Duplas  marcam  a  hiitória  do  clássico

CONFRONTO  ALVINEGRO

Corinthians e  Santos  caracterizam-se  pela  presença  dos  "compadres da  bola"

Pesadelo para qualquer defesa. Encantamento para qualquer torcedor . As  duplas sempre deram um  toque refinado e descontraído aos  times de  futebol , sobretudo 

no  Brasil ,onde a prática do esporte valoriza  habilidadade e troca de  passes. Coincidência ou não,a  história do  Corinthians e  Santos,os dois  clubes paulistas que hoje decidem o destino da  taça de  campeão  brasileiro, sempre foi marcada pela presença dos " compadres " da bola .

Pelos lados da Baixada , os nostágicos torcedores deliram , enquanto os  rivais se contorcem de  inveja ( a saudável , é claro ) , com a arte - e aí no sentido de traves -

sura também- das duas maiores revelações do ano : o meia Diego e o atacante  Ro-binho .

É aquela  velha  história . Quando a fase é boa, parece que a comparação com o time que  encantou o  mundo na  final da  década de 50 e durante de 60 se torna inevitável.    Claro , sempre lembrando o tradicional adendo  " guardadas as  devidas  proporções ".

Peculariedades de quem já foi o melhor do  mundo. Então, para não fugir à regra ,que

tal lembrar  Pelé e  Coutinho ? O próprio   "Rei" .

Nas  alamedas do  Parque São  Jorge , a dupla mais lembrada , principalmente entre os torcrdores que estão que estão na faixa dos 30 aos 40 anos, é Sócrates e Casagrande .

Juntos , além do bicampeonato  paulista de  l928/1983 , protoganizaram o  marcante período político do clube ; a  Democracia  Corintiana ". Hoje , a  fama deixou de lado o  meio-campo . O lateral  Kleber e  o atacante  Gil são responsáveis pelo  setor do time mais eficaz durante a temporada do  lado  esquerdo .Tanto é que, na primeira partida da decisão ( derrota por 2 a 0 ), quando foram anulados , a equipe parecia não ter entrado no campo .

União - E qual deria o segredo que estaria por trás do sucesso dessas  parcerias ? Explicações existem várias , mas ao analisar o  contexto e ouvir as  personagens , percebe-se que um detalhe está sempre presente a cumplicidade. O relacionamento precisa, necessariamente , ser intenso dentroe fora de campo.Nos quatro casos citados , a proximidade entre os jogadores envolvidos era, e é , total.

Se  Pelé e  Coutinho jogavam  sinuca nas horas vagas. Diego e Robinho são mais  modernos . Vão de videogame mesmo.Entregam-se durante horas ao " Winning11 ".

Que tipo de jogo é esse ! Portanto não desconfiem quando algum deles disser que 

futebol é  uma  diversão. Não se trata de  força de  expressão.Estão  juntos   até  na  ausência.Leão poupou ambos do trino de quinta-feira. Diante do tipo de  entreteni -

mentopreferido dos dois , dá para imaginar o que ficaram fazendo na  folga.

Já entre  Gil e Kleber fica complicado manter uma proximidade tão intensa quanto a de Sócrates e Casagrande . E , segundo o atacante , a culpa é do companheiro , com quem joga desde as divisões de base . " O Kleber é meio quietão . Ele só se solta quando está entre pessoas conhecidas . Aí adora contar e ouvir piadas " , afirmou. Mas tem um detalhe que acabou afastando um pouco a dupla fora do campo . " O Kleber já está casado . E eu é que não vou fiucar segurando vela, né! " 

Dicas - Mas é poissível formar uma dupla apenas com trinamento e planejamento ? Casagrande, com seu jeitão  simpático, desengoçado , humilde e raçudo , é taxativo . " Não .É algo que acontece naturalmente , pois não basta serem bons jogadores . Precisa haver sintonia de personalidade . " Ele que o diga .  Ao lado de Sócrates , era visto tabelando dentro de gramados e cutindo atividades mais socias ,como shows de rockn'roll. E aconfiança é tanta no que diz que arrisca é tanta no que diz que arrisca até uma previsão bastante atrevida . " Nos encontrávamos antes do jogo e tudo dava certo na hora. Hoje, se formos para o campo , vamos jogar numa boa.

E pertencer a uma dessas duplas não é importante apenas pelas tabelinhas e jogadas que nascem do entrosamento . Trata-se de oportunidade de ter laguém do lado para dividir as pressões que, invariavelmente , surgem. "  Sem dúvida isso é fundamental. Um se apega no outro para superar os momentos de baixa , de muita cobrança.Não sobrecarrega ninguém " , analisou Casagrande  . " Veja o exemplo do Guilherme . Por causa do estilo dele, joga sozinho ,fica enfiado na área . Vira e mexe tem de responder sozinho pela responsabilidade de decidir os jogos, comparou. No Santos , não. Existe a dupla  Diego e Robinho , mas tem o Alberto ( que não joga por estar suspenso ) , que durante o jogo também forma outras duplas com  Diego e Robinho mesmo . É um trio que se divide em várias duplas. 

Ícone - Nenhuma  dupla marcou tanto a  história do  futebol como  Pelé e Coutinho . Os dois se completavam com  maestria . Deles , já se disse quase tudo . Mas como , dizem que muitas vezes quem está fora tem melhor percepção , aqui o parecer de um francês , publicado , no jornal L'Equipe em l963: " É questão de segundos . Os  pés  mágicos , com rapidez alucinante , diabólica , passam pelos  zagueiros  espantados ,

A  bola  corre  junto  com eles,  dominada e  possuída. É  uma  jogada  elétrica , avassaladora , irrefreável. Arte  pura ". Pois é,  são  as  duplas  do  futebol  brasileiro " .

Fonte - Jornal  O  ESTADO  DE  SÃO  PAULO   - pág E6 -   Esportes 

Domingo , 15 de dezembro de 2002      -  WAGNER  VILARON 

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