Poema , Poesias
Derradeira Sinfonia
Ah! ...se eu pudesse reger o fim do mundo
Trocava o troar dos canhões por um grave profundo
De uma tuba ponteando uma opereta , e,
Armas como : fuzis , revólveres
metralhadoras e escopetas ,trombones ,
requintes e clarinetas .
Em vez do zumbido de balas que cortam o espaço ,
Faria soar dos violinos, o esfregar do arco
nas cordas de aço .
Desmantelaria o estrago infernal da bomba atômica
Na eloquente sinfonia de uma enorme filarmônica .
E de lá de cima de uma montanha, de
casaca celeste ,
Imitando dos Santos a cor das vestes , perguntaria :
- Estão todos afinados ?
- Sim ! Responderia o mundo inteiro para mim.
- Então ! Um , dois três ! Vamos !
Toquem todos de uma vez!!!
-Peguem seus instrumentos , soprem toda maldade, injustiça
e desgraça .
Formemos daqui pra frente uma nova raça !
Ponham para fora toda angústia , verdade, inveja e
ambição !
Toquem alto, bem alto, para que o MESTRE nos ouça.
Nos leve ao passado mais remoto , e nos conceda o
perdão .
Expulsem seus ódios, seus rancores ,
Estouram- os nos couros esticados dos
bumbos e tambores ,
-Isso!!! Ordenaria eu .
E num adagio que começou num presto.
Toda a humanidade no seu mais puro manifesto ,
Num mar de instrumentos , esperançada,
Finda à noite vem a madrugada ,
E um agudo de flautim atinge a ira bem
no alvo
E no silêncio , a certeza de que o mundo está salvo.
Ao som de um compassado tema de jazz,
Um coral de adolescentes entoa,
- Até que enfim !!!O homem encontrou a PAZ !!!
Fonte - Jornal BALCÃO n° 403 - pág 5
22/09/87 - JOCA DA TROMBETA – Eng.Dentro – Rio de Janeiro
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