terça-feira, 28 de julho de 2020

Aprendendo a ser pai e a brincar



“Amar  é  brincar . Não  leva  a  nada .  Porque  não  é  para  levar  nada. Quem  brinca já chegou.  Coisas  que   levam  a  outras, úteis, revelam  que  ainda  estamos  a  caminho: ainda  não  abraçamos  o  objeto  amado“   (  RUBEM  ALVES )

Partilho com João Bello , poeta, contador  de  histórias, pai, avô, o desafio e  a alegria  de  ser pai.

Quando nasceu o Pedro , seu neto , o João poetizou : “Num mundo em guerra, num milênio que inicia. Só o milagre da  Vida pra  resgatar a  harmonia.“ Escrever sobre esse aprendizado é mexer com muitos elementos da nossa existência. Faz-nos perguntar o que realmente é importante e tem valor em nossas vidas. Agradeço à Joana , treze anos , e ao Pedro , dois anos , por me ensinarem a ser pai , por insistir em me fazer brincar, apesar da resistência .  

Presença  e  atenção 

Nós, homens-pais, temos certa inveja do papel que as mulheres-mães representam na vida dos filhos . Partimos com uma larga desvantagem: por nove meses, o contato direto da criança é somente com a mãe. Depois , ainda tem o tempo da amamentação, quando o pai parece mais um acessório. Pesquisas revelam que, na maioria das vezes, é a mãe que leva o filho ao médico , à escola , à igreja , às compras. Até mesmo para conversar, os filhos e as filhas preferem as mães. Como empatar esse jogo ? Somente com mais presença , carinho, atenção e, acreditem, autoridade, aquela que oferece proteção e cuidado, respeitando a liberdade dos filhos.

Muita coisa está mudando em nossas famílias . Se, tempos atrás , era o homem o “chefe de família “ , hoje vinte e nove e dois % dos lares são chefiados por mulheres (IBGE) . Também existe uma maior valorização da família, tida como um  porto seguro  diante das incertezas e riscos da vida pública . Fala-se  em família  pós-moderna  ou contemporânea , aquela que é mais  tolerante com  a diversidade, com mais  espaço para a individualidade. É nesse ambiente que  os  homens–pais estão  desafiados a encontrar o seu lugar. Tem tanta coisa pra conversar : a violência  , o futuro do planeta, o futebol, a política, o sentido da  vida; tem o tema de  casa pra gente fazer juntos , olhar um filme  ou ler um livro ; e tem que brincar .

Fonte  -  Revista  de  Aparecida     -  pág  vinte e quatro 
Agosto  - dois  mil  e  quatro   - Rui   Antônio  de  Souza  da equipe jovem do Jornal Mundo 
Jovem e pai da Joana  e do Pedro 

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