“Amar é brincar . Não leva a nada . Porque não é para levar nada. Quem brinca já chegou. Coisas que levam a outras, úteis, revelam que ainda estamos a caminho: ainda não abraçamos o objeto amado“ ( RUBEM ALVES )
Partilho com João Bello , poeta, contador de histórias, pai, avô, o desafio e a alegria de ser pai.
Quando nasceu o Pedro , seu neto , o João poetizou : “Num mundo em guerra, num milênio que inicia. Só o milagre da Vida pra resgatar a harmonia.“ Escrever sobre esse aprendizado é mexer com muitos elementos da nossa existência. Faz-nos perguntar o que realmente é importante e tem valor em nossas vidas. Agradeço à Joana , treze anos , e ao Pedro , dois anos , por me ensinarem a ser pai , por insistir em me fazer brincar, apesar da resistência .
Presença e atenção
Nós, homens-pais, temos certa inveja do papel que as mulheres-mães representam na vida dos filhos . Partimos com uma larga desvantagem: por nove meses, o contato direto da criança é somente com a mãe. Depois , ainda tem o tempo da amamentação, quando o pai parece mais um acessório. Pesquisas revelam que, na maioria das vezes, é a mãe que leva o filho ao médico , à escola , à igreja , às compras. Até mesmo para conversar, os filhos e as filhas preferem as mães. Como empatar esse jogo ? Somente com mais presença , carinho, atenção e, acreditem, autoridade, aquela que oferece proteção e cuidado, respeitando a liberdade dos filhos.
Muita coisa está mudando em nossas famílias . Se, tempos atrás , era o homem o “chefe de família “ , hoje vinte e nove e dois % dos lares são chefiados por mulheres (IBGE) . Também existe uma maior valorização da família, tida como um porto seguro diante das incertezas e riscos da vida pública . Fala-se em família pós-moderna ou contemporânea , aquela que é mais tolerante com a diversidade, com mais espaço para a individualidade. É nesse ambiente que os homens–pais estão desafiados a encontrar o seu lugar. Tem tanta coisa pra conversar : a violência , o futuro do planeta, o futebol, a política, o sentido da vida; tem o tema de casa pra gente fazer juntos , olhar um filme ou ler um livro ; e tem que brincar .
Fonte - Revista de Aparecida - pág vinte e quatro
Agosto - dois mil e quatro - Rui Antônio de Souza da equipe jovem do Jornal Mundo
Jovem e pai da Joana e do Pedro
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