Novo estudo com mamíferos marinhos mortos na costa da Grã Bretanha mostra que todos os animais haviam ingerido micro plásticos. Os pesquisadores analisaram o sistema digestivo de 50 bichos de 10 espécies de golfinhos, focas e baleias.
O relatório da análise, publicado na Scientific Reports , mostra que pedaços de plásticos com menos de 5 milímetros de comprimento foram encontrados em todos eles. Geralmente , o maior número foi registrado nos estômagos desses animais .
“É chocante , mas não surpreendente , que todos os animais tenham ingerido micro plástico“ ,comentou Sarah Nelms , em comunicado . “O número de partículas em cada animal foi relativamente baixo . Uma média de 5,5 partículas por bicho , sugerindo que o plástico eventualmente passa pelo sistema digestivo ou é regurgitado “ .
A maioria das partículas era fibras sintéticas que vêm de roupas , redes de pesca , escovas de dente e outros produtos feitos de náilon. Outros fragmentos quebrados vinham de pedaços maiores , como embalagens de alimentos e garrafas plásticas .
Restos de plástico são encontrados até mesmo em fezes humanas . No geral , os animais morreram de várias causas . Embora os pesquisadores observem que alguns morreram de doenças infecciosas , eles não podem “ tirar conclusões firmes sobre o significado biológico “ da presença de micro plásticos .
Os mamíferos marinhos são bons sentinelas de como os humanos impactam o meio ambiente . Um estudo de 2018 descobriu que os micro plásticos estão crescendo na dieta alimentar marinha – desde pequenos animais , como caranguejos e mexilhões , até espécies predadoras , como focas e baleias – por meio do processo da transferência trófica .
Cientistas afirmaram ter encontrado micro plásticos em quase todas as espécies de animais marinhos observados , “ desde pequenos zooplâncton até ictioplânctons , tartarugas , golfinhos , focas e baleias .
“ Esta pesquisa fornece mais evidências de que precisamos ajudar a reduzir a quantidade de resíduos plásticos liberados em nossos mares e manter oceanos limpos , saudáveis e produtivos para as gerações futuras “ , disse Penelope Lindeque , chefe do grupo de pesquisa Marine Plasticsno Laboratório Plymouth Marine , no Reino Unido .
A comunidade científica ainda não está certa sobre os efeitos que os plásticos – e os produtos químicos contidos neles – têm sobre os animais . Análises anteriores indicaram que os mamíferos marinhos que confundem microplásticos com alimentos têm um risco muito maior de morte .
Fonte - Jornal NOSSO BAIRRO pág 6
Fevereiro / 2019 - EM DESTAQUE - MEIO AMBIENTE
Livre-se do excesso de agrotóxico
A população brasileira consome muito agrotóxico, segundo dados de um relatório de 2015 do Instituto Nacional do Câncer ( Inca ) , cerca de 70% dos alimentos que vão à mesa têm aditivos químicos . Por ano , bebemos um galão de 5,2 litros deles . Evitá-los por completo é difícil . Contudo , é possível identificar a presença excessiva e retirá-la da parte mais externa da fruta , do legume ou da verdura .
Como evitar em parte , os aditivos
. Cabinhos das frutas
A presença de uma substância clara , um pozinho branco , no cabinho ( pedúnculo ) da fruta é sinal de agrotóxico em excesso . Isso é fácil de ver no mamão e na banana , mas o ideal é remover o pedúnculo antes de consumir .
. Produtos da estação
Prefira os produtos cultivados a seu tempo , respeitando a época de plantio e colheita , e que não precisam de tanta ajuda química para se desenvolver . Desconfie de frutos grandes e vistosos fora desse período . Evite também os transgênicos , porque recebe mais agrotóxicos .
. Perfeição não existe
Um alimento impecável , sem manchinha , defeito ou irregularidade , tende a estar cheio de química usada para " proteger " . " Em geral , são maiores e mais bonitos que os orgânicos " , explica a nutricionista Márcia Xavier Santos , professora de nutrição de Faculdade Santa Marcelina .
. Limpeza
Lave as frutas ,legumes e verduras em água corrente e deixe-os de molho em vinagre,
cloro ou água sanitária . A dica é boa para matar as bactérias e remover o excesso de alguns tipos de agrotóxico . A recomendação é mergulhar o que tiver casca em uma mistura de 1 litro de água e uma colher de cloro ou água sanitária por 15 ou 20 minutos . No caso das verduras , o agrônomo Renato Tratch , professor da PUC -PR , aconselha de 50 ml a 100 ml de vinagre de maçã na água .
. Intervalo de segurança
Esperar ao menos dois dias desde a colheita , antes de ingerir , é bom para evitar que o alimento seja consumido com aditivos químicos recém-aplicados . " O morango é colhido no máximo a cada três dias , mas às vezes a fruta vai para o supermercado antes do que deveria " , afirma Tratch . Se o ingrediente começa a enrugar ou ficar machucado , é sinal de que o agrotóxico está perdendo o efeito . " Quando a banana pintar , é bom comer " .
. Cozinhar , ferver , assar
Altas temperaturas quebram as moléculas dos aditivos químicos e diminuem seu potencial danoso por dentro e por fora do ingrediente .
. Devo comer a casca ?
A casca é nutritiva , mas retém muito agrotóxico . De forma geral , recodomenda-se retirar . No entanto , muitas vezes , o veneno penetra tanto na fruta que remover a pele não faz diferença .
. A cera da maçã
Maçãs brasileiras não recebem nenhuma aplicação de cera prejudicial , proibida pelo Ministério da Agricultura , explica Lucimara Antoniolli , engenheira agrônoma e pesquisadora em tecnologia pós-colheita na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ( Embrapa ) . O produto usado no País , sobretudo nos frutos cítricos , atribui brilho , sim , mas é inofensivo . Comestível , ele serve principalmente para reter a perda de água e conservar o alimento . Sua base é a carnaúba ou a própria cera de abelha .
Fonte - Jornal ESTADÃO - Shopping - pág 4
São Paulo , sexta-feira , 7 de outubro de 2018 - BEM - ESTAR
A domesticação da Amazônia
Paisagem da floresta atual mostra ambiente alterado pelos povos antigos da região, sustentam pesquisadores do Brasil , da Europa e dos estados Unidos , em artigo científico publicado neste mês.
A paisagem da Amazônia - que se pretende preservar como um ícone da natureza intocada - foi profundamente influenciada pelos humanos que habitaram a região desde 2 mil anos atrás. Essa é a principal conclusão apresentada no artigo de revista publicado na edição deste mês da revista Proccedings of the Royal Society B , editada no Reino Unido , intitulado " The domestical of Amazonas before European conquest " . Entre os autores , inclui-se o arqueólogo Eduardo Góes Neves , professor do Museu de Arqueologia e Etnologia ( MAE ) da USP .
O texto compila dados levantados nas últimas duas décadas para explicar por que a ocorrência de uma variedade de espécies de plantas úteis aos seres humanos e de um tipo de solo conhecido como " terras pretas de índio " nos sítios arqueológicos é considerada uma forte indicação de que as sociedades da Amazônia antiga intervieram no ambiente em que viveram . Assim , muitas seções da floresta tidas como intocadas foram domesticadas por ancestrais dos atuais povos tupis , aruaques e karibs e de grupos menores , como os panos e os tukanos .
De acordo com a revisão , as intervenções na floresta permitem estimar uma população de 8 a 10 milhões de pessoas vivendo na região na época em que Cristóvão Colombo chegou à América. A população antiga da Amazônia se dividia em grupos com modos de vida e arranjos políticos variados . Essas sociedades teriam desaparecido devido a doenças trazidas pelos europeus e à pressão exercida pela conquista .
O artigo é importante contribuir para o debate internacional travado entre arqueólogos e ecólogos sobre a ocupação da Amazônia . " Essa revisão traz para um público principalmente de língua inglesa e que não lê português informações para ele desconhecidas , mas que já circulam há anos na comunidade de arqueólogos e antropólogos que trabalham na Amazônia " , diz Eduardo Góes Neves . As conclusões acompanham a tendência predominante entre arqueólogos , mas despertam controvérsia entre ecólogos , particularmente dos Estados Unidos e da Europa . Os ecólogos veem com ressalvas a ideia de que populações anteriores à conquista europeia produziram alterações em escala continental na paisagem amazônica .
Castanha do pará - Além de Neves , assinam o trabalho pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia ( Impa ) da Embrapa Solos , do Departamento de Geografia da Universidade de Wisconsin , do Departamento de Antropologia da Universidade da Flórida, do Departamento de Geografia da Universidade do Kansas - as três nos Estados Unidos - e da Universidade de Wageningen , na Holanda . O artigo se divide em seis seções . Quatro delas se dedicam à revisão temática da literatura sobre a ocupação pretérita da Amazônia .
Os autores afirmam que a Amazônia é um centro de domesticação de espécies de plantas . Quando os europeus chegaram à América , ao menos 83 espécies nativas já haviam sido domesticadas em algum grau . Outras 55 espécies eram cultivadas na região que vai do sul do México até a Patagônia . Um caso especial é o da castanha-do-pará . "É comum encontrar castanheiras em sítios arqueológicos. Os dados mostram que uma castanheira pode viver 500 anos , ou até mais , e sabemos que só humanos e cotias dispersam castanhas . Além disso , uma castanheira jovem , para se desenvolver , tem que ser plantada em um lugar onde receba bastante sol . Por isso , nossa hipótese é que a distribuição atual das castanheiras , que tem uma escala quase continental na Amazônia , resulta de práticas de manejo de populações indígenas do passado " , explica o professor do MAE .
Quando arqueólogos falam em domesticação , querem dizer que os povos antigos da Amazônia selecionaram aquelas plantas que melhor atenderam às suas necessidades . Nesse processo , a espécie domesticada se torna geneticamente distinta das suas ancestrais . Sabe-se que há gente vivendo na região há pelo menos 11 mil anos , e é provável que seja dessa época o início das estratégias de seleção , embora a transição das sociedades amazônicas para sistemas agrícolas só tenha começado 7 mil anos depois . A mandioca , a batat-doce , o cacau , o tabaco , o abacaxi e as pimentas foram alguns dos vegetais domesticados .
Sempre segundo o artigo, pequenos grupos de coletores e fazendeiros das grandes aldeias deixaram rastros na vegetação que ainda podem ser ser percebidos.
Fonte - JORNAL DA USP - pág 12 - CULTURA - ARQUEOLOGIA
De 17 a 23 de agosto de 2015 - Silvana Sales ( Núcleo de Divulgação Científica da USP)
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