Autores do hino:
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva
Quando começa a cantar o Hino Nacional, você já parou para pensar nas nas três primeiras palavras dessa canção patriótica? Afinal, a quem se refere a frase “ouviram do Ipiranga“?
Durante muito tempo, houve quem defendesse a tese de que a flexão verbal “ouviram“ indicava uma indeterminação, ou seja, não se nomeava o agente da ação verbal.
Como se fosse: “Disseram que ela não vem hoje.“ Repare que não se explica a que pessoa ou pessoas o disseram refere. Igualmente: “Tocaram a campainha.“ Depois é que se vai ver quem fez a campainha soar.
Esse conceito, aplicado ao Hino, resultava nesta estrutura vocabular: “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas …" Isto é , não se explicava quem, ouviu alguma coisa “às margens plácidas do Ipiranga “, à beira do riacho.
As interpretações mais recentes, porém, transformam “as margens plácidas do Ipiranga“ no sujeito da oração, no termo a que o verbo se refere. Colocando-se as palavras iniciais do hino na ordem direta, fica: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico…“
Esse uso da ordem indireta era comum no começo do século passado, quando Joaquim Osório Duque Estrada criou os versos depois oficializados como a letra do Hino. Não se pode negar , no entanto, que esse deslocamento das palavras da sua posição real em muitos casos dificulta o entendimento do sentido das frases.
Veja um exemplo: “Do que a Terra mais garrida teus risonhos , lindos campos têm mais flores . " Na ordem direta, a frase torna-se bem mais clara: Teus risonhos , lindos campos têm mais flores do que a terra mais garrida".
É conveniente também compreender o que se canta. Por isso, você sabe o que é uma terra garrida? É uma terra que tem graça, que atrai a atenção. E o impávido colosso ? É um colosso destemido. Mas o que ressalta no Hino é o grande número de palavras ligadas à noção de brilho de magnificência, como fúlgidos, resplandece, vívido, florão, fulguras, etc. Bem de acordo com a ideia de esplendor comum na época.
Fonte - Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO - pág P7
Sábado, 4 de setembro de 2004 - em palavra - Estadinho
Eduardo Martins é jornalista , autor Manual de Redação e Estilo de Resumo
de uma série de seis Resumos língua portuguesa
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