Depois de desaparecer do Egito – onde nasceu o para a história , em forma de papel , há uns 3 mil anos – o papiro voltou recentemente para as margens do Nilo , seu habitat de origem . A operação de resgate ,com mudas encontradas na Etiópia e Sudão , levou ao todo 15 anos de observações e testes com a planta , tendo sido comandada por Hassan Hagab , diretor do Instituto do Papiro do Cairo.
As quatro únicas plantações de papiro do Egito pertencem atualmente a esse órgão , que está recuperando também a milenar técnica de fabricar papel com as hastes dessa esperácea .O processo se resume a cortar as hastes em tiras que ,depois de postas de molho para desprender o amido e açúcar que o papiro contém são secadas, prensadas e finalmente coladas para formar folhas .
O papel natural dos faraós é considerado pelos especialistas egípcios superior em mui-pontos ao papel industrial de hoje em dia , em cuja fabricação entram muitos produtos químicos . Dizem os técnicos do instituto de Hagab que o papiro tem mais resistência mecânica , dá impressões sempre legíveis , não deixa que a tinta escorra para causar manchas e é ainda um excelente suporte para a pintura ou gravura podendo ser colorido com qualquer pigmento.
Como a taboa brasileira – que também pode dar papel ,pois fornece celulose de notável pureza ,mas é usada sobretudo em cestaria e esteiras – o papiro( Cyperus papyrus ) é uma planta palustre ( ou do brejo) e aquática , desenvolvendo -se com mais exuberância quando está na beira da água . Coroadas por tufos de filamentos verdes que caem graciosamente todas as hastes do papiro , que vão de 2 a 3 metros , saem diretamente das raízes , um sistema rizomatico tão forte e ramificado quanto o das bananeiras . Nos dois casos ,o rizoma pode ser cortado como se parte de um bolo , e qualquer fatia - trazendo de preferência uma haste e alguns brotos - constitui uma muda . Em terrenos encharcados ou diretamente na água , a brotação do papiro , em nosso clima , é quase sempre infalível.
O laguinho entre São José e a Nilo Peçanha - ali onde atualmente os pivetes se banham do calor da cidade - foi um dos que serviram no Rio para plantar papiro .Desse jeito ,a planta se desenvolve numa touceira ilhada , mas sua evolução quase não conhece limites quando uma muda é colocada na margem de uma represa ou riacho . A nutrição fica então mais fácil e a planta ainda ao mesmo tempo nos dois sentidos,com uma parte avançando pela água e outra a recuar para a terra .
Se bem não seja típico de interiores ,o papiro é resitente,e seu cultivo pode ser plantado , por exemplo , em garrafões de grande diâmetro , cortados ao meio (em vidraçaria ) e enchidos com um fundo de areia , para assentar a muda , e o resto de água . Em síntese , tenta-se reproduzir em casa o laguinho de São José , e aplicações espaçadas de fertilizante ou esterco, que talvez de chero mas é melhor , na certa ativarão o crescimemnto .
Como não tem propriamente folhas , e sim os tufos de filamentos do ápice , é planta ideal , por outro lado , para entradas de edifícios e halls . E s tufos do papiro , depois que secam , duram anos e são ornatos perfeitos , além de darem de darem sugestões para fazer mil coisas .
Mil e uma utilidades tinha o papiro no Egito . O corpo das hastes servia para fazer pe -quenas jangadas , e o miolo do pé das hastes , onde estão o amido e o açúcar ,servia de legume na mesa .Cordoalha , catres , enchimentos , assentos e até lamparinas , de tudo deu ao velho Egito a recuperada espécie faraônica ,multivalente , e no entanto simplíssima em seu desenho . Canelas verdes coroadas , o papiro , de fato , é a imagem do despojamento .
Planta de água e brejo , comum nos lagos urbanos ,o histórico papiro volta para as margens do Nilo , sua terra de origem . É uma espécie resistente e dá muitas mudas .
Fonte - Jornal DO BRASIL pág 10 - CASA
Caderno B - SOLANO DE CASTRO
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