O primeiro volume de Sérgio Buarque de Holanda - Escritos Coligidos traz ainda uma
cronologia do autor de Raízes do Brasil. Nascido em São Paulo em 11 de julho de 1902, ele se mudou em 1921 para o Rio de Janeiro , onde estudou Direito. Em 1922 foi nomeado por Mário e Oswald de
Andrade representante no Rio de Janeiro da primeira revista modernista, Klaxon. Em 1927, depois de colaborar
com outros veículos de imprensa ,
tornas-e colunista do Jornal do Brasil.
Contratado por Assis Chateaubriand, em
1929 viaja para a Alemanha , Polônia e Rússia. Fixa residência em Berlim .
Volta ao Brasil em 1930.
Em 1936 , publica Raízes do Brasil , sua obra–prima. No ano seguinte , assume as cadeiras de História da América e
da Cultura Luso – Brasileira na então Universidade do distrito Federal , no Rio de Janeiro.
Em 1946 , volta para
São Paulo , a fim de assumir a direção
do Museu Paulista , também conhecido como Museu do Ipiranga, onde criou as seções História , Etnologia ,
Numismática e Lingüística. Torna-se professor da Escola de Sociologia
e Política de São Paulo. Em 1953, assume a cadeira de Estudos Brasileiros na
Universidade de Roma, na Itália.
Dois anos depois retorna a São Paulo como diretor do Museu Paulista. Assume em 1957 a cadeira de História da Civilização Brasileira na então chamada
Faculdade de Filosofia , Ciências e
Letras ( FFCL) da USP. Em 1958 recebe o grau de mestre em Ciências
Sociais pela Escola de Sociologia Política de São Paulo.
É eleito diretor do Instituto de Estudos Brasileiros ( IEB ) da USP em 1962, pede aposentadoria na USP, em solidariedade aos professores
aposentados pelo regime militar. Inscreve-se como membro fundador do Partido
dos Trabalhadores (PT) em 1980 . Morre
no dia 24 de abril de 1982.
Variedade - Além da gênese de Raízes do Brasil , há
outras preciosidades em Sérgio Buarque de Holanda - Escritos Coligidos. Os textos estão organizados
cronologicamente, de acordo com as
décadas em que foram publicados.
Percebe-se, assim, os temas que foram objeto de atenção do
historiador ao longo do século 20. O
texto que abre a coletânea, por
exemplo, é “ Viva o imperador “ ,
publicado na revista A Cigarra e São
Paulo , em junho de 1920 . Nele, o jovem Sérgio Buarque de Holanda faz uma análise do governo de Dom
Pedro II e de suas contribuições para o Brasil, argumentando a favor da revogação do decreto de banimento da família
real . O artigo defende que , passados mais de 30 anos da publicação do
decreto , tanto sua revogação como a
translação para o Brasil dos restos mortais do imperador, que morrera em Paris em 1891, seriam uma
forma de homenagem pelos serviços prestados ao País.
Ainda em 1920 , também em A Cigarra , Sérgio Buarque
publicou o artigo “ A bandeira nacional “, em que critica a bandeira brasileira. Segundo ele o pavilhão nacional desrespeita a tradição histórica do
Brasil, expõe erros grosseiros de
astronomia e constitui uma agressão a estética. O artigo afirma, por
exemplo , que a divisa “ Ordem e
Progresso “ pertence a uma seita - o
positivismo – cujos membros são “ minoria , exígua , minutíssima minoria entre nós “ .”
na época , quem leu esses textos que
transitam entre tantos autores clássicos
não poderia imaginar que o autor daquelas consistentes reflexões, de sagacidade crítica, seria um franzino jovem de 18 anos“, escreve o organizador Marcos
Costa, referindo-se aos textos dos anos 20.
Nos anos 40 , a
publicação do artigo “ Capelas antigas de São Paulo “ revela , segundo Marcos Costa, que Sérgio Buarque já estava empenhado ao
estudo dos meandros obscuros da história do Brasil , especialmente de São Paulo. Dessa mesma época são os artigos sobre “ A
língua geral em São Paulo “ , “
Mentalidade capitalista e personalismo “ e “ Redes e redeiras em São Paulo “ .
A variedade de temas marca também os textos dos anos 50, que abrem o segundo volume de Sérgio
Buarque de Holanda - Escritos
Coligidos. Alguns deles são “ Raça , cultura
e clima “ , “ Algumas técnicas rurais no Brasil colonial “ , “ Piratininga “ e
“ Uma povoação setecentista “. Entre os
textos da década de 70, que fecham o
volume, estão “ Uma república não
proclamada “ , em que Sérgio
Buarque - em plena ditadura militar –
faz um perfil dos militares e analisa suas estreitas relações com o poder. Essa variedade e a originalidade da obra do
historiador parecem justificar a conclusão de Marcos Costa: Se a obra do intelectual brasileiro tivesse
sido produzida na França, na Inglaterra
ou na Alemanha, certamente seria uma
referência mundial no campo da história das mentalidades ou da história
cultural “ .
Fonte - JORNAL
DA USP pág 10
ESPECIAL
De 13 a19 de
junho de 2011
Sérgio Buarque de
Holanda - Escritos Coligidos , Livro de Márcio Costa
( organizador ) Editoras Perseu Abramo e UNESP 484 páginas
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