Editorial
Mensagem do Pároco
No Natal aparece com clareza a lógica de Deus . Muitos de nós estamos convencidos de que o poder do mal pode ser vencido somente usando as mesmas armas: o dinheiro, a mentira , a corrupção. Julgamos que a violência pode ser eliminada somente com uma violência maior e que uma guerra se possa terminar mediante outra guerra .
O Natal mostra-nos um Deus que escolhe a pobreza e a fraqueza, nos ensina a não mais acreditar na lógica da força, lógica que também nós, cristãos, sempre somos tentados a aceitar.
Todos os anos celebra-se aniversários de pessoas ilustres em todo o mundo. Porém, celebrar o aniversário de Jesus é diferente , porque nós o atualizamos e não somente o recordarmos. Celebrar na fé os acontecimentos salvadores de Deus é fazê-los presentes aqui e agora ´para os cristãos de hoje. Apesar do pessimismo sobre o ser humano e de tudo o que há de degradante em nosso mundo, apesar de tudo, há esperança para o ser humano , porque Deus assumiu nossa humanidade , continua a acreditar que somos capazes de refazer a nossa história cada dia transformando-a em nova e melhor .
Diante da proximidade do Natal , a tarefa mais urgente a executar é converter-nos. Para entrar devidamente no clima da festa precisamos começar mudando corações, mentalidade e conduta .
Um santo e Feliz Natal a todos !
Fonte - NOSSA SENHORA DA PAZ Informa ( folheto ) pág 2
Dezembro , 2017 - Pe. Manuel
Fé e Cidadania
O Natal em um ano de ressentimentos
Neste ano, no Brasil, a polarização, o uso e o abuso das redes sociais e as fake news, que marcaram as eleições, criaram inimizades, dividiram famílias e cegaram perto do insuportável.
Como em vários países, também aqui a política vem sendo dominada pelo ressentimento. Diante das mazelas da política e da ida pública, que parecem não reconhecer nem a dignidade nem os valores das pessoas, cresce o sentimento de frustração e de impotência , que vai se desenvolvendo como raiva e rancor . As decisões políticas e as escolhas eleitorais não são mais tomadas a partir da procura do melhor para si e para os demais , mas em função do ressentimento.
Esse sentimento funciona como óculos que distorcem nossa visão da realidade. Os fatos continuaram ali, a verdade não deixa de ser verdade , a mentira continua mentira , mas a dimensão dos acontecimentos é falseada . O pequeno parece grande e o grande parece pequeno , o que está próximo se afasta e o que está longe se aproxima .
Eleitores que procuram os melhores candidatos hostilizam-se entre si , enquanto homens públicos inconsequentes continuam a agir impunemente .
Indivíduos violentos ou ideológicos , demagogos que procuram enganar o povo , existem com certeza – e devem ser combatidos com firmeza . Mas , num mundo de ressentimentos, as vítimas se tornam culpadas, e os verdadeiros culpados escapam impunes, manipulando a frustração e a raiva dos demais .
Segundo o Papa Francisco , quando “ preferimos o ressentimento , o rancor “ , ganhamos “ um coração amargo" ( Meditação matutina , 11 de dezembro de 2017 ), pois a dor em consequência dos nossos pecados e daqueles de nossos irmãos é cristã ,mas o ressentimento não ( cf. Meditação matutina , 13 de fevereiro de 2017 ) .
Na mensagem ao povo brasileiro , para a Campanha da Fraternidade de 2018 , o Papa escreveu: “Deixar de lado o ressentimento , a raiva , a violência e a vingança são condições necessárias para se viver como irmãos e irmãs a superar a violência . Acolhamos , pois , a exortação do Apóstolo: ‘Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento' ( Ef 4,26 )".
O crescimento da política do ressentimento ao redor do mundo aponta para os limites das propostas multiculturalistas ,das políticas afirmativas e de inclusão social. Suas raízes são justas : reconhecer os direitos do diferente , apoiar os fracos e os injustiçados ao longo da história, favorecer a convivência entre pessoas e povos . Muitas coisas boas vieram dessas propostas , mas elas têm limites : favoreceram uns , mas não contemplaram outros ; defenderam a tolerância , mas não geraram encontros verdadeiros; quiseram educar para a paz, mas não souberam educar para o amor verdadeiro.
O ressentimento só pode ser superado pelo perdão e a acolhida que criam as condições para descobrirmos e aceitarmos os erros uns dos outros, sem nos escandalizarmos, mas procurando todos juntos mudar para melhor.
A festa do Natal é justamente a celebração do dom gratuito de Deus que vem ao nosso encontro . Não é à toa que é a grande festa da confraternização universal . Ao receber um dom de amor, tornamos mais capazes de amar e acolher nossos irmãos . Mesmo a exploração consumista e comercial do Natal não conseguiu eliminar esse caráter original da festa cristã .
Não desperdicemos essa oportunidade, tão necessária a todos os brasileiros depois deste ano tão difícil.
Fonte - Jornal O SÃO PAULO - Fé e Cidadania - pág 5
12 a 17 de dezembro de 2018 - FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO
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