Diante do atual cenário social e político, a Igreja católica e entidades civis convidam o povo brasileiro para combater a intolerância política e promover a intolerância política e promover um debate autêntico
REUNIDOS, por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ministério da Justiça , Ministérioi Público Federal , Instituto dos Advogados Brasileiros .
Considerando as graves dificuldades institucionais e sociais da atual conjuntura nacional , que geram inquietação e incertezas quanto ao futuro ;
Considerando que nenhuma crise , por mais séria que seja ,pode ter adequada solução fora dos cânones constitucionais e legais em decorrência do primado do Direito ;
Considerando que as divergências naturais , numa sociedade plural , não devem ser resolvidas , senão preservando-se o respeito mútuo , em virtude da dignidade da pessoa humana ;
Considerando que , em disputas políticas , necessariamente haverá aqueles que obtêm sucesso e aqueles que não alcançam seus objetivos ;
Considerando que , nestes casos , o êxito não pode significar o aniquilamento do opositor , nem o insucesso pode autorizar a desqualificação do procedimento ;
Considerando que , sejam mais forem os grupos políticos , suas convicções e valores não devem ser colocados acima dos interesses gerais do bem comum do Estado , que tem o dever de priorizar os grupós mais vulneráveis da população ;
Considerando , por fim , que às entidades subscritas cabe de desenvolver o seu mais ingente esforço para assegurar a prevalência das garantias constitucionais , norteadas , por nossa Carta Cidadã de 1988 no artigo 3° :
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa :
I. construir uma sociedade livre , justa e solidária ;
II. garantir o desenvolvimento nacional ; III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais ;
IV. promover o bem de todos , sem preconceitos de origem , raça ,sexo ,cor , idade e quais- quer outras formas de discriminação .
Conclamam todos os cidadãos e cidadãs , comunidades , partidos políticos e entidades da sociedade civil organizada , a fazer sua parte e cooperar para este mesmo fim , adotando em suas manifestações , em busca permanente de soluções pacíficas e o repúdio a qualquer forma de violência , convictos de que a força das ideias , na história da humanidade , sem-pre foi mais bem sucedida do que as ideias de força.
Se assim o fizermos , a História celebrará a maturidade , o equilíbrio e a racionalidade de nossa geração que terá sabido evitar a conflagração , que somente divide e não constrói,fazendo emergir dos presentes desafios , ainda mais fortalecidas , as Instituições , a República e a Democracia .
Fonte - Revista O MÍLITE - pág 21 - fé e política
Brasília , 31 de agosto de 2016 - CNBB
Oferecimento diário
Um jovem alemão foi obrigado a servir o exército , nos anos da Segunda Guerra Mundial , efoi enviado como parte da tropa que tomava conta de um castelo francês , prisão e centro de torturas da polícia política do nazismo , a Gestapo. testemunha dos horrores aos quais eram submetidos os prisioneiros ,ele, religioso franciscano ,teve uma inspiração . Alegando que gostava de trabalhar à noite , substituía companheiros que preferiam dormir e, assim , prestava socorro aos prisioneiros , no que podia , correndo grandes riscos .Talvez esse exemplo , em uma situação de conflito e guerra , nos ajude a compreender o que podemos e devemos fazer em nossos dias confusos e , tantas vezes aflitos . Nossos dias não são muito diferentes dos de Jesus, que nasceu no tempo dos temíveis Césares e dos seus servidores , os herodes Antipas e Filipe , e Pôncio Pilates . A Igreja conserva a memória de Tarcísio , rapazinho mártir , que levava o consolo da Eucaristia aos cristãos e cristãs encarceradaos , enquanto esperavam ser torturados e mortos , quem sabe atirados às feras nos circo romanos . Este é o outro grande exemplo de um " artíficie corajoso e apaixonado do diálogo e da amizade " . Recordemos Santa Edith Stein , fazendo bonequinhos de molambos ,entreter as crianças no campo de morte dos nazistas .Ou São Maximiliano Kolbe , dando a vida por um coolega de cativeiro e , depois animando e confortando os companheiros da cela da morte de fome e sede , outras vítimas do nazismo . Sem oração nada disso seria possível .Como o povo diz : " Só por Deus ! " . Sim , " so por Deus " , pois , " sem Ele , nada podemos fazer " ( cf. Jo 15,5 ) . Creiamos ! Nessas horas . Nossa Senhora das Angústias não nos faltará !
Fonte - Bilhete Mensais do Apostolado da Oração do Brasil
Julho de 2021 - ano 147 - 1874 - 2021 - nº 1740 - Texto de Pe. Paiva , SJ
A Intolerância com segredo
Inconsciente
O que faz com que nossa sociedade seja tão intolerante e pouco inclusiva ?
Nos dias atuais ,encontramos regularmente em nosso cotidiano algumas palavras que certamente nos provocar reações psiquicamente das mais inquietantes .Tais palavras são comumente citadas nas universidades , nas escolas , na mídia impressa e na televisão : “ intolerância “ , “ realidade “ , “ inclusão “ .Interessa-nos investigar aqui não o que está manifesto nas significações jurídicas , filosóficas , sociológicas desses termos , mas , sobretudo , o que está escamoteado ou denegado por eles . Neste textopartiremos do princípio , de que é necessário falar desses conteúdos do ponto de vista psíquico, ressaltando nossa condição humana de sujeitos do inconsciente .
Nos últimos anos especificamente desde os anos de 1970 , temos visto o desenvolvivimento de importantes projetos para o combate à intolerância : o surgimento de instituições em defesa dos direitos humanos , a implementação de cotas para negros e deficientes; a ocupação de espaços políticos por mulheres,entre outras “ inclusivas “ ? Alguns dados , porém , são inquietantes : no Brasil , apesar de aparentemente , ter havido uma democratização do discurso da “tolerância”, os dados da “ exclusão social “ ( sobretudo negros ) continuam praticamente inalterados , desde a abolição da escravatura ( década de 1890 ) ,se comparadas ao crescimento proporcional da po -pulação , conforme dados do INEP / MEC , citados na publicação Políticas de promoção de igualdade / racial na educação , realizada pelo centro de estudos da relação de trabalho e das desigualdades ( CEERT ), uma ong que luta pela igualdade de raça e de gênero.
Diante desses , fatos ,podemos pensar em textos de Freud , O mal-estar na civilização o futuro de uma ilusão , que nos falam do pacto social necessário para a contenção de impulsos destrutivos ligados à pulsão de morte . Estaríamos diante dos " restos do pacto " , ou seja , diante de algo aue não pôde ser simbolizado e que ganha a expressão peloa ato ? O que impediria esse " resto " de ser simbolozível ? o que faz e com que nossa sociedade seja tão intolerante e tão pouco inclusiva ?
CONCEITO DE REALIDADE
É de supor que as classes abandonadas invejarão os privilégiois das classes favorecidas e farão todo o possível para libertar-se do aumento especial de privação que pesa sobre elas . Caso não o consiga surgirá na civilização correspondente um descontentamento duradouro que poderá conduzir a rebeliões perigosas .
Mas quando uma civil não consegue evitar que a satisfação de certo número de seus participantes tenha como premissa a opressão de outros , talvez da maioria - e assim sucede em todas as civilizações atuais - é compreensível que os oprimidos desenvolvam uma intensa hostilidade contra a civilização que eles mesmos sustentam como o seu trabalho , mas de cujos bens participam muito pouco ... Não é demais dizer que uma cultura que deixa insatisfeita e um núcleo tão considerável de seus partcipantes e os incita a rebelião não pode durar muito tempo e nem tampouco o merece " (Freud O futuro de uma ilusão , p 325 ) .
Para pensarmos os fenômenos atuais de intolerância , pode ser de grande valia nos debruçarmos um pouco sobre o conceito da " realidade " desenvolvido por Nicholas Abraham e Maria Torok no livro A casca e o núcleo , publicado na França em 1977 e traduzido em 1995 . O acordo com esses autores , a realidade é sempre " a realidade a escamotear " (pág 237 ) : " Realidade se define , portanto , e o que é recusado , mascarado , denegrido , enquanto - precisamente , " realidade " , como o que é , já que ele não deve ser conhecido ; numa palavra , ela se define como um segredo . O conceito metapsicológico , de Realidade remete no aparelho psíquico ao lugar em que o segredo está escondido .
Revista - Conhecimento Prático pág 50 e 51 SOCIEDADE
Março / Abril - 2015 - Myriam Chinalli é psicanalista , escritora e editora de livros para crianças e jovens .É co-autora a Coleção Saber Viver , publicada em São Paulo ,pela Editora FTD
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