quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O Nascimento de Jesus




Jesus foi tão importante para a História, que dividiu o calendário: antes e depois dele. Por isso contamos os anos a partir de seu nascimento, nos dois sentidos do tempo linear.
Augusto  César, por exemplo, nasceu no ano 63.a.C (antes de Cristo), e  morreu em 14 d.C. (depois de Cristo). Usa-se, também, no segundo caso, a abreviatura a.D do latim anno Domini ( no ano do Senhor ).

Desconhece-se o dia exato do nascimento de Jesus.

No século IV as autoridades religiosas optaram por 25 de dezembro, que marcava o início das festas populares da primavera, a suceder o inverno.
Em boa lógica, sob o ponto de vista humano, Jesus deveria ter nascido filho do imperador  romano. Assim desfrutaria do necessário poder para o desempenho da grandiosa missão, impondo sua mensagem aos homens. Nada disso aconteceu. Jesus preferiu nascer numa das mais obscuras províncias do império, à distância do poder, filho de humilde carpinteiro. Situou-se  tão longe de Roma, palco dos acontecimentos marcantes da  época, que a História praticamente ignorou.
Por que semelhante escolha  ? Para entender isso, consideremos o fato fundamental que distingue Jesus dos líderes religiosos em geral: ele foi o único que, em lado as circunstâncias, exemplificou sua mensagem. Viveu seus ensinamentos.
Contemplamos assombrados, na vida dos grandes religiosos, fundadores de religiões, flagrantes contradições entre os que pregavam e a realidade de seu dia a dia. A mensagem que traziam parecia maior que eles, incapazes de superar as limitações de seu tempo. Pesava em seus ombros.
Com Jesus foi diferente. Ele foi tão grande quanto sua mensagem e a vivenciou inteiramente. Ensinava que os homens são todos irmãos, filhos do mesmo Deus, pai de amor e misericórdia. Por isso não discriminava ninguém, nem recusava a convivência com a chamada gente de má vida, proclamando que os sãos não precisam de médico.
Ensinava que devemos fazer ao próximo o bem como gostaríamos nos fosse feito, e passou  seu apostolado a atender necessitados de todos os matizes, curando enfermos do corpo e da alma.
Recomendava que devemos perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, sempre, e jamais asilou ressentimentos ou mágoas, mesmo contra os piores adversários. Culminou por perdoar seus algozes na cruz.
E ao retornar à convivência dos discípulos, na gloriosa materialização, longe de admoestá-los por tê-lo abandonado no momento extremo, simplesmente os saudou com carinho de sempre – a paz esteja convosco, convocando-os depois à gloriosa disseminação de seus princípios.
Empenhado em demonstrar, desde o primeiro momento, que o caminho para Deus passa pelo despojamento dos interesses humanos, das ambições, do comprometimento com o poder e com a riqueza, preferiu nascer filho de um humilde carpinteiro, no seio de um povo sem expressão no contexto de Roma.
Exemplificava, assim uma lição ainda não assimilada pela Humanidade: o valor de um homem não pode ser medido por sua origem, por sua profissão, pelo dinheiro, pela posição social, pelo poder que acumula, mas pelo seu empenho em contribuir para a harmonia e o bem-estar da sociedade em que vive, seja ele o presidente da república ou o mais humilde trabalhador braçal.
Por isso, em qualquer tempo , sempre que nos detivermos na apreciação do nascimento de Jesus, não importa saber se ele nasceu em Belém ou Nazaré  ; se foi no ano um ou antes  ; se em dezembro ou noutro mês.
Devemos avaliar, isto sim, se já iniciamos uma nova contagem do tempo em nossa vida. Se já podemos comemorar o anno Domini, aquele ano decisivo do nascimento de Jesus em nossos corações.
É fácil saber. Considerando que sua mensagem sintetiza-se no espírito de serviço em favor do bem comum, basta avaliar quanto de nosso tempo fazemos um tempo de servir.

Fonte   -   Jornal    GAZETA  DE  PINHEIROS    GRUPO1.COM.BR
20  de  dezembro  de  2013    - Richard  Simonetti

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