Para compreender uma grande catedral gótica seria necessário
analisar a simbologia da dimensão espiritual da mesma, contemplando não somente a catedral como um
lugar de turismo, mas como um lugar de
peregrinação. Ao entrar em um recinto
de um santuário deve-se lembrar que as graças à Cristo essa obra de arte foi
erguida e para Cristo ela foi dedicada.
Sem Ele, o monumento não teria
sentido.
Originalmente usada como um adjetivo ( como em Igreja
Catedral ) a palavra catedral deriva da
palavra grega cátedra, significando a
sede, a Sede Episcopalis, pois o templo contém o trono ou a cadeira
de um bispo ou arcebispo, o chefe e pai dos clérigos de uma diocese ou
arquidiocese. As primeiras catedrais
góticas foram construídas na França a partir do século XII. Inicialmente chamada de opus
francigenum “obra de francês“ , o
termo gótico é originário a partir da Renascença onde os grandes mestres diziam
que este tipo de arte era obscura ,
bárbara, fazendo relação ao principal
grupo bárbaro que tinha na Europa, os
Godos. As primeiras catedrais góticas
foram francesas e ressaltam a procura de Deus na Idade Média. A igreja era o centro da cidade e o coração
cívico – religioso da mesma, e várias
corporações de trabalhadores possuíam altares dedicados a seu santo
patrono.
A primeira expressão de arte gótica nasceu com a Abadia Real
de St. Denis, atualmente sede da
Diocese homônima. Em St
Denis , o abade Suger consegui
edificar uma igreja na qual as estruturas de sustentação, chamadas de arcobantes tornaram as paredes
mais finas, possibilitando o acréscimo
de vitrais. Assim nasceu a arte dos
vitrais e uma das grandes características do gótico e o uso extensivo dos vitrais e das esculturas, que serviam para catequizar o povo
analfabeto através das imagens e símbolos.
A nossa Catedral possui inspiração franco-alemã em sua
arquitetura, pois denota certas
influências do gótico alemão nas
torres, lembrando em uma forma
simplificada a Catedral de Colônia,
símbolo religioso da Alemanha, país de
Prof . Hell, o arquiteto da Sé.
O plano da catedral é de cruz latina, expondo uma nave principal onde se
encontram os fiéis e um coro onde se encontra o baldaquino, o altar–mor e o cadeiral do coro, além da cátedra. Os braços que formam a cruz é chamado de transepto e exibem dois altares - São Paulo e Sant'Ana ambos em estilo moderno com fortes
influências na simbologia bizantina . O
mosaico amarelo dourado simboliza o paraíso.
Na capela do Santíssimo, lugar mais sacro da catedral,
dispõe de uma iconóstase, uma parede
com ícones ou imagens que separa a pequena nave do Santo dos Santos, onde se situa o tabernáculo com as sagradas
espécies.
O portal central da Catedral é a porta do céu, onde se
situa o convite a entrada. Em nossa
catedral denota-se influências de nossa fauna, tornando-se a catedral no jardim esculpido de pedras, a mesma intenção de Jerusalém Celeste ou do
Jardim do Paraíso na terra que tinham os construtores das grandes catedrais medievais . A catedral como porta do céu e como
lanterna da luz divina, com vitrais
multicolores têm a intenção de mostrar
ao fiel que Deus é aquele que dá beleza e luz a vida de todos os povos. O “
convite “ no portal central da Sé
paulistana é feito pelo próprio Cristo ao alto , oferecendo seu sangue salvífico uma alusão do altar onde é revivido o sacrifício de amor. Parece que nos diz , “ Vinde
, entremos em minha casa, a sua
casa onde te quero salvar“ .Diferentemente de um Cristo Juiz de muitas
catedrais européias, esse Cristo do portal
mostra o amor, que o amor de Deus se
encontra no coração da cidade, num
lugar acessível a todos, para que todos
possam se salvar. É a proposta
Cristocêntrica que Deus pede a nossos corações. A rosácea da fachada da Sé mostra a magnificência do prédio como uma
rosa oferecida a cidade e ao Criador,
uma rosa que nunca fenecerá, a rosa que
é Maria, a padroeira da Catedral. O costume de construir grandes rosáceas
surgiu no período gótico, como um
oferecimento, pétalas de vidro e de pedra
para a rainha do Céu.
Ao adentrar na Catedral percebe-se a vastidão do
edifício , como uma casa de oração e de
recolhimento. O centro de tudo é o
altar do sacrifício onde podemos ver a Mater – Dolorosa com seu rosto
recolhido, pois nenhuma dor pode se
igualar a dela. É o altar que diz que é
a casa da mãe e casa de Cristo. Ela nos
diz “ Faça tudo que Ele disser “... “ Sou sua Mãe , seu refúgio
“... “Ele é a sua salvação “. A
estrutura acima do altar é o Baldaquino
, usado constantemente sobre os altares das basílicas cristãs para
santificar o altar e esconder o ato eucarístico da grande massa do povo. Por isso o baldaquino tinha no passado
cortinados laterais que eram corridos no momento da consagração .
O nosso Baldaquino é dedicada a Virgem e a sua gloriosa
Assunção, festa título dessa
catedral . Os arcos da catedral são
altos e cada conjunto deles faz uma intersecção que lembra o sacrifício
salvífico do Cristo em sua cruz. Sua
Cripta faz lembrar as antigas catacumbas aonde se reuniam os primeiros
cristãos. Como uma capela
subterrânea ,a cripta reúne lóculos onde
encontram-se enterrados arcebispos da Arquidiocese e três personagens
históricos de nossa nação Tibiriçá , cacique da Aldeia de Piratininga , Feijó , padre e regente do Império e
Bartolomeu de Gusmão, um dos
precursores da pesquisa de instrumentos de vôo.
Fonte - Informativo da
Catedral Metropolitana da
Arquidiocese de São
Paulo
Ano II - N º
18 - Maio
de 2004 pág
3
Alexandre Antônio
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