terça-feira, 27 de setembro de 2022

Quando o indicador aponta alguém

 



O homem ,por natureza não  gosta de ser acusado nem de se considerar  culpado.É raríssimo ouvirmos alguém dizer : “ eu não tive razão , a  culpa foi minha “  . E , mais raro ainda , o complemento necessário dessa  confissão :  “ desculpe-me !“ 

O fato , porém ,é que há um culpado ,no mínimo . Ambos os que se  arrogam razões poderão ser culpados , mas , de modo mais comum , dos dois , um foi  causador do  desentendimento.

Não adianta procurar  o culpado . Não há , geralmente , porque ninguém se quer confessar errado . E , principalmente , diante de Deus , não importa a situação ou a   atitude do " outro" , mesmo se ele não tem razão e , sim , eu . Importa a minha ,  ainda que eu esteja certo . 

Acontece ,a toda a hora ,aqui e ali , na escola, no lar , na oficina, na rua . Atritos contínuos ,desgastante constante ,acúmulo diário de ressentimentos ,mágoas e decepções , esse complexo de carga, de peso inútil , que vamos carregando .

Notemos que , quando o  filho pródigo voltou , suas primeiras palavras foram a confissão da  grande falta que cometera  contra Deus  , primeiramente e contra o pai , a seguir . Não houve justificativas porque , tivessem sido outros também culpadois de seu estado , não importava , diante de  Deus.  

Já o  fariseu, em sua oração ostensória , fez  exatamente o contrário : ele ,o justo ! Os  outros , os pecadores.

É interessante notar que , quando nosso  dedo indicador aponta alguém , nesse gesto comum de  incriminação , também o  polegar se estende , porém , os três outros dedos se dobram , voltados para  nós próprios …

É uma  lição  preciosa que podemos tirar daí ,  porque exatamente assim é nossa situação diante de  Deus : acusamos outrem ,mas o principal culpado , naquele momento , em Sua presença , somos nós .

Que o " outro " esteja errado : minha reação a  seu erro determinará o grau de relação que mantenho com  Deus . Se houver  humilde submissão , se houver em mim a  mansidão de  Cordeiro , é porque não eu , mas a graça habita em mim e opera em minha vida . Ao contrário - e como é comum ! -  se o erro do próximo me irrita , me leva  à murmuração ,me ofende ,me desperta  reação negativa ,é evidente que sou eu mesmo , é meu  orgulho , é o velho e  obstinado "ego" que está agindo - contra   Deus , em primeiro lugar , contra o  próoximo e  contra mim mesmo .

" Quebranta -me , Senhor " " é minha oração.

Seja  a  tua , também , se  precisas  dela . 

Revista  Primavera  em  flor   - pág 4   Ano IX  -  n° 9   

Novembro - 1962  -  Redator chefe  GUILHERME MOURA 

O homem ,por natureza não  gosta de ser acusado nem de se considerar  culpado.É raríssimo ouvirmos alguém dizer : “ eu não tive razão , a  culpa foi minha “  . E , mais raro ainda , o complemento necessário dessa  confissão :  “ desculpe-me !“ 

O fato , porém ,é que há um culpado ,no mínimo . Ambos os que se  arrogam razões poderão ser culpados , mas , de modo mais comum , dos dois , um foi  causador do  desentendimento.

Não adianta procurar  o culpado . Não há , geralmente , porque ninguém se quer con-fessar errado . E , principalmente , diante de Deus , não importa a situação ou a   ati-

tude do " outro" , mesmo se ele não tem razão e , sim , eu . Importa a minha ,  ainda que eu esteja certo . 

Acontece ,a toda a hora ,aqui e ali , na escola, no lar , na oficina, na rua . Atritos contínuos ,desgastante constante ,acúmulo diário de ressentimentos ,mágoas e decepções , esse complexo de carga, de peso inútil , que vamos carregando .

Notemos que , quando o  filho pródigo voltou , suas primeiras palavras foram a confissão da  grande falta que cometera  contra Deus  , primeiramente e contra o pai , a seguir . Não houve justificativas porque , tivessem sido outros também culpadois de seu estado , não importava , diante de  Deus.  

Já o  fariseu, em sua oração ostensória , fez  exatamente o contrário : ele ,o justo ! Os  outros , os pecadores.

É interessante notar que , quando nosso  dedo indicador aponta alguém , nesse gesto comum de  incriminação , também o  polegar se estende , porém , os três outros dedos se dobram , voltados para  nós próprios …

É uma  lição  preciosa que podemos tirar daí ,  porque exatamente assim é nossa situ -ação diante de  Deus : acusamos outrem ,mas o principal culpado , naquele momento , em Sua presença , somos nós .

Que o " outro " esteja errado : minha reação a  seu erro determinará o grau de relação que mantenho com  Deus . Se houver  humilde submissão , se houver em mim a  mansidão de  Cordeiro , é porque não eu , mas a graça habita em mim e opera em minha vida . Ao contrário - e como é comum ! -  se o erro do próximo me irrita , me leva  à murmuração ,me ofende ,me desperta  reação negativa ,é evidente que sou eu mesmo , é meu  orgulho , é o velho e  obstinado "ego" que está agindo - contra   Deus , em primeiro lugar , contra o  próoximo e  contra mim mesmo .

" Quebranta -me , Senhor " " é minha oração.

Seja  a  tua , também , se  precisas  dela . 

Revista  Primavera  em  flor   - pág 4   Ano IX  -  n° 9   

Novembro - 1962  -  Redator chefe  GUILHERME MOURA 

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