terça-feira, 28 de novembro de 2017

DIA DO MÉDICO - RELAÇÃO DE CONFIANÇA





Dia  do  Médico 
Médicos  estão  entre  os  profissionais  de  maior  credibilidade  para  os  brasileiros  -
e  eles  se  esforçam  para merecer  tal  confiança 
No Brasil,  87% das pessoas confiam nos médicos, que estão em terceiro lugar  no ranking das profissões com mais credibilidade no mundo, segundo uma pesquisa de 2017 da consultoria Gfk que entrevistou 18 mil pessoas pelo mundo. E  médicos, professores e profissionais de saúde trabalham para esse índice crescer mais e continuarem merecendo essa confiança .
É o que diz o neurologista Afonso Carlos Neves, coordenador do setor de neurohumanidades e professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo ). Sobre quem ainda tem dificuldade em confiar em médicos, ele explica que geralmente são pessoas que passaram por uma experiência negativa com um profissional e que acabam perdendo a confiança em toda a classe médica.
Mas reconhece que a medicina  "se desumanizou - mas porque a sociedade como um todo se desumanizou. Hoje todo mundo tem pressa, então muitas vezes as pessoas querem uma consulta rápida: pegar uma receita ou pedido de exame e ir embora. Isso se reflete na prática dos médicos".
No entanto, ele afirma que as faculdades de medicina atualmente estão tendo o cuidado de ensinar para os alunos uma prática mais humanizada   que escuta o paciente e valoriza a consulta individualizada.
Para isso, é importante recuperar o valor do exame físico, no consultório. "Parece que fazer exames virou parte principal da medicina diagnóstica", pondera Neves. De acordo com ele, o comum deveria ser o profissional conversar com o paciente, esclarecer dúvidas, recuperar o histórico das familiar, examiná-lo com calma para só então pedir os exames complementares necessários.
A intenção disso, além de merecer a confiança dos pacientes, é garantir que estes estejam sendo tratados por inteiro, estejam envolvidos no processo referente à própria saúde. "O médico não pode ditar uma coisa e pronto."
Deve tomar decisões junto com o paciente e a família. Mesmo na hora de fazer um exame: o médico pode recomendar um que seja mais desagradável de fazer, mas não avisa o paciente como ele funciona, nem dá outras opções para escolherem, juntos, qual é a melhor.
Informação
Muitas vezes desconfiados, ou com dúvidas não resolvidas durante a consulta, os pacientes tentam resolver na internet suas questões de saúde.
Para Lincoln Lopes Ferreira, vice-presidente da AMB ( Associação Médica Brasileira  ), o fato de a informação estar disponível para todos é positivo. "Porém, a informação disponibilizada na internet é acrítica, enquanto a atividade médica é baseada na informação e na experiência, então um não se compara ao outro " , afirma.
Assim, pesquisar os sintomas na internet, como muitos fazem, não vai levar a um diagnóstico e o paciente ainda pode se deparar com informações incorretas e desenvolver medos sem necessidade. Daí a importância de ir ao médico e ter pelo menos um profissional de segurança, de qualquer área médica clínica, como o ginecologista - normalmente o profissional mais confiado pelas mulheres.
"Mas é benéfico que as pessoas confrontem o médico com a informação que encontram on-line e o profissional deve esclarecer e interpretar isso. Aliás, os médicos devem ser capacitados, para lidar com esse tipo de situação, porque esse é o paciente atual  - um paciente que pesquisa e quer saber mais sobre a própria saúde".
Fonte    -   Jornal   METRO    - RIO  DE   JANEIRO
18 de  outubro  de  2017   -  pág  08

Espante  os  seus  medos    dia  do :  a  oncologia  a  seu  favor   z
Coluna  Salus  Oncologia  Saúde e  Bem  - estar
No momento em que tanto se discute o câncer e seus novos tratamentos, é comum o oncologista clínico ser abordado no consultório e fora dele com perguntas que mostram preocupação, como: “Existe algum exame que possa fazer para saber se tenho ou se vou ter câncer ? “ ou “Minha família tem histórico de câncer, qual será meu risco ? “ e tantas outras, o que demonstra a insegurança de seguir orientação médica na realização de exames de rotina. Aí surgem perguntas como “Não quero descobrir que tenho câncer, então, para que fazer esses exames, doutor? “ O tema é bastante complexo, longo e merece uma discussão mais aprofundada, em alguns casos. Por meio de exames laboratoriais e clínicos, geralmente de execução rápida e sem causar sofrimento ao paciente, o médico é capaz de classificar se um paciente tem a suspeição para um diagnóstico de câncer, razão pela qual esses exames são chamados de exames de rastreio  ( screening ).  Importante ressaltar que a maioria desses exames de rastreio, ou preventivos, não diz se um indivíduo tem ou não o diagnóstico de câncer. Na verdade, ele permite identificar alterações ou condições anormais que levem o médico a prosseguir com uma investigação clínica, com exames mais apurados, com o intuito de chegar ao diagnóstico de lesões precursoras ou à detectação precoce do câncer, aumentando, assim, as chances de cura do paciente. Sabemos que o diagnóstico precoce é o principal fator de cura; quanto antes a doença for descoberta, melhor. Porém, descobrir quais exames farão diferença, em que grupo de pessoas eles devem ser aplicados, quando começar a fazê-los e quando deverão ser repetidos é um problema grande para o qual ainda não há uma resposta precisa. Tanto que esse assunto é tem a de inúmeras palestras e congressos médicos, bem como preocupação constante no âmbito da política de saúde pública mundial. Em termos  de população total, o exame ginecológico preventivo e a mamografia anual, o exame de próstata e a colonoscopia são comprovadamente eficazes no diagnóstico precoce de tumores. Sobre o exame ginecológico para a prevenção de neoplasias malignas do colo de útero, sabemos da associação destas com a infecção pelo HPV  e que, antes de desenvolver o tumor, a paciente apresenta lesões precursoras no colo do útero  que, se tratadas, não evoluirão para câncer. Além disso, mesmo se chega a câncer, o diagnóstico precoce pode levar a cura em 100 % dos casos. No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é que todas as mulheres façam a mamografia  a cada dois anos, dos 50 a 69 anos, o exame clínico, realizado por médico  , deve ocorrer anualmente  , a partir dos 40 anos  . Sobre os exames de screening para câncer colorretal, os principais são a colonoscopia, a retossigmoidoscopia e o sangue oculto nas fezes.
Poisso,  é  muitimportante  seguir  a  orientação  de  seu  médico  ou  mesmo  tirar as  dúvidas  com  um  especialista  como  o  oncologista  clínico  ,  mas  nunca  esquecer  que  manter  hábitos  saudáveis  pode  ter  o  impacto  mais  importante  na  prevenção  dessa doença  ,  que  se  chama  prevenção  primária.
Fonte    -  INFORME   PUBLICITÁRIO    -  COLUNA  SALUS  ONCOLOGIA  SAÚDE  E  BEM  -  ESTAR
Dra  Luciana  gerente  de  relacionamento ; Dr Gustavo Póvoa  diretor médico ; Dr
Henry  Najman  respinsável Técnico Médico

Bye Bye King






Em 1968, B. B. King foi contratado para fazer um show no Fillmore West, lendário palco do rock em San Francisco. Na boca, ainda tinha o gosto ruim de uma apresentação num clube sofisticado em Chicago, anos antes, em que fora apresentado de forma debochada pelo mestre de cerimônias, como se fosse uma atração de música caipira. Quando viu a multidão de “brancos cabeludos“ fazendo fila na frente do  Fillmore, o músico sentiu um frio na barriga e comentou com seu empresário: “Acho  que nos programaram no lugar errado“. Mas aí era tarde: o empresário Bill Graham já o apresentava o espaço: “Senhoras e senhores, trago para vocês o presidente do conselho, B. B. King !". “Aí todo mundo se levantou  , e eu chorei , recordou o músico, em entrevista à TV em 2003. “Foi o começo de tudo .”

O blues, tal qual se conhece hoje, teve em Riley B. King o seu grande embaixador  - e seu rei, título que já nasceu com ele, por causa do sobrenome. Juntando a música de tradição rural, do interior do Mississipi ( onde nasceu ) aos ritmos negros mais agitados das grandes cidades, o guitarrista e cantor formatou um estilo único, que foi além das fronteiras dos Estados Unidos. “Eu queria ligar minha guitarra às emoções das pessoas“, disse ele na autobiografia “B. B. King: uma vida de blues “ ( Editora Évora ), numa tentativa de explicar as penetrantes notas que arrancava de seu instrumento, cheias de um vibrato cintilante e reforçadas cenicamente por expressões de dor e angústia em sofridas canções como “ The thrill is gone “ – blues dobre amor e perda, composto por Roy Hawkins, que B.B.King gravou em 1969 e que se tornaria seu grande sucesso.

A influência do americano foi decisiva para alguns dos maiores guitarristas surgidos nos anos 1960  , como os ingleses Eric Clapton , John Mayall e Peter Green ( artífices de um movimento europeu de blues que acabaria por conquistar o mundo ) e os americanos Jimi Hendrix, Johnny Winter, Buddy Guy e Albert King. “Quero agradecer por toda a inspiração e apoio que ele me deu como músico", disse Clapton em vídeo postado no Facebook ( em 2000, ele gravou com o ídolo o álbum “Riding with the King“). “Não há mais tantos que consigam tocar da forma pura como B.B. conseguia. Ele foi um farol para todos nós que amávamos esse tipo de música“, concluiu.

B.B.King nasceu em 16 de setembro de 1925 em Berclair  , no Mississipi, filho de agricultores Albert e Nora Ella King. Depois de a mãe ter morrido e o pai ter se afastado dele, o garoto foi viver sozinho, sustentando-se com a colheita de algodão. Pelo rádio, em 1941 ouviu o blues do delta do Mississipi, aprendeu a tocar guitarra como autodidata e resolveu que ia viver de música. Cantando nas ruas e passando o chapéu em seguida, começou a ganhar mais dinheiro do que no campo. Em 1948, foi procurar trabalho como músico no Memphis  . A popularidade veio aos poucos  . Em 1951 já batizado de Blues Boy King ( alcunha bem sonora  , como Muddy Waters, Howlin‘ Wolf, Sonny Boy Williamson e de outros astros dos blues ), ele gravou a música “ Three o ‘clock blues “, que chegou ao primeiro lugar da parada de rhythm ‘n’blues “ e lá permaneceu por 15 semanas.

Com o sucesso B.B.King caiu na estrada – e nele permaneceu , até bem perto da morte . Em 1995  , uma estimativa dava conta de que  , até ali  , teria feito cerca de 14 mil shows ( uma média de 300 por ano ). Ele próprio, porém , celebrou o que seria seu show de número 10 mil, em 2006, com uma apresentação no B.B.King Blues Club & Grill de Nova York.


VÁRIAS  PASSAGEM  PELO  BRASIL

Numa de suas muitas turnês , surgiu o nome que, viria a batizar sua Gibson  ES- 355, e todas as guitarras que teria desde então  - Lucille. Com ela, apesar de manter-se fiel ao blues do delta do Mississipi, King buscou aproximação com outros estilos, fazendo experiências com big bands, r&b ( como na canção “ Into the night “, sucesso em 1985 na trilha do filme“ “Um romance muito perigoso “ ) e com o rock ( como em 1988, quando gravou com o U2 a canção “ When love comes town “ ) .

Rússia  , China  , Japão , a Europa inteira ... praticamente não houve lugar no planeta para onde B.B.King não tivesse levado seu show. E o Brasil, claro, não ficou de fora. Foram muitas as passagens pelo país a começar, por uma em 1980, no Festival Internacional de Jazz de São Paulo. Em 1986 durante uma turnê brasileira, ele acabou travando amizade com um de seus discípulos locais: o guitarrista  e cantor carioca Celso Blues Boy, morto em 2012.
Em 2004, em São Paulo durante outra de suas turnês pelo país, King cancelou uma folga e aceitou o convite feito por um conservatório para dar uma oficina musical a 30 de seus alunos. Ao grupo, misturaram-se nomes de destaque de música popular brasileira, como Jorge Bem Jor , Jair Rodrigue, Ângela Maria, Jair Oliveira e Paula Lima. “ Ele é uma escola para todos os guitarristas. "É o blueseiro do século XIX, do século XX e do século XXI“ , disse então  , Bem Jor.


Fonte         -           Jornal  O  GLOBO            pág 2   Segundo  Caderno

Sábado  , 16/05/2015       Sílvio  Essinger






100  anos  do  BIGODUDO  DALÍ 

Olha    !


Em 11 de maio de 1904, há 100 anos, nascia  Salvador Dalí, artista polêmico  do século 20, na cidade catalã de Figueres. O jeito maluquinho de ser, aquele bigode enorme  e a ganância foram suas marcas registradas. Dalí sonhou em ser cozinheiro, em seguida resolveu que seria Napoleão, mas quando pintou pela primeira vez, aos 6 anos, teve certeza de seu destino.

Uma série de eventos ao longo do ano tem procurado lembrar o centenário. Principalmente na Espanha. Além de mostras temporárias, é possível admirar Dalí em três instituições mantidas pela Fundação Gala - Salvador Dalí, na Catalunha, região apelidada Dailândia.

Em 1928 , influenciado pelo pintor catalão Joan Miró, Dalí mudou-se para Paris e aderiu ao movimento surrealista. Foi nessa época que conheceu Gala Eluard, que, além de ser a sua musa inspiradora, foi grande colaboradora.

Dalí trabalhou em parceria com o cineasta Luís Buñuel  em Um cão Andaluz ( 1928 ) e A Idade de Ouro ( 1930 ). Em 1931 pintou A Persistência da Memória, uma de suas mais famosas obras. No final da década de 30, Dali e Gala foram morar nos Estados Unidos por causa da 2ª Guerra Mundial. Lá se tornou uma celebridade aparecendo até em comerciais de TV. Quando retornaram à Espanha, 40 anos mais tarde, estavam doentes. Gala morreu dois anos depois. Desiludido, o pintor resolveu se enclausurar em seu Castelo de Pubol , em Figueres, de onde saiu só em 1984, após um incêndio que quase o matou. Os problemas de saúde agravaram-se, até que em 23 de janeiro de 1989, o artista morreu de insuficiência cardíaca e respiratória.


Fonte  -  Jornal  O  ESTADO  DE  SÃO PAULO    -    pág P 3

Sábado  , 15 de maio de 2004   - ESTADINHO





Guarnieri   não   falava português
 

Havia vários recados na secretária eletrônica. Dizer secretária eletrônica é confissão de idade ? Recados, hoje, são deixados na caixa postal do celular. Isso de caixa postal é uma coisa moderna e curiosa. Muitas vezes faço uma ligação e entra uma gravação avisando: “Este número está temporariamente desligado.“  Imagino que a pessoa não pagou a conta. Ou então: “Este número não existe. “ Errei na discagem ou a voz se enganou  ? Porque sei que o número existe, está na minha agenda. Sim, tenho agenda de papel! A voz também pode me avisar que o número está ocupado. A questão da voz telefônica impessoal ainda precisa ser analisada por fonoaudiólogos ou sociólogos. Como se produz a voz artificial  do computador  é coisa que me fascina. Claro, são vozes sem emoções. Mas as vozes públicas estão se despedindo das emoções. Veja os aeroportos. Sinto saudades da sensualidade que havia na voz de Íris Letieri que provocava arrepios nas salas de embarque. Falar de Íris Letieri é sinal de velhice  ? Há coisas inesquecíveis, momentos que permanecem, como a voz de Íris, as coxas de Lyris Castelani, os cabelos daquele comercial  : lembra-se da minha voz  ?

A voz da secretária era a de Cecília Thompson, amiga que atravessou comigo, desde os primeiros dias de minha chegada a esta cidade. Não são muitos os amigos cuja ligação permanece com o mesmo afeto ao longo dos 50 anos. A voz de Cecília era vaga e misteriosa. Ela sabe como usar um gancho, despertar a curiosidade. Viveu no teatro e no cinema, foi mulher do Gianfrancesco Guarnieri, seus filhos são atores. Ela me acenou: “Decidida a dar uma reformulada na casa  , encontrei coisas que poderiam fazer a felicidade dos amigos. Uma delas, menina dos olhos do Guarnieri, comprada pelo pai dele em 1934  , tem a sua cara, é sua. Me telefone. “

Acabei levando dias para telefonar por causa da chuva  , por causa do trânsito  , por causa do preço do sorvete. Esquibon. Já prestaram atenção nas desculpas que inventamos pelas nossas displicências  ? Cecília atendeu  , não quis dizer o que era  . Pediu o endereço e foi educada  : “ Se não quiser  , não gostar  , se não tiver, pode devolver, tenho uma fila de amigos querendo. “Riu com ironia. Eu disse que iria buscar, ela foi polida: “Presente a gente manda, entrega em mãos. “ Coisas de tempos antigos  , quando a cortesia existia  . No dia seguinte chegou uma maleta de viagem, pesada.

Dentro, uma coleção completa do Thesouro da Juventude, com 18 volumes azuisThesouro com th mesmo  . A infância retornou e com ela o deslumbramento que o Tesouro ( tiremos o H) provocava em minha geração. Era o correspondente ao Fantástico, ao History Channel, ao Ra – Tim – Bum  , ao Globo Repórter. De tudo um pouco. Só meninos melhor situados, ($$$$) tinham a coleção. Como os filhos  de Alzira Malkomes, vizinha na frente da minha casa. Ah, as coisas da vida!  Passaram-se décadas e os meninos da dona Alzira mergulharam no passado, perdi os três de vista. Eram célebres na rua porque, no fim da tarde, quando as mães se colocavam nos portões a chamar os filhos para o banho e o jantar, se ouvia a voz dela chamando o Zinho, o Tarso e o Kiko. A ordem em que ela colocava os filhos nos encantava: Kiko , Zinho , Tarso ! Devo aos Malkomes instantes iluminados da meninice  .

Por causa do Tesouro, enquanto a molecada ia para a rua, à noite, eu me pendurava no Livro da Terra, da Natureza, da Nossa Vida, nas Cousas Que Devemos Saber, nos Homens e Mulheres Célebres ( daí a paixão por biografias ? ) nas Cousas Que Podemos Fazer, no Livro das Belas Ações ( uma delas era sobre Lady Godiva  e, para mim, a boa ação dela era ter se mostrado nua às pessoas, que beleza ! ) e outras seções. Nenhuma mais procurada que o Livro dos Porquês: Por que crescem as árvores até certa altura e depois param de crescer  ? Caem realmente as estrelas  ?  Por que balançamos os braços quando amamos  ?  Questões fundamentais, o que seria de nós sem tais conhecimentos ?

Nunca meu pai teve dinheiro para nos dar um Tesouro. Lemos os dos outros, em conta – gotas. Era até mais excitante. O tempo passou. Quando tinha 50 anos, uma leitora nos enviou uma coleção  dos livros. Mandei restaurar com carinho. Dez anos depois, outra leitora me enviava nova coleçãoAgora, eram duas. Para meus filhos  ? Ou para Ou para meus netos  ? Então, me chega esta, a que foi do Francesco Guarnieri, amigo que percorreu estrada paralela. Confesso , é a mais preciosa de todas. Quando ela chegou  , tomei uma decisão  : fico com o do Guarnieri  , as outras vão para meus irmãos  , Luiz e João  , que lamberam os beiços pelo Tesouro e nunca tiveram. Ele nos levará  , sem nostalgias  , mas com encantamento à infância, ao nosso pai, à generosidade de Alzira Makomes e seus filhos, a um mundo perdido, ingênuo que nos levava a perguntar: por que balançamos os braços  ? O Tesouro,   hoje, perguntaria: Por que as vozes computadorizadas dos telefones são tão chatas  ?

Cecília Thompson me revelou que deu um dos volumes do Tesouro para um dos netos ler. O menino leu uma página, leu duas, prestou atenção na ortografia de 1934, viu escrito cousas, rachíticas, egualmente, affetar, apparecem, amarello, cahir, e por aí adiante. Cecília explicou: seu avô aprendeu muito nesses livros. O neto abriu os olhos, espantados. Vovô falava português?


Fonte     -        Jornal        -             O  ESTADO  DE  SÃO  PAULO    D 16     CADERNO    2

Sexta -feira  , 30 de março de 2007                  IGNÁCIO  DE  LOYOLA  BRANDÃO


AS CONFISSÕES DE JACQUELINE KENNEDY





Mundo

DUBLIN  - Uma das maiores personalidades da segunda metade do século XX, e também uma das mais ensimesmadas e arredias em entrevistas, Jacqueline Kennedy Onassis tem agora um dos períodos mais importantes de sua vida revelado em cartas que escreveu entre 1950 e 1964  a um padre irlandês.  Trechos da correspondência, publicados pelo jornal “The Irish Times , revelam muito da vida privada de Jackie, como o namoro com um corretor de imóveis  na juventude, suas impressões sobre a vida junto ao poder, a angústia após o assassinato do marido John Kennedy , o mais popular presidente da História americana, e até o temor à traição conjugal: “De certa forma, ele é como meu pai  - ama caçar e fica entediado com a conquista - e uma vez casado, precisa provar que ainda continua atraente, flertando com outra mulher e ressentindo-se com você. Eu vi como isso quase matou mamãe.

Jackie Kennedy conheceu o padre Joseph Leonard em 1950, durante uma viagem à Irlanda, após um ano estudando na Universidade de Sorbonne em Paris, e pouco antes de retornar aos EUA. Logo cresceu uma forte amizade, e Jacqueline atribuiu ao padre, que tinha 73 anos na época a retomada de seu interesse pela fé católica quando lhe escreveu, já nos EUA: “Eu quero muito ser uma boa católica agora, e sei que isto é por sua causa que me deu um rosário quando parti da Irlanda.


REAPROXIMAÇÃO  DA  IGREJA


Em contraste com a experiência obtida com padres americanos, com os quais se confessara e que a aconselharam com “um monte de frases banais, que deixam você com raiva, irritada e mais distante do que nunca da Igreja“, ela revela nas cartas a intimidade criada com o padre. “Alguém que ama tudo o que eu amo – com quem você pode se DIVERTIR, que leva você ao teatro tão naturalmente quanto à missa – aquele com quem se pode falar sobre qualquer coisa do mundo sem chocar e que tem toda a vida construída e baseada no amor, e não do medo“.

Desde o início as 33 cartas, em um total de 130 páginas, a maioria escrita à mão  - e que vão ser leiloadas no próximo dia 10 de junho  - têm um tom confessional, quase como um diário. Numa delas, no auge do romantismo dos seus 22 anos, a jovem Jacqueline Le Bouvier  - nascida em Nova York, filha de uma rica família, com mãe de raízes irlandesas e pai com linhagem francesa  - escreve ao padre Leonard sobre seu primeiro, e rápido, namoro sério. Em janeiro de 1952, começa um romance com o corretor de imóveis nova-iorquino John Husted: "Estou perdidamente apaixonada  - pela primeira vez  - e eu quero casar. E EU SEI que vou casar com esse garoto. “O noivado chegou a ser anunciado no New York Times. Mas Jackie rompeu a relação em março, e em outra carta prometeu  ao padre: “Da próxima vez  , vai dar TUDO CERTO e terá um final feliz".

A previsão não tardou a se concretizar. Em julho de 1952, Jacqueline envia nova carta à Irlanda: "Acho que estou amando - eu acho que vai interessar a você - John Kennedy  - ele é o filho do embaixador na Inglaterra - o segundo filho - o primeiro foi morto. Ele tem 35 anos e é congressista  . " Nas correspondências seguintes  , ela comenta as primeiras impressões que teve de JFK, que foi "uma visão surpreendente sobre os políticos  - eles são realmente uma raça à parte. Eu fico pensando sobre o que Byron disse"o amor do homem é uma coisa a parte na vida dele  -é toda a existência da mulher" . Após se casar, com o futuro presidente dos EUA, em 1953, Jackie manifesta uma certa preocupação com o marido, e conta ao padre, como John Kennedy, uma estrela em ascensão da política americana, estava consumido pela ambição, "como Macbeth". Entretanto, um ano depois, escreveu: Estou amando estar casada muito mais agora do que no começo".


FRUSTRAÇÃO  COM  DEUS  POR  ASSASSINATO


Em 1961, Jacqueline Bouvier Kennedy tornou-se primeira-dama dos Estados Unidos. Mas em 1963, ela entrava para a História como a mais famosa viúva de um presidente americano, após o assassinato de John Kennedy, baleado na cabeça num desfile em carro aberto em Dallas, no Texas. na última carta ao padre irlandês em 1964, ela desabafava: "Eu sinto todos os dias, cruelmente, o que eu perdi - preferia ter perdido minha vida a perder Jack ( apelido de JFK  )". E continua: "Estou tentando fazer minha paz com Deus". Como escreveria mais adiante, Jackie dizia que "Deus vai ter algumas explicações a dar quando eu encontrar com Ele". Ainda assim, ela se apoiava na fé, quando dizia que "tinha que pensar que existia um Deus  - ou não terei chance de encontrar Jack de novo".

Profundamente zelosa com sua privacidade, e superprotetora com família Jacqueline Kennedy nunca permitiu a publicação de uma biografia, ou escreveu as memórias. De acordo com a avaliação dos leiloeiros, as cerca de 30 cartas devem ser arrematadas por mais de 1 milhão de euros ( mais de R$ 3 milhões ). Um ano depois de perder o marido, Jackie Kennedy perderia também seu confessor: aos 87 anos, o padre Joseph Leonard viria a morrer no outono de 1964.


Joseph  Leonard 

Além  de  confidente  de  Jacqueline  Kennedy, o padre  Joseph Leonard  também  foi  capelão  do  Exército  Britânico  na  Primeira  Guerra  Mundial  -  experiência  que  o  levou  a  ser  condecorado,  mas  que  também  o  deixou  parcialmente  surdo. Com  bom  trânsito na  alta  sociedade  irlandesa, conheceu.  Jacqueline  ainda  solteira, em  1950. Só  voltou  a  conversar  com ela pessoalmente  em  1955, quando John Kennedy  visitava  a  Irlanda  ainda  como senador. O sacerdote  morreu  em  1964,  aos  87  anos.


Fonte   -  Jornal     -    O  GLOBO          pág  26

  Edição  - Quarta-feira, 14/05/2014     MUNDO