacerbado. Um de seus
subprodutos (bem americano) é a transformação das pessoas em vencedores e
perdedores. Os vencedores terão cada
vez mais; os perdedores cada vez menos. Mas, os vencedores estarão fechados em si mesmos , como máquinas de guerra
. Terá valido a pena ?
Em oposição a essas novas mitologias , pode-se lembrar de figuras como Martin
Buber , grande filósofo judeu do século
XX . Em sua obra-prima , “ Ich und Du
“ ( “ Eu e Tu “), fala do ser humano como um ser
relacional - que nasce e cresce com a
vocação do diálogo . Esse diálogo pode levar ao plano Sagrado . Mas
, se não há diálogo , o céu tende a se transformar em inferno .
Fonte - Jornal
O GLOBO pág 5
PROSA &
VERSO 29/12/2007
Luiz Paulo
Horta
PARÁBOLA
DEUS e
o rabino
- Com a chegada sempre ansiosamente
esperada do Natal, os sentimentos mais
nobres dos seres humanos afloram . Nesse
clima , onde se exaltam e se cantam , pelos quatro cantos do mundo , a necessidade e os benefícios da competitividade , parece oportuno relembrar uma lenda judaica
, extraída do livro “ Amar é Preciso “ de Maria Helena Matarazzo.
- “Dizem que Deus convidou um
Rabino para conhecer o céu e o inferno .
Foram primeiro ao inferno . Ao abrirem a
porta , viram uma sala em cujo centro
havia um caldeirão onde se cozinhava uma suculenta sopa . Em volta dela , estavam sentadas pessoas
famintas e desesperadas . Cada uma delas
segurava uma colher de cabo tão comprido que lhe permitia alcançar o
caldeirão, mas não suas próprias
bocas. O sofrimento era imenso “ .
Em seguida , Deus levou o Rabino
para conhecer o céu . Entraram em uma
sala idêntica à primeira : havia o mesmo
caldeirão , as pessoas em volta , as colheres de cabo comprido. a diferença é que todos estavam
saciados. “Eu não compreendo“ , disse o Rabino . “ Por que aqui as pessoas estão felizes
enquanto na outra sala morrem de aflição
, se tudo é igual ? “ . Deus
sorriu e respondeu : “ Você não percebeu
? É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros ‘ .
- Como se você , é no mínimo , bíblico , para não retroceder
no tempo , o conceito de que é a
cooperação entre as pessoas , a
associação de esforços ( e não a competição ! ) que leva à preservação das
espécies. A competição , mesmo biologicamente , foi u fenômeno apenas secundário nesse
processo.
- A parábola se presta a várias
conclusões . Uma delas , sem dúvida , diz respeito à verdadeira
enxurrada de técnicas “ modernosas “
para a obtenção de maiores índices de qualidade e produtividade, que invade o interior das empresas, por esse Brasil afora, sempre enaltecendo a competitividade em contraposição à
cooperação. E, honestamente, qual tem
sido o resultado ?
- Uma outra , pode ser um balanço pessoal , um exame de consciência de nossa atitude e
comportamento com relação aos acontecimentos que enlutam a dignidade
nacional.
O que você tem feito em termos
pessoais ou associativos ? Você talvez
não participe por se julgar, quem sabe
e até com razão, já bastante
conscientizado. Mas somente a
conscientização e reflexão não bastam!
É preciso ação ! É
preciso participar , sair às ruas , ir a
associação , mostrar sua posição , indignar-se , protestar , rebelar-se no sentido
amoroso da palavra! Dentro da ordem , da lei ,
civilizadamente , com amor e , por isso
mesmo , com muita determinação e
firmeza !
- O povo diz que uma andorinha só
não faz verão . E o povo tem sempre razão .
Fonte Jornal
O ESTADO DE SÃO PAULO
pág J 11
Recursos Humanos
07/11/1993 - Ano X - nº
523