quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Ganhando as ruas




Carregando  mercadorias , amolando  facas ou vendendo comida  nas  calçadas da  Corte , portugueses , italianos e  espanhóis disputaram  seu  lugar com  escravos e  forros no mercado de  trabalho informal 

Praça  das  Marinhas , tarde de 2 de  maio de  1872 . Mais  de  cinquenta  “ pretos ganhadores “ , armados de cacetes ( um deles com uma foice ) , atacam 12 trabalha-dores brancos que transportavam carne-seca das canoas e lanchas . Poucos dias antes , os pretos , que haviam exigido um aumento  de  vinte réis . Mas os do-nos das carnes não só  ignoraram as  reivindicações , como  logo contrataram  brancos  para serviço.  Incon-formados com a  nova  situação , os  negros fizeram uma  “ parede  [greve ] , à moda  [ africana ]  da  Costa da  Mina “ ,  como  noticiou o jornal  Diário do Rio de Janeiro . A “ luta  renhida “ que levou  alguns  homens ao mar só foi debelada com a chegada do capitão  Marques Sobrinho e de  praças da guarda urbana . Sete  escravos e um liberto , tidos como  os principais  agressores ,e mais cinco  trabalhadores brancos , dentre os quais  alguns  portugueses , foram  detidos  conduzidos para o xadrez da  2ª Delegacia Urbana .  

Desde meados do  século XIX  as  cantigas de  trabalho  africanas estavam , pouco a pouco , sendo substi-tuídas  pelo ranger das carroças e pelos  pregões de  portugueses , espanhóis e italianos ocupados no trans-porte  de cargas e na  venda  ambulante .Chegava , quase sempre  adolescente ,  pouco conhecimento dos códigos urbanos e uma precária qualificação profissional . Assim , muitos desses estrangeiros acabavam tra-balhando em  serviços antes  desempenhados pelos  cativos ganhadores  nas  ruas da cidade . 

Percorrendo as  vielas da  Corte , os chamados  escravos  de ganho vendiam frutas , legumes ,peixes , louças e todo tipo de  mercadoria que levavam nos  cestos e  tabuleiros à cabeça  ;  transportavam sozinhos , ou em  grupos , desde  sacas de café até  pesados pianos ; ofereciam-se para levar  pessoas em seus ombros nos dias de chuva ou ainda  carregavam barris com os dejetos das residências para  jogarem  à noite no mar .Quase to- dos os estrangeiros que  passaram  pelo  Rio de  Janeiro no  século  XIX  se  surpreenderam com a multipli-cidade de  ofícios exercidos por esses escravos . Eram  trabalhadores  indispensáveis , conforme  registrou o  francês  Jean –  Baptiste Debret  ( 1768 – 1848 )  que viveu  no  Brasil  entre  os anos de 1816  e 1831  -  já  que o português , e também  os  senhores  brasileiros , com  seu  “ orgulho  e  indolência ) , consideravam des- prezível  quem carregasse  um  “ pacote na mão , por  meno que seja  “ . A  inglesa  Maria Graham  ( 1785 – 1842 ) estimou que  praticamente a  metade  dos  escravos  ganhadores  no  Rio de Janeiro era  composta de africanos  recém chega-dos . Eles trabalhavam em  grupos , capitaneados por  um líder que  marcava o tempo e os  compassos ao  som de  chocalhos , marimbas ou  peças de  ferro , e , em coro , entoavam  canções  de  sua  terra natal . 

Esses cativos eram mandados  às ruas por  seus  senhores  e , ao final do dia ou cada semana  ( o que parecia ser  amsi  comum ) , deveriam entregar  uma  quantia  - o jornal –  previamente  estabelecida ; daí o  nome es- cravo de  ganho .Mas para isso antes era  preciso  encaminhar um  pedido  por  escrito à  Câmara Municipal , identificando o proprietário ou seja o  procurador legal , seu endereço , além de  informações básicas sobre o  escravo , ou  escravos ,como  nome , nação  africana ou  idade . Era necessário  ainda  pagar um alvará e ad-quirir uma chapa metálica com o número de inscrição  : se  fossem encontrados  trabalhando sem a  chapa no  pescoço , os escravos eram  recolhidos  pelas  autoridades  municipais .Entre  os anos  de  1851 e 1870 , en-contramos  no  Arquivo Geral da  Cidade do  Rio de Janeiro  2.653  licenças concedidas  pela  Câmara indi-cando a  nacionalidade do  ganhador . Desse conjunto , 2225 eram  africanos , eu maior grupo se  constituía de  procedentes da  África ocidental , generi-camente conhecidos  como  minas do Rio . 

Mas já  na década de 1860 , como destava em seu  relatório o  estatístico  Sebastião  ferreira Santos , “ os transportes e  outros  misteres do tráfico e  labutação do capital  “ ,  até então desempenhados  por  cativos africanos , também eram  exercidos por  trabalhadores livres . Enquanto o número de  escravos empregados no  ganho ia se  reduzindo a cada dia , os  estrangeiros  -  “ quase  todos  portugueses  “  e   sem  licença  – estavam invadindo as  ruas da cidade e  exaurindo os  cofres  municipais , já que  se  negavam a  pagar pela  autorização devida , como  informava o  contador municipal  Antonio Francisco Porto , em ofício enviado às  Câmara em 20 de junho de  1876 . Três anos depois , a situação se  agravara de tal forma que somente 39  indivíduos ti- raram licença .Diante das  providências -reclamadas dos  meses de julho ,e agosto de  1879 ,a Câmara já  contava com 717 pedidos feitos por “ganhadores livres “ . Só em  julho , quando a  nova regula-mentação foi  instituída , 510  solicitaram  inscrição . No  ano  seguinte , apenas  três  trabalhadores  tiraram  autorização e , em 1885 , outros cinquenta .Depois desse período , não encontramos mais  registros entre as  licenças depositadas no  Arquivo da  Cidade . 

Assim com  os  escravos , esses homens deveriam apresentar um pedido por  escrito , indicando seus dados pessoais , como nome , " nação " ou   nacionalidade , endereço e atividade a  ser exercida . Contudo , ainda era  necessário que um  profissional respeitado , proprietário  e com  boa condição  financeira - quase sempre um  comerciante - fosse apresentado como  fiador , confirmando a  " boa conduta " do trabalhador  e garan-tindo o pagamento  pudessem surgir , caso fossem encontrados em situação irregular ou sem  licença .Era co- mum que um espanhol ou  porutguês , depois de  abrir seu negócio - uma  padaria ou  um armazém de  secos e   molhados  -  , " chamasse " seus  patríicios  e  ficasse  responsável  pelas  atividades que eles exerciam , e  ainda  lhes desse  abrigo em sua casa .

Entre  1879 e  1885 , do total de  770  pedidos encaminhados , 390  ( ou 51,5 % ) indicam a  nacionalidade do  ganhador . Dos  376  restantes  ( 48,5 % )  , 355  soli-citações não fazem quaisquer referências ao país , região ou cidade de prodedência e tampouco a apontam a  cor  dos  indivíiduos ;  os  outros  21 são  referidos como  " pretos livres " , " pretos libertos "  ou " pretos forros " ( decerto quase todos  ex-es-cravos ) .Os imi-grantes europeus constituiam  63,2 %  dos trabalhadores  de  rua que  tiveram sua  nacionalidade os quais se destacavam  portugueses , italianos e espanhóis. Acompanhando as  médias de  imigração estrangeira para  o Rio de Janeiro , os portugueses formavam o  grupo mais  estável e  numeroso desde pelo  menos a década de  1820 , e também o maior contingente registrado entre os  " ganhadores livres " . Mesmo assim tinham que dis-putar  - às  vezes até  com  violência - as poucas  oportunidades disponíveis , especialmente com  os  libertos  minas , que ainda  representavam um  conjunto  expressivo no mercado de  ganho no  Rio de Janeiro .

Carregando cestos  na cabeça ou  sobre os  ombros , e  algumas  vezes  andando descalços  ( uma  marca registrada  da  escravidão ) , esses  estrangeiros  perambulavam  pela  Corte , vendendo  peixes ,  legumes , vassouras e outros  objetos , amolando  facas ou  tocando animados  realejos .Se foram muitos os  imigrantes europeus que se tornaram prósperos comerciantes , proprietários ou  funcionários  públicos , não foram pou - cos os que não tiveram  tanta sorte na  nova vida construído do  lado de cá do Atlântico . 

Fonte  -  Revista  Nossa  História  - pág  25                                                                                              Outubro  de  2005 - Juliana  Barreto  Farias 






terça-feira, 28 de novembro de 2023

Detecção precoce é maior arma no combate

 

Instituto  Nacional  do  Câncer   prevê  49  mil  novos  casos  só  neste ano

A  ORGANIZAÇÃO  Mundial da Saúde estima que ,  por ano , ocorram  mais de 1 milhão de novos  casos de  câncer de mama  em  todo o mundo , o que o torna o  tipo mais comum entre as mulheres  No Brasil , não tem  sido  diferente , eu  Inca  ( Instituto Nacional do Câncer ) prevê que , em 2009 , cerca  de  49  mil casos serão detectados . E países desenvolvidos , têm  se observado um aumento da  incidência da  doença , acom-panhado de uma  redução da  mortalidade , o que  está  diretamente associado  à detecção  precoce do cân-cer.  

Vsiando ao diagnóstico antecipado , uma parceria entre  duas instituições ligadas à Secretaria do Estado de Saúde , Hospital  das Clínicas e  Instituto do  Câncer acompanha  mulheres com a  maior probabilidade de desenvolver a doença . São consideradas de  alto risco mulheres  com  dois ou mais parentes jovens de pri- meiro grau com a doença : histórico de câncer de ovário ; histórico de câncer de  mesmos em  homens  na  família : e pacientes com biópsia de mama que  apresente  alterações atípicas nas células obtidas . 

De acordo com José Roberto Filassi , chefe  do setor de  Mastologia do  Hospital das Clínicas e do Instituto do Câncer , a parceria assegura um atendimento diferenciado a  essas mulheres. “ A  triagem é  feita  no  HC , em que o especialista avalia o risco de acordo com as  informações fornecidas pelas próprias pacientes .Quan- do detectado o  alto risco , elas são encaminhadas ao Instituto do  Câncer , no qual passam pelo Ambulatório de Condutas Especiais para  Alto Risco em Câncer de Mama “ , explica . 

Segundo Filassi , as  mulheres  que  possuem  uma  das  características de alto risco vem  buscar  encaminha- mento médico do  SUS  no Instituto do Hospital  Clínicas . 

Como  examinar  os  seios

Fique  em pé  em  frente a um  espelho  e  procure  qualquer  mudança  nos  seios 

1. Eles têm o  formato de sempre ?  A  pele tem a cor de  sempre ?  A pele parece macia  ?

2. Levante os  braços  . Observe se  os  mamilos levantam também . Procure por  mudanças  nos mamilos e  nas axilas .

3. Ponha  sua  mão  direita atrás de sua cabeça . Com  mão esquerda , examine  seio direito e a axila com os dedos esticados e aplicando uma leve  pressão . Procure por mudanças na espessura ou protuberâncias . De- pois  examine o  seio esquerdo da  mesma maneira .

4. Procure  novamente por  protuberâncias , desta vez com  pequenos  movimentos  circulares . Exa- mine toda a área do  seio  -  até a  axila , passando  pelo colo e em  volta do seu peito . Faça o mesmo  no outro lado .  

Identificação  cedo 

Para a detecção  precoce  do  câncer de  mama  recomenda-se : 

.  Rastreamento por meio do  exame clínico da mama para as todas as  mulheres a partir de 40 anos de idade , realizado anualmente . Este procedimento é ainda compreendido como parte do atendimento integral  à saúde da mulher , devendo ser realizado em  todas as  consultas clinicas independente da  faixa etária . 

. Rastreamento por  mamografia , para as mulheres com idade entre  50 a  69 anos , com o  máximo de dois anos  entre os exames . 

. Exame clínico da  mama e  mamografia  anual , a partir dos  35 anos , para  as  mulheres  perten-centes a  grupos populacionais com  risco elevado de desenvolver  câncer de mama .

.Garantia de  acesso ao  diagnóstico , tratamento e  seguimento para as todas  mulheres com  alterações nos  exames  realizados .

Fonte   -  Jornal  METRO                                                                                                                      Sexta-feira , 16 de  outubro de  2009 

Atenção  à  todas  mulheres  -  Preserve  sua  saúde  fazendo exame  anual da  mama . 




NOVEMBRO  AZUL 

Para  que  o  tabu  dê  lugar  ao  cuidado  na  prevenção  ao  câncer  de  próstata 

Por ano , 16 mil  pessoas  no Brasil morrem em  decorrência  do câncer da  próstata , um  óbito  a cada  33 minutos . Em 2022 , a  projeção é de  66  mil novos casos . En-tretanto , se  for  descoberto  precocemente , em  90 % dos casos há  cura  para este que é o  tumor maligno  mais comum  entre os brasileiros , ultrapas-sando a  somatória dos casos  de câncer  de  pulmão , colorretal e de estômago em homens .Os dados são  do Instituto Nacional de  Câncer . 

Instituída  no  Brasil  em  2011 , a  campanha  “ Novembro Azul “  tem o  objetivo de  conscientizar a socie-dade , especialmente  os  homens , sobre os cuidados com a  saúde em geral  e , sobretudo , a  respeito dos  riscos e  formas de prevenção ao  câncer de próstata . 

Exame de  sangue  ( PSA)  , toque real e  biópsia  possibilitam descobrir a  doença em  fase inicial , aumen-tando as  chances de  eficácia no tratamento e na  cura , mas a pouca de  atenção  da maioria dos homens com a  própria saúde ajuda a  explicar a  alta in- cidência do câncer  de próstata  no Brasil .

DOENÇA  SILENCIOSA 

Segundo um levantamento da plataforma Global Cancer Statistics ( Glocan ) , o  cân-cer de  próstata resulta em  1,4  milhão de novos casos anuais  e  375 mil  novos mortes  por ano no  planeta . A doença levando em conta  conta variáveis como o tipo de cân-cer , seu estágio , o estado clínico e  emocional do paciente e ,tam-bém , os  possíveis efeitos  colaterais associados ao  tratamento .  " A  abordagem é  personalizada ,  baseada em  evidências científicas , buscando o  tratamento asertivo ao  paciente . Após o diagnóstico ,  o tratamento pode  englobar  intervenção cirúrgica , com  destaque à  robótica , ultrassom , radioterapia , quimioterapia , entre outros "  pontuou . 

DIAGNÓSTICO  A  TEMPO 

 Falar sobre  câncer de  próstata , exames e  tratamento acaba sendo um  tema difícil entre os  homens , que  ainda têm  muitas dúvidas e , na  maioria  das  vezes , dificuldade de  expor a  falta de  conhecimento sobre a  doença e  como agir para , se for o caso , diagnosticá-la  precocemente .

Armindo Frank , 64 , descobiu o câncer da  próstata em  fase inicial , em 20121 , em um  exame de  próstata , mas vi a campanha  Novembro Azul e decidi  fazê-lo . A surpresa  do diagnóstico me  assustou no início . Pre-cisei  retirar a  próstata e  , anualmente , volto para  fazer os  exames necessários  " , afirmou . 

Frank salientou que divulga a  campanha e incentiva  seus  amigos a  deixarem o medo e o  preconceito de lado para  cuidar da  saúde . "  Nós  homens , temos  vergonha de  falar  sobre o  assunto e  deixamos  de  cuidar do  bem mais precioso que  Deus  nos  deu , a  saúde " ,  concluiu .

EM  AÇÃO 

O  Instituto Lado a  Lado  existe  desde  2008  com  intuito de  contribuir  para a conscientização  sobre o câncer de  próstata , assim como  evidenciar a  importância da  prevenção e  cuidado com a  saúde integral do  homem em suas várias  etapas da  vida . 

Denise  Blaques , diretora de  projetos e desenvolvimento do  Instituto  Lado a  Lado , enfatizou que o tema do Novembro Azul  deste ano  é  " Azultitude " , com o intuito de conscientizar  os homens de todas  as idades a terem  atitude e serem protagonistas no cuidado com a  própria saúde .

" Nossa  missão é mobilizar e  engajar a  sociedade e gestores da  saúde , contribuindo para  ampliar o cenário da saúde no  Brasil . Trabalhamos  pra que  todos os brasileiros tenham  informação e acesso à  saùde digna e de  qualidade , em todas  fases da vida " , afirmou . Blaques lembrou que  por meio da campanha  Novembro Azul  foram  impactadas  mais de  85 milhões de pessoas  desde 2011 . " esses e  outros dados  expressam o  enorme impacto e alcance de  nossa  atuação .Contudo , temos  a consciência de que há  muito por fazer para transformar o  atual  cenário da  saúde no  Brasil " , disse .

Conheça as  ações realizadas , no site https // ladoaladopelavida.org.br 

UNIDOS  PELA  CAUSA  

O Movimento Latino - Americano Contra o Câncer de  Próstata ( Molocap )  foi fun-dado em 2013 , com o  câncer de  próstata seja  prioridade na  agenda pública e para que os  homens  tenham  acesso  à  educação , apoio , diagnósticos  e tratamento adequado para a  doença em  seus vários estágios . O  Instituto Oncoguia é um membro  apoiador do projeto . O  Molocap  atua  em  seis  países  da  América Latina . 

Fonte  -  Jornal  O  SÃO  PAULO  -  pág  18  -  Reportagem                                                                    17  a  2  de  novembro de  2022  - ROSEANE  WELTER                                                            ESPECIAL  PARA  O  SÃO  PAULO 







domingo, 26 de novembro de 2023

A IMPORTÂNCIA DO SAL NA HISTÓRIA




Prof . Flávio Almeida : pesquisador historiador  - como colunista e colaborador  do Jornal  GAZETA DE KOSMOS  , passou a  explanar  sobre o Sal , esse  condimento  indispensável  na  cozinha e  casa  :  são cientificamente cloreto de  sódio  , embora  não recomendado  por médicos  , aos  hipertensos  , ninguém      gosta de comida  insonsa  ,o  que muita gente não gosta e não sabe é que o sal  , já relativamente é barato,    já  teve muito importância na história da humanidade  .E descoberto  em tempos imemoráveis , não se sabe exatamente por  quem  - na  Roma antiga  o sal fez o  papel de dinheiro . ..daí se originando a palavra : sa -lário nos  trabalhados e  transações comerciais  , sendo raro no velho continente devido temperaturas frias  , no nosso Brasil  ,o -clima com temperaturas árduas , o sal teria campo fértil se não fosse mais um dos erros-gigantes do sistema colonial ; 1  decreto régio datado de 1655 , que proibia a  extração do sal  em qualquer parte das  províncias do Brasil  , gerando contestações dos povos  . A câmara do Rio de Janeiro , alegando que os pobres e escravos cativos comessem sem o sal ; no Pará e Maranhão passassem a temperar a comida com o açúcar.A proibição absurda da metrópole , gerou duas revoltas – a 1ª ocorreu em São Paulo e a outra na Bahia  .A primeira revolta do sal , aconteceu em Jacareí em 1710  –  SP ,  quando o tropeiro Bartolomeu Faria  , não conseguindo comprar sal  , devido a  escassez e o preço caro , decidiu armarem os agregados e escravos para marchar ao Porto de Santos . Lá chegando ocupou os armazéns com o sal  , pegou uma parte do saqueado e vendeu ao povo “ a preço justo “  logo depois  carregou  suas  mulas , subiu a serra  de volta para casa ,destruindo as pontas no caminho e deter a  tropa  que já  perseguia na viagem de  regresso . A se-gunda revolta aconteceu em  São Salvador  -  Bahia  -1711 , na  conseqüência do devido  estúpido decreto - régio , proibindo a extração do sal no Brasil  ,fez com que esse condimento indispensável fosse importado de Portugal  , demorando cerca de meses até chegar  nas províncias do Brasil  . Tudo isso encarecia o produto , que já  custava 480 réis a arroba em 1711 e foi aumentando para mais de 720 réis , acrescido de um imposto de 10%  a pretexto de custear o combate do  “corsário francês  Dugnay Tronn “ que havia ocupado  Rio de Janeiro  .O Domingos Veiga  , um comerciante conhecido por maneta  , saiu pelas ruas de Salvador  , convo-cando a população a se revoltar  .O povo aderiu ao protesto e  uma multidão cercou a  casa do governador  - D.Lix de Vasconcelos Souza  , seguindo depois e marcharam para a residência de  Dias Figueira – o contra-tador do sal  ,que tratou logo de fugir ,sendo a sua mansão destruída pela fúria popular  , foi escolhido um juiz do povo , para tratar e negociar a agitação  , que cessou ao ser obtida  uma anistia e  revogação do decreto régio  , por escrito no documento e do imposto cobrado do sal  . Essa revolta em Salvador  ,ficou conhecida como : o Motim da Maneta  , fazendo parte  da história brasileira  –  ficando caracterizado  : a verdade e que o  povo unido  ,  jamais  será  vencido  no  país .

Fonte  –  GAZETA  DE  COSMOS                                                                                                                MARÇO  &  ABRIL  de  2009

Nobel da Paz para Aimé Césare




O poeta  Aimé  Césaire , nascida em 1913  , na Martinica  , então um Departamento francês nas  Antilhas,    foi indicado este ano , por uma instituição da Bélgica , para Prêmio Nobel da Paz  , no momento em que o Congo terá sua primeira experiência de eleições livres para Presidente da República . A indicação de Aimé Césaire remete à  importância do seu pensamento .Uma tal indicação doseu pensamento lembra ainda que , em 1964 ,Martin Luther King Jr .Foi prêmio Nobel da Paz , após anos de luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e um ano após seu discurso pronunciado diante de  Lincoln Memorial  ( 28-08-1963 ) , por ocasião da Marcha pelos Direitos civis  , em  direção a Washington  . 

As formas de luta de Césaire - o engajamento político partidário e a literatura ,a criação da revista  Tropiques- embora  muito diversas das de  Luther King  , visavam uma mesma finalidade  : auto - conhecimento do povo negro , apropriação cultural , conquista e ampliação de direitos humanos  . Césaire preocupava-se com a con-dição humana do negro em qualquer  lugar do planeta  , de um  modo tal  que suas  reflexões  interessam não apenas aos negros ,mas a todos aqueles que desejam uma humanização do mundo em que vivemos  .

A  poesia de  Aimé Césaire é  uma realização que ilustra  o melhor do surrealismo literário no  século XX . O texto surrealista valoriza  as descobertas da psicanálise  : o inconsciente , as livres associações de ideias  , etc. Não é por acaso que Aimé Césaire parte para o texto histórico e nas peças de teatro. As questões cruciais da identidade cultural ganharão sua  complexidade e  profundidade próprias , de  modo acessível . No teatro , a questão racial , a questão  étnica e cultural , as questões  políticas relativas às ilhas francesas  no Caribe ou à independência de países polemizadas de um modo tal ,que se tornam importantes para todo leitor interessado na  humanização das  relações sociais e culturais , independentemente de raça , religião ou origem geográfica .

Para compreender  toda a dimensão da  indicação feita pela  Bélgica do  Prêmio  Nobel da  Paz para  Aimé Césaire , é indispensável  reler a  peça  Uma temporada no Congo  ( Une  saison  au Congo )  que retrata a experiência  política de  Patrice  Lummba  na tentativa de tornar  o Congo , independente da  Bélgica  .

" Mais ainda , com seu coração duro e feroz ! Mokutu , aqui a tens , nossa África ! Ela espera , por que não ? (..) Então a prisioneira África diz : " Amanhã é a miha vez ! E amanhã não está longe ! " e ela fecha os punhos e ela  respira um pouco melhor , a  África ! O  ar de amanhã já ! O ar  do vasto , do sadio e do salgado ! "

Dos escritores do Negro-renascimento americano , dos Modernistas  brasileiros e dos poetas e escritores da negritude  antilhana ,  os  herdeiros espirituais  retomarão o conceito , palavras , ideias , sugestões , de  estilo , fragamentos de  emoções  compartilhadas , a serem expressos de outra  maneira , a serem  aprofundados  . 

CÉSAIRE  E  A  NEGRITUDE 

O  Negritude é cunhado em 1939 . em um texto famoso do  poeta martiniquenho  Aimé Césaire : O caderno de volta ao país natal .A ideia de volta ,é a de  um retorno  à  realidade  própria do antilhano , situando-o emo- cionalmente  nas  Antilhas , historicamente  vinvulado à  África , à  Europa , às  Américas .

Césaire está muito consciente do fato de que  ao  expressar -se  com verdade , também  expressa  um  povo , uma cultura .Em uma  entrevista na  revista  Tropiques , ele considera  considera que fazer  "arte  pela  arte "  é inadimíssivel . : " Eu consideraria como  um  monstro de egoísmo um  martinicano que  fizesse  arte  pela  arte . Significaria que ele nunca olhou diante dele, em frente à ele . Há uma sorte de intolerância da situação coletiva , isto me engaja" . O poema Corpo perdido  ( Corps perdu)  é significativo da fantasia de poder libertar as ilhas do  peso emocional e  histórico da  escravidão  que  alimentou  toda a  obra do poeta . Peso do qual , indivi  - vidualmente , ele de fato libertou-se , pela literatura , como podemos ver em seu livro Moi, laminaire , de1983 .

Fonte   -    Jornal   -   TROHIN                                                                                                          JUNHO / JULHO  -  2006     -     Maria  de  Lourdes  Teodoro 

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Os protagonistas



Negado durante  anos ,  o  “ povo  brasileiro  “ foi  recentemente  “ redescoberto  “ pela  historiografia . Agora  só  nos falta  aceitar 

Quando o  BRASIL  NASCEU , logo na  primeira  Constituinte , em 1823 , houve uma discussão  o  que  seria  ter  direitos políticos e  que  direitos  seriam esses . A  noção de povo estava no centro da  discussão . Será  que o  Brasil teria  um  povo, 

na forma como os  europeus entendiam este termo ? Bem , para  os  franceses , por exemplo , era claro . Francês era  francês , mesmo que o  país tivesse várias  etnias , verdadeiras  micro  -  nações  lá  dentro  falando  bretão , occitane  etc .Os  americanos chegaram  até a  resolver o  problema , entronizando a        ideia de  “  país  dos  imigrantes “ na  própria  justificativa de  ser . .

Mas  e  o  Brasil ?  Teríamos um  povo  realmente , ou  o que  havia  aqui era  um agregado  informe de  gente de diferentes  procedências , composições  prefixadas , escravos  e  senhores , falando  línguas diversas , sem  nada que os unisse além  da  inevitável  relação de  trabalho ?  Seria  essa  gente uma  massa , sem  um  nexo  ideal comum , uma cultura que os unisse para , enfim , formar  uma nação ?  Salvo um ou  outro liberal radical , eram poucos os  que  incluíam índios  e  escravos  no  povo . Eram  outra categoria . Estavam  fora daqueles  direitos e deveres comuns que chamamos hoje em dia de cidadania .E o resto ,nas cidades ,era uma “ África “, como diziam os viajantes , entre irônicos e  temerosos ,  de  um país que  não  entendiam . A fina nata  do pa-triciado brasileiro concordaria  com  isso .Entre eles e os  escravos , o  que  havia era  uma  “  população “  , um  arremedo de povo ,algo ainda  em construção .Era preciso educá-los , ivilizá-los .Se possível  branqueá- los .

Esta visão racista  e desesperançada , que não conseguia perceber senão anomia , desagregação ,  teve  im-pacto na  historiografia .Nos nossos  primeiros manuais de  história ,os descendentes da  mestiçagem , entre europeus , índios e negros ,estavam fadados ao silêncio .Não eram  percebidos como  protagonistas de nada .  Eram ou massa de  manobra ,ou ralé incontrolável destruindo a ordem -  ordem esta que podia  ser ruim , mas era a que nos dava a  lógica certa do  cotidiano ,pensavam os  primeiros ideológos do  Brasil .O que havia de  bom era feito nos palácios . À  população analfabeta e  miserável restava esperar o  futuro . Esta percepção, no final do XIX , ganhou amparo em teorias pseudocientíficas racistas ,e higienistas , pois também era preciso separar essa massa dos  " verdadeiros " cidadãos , ou seja , os proprietários .A propriedade ,o voto censitário delimitavam as categorias .Houve até  intelectuais que acredi-tavam que ,com o passar do tempo e a ajuda da  imigração europeia ,o  Brasil se bran-quearia , se alfabetizaria , se civilizaria , alcançando algum  dia esse ideal  maior de se  construir , finalmente , em nação . Éramos , assim , o  país do futuro . Era  só esperar .

A História do Brasil , como aliás a de praticamente todos os países do mundo ,nasceu estudando os  "  gran-des vultos  " , aqueles  personagens  das  elites que  marcaram a  época em que viveram . Isto é antigo ,pois a  História s urgiu como o estudo dos grandes homens , dos  grandes feitos . As nações apareciam através dos seus  líderes mais destacados . Para os  gregos antigos , a  História era um  desdobramento da  poesia , para poder  melhor venerar  os heróis  É natural que  tenha sido assim . Até hoje nos encanta saber mais que tenha sido assim . Até hoje  nos  encanta mais sobre  pessoas marcantes .É como se  através delas a  gente pudesse  entender o mundo em que viveram . Mesmo  gente sórdida , como  Hitler  ou  Stálin ,  fascina . Acalenta-nos  tam-bém saber que passaram , que foram  vencidos pelo tempo ,senhor  de  todos os destinos .Acalenta-nos também saber que houve  grandes  personagens da  paz , do conhecimento ,  pessoas que , em  suas vidas , representaram valores que  respeitamos , justificando tantas  biografias de filóosofos , pensadores e políticos que visualizavam um  mundo melhor , como  Mandela  ou  Gandhi .

A  história tem também uma  finalidade política . ela pode  ser um  instrumento poderoso para quem  está no  poder ou , ao contrário , para  quem o combate . Assim , quando nasce um país , quem está no governo tem que se  autojustificar perante  as  gerações  futuras . Num  passado remoto , havia  sempre algum  mito  fun-dador , algum semideus para  criar a  nova  nação e o  seu povo .Rômulo e Remo mamaram numa  loba para  fundar Roma . E quantos  reis medievais não tomaram  diretamente de algum  santo , ou mesmo de Deus , a justificativa do  seu trono ? Portugal  mesmo foi  fundado no  milagre de  Ourique , quando  Afonso Henriques teve  uma visão do  Senhor que o protegeu e lhe comunicou que iria ganhar suas batalhas .O  milagre fundou o reino .O  século XIX , todavia, era o  século da razão , não havia mais lugar para  justificar o  surgimento de um  novo país por algum mandato divino .No mundo laico ,cabia a  História tecer essa justificativa .O Império do Brasil precisava de uma  história oficial que justificasse a  monarquia , a escravidão ,para falar apenas dos dois pilares mais  evidentes sobre os  quais fomos fundados . 

Ao nascermos , pisando em  um manto de  café , cana ,  fumo e  algodão , é óbvio que nossos primeiros ma- nuais tenham  legado a barões ,condes , duques ao  imperador aconstrução de  algo maior do que o lugar  do  povo  tenha sido pequeno em  nossa históoria oficial .O homem comum tinha que ser guiado .Se possível edu- cado , para no futuro , quem sabe, tornar-se ele mesmo um  protagonista do  teatro  social . Um dos quadros  mais conhecidos do  Brasil é aquela cena inventada por  Pedro Américo para  Independência  Nela se vê um grupo levantando espadas , saudando  Pedro I . No canto esquero do quadro ,um homem humildemente tra- jado , guiando um  carro de boi com uma vara , assusta-se diante daquela  gente ricamente fardada e a cavalo .

Era como se  perguntasse : " o  que  é  isso ? ".

Seria este  o papel do  povo  brasileiro ? Ser  moldura do  teatro da  história ? Assistir , apenas , àquilo que  não entendia ? Nesse  modelo de  História , não éramos  protagonistas , mas somente  espectadores .

Nas últimas décadas tudo isso mudou radicalmente . A queda do  muro de  Berlim e o  fim da  Guerra  Fria e das ditaduras na  América Latina  aceleraram  a  quebra de  an-antigos paradigmas  das  ciências sociais . Já  não se  lutava mais apenas por comida ,  pelas  liberdades  mais simples ou pelo direito  a  representação   -popular , mas também se lutava  pela  natureza , pelos  direitos à  sexualidade , pelos  direitos da mulher e da  infância , pelos direitos humanos . O  mundo era  outro . " A gente  não  quer só  co-, quer  também  diversão e  arte " , dizia a  música  dos  Titãs do  final dos anos  1980 . esse  torvelinho de  novas demandas entrou na  academia , estremeceu  velhas prateleiras , misturou  pastas  amareladas  pelo tempo e  escancarou a janela para o  passado , precisava ser  reaberta de  forma  mais ampla . Havia outros  agentes a  se  estudar. 

A  vida humana é  imensamente  rica .Praticamente  qualquer coisa pode ser  objeto de estudo .o espectro de  possibilidades de  pesquisa do  historiador , todavia tem limites. Ele  não faz  literatura . Ele  não pode  inventar um  personagem , um  e um  processo histórico que  nunca existiram . Ele  pode , infelizmente , até errar , mas  mentir é  desonesto .Ele depende , portanto , de indícios , de  fragmentos , com  sorte ,  de  evidências sobre  processos passados , e assim explicá-los , entendê-los , ao menos , apresentá-los a nós para que conheçamos melhor o que fomos , mesmo que o nosso entendimento sobre esse  passado seja sempre  menor do que  gos-taríamos que fosse .

Hoje , em  História , estudamos muito . Quer dizer , tudo  aquilo  sobre o qual temos  fontes e artefatos que nos  proporcionam a  possibilidade de  observar o passado . Estudamos da  sexualidade ao  cotidiano . Da  cozinha da  casa-grande à  vida de trabalhadores portuários . De protistutas a  frades .Uma das  grandes vi-radas  da  historiografia contemporânea foi trazer  à tona a vida das pessoas comuns , como eu e você , que  você  está  lendo  este  texto .

Seria  injusto , todavia , dizer que somente na  contemporaneidade os  historiadores brasileiros se  preocu-param com  as pessoas mais  simples . Alguns dos  nossos pen-sadores  mais conhecidos anunciaram esta questão há  muito tempo , Capistrano de   Abreu  abriu o caminho ao tentar visualizar a ocupação do Brasil  mais profundo por  levas e levas de imigrantes portugueses anônimos ,caboclos e mulatos . Gilberto Freyre , mesmo falando a partir da  casa-grande deixar  claro que  os escravos foram  protagonistas da  História do  Brasil cuja  cultura foram marcados por eles e também pelo  índios . Sérgio  Buarque  de  Holanda , como  que  continuando o caminho aberto por  Capistrano , tentou identificar o  ethos ,o modo de ser , do brasileiro justamente  nesse indivíiiduo simples que tinha no personalismo e na emotividade o seu traço mais marcante . Caio Prado Júnior deixou  claro também que ,  por  mais  " capado "  e "  recapado " que  o povo tenha sido , na expressão de  Capistrano , ele não estava condenado à  anomia , mas destinado a  algo-maior ,quem sabe , a  uma revolução .

Entre  desesperanças , conjecturras e sonhos , o fato  é que cabe  aos historiadores mergulhar nos  arquivos e buscar  indícios e evidências de processos passados . E  foi nessa busca que nas  últimas décadas ficou claro que o  Brasil tinha  "povo " . parece óbvio , mas durante muito tempo não foi . O Brasil digeriu o que recebeu , e  recriou um modo de  ser  próprio . E mais , a  historiografia  contemporânea  tem demonstrado que  o povo foi  protagonista da  história . Ele  não  assistiu abestado ao que  acontecia ao  seu  redor como  o pobre coi-tado lá  na pintura de  Pedro Américo . 

Só o  protagonismo popular teve  que ser  buscado em outro locais .De fato , era difícil encontrá-lo nos palá-cios , raramente no  Parlamento . Estava  nas ruas , nos engenhos ,nas  fazendas , no cotidiano urbano e rural , nos  tribunais .Tudo bem estava até nos  palácios e  no  Parlamento  também - dentro deles , através de uma  multidão de trabalhadores domésticos . Fora desses espaços , mas bem  perto da entrada ,não faltou  multidão pressionando , nem  sempre em silêncio , às vezes  até  ameaçadora . 

E foi assim  que a  historiografia - que hoje é imensa  -  mostrou , por  exemplo , que os  escravos  foram os principais  protagonistas do processo de  superação da  escravidão . Ficaram  claras  as  inúmeras estratégias que  empregaram para  minar a  instituição, resistindo ao trabalho , fazendo  fugas  temporárias , colaborando para a  compra da  alforria . Da mesma  maneira , perscrutaram-se  as  formas de  convívo entre  povos  na-tivos , quilombolas e as populações  rurais em geral , que , faziam  alianças entre si  e,eventualmente , até com  proprietários rurais e  agentes  do poder , mas não o faziam aleatoriamente ,  pensavam  e pesavam quais ali- anças lhes seriam  mais  vantajosas . Nas cidades , além da  resistência  escrava , a  população  livre e pobre pouco a  pouco foi  criando  meios de organização , inclusive com  vínculos com a  Igreja , como é o caso das  irmandades . Consolidaram também  formas  de  associativismo e  ajuda mútua não muito diferentes daqueles que ocorriam na  Europa nessa época . Mesmo  mulheres praticamente encarceradas em conventos e recolhi-mentos criaram  um mundo próprio , muito diferente daquele que era esperado delas .O povo  não  foi objeto . Foi  agente  da  história .

Esse  protagonismo das  pessoas  comuns  que possibilita  uma  história  popular  do  Brasil . Sabemos hoje que os  homens e as  mulheres pobres  participaram de vários dos momentos  fundadores  da  nacionalidade . Talvez o historiador José Honório Rodrigues estivesse certo ao dizer que todas as  nossas  revoluções  foram  derrotadas . Ao final dos  momentos mais  marcantes da história , ele afirmava , a elite dominanate sempre se reconciliava e fazia algum  arremedo de reforma , estancando o movimento que vinha do andar de baixo .Mas será que somos assim tão  coitadinhos , fadados à  mesmice , anos  conformarmos com o queá posto ? 

A literatura  recente tem  revelado outras  possibilidades . O povo este  presente na  Independência , tentando  se fazer representar . Esteva em  inúmeros protestos pelo país afora  contra os  desmandos da  cllasse senho-rial e do  patriciado urbano . Esteve no  movimento abolicionista que , hoje sabemos , não  foi  só  palaciano , pois sem a  resistência escrava  não teria frutificado . A  abolição  demorou a vir , mas  veio  apesar de todos  os interesses econômicos em  seu favor e de um  bem sedimentado racismo pseudocientíiiifico . As mulheres não eram sempre  obedientes a  seus pais , maridos e irmãos . A população urbana  vivia  uma  religiosidade fervorosa , mas uma  religiosidade própria , distinta  daquela  que era esperada pela  união  Igreja - Estado . Houveve até  um  republicanismo  popular , vinculado  ao  abolicionismo , a  trablalhadores  das  nossas pri- meiras  manufaturas , diferente do  republicanismo escravista de produtores de  café insatisfeitos com a  mo-narquia . Foi das ruas que veio o  protesto ,a resistência , a força motriz para a queda das  nossas ditaduras do  século  XX ,  a de Vargas e a de  1964 . Tudo  bem que a  queda de Vargas e a  dos  militares  tiveram o  impulso de conjunturas internacionais favoráveis , mas quem conduziu  o timão foi  o protagonismo  popular .

Todos os nossos avanços políticos e  sociais  mais  só aconteceram devido a esse protagonismo popular .Não quero dizer com isso que fizemos revoluções , que chegamos  à utopia . Muito  menos  cair na armadilha pan- fletária de achar que o  mal sempre  vem de  cima e tudo  que é feito com  apoio popular é  necessariamente  o melhor . Afinal  de  contas . Hitler foi eleito . É possível , sim , enganar  muitos por  muito tempo .A  história ensina  isto. Mas o fato é que as  nossas demandas populares mais  avançadas não foram  sempre derrotadas . Vencemos  a  escravidão .Vencemos  as  ditaduras . Criamos  um  país que  se  não  está  no primeiro mundo , também não é nem  de longe o  pior  lugar  para  se  viver . Enfim ,  temos  povo . Temos  protagonismo  po- pular .  É  possível  e  é   fundamental fazer  a   História  do  povo  brasileiro.

Revista  -  História  Da Biblioteca  Nacional                                                                                          Janeiro  nº 9  -   nº  100  -  2014  -  Nós  O  Povo                                                                                          Cem  páginas  sob uma  perspectiva  incomum  da  formação  nacional 



segunda-feira, 20 de novembro de 2023

O crime da complacência



Quando Joaquim Nabuco escreveu que a escravidão ficaria por muito tempo como uma característica da sociedade brasileira , estava querendo dizer que a formação nacional tinha sido estreitamente vinculada à mentalidade do sistema  escravista . Quando a burocracia  portuguesa se transplantou para a colônia , em 1808 , foi porque as riquezas locais permitiam a ela confrontar os outros poderes europeus . A unidade foi instalada a partir da capital ,pelo regime monarquista e o Brasil  deixou assim de criar seu Estado  –  Nação    a partir das exigências do mundo moderno ,industrial , e demorou a conhecer aquilo que Sérgio de Holanda chamou de “ ideologia impessoal do liberalismo “ .

Como resultado , nossa cultura sustenta  valores que resistem a isso , a começar por aqueles que nossa in-telectualidade e nossa plutocracia tratam de propagandear sempre.Embora se julguem de esquerda , nossos acadêmicos – funcionários públicos que normalmente escrevem em linguagem empolada para disfarçar a au-  sência de Nabuco ao endossar o paternalismo e o clientelismo dos políticos que vêm impedindo a economia brasileira de  ter a  liberdade e competitividade necessárias para seu crescimento no século 21 . Falam tanto em “ identidade nacional “ e têm tanta certeza da originalidade vocacional da cultura brasileira , de seus po -  deres dionisíacos ,de sua índole “ afetuosa e específica “ , que deduzem que o mal-estar da civilização brasi-leira é sempre causado pelos estranjas .

É por isso que as poucas mas relevantes tentativas de romper com a apropriação do dinheiro público pelas corporações e oligarquias , de começar a pôr um pouco de ordem na bagunça nacional , são tão difíceis de implementar . Há certamente um diagnóstico comum e razoável a respeito dos erros cometidos pelo governo Cardoso – como a falta de reformas estruturais e vigor exportador , que poderiam  ter iniciado o desprendi-mento da armadilha dos juros - , mas o que mais incomodou aos outros em sua gestão foram essas tentativas , especialmente a lei fis- cal. Não , o desmonte do Estado getulista não implica o abandono dos canudenses à sua triste sorte , mas justamente o contrário .Já passa da hora de os (de ) formadores de opinião enxergarem isso .

O cotidiano está  repleto de exemplos de que a civilização   moderna , que antes de mais nada  preza pelos direitos de cada indivíduo , ainda tem muito por avançar no Brasil . Há máfia de tudo quanto é tipo no país , do narcotráfico aos combustíveis ,e a Justiça mal tem instru-mentos para combatê-la , porque seu sistema é conivente com a  impunidade e a lentidão . O amadorismo ainda continua a ser a  marca gestora da maioria das empresas , dos clubes de futebol aos grupos de mídia . As separações entre políticos e privado e entre conteúdo e propaganda ainda são nubladas para proveito do populismo .E ,em conjunção com tudo isso ,os os preconceitos seguem firmes e fortes . O machismo , por exemplo , continua a dominar o ambiente , como se vê na TV aberta e seu desfile diuturno de mulheres – objeto . Somos  sensuais , não é mesmo ?

Já o racismo continua a ser mais negado e o mais arraigado desses traços culturais pré – industriais .O racismo brasileiro se  exprime na forma de piada , da humilhação passada como descontração , do tapinha nas costas . Por isso , é tudo como mais inofensivo do que o de outros países ,afinal a miscigenação é nosso maior orgulho, nosso dado preferencial . E justamente por isso ele é mais ofensivo . A forma como o sistema escravista ainda sobrevive à modernização econômica se alimenta desse jogo de aparências , desse hiato tão brasileiro entre o que se   fala e o que se faz . O sujeito que se gaba da nossa “ democracia racial “ é muitas vezes o mesmo que não contrata negros para sua empresa e que ofende gar çons e secretárias por não serem servis .

Fonte - Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO - pág D3                                                                                  Domingo , 15 de dezembro de 2005   - Daniel  Piza 




sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Dívida para pagar a dívida




Assim como o  idioma , a  organização política e a  religião externa brasileira  foi uma  herança portuguesa . Em 1824 , o Império contraiu um  empréstimo de  3,7  milhões de  libras esterlinas , em grande parte  para  saldar  dívidas de  Portugal , de  forma que este  reconhecesse  nossa Inde-pendência  . Cinco anos depois , um novo financiamento veio da Inglaterra , desta vez para pagar  as  parcelas do empréstimo anterior .Como os  bancos que  emprestavam eram os  credores da dí- vida mais antiga , uma  boa parte dos recursos ficava lá mesmo . A  Guerra do Paraguai  ( 1864-1870 ) representou  um forte aumento  nas  despesas do Império , implicando um  endividamento maior  com os bancos ingleses .

Nem todas as  dívidas brasileiras nasceram de contas  alheias ou  guerras . O  endividamento  externo da pre- feitura de São Paulo , por exemplo , começou em 1913 , com um empréstimo de 750  mil libras tomado junto à  Inglaterra para a  construção do  Viaduto de  Santa Ifigênia  .

Empréstimos externos foram usados também na  industrialização do país  –  alguns deles  arrancados a  duras penas .Em 10 de junho de 1940 , diante da  reticência  norte-americana em  conceder um  em préstimo de até US$  20  milhões para a  construção da  Companhia  Siderúrgica  Nacional , o presidente Getúlio Vargas  fez  um discurso atacando duramente o  liberalismo . A  fala , inter-pretada  como um flerte  com o  nazi fascismo , rendeu  elogios de  Benito  Mussolini  e preocupou o  governo de  Whashington .A estratégia deu certo pouco mais de  três  meses depois , o Export  –  Import Parte Bank  ( Eximbank ) dos  EUA  anunciou  a  liberação dos  US$ 20 milhões  pretendidos . 

Parte dos muitos empréstimos externos  contratados  pelo governo e por  empresas do  Brasil ao  longo dos  anos  60 e  70 teve  como  destino  obras de  infraestrutura , como  usinas  hidrelétricas e  nucleares , aero-portos e estradas  .A prática  continua  hoje . O Programa  de  despoluição da  Baía de  Guanabara , iniciado em 1994  , previa um  financiamento de  US$ 350 milhões do Banco (BID ) e de US$ 237 milhões do Banco Japonês para a  Cooperação Internacional  ( JBIC ) > 

Fonte  - Revista  Nossa  História  pág 51                                                                                            Outubro de  2005 



 


Devo , não  nego ...

A  dívida  externa  assombra a  economia  brasileira  desde 1860 , estimulada  por  osciações  na  balança comercial e por  empréstimos  arriscados , levando dois governos à  moratória 

Em telex enviado aos  bancos comerciais estrangeiros , em  20 de  fevereiro de 1987 , o governo brasileiro, então pelo presidente José Sarney , comunicou qua a partir daquela data estavam  suspensos os pagamentos referentes aos  juros da  dívida externa privada de médioe e  longo porazo, por período indeterminado . Não foi a primeira vez que o  Brasil  adotou esse procedimento drástico - a  moratória . Em novembro de 1937 , Getúlio Vargas tomou a  mesma providência . Anteriormente ,em 1898 , 1914 , 1931 e 1934 , embora  não se  tenha  declarado moratória , chegou-se  muito perto dela . Por que , em todos esses momentos , nossa dívida externa se  transformou num  fardo insustentável  para  o país ? 

" Hi, hip, hurra " ! Campos Sales ,presidente que seria responsável pela primeira rene-gociação da  dívida externa  brasileira  na República , chega ao  Rio de Janeiro  ovacionado em 1898 , com seus  " projetos financeiros " .

Ela começou a  crescer a partir da  década de 1860 , e muito mais velozmente na de  1880 . Essa  mudança de ritmo , no final  do século XIX  foi ditada  sobretudo pelo  financiamento das  oscilações dos preços do café .  Com a queda dos  seus  preços , as exportações caíra , invibializando a  continuidade do pagamento dos encargos da dívida externa   No final de  1898 , Joaquim Murtinho , ministro da Fazenda do  governo  Campos  Salles ( 1898 - !902 ) , negociou  com os  credores um  refinanciamento da  dívida externa  ( fun ding loan ) em  troca de  medidas  de saneamento financeiro e  fiscal . Mas  novos  problemas iriam surgir .  Em 1913 , uma crise mundial provocou  forte baixa  dos preços dos  produtos  agrícolas , inclusive do café , que prosseguiu até 1915 .

A dívida voltaria a aumentar mais  rapidamente a partir de 1926 .O governo Washin-gton Luiz ( 1926 - 1930 ) decidiu então aderir novamente ao  padrão - ouro , que implicaria a manuntenção de uma taxa de  câmbio fixa. Com a redução dos  superàvitscomerciais , surgia a  necessidade de contrair novos empréstimos para manter  constante o valor da  moeda  nacional . Entretanto , o fantasma  de  1913  voltaria a  assombrar a economia brasileira ,agora com uma  intensidade redobrada .A dívida externa , no período 1926 - 1930 , cresceu a uma  velocidade jamais atingida nas  décadas anteriores .A recessão mundial iniciada em  1929  provocou uma der- rubada nos preços de produtos primários , levando nossas exportações , de um pico de US$ 497 milhões em  1925 , para US$ 179 milhões , em 1932 .

Como não havia ainda , naquela ocasião , instituições voltadas para a  solução de dificuldades de balanço de pagamentos , o  jeito  foi  seguir  negociando com o principal credor , isto é , os  Estados  Unidos . Com o  agravamento da situação política internacional  , devido aos sinais  cada vez mais  claros de que haveria  um  conflito armado na  Europa , e  a posição ambígua de  Vargas frente ao  fortalecimento do movimento inte-gralista ( de inspiração fascista ) , os Estados Unidos não desejavam aumentar a  tensão nas  relações polí-ticas com o Brasil . Percebendo essa oportunidade, Vargas  declarou a  moratória . Tal atitude forçou uma  renegociação  mais  favorável , ao menos para os  anos seguintes .Concluída  em 1943 , resultou numa for-    te redução da  dívida . Como ,nesse momento , as exportações cresciam  velozmente e já haviam retomado os  níveis anteriores à  crise de 1929 , a relação dívida / exportações continuou a  cair rapidamente . 

Entre  e 1952 o  Brasil não recebeu um só  centavo de  empréstimos  novos , o que  constituiu  uma outra  causa para a redução da relação entre dívida e  exportações . Mas ,em 1951 , ainda com a taxa de câmbio fixa , o controle sobre as  importações adotado em  1947  foi relaxado , causando um  salto  nos  valores importados e  um déficit no  balanço de  pagamentos , que se prolonnngou  até  1952 . Essa situação  foi sanada , em parte , a desvalorização cambial adotada em  1953 - que reduziu as  importações - e em parte com a  retomada de empréstimos internacionais , principalmente junto ao Eximbank , dos  Estados Uniidos,    e ao  Banco Mundial . 

Esses  empréstimos  faziam parte de um  programa mais amplo , desenvolvido  pela  Comissão  Mista do  Brasil  -  Estados Unidos . Ele visava  identificar obstáculos  ao  desenvolvimento econômico brasileiro e financiar importações de máquinas e equipa-mentos . Entretanto , com a  vitória  nas eleições do general  Eisenhower , que  assumiu a Presidência dos  Estados Unidos em  1953 , esses projetos ficaram  tempora-riamente adiados , já que sua  política  externa deu  menos  prioridade à  América Latina . Ainda  assim ,    entre 1954 e 1960 , a dívida externa brasileira cresceu a um  ritmo extremamente veloz , para fazer face      aos elevados déficits em  conta corrente. 

A relação dívida / exportações ,  que havia  caído para  0,3 em  1951 , subiu então para 2,9 em  1962 , principalmente em razão de  investimentos iniciados durante o  governo  JK . 

A  primeira metade da década de  1960 foi marcada por fortes convulsões políticas :a  renúncia de  Jânio Quadros em  1961 , a  experiência parlamentarista entre  1961 e 1963 , e o  golpe civil - militar , em 1964 . Nesse cenário ,a credibilidade e a capacidade do país de contrair  novas dívidas foram severamente afetadas . A  partir de 1969 ,começou um período de crescimento exponencial da dívida externa , que  só se encerraria em  1987 . Diversos fatores tornaram isso possível : a  estabilidade  política , que , até 1985 , ao custo de um  regime autoritário ;  a  manutenção de um  ambiente  favorável ao  capital  estrangeiro , sem riscos de  inter-rupção ou  suspensão de  remessas de divisas ,ao contrário do que já havia ocorrido , no passado ; e final-mente um cenário internacional favorável ,até 1973 , que permitiu um  forte aumento das exportações , aliado  a uma  grande liquidez internacional . Em consequência , entre1969 e 1975 , apesar do aumento da  dívida externa , a relação dívida / exportações permaneceu relativamente estável . 

A dívida não teria crescido nesse período , no entanto , se não houvesse uma  desicão , por parte do governo ou de  empresários privados , de contrair emprétimos em  valores cada  vez  mais  elevados . Os  anos 1968- 1973 ( governos Costa e Silva e Médici ) são  conhecidos como o período  do  "  milagre econômico " . O crescimento , de 11%  anuais em média ( contra os 3% dos últimos dez anos ) , foi o mais rápido da  história do país . Por outro  lado acarretou , em parte , uma  elevação dos  gastos com serviços e rendas ao exterior , como fretes e  viagens internacionais , juros , lucros e dividendos . Além disso , houve a decisão , por parte do governo federal , de aproveitar o  cenário internacional favorável e aumentar as reservas internacionais até  um  patamar tal que a relação entre as reservas e as importações ficasse próxima a níveis - aceitos  internacional - mente ..

O resultado foi o aumento da  dívida-externa ,de cerca de  US$ 4 bilhões , em 1968 , para  US$  20  bilhões , em  1974 . Esse aumento  decorreu , em  parte , em razão de captação de  empréstimos  internacionais por empresas estatais  -  Eletrobrás , Furnas , CSN , Usiminas  e outras -  para a  realização de  novos  investi - mentos . Mas a principal razão foi o aumento de  empréstimos em  moeda tomados por bancos comeciais no exterior e repassados a  empresas privadas domesticamente .

Parece claro , entretanto , que , à medida que a  dívida crescia , os gastos com  juros e amortização aumen-tavam . essas saídas de divisas  acarretavam , por sua vez ,  necessidade de  novos empréstimos . Durante certo tempo ,enquanto  o  crescimento da  dívida aompanhava o crescimento das  exportações , essa dinâ-mica funcionou a contento .Contudo , a partir de 1974/75 , a relação entre a  dívida e as  exportações voltou  a crescer de  forma  explosiva . Na sequência da  guerra  envolvendo os  países árabes e  Israel , a  OPEP      ( Organização dos  Países Exportadores de Petróleo ) decidira triplicar os  preços  do  petróleo em  1973 , seguido pelo segundo , em 1979 , aumentaram  fortemente as   importações  e o déficit comercial . Como  o  governo Geisel encarou , ao menos inicialmente , a  elevação dos preços do  petróleo como um  fenômeno transitório , foi tomada a  decisão de , ao invés de restringir o  crescimento econômico e as  importações , fiunaciar o aumento do déficit externo . Com isso , a dívida externa saltou dos  US$ 20 bilhões , em 1974 , para  US$ 64 bilhões , em 1980 .

No caminho , uma outra mudança do cenário  internacional  iria atingir  mortalmente a estratégia de continu-idade do  endividamento externo . Em 1979 , o  Banco Central dos  Estados Unidos elevou dramaticamente  a  taxa de juros ,com o propósito de debelar a inflação  naquele país .Os países endividados , que já estavam enfrentando as  consequências do  segundo choque do  petróleo , se  viram obrigados a  contrair em - valores cada  vez mais altos , apenas para fazer face aos  crescentes , compromissos da  dívida externa .

O  maior  endividamento significava que  os  países  devedores , especialmente os  maiores , como o  Brasil , México e Argentina , passavam a representar  riscos  cada vez  maiores  para  os  bancos  internacionais , o que contribuiu  para  elevar ainda mais as  taxas de  juros cobrados nos  novos empréstimos .Em  1982 , o México declarou moratória de  sua dívida externa , precipitando uma das  maiores crises  enfrentadas pelos  países em  desenvolvimento , no  século  XX .

Nesse momento , a concessão , aos países em  desenvolvimento , dos chamados em- voluntários , assim chamados porque eram  negociados voluntariamente nos  mercados  financeiros  , foi paralisada . Foi subs- tituída  por operações compulsórias , coordenadas por comitês dos  principais bancos credores pelo  Fundo Monetário Internacional . Entre 1982 e 1987 , o governo brasileiro negociou os compromissos referentes à  dívida  externa para o ano em  curso .Ocorre que , em 1986 , devido ao aumento do consumo provocado pelo Plano Cruzado o superávit comercial caiu fortemente . A relação dívida externa  / exportações  atingiu  cinco vezes , praticamente o mesmo nível observado em  1932 . A encontrada pelo governo  Sarney ( 1985 - 1990 )  foi  decretar , em fevereiro de  1987 , a referente aos  da dívida privada  ( suspensa em janeiro de 1988 ) , com o de  forçar um  rescalonamento da  em  condições  mais  vantajosas . 

A  renegociação durou de 1998 a 1992  e foi concluída com um  acordo que englobou toda a dívida externa privada , com a emissão de  novos  títulos da  dívida com  prazos bastante  longos , no  âmbito do chamado  Plano Brady ( nome do ex-secretário do Tesouro dos  Estados Unidos ) , que visou estabelecer critérios para a reestruturação da  dívida externa de todos os  países em  desenvolvimento . Após a  conclusão do acordo o  Brasil  pôde , finalmente obter  empréstimos e  financiamentos , de  forma  voluntária, no mercado  financeiro internacional . Com isso , a dívida externa  saltou de  US$ 145  bilhões em 1993 para  US$ 242  bilhões em  1998 .Mas uma  nova crise iria se abater sobre os países emergentes . Em 1997 , os países do Sudeste asiá- tico experimentaram uma  crise de  balanço de pagamentos que se espalhou  rapidamente , afetando todos os demais países emergentes , chegando ,  no ano seguinte , até a  Rússia . Ao mesmo tempo , parte por causa da abertura comercial realizada na  primeira metade da década de  1990 , parte  pela valorização do  real regis-trada a  partir de  1994 , as importações brasileiras aumentaram fortemente entre 1990 e 1998 ,transformando os  megas super-ávits comerciais da  década de 1980 em  grandes déficits , a partir de 1995 .

No início de  1998 , o  furacão especulativo atingiu o  Brasil , que insistia em  manter a  taxa  câmbio fixa com relação ao dólar .Os  fluxos externos de capitais começam a escassear a partir de maio , sendo cobertos pela  queima de  reservas internacionais . Finalmente , ainda naquele ano , foi  montado um pacote internacional de  salvamento do  Brasil e , no  início de 1999 , a  taxa de câmbio passou a  flutuar . 

Desde então a  situação , tanto externa quanto interna , alterou-se  substancialmente . As condiçoes para a obtenção de  empréstimos internacionais melhoraram bastante com a redução das taxas de juros nos prin-cipais mercados financeiros internacionais ,que chegaram aos  menores níveis em décadas , apesar de uma  elevação no primeiro trimestre de 2005 . o  Brasil passou a  contar também com outras  fontes externas de  financiamento , especialmente entre  1996 e 2001 . Em terceiro , a  dívida externa , após atingir  um máximo no  final de 2003 , passou  a declinar , na  medida em que muitas empresas têm  preferido não  renovar os  empréstimos externos .Finalmente , as  exportações têm aumentado velozmentew nos  últimos anos .Dessa forma , a relação  dívida/exportações vem  declinando sistematicamente desde 1999 para  atingir o nível de  2,3 vezes , o  mesmo obtido em  1970 . 

A conclusão é de que ,após representar um enorme problema para a economia brasileira desde o  final do  século XIX , tendo sido  causa de  diversos  estrangulamentos do processo de  crescimento econômico ,a  dívida externa vem reduzindo seu  tamanho e tudo indica que , ao  menos até onde a  vista alcança , deixou  daqui  para a frente ,  mantê-la , como hoje , em  níveis  sustentáveis ,  isto é , cujos  gastos  com  juros e amortizações não  representem  valores que excedam  nossa capacidade de pagamento .

Fonte  -  Revista  NOSSA  HISTÓRIA  -  págs  45 até a  50                                                              Outubro de  2005  - Marcelo  José  Braga  Nonnenberg 






domingo, 12 de novembro de 2023

São Francisco e a saudação ' PAZ E BEM '





A paz  essencial não é  a  paz  merament e privativa ou negativa  :  a  mera  ausência de  lutas ,  perturbações , conflitos .Não é a  comodidade do auto asseguramento humano nem se reduz  à mera segurança legal  ( como a  paz romana ) . Não é  ainda o  frágil  acordo de  interesses  particulares , nem o  mero equilíbrio de  forças hostis . Se a con-convivência  humana  não fundar  seus acordos e tratados de paz na ordem da  justiça , estes oferecerão apenas uma  paz aparente . “ Justiça  é o  coração da  paz , sua  gua-rdiã e  sua nutriz “ , dizia , no século XV , o teólogo  João Gerson .

A  paz é  essencialmente a  tranquilidade da  ordem . A ordem é uma  unidade relacional, em que a  disposição das coisas segundo  suas diferenças e segundo  suas igual-dades é  constituída . A ordem  universalíssima e pri- meira é  a do ser . A  paz  essencial , ontológica ,se  dá  na vida do homem quando ele  está em harmonia com o todo , quando ele segue o curso da terra e do céu ,das  coisas humanas e das  coisas divinas , segundo suas  dinâmicas próprias , segundo suas identidades , diferenças e igualdades. A paz se dá com e como  a plenitude de  sentido do  viver , quando o  ser humano satisfeito com a  gratuidade da  vida , numa  atitude de  finitude  agraciada ,  flui  na liberdade do ser . Há  paz , ali onde há liberdade do ser . Há  paz , ali  onde há  liberdade . Há paz , ali  onde vige a  quietude , a tranquilidade , a calma , em que o ser , a vida , é abrigada , em  sua es- sência , isto é , em  seu  pleno  vigor , em  sua  saúde . Por  isso , este  voto de  paz é  uma   saudação :  algo que  comunica saúde . Paz  há  ali  onde há unidade . A  paz  é o estar  recolhido  num  abrigo  essencial , em que o ser , a  vida ,em seu pleno vigor , e a unidade são  resguardados . Paz  e salvação andam juntas . Fran- cisco  perpassado pelo  espírito dos profetas , anunciava  a paz , pregava a  salvação . Salvação  não quer di- zer  apenas  escapar do perigo . Salvação  quer  dizer  libertação para a  liberdade . Quer dizer ser abrigado , protegido , no  vigor  pleno essencial ,  da vida . 

Onde cresce a paz , cresce , floresce e  frutifica o bem . O bem é o que é  íntegro , isto é , o que  é segundo o todo . O bem aparece na  consumação de uma obra que avança , que se potencializa e se torna  bem - aven-turada . Paz e  bem acontecem  numa unidade,  quando a  obra da  vida do  homem  deslancha na  libertação para a  liberdade da  ver -dade , quando  ela  se  torna uma  uma boa ventura , e , assim , se  faz   feliz . 

Essa  mensagem  de  Paz  e bem , porém , não  é  apenas  individual . Ela  é  também  comunitária e  social  .  Assim como os  indivíduos ,também as  comunidades e os povos carecem de  trilhar  um caminho que seja a  realização de um projeto de  paz de bem . Ali  onde a  convivência  humana é continuamente  fraturada  e ex- posta a ameaças  de  destruição , de  aniquilação  e  de  devastação , ali  se  faz  necessário ouvir sempre de novo a  saudação e o  anúncio da paz e do bem . É preciso tecer de novo as  relações de modo que os  te- cidos  das  comunidades , das sociedades , dos povos sejam  reintegrados  na  força  da  paz e  do bem .São  Francisco , nas comunas e nas cidades aonde ia  sempre de novo , era  um portador da paz , um  artífice  da  paz , um homem que  impedia seus próprios a se unirem na  busca comum da  paz e do bem .Que assim seja  também conosco . 

A  Legenda dos  três  Companheiros , num  dos documentos biográficos  mais importantes sobre  São Fran- cisco , um cidadão anônimo , que andava  por  Assis saudando toda a gente deste modo :  “  Paz  e   bem ! “ .  Esta se  tornou , há muito , a  saudação  franciscana  por  excelência . O  princípio , o meio e o fim  da  pre-gação de  São Francisco  se  resumia nisso :  paz . A  saudação de  Francisco soava  :  “  O  Senhor te dê a  paz ! “ .O  mensageiro de Jesus Cristo é alguém que proclama  alegre mensagem da paz . Nas  suas palavras ,  no seu  fazer e no  seu  sofrer , a  paz é  posta em obra . 

Fonte  - Jornal O  SÃO  PAULO  –  Fé  e  Cultura  -   pág  4
28 de junho de  2023   - MARCOS  AURÉLIO  FERNANDES 



Maria da Conceição Tavares

 




Entrevista

Crescimento  deveria  ser  meta  do  Banco  Central

“  Tomara ou ter o Federal Reserve ( Fed) dos Estados Unidos como Banco Central . Eles tratam  direitinho das duas metas que eles têm , que  são crescimento e  inflação . Eles  não acham  que  só  têm que atacar a inflação .Eles acham que também não podem mergulhar a economia depressão “ , diz a professora  Maria da Conceição Tavares em entrevista da revista Desafios do Desenvolvimento .Quanto à possibilidade de o Brasil se tornar exportador de petróleo ,diz esperar  “ que não seja tão cedo ,porque seria um disparate entrar nessa agora “ .

Perfil 

Uma  voz  aguerrida  e  independente

Nascida em  Portugal e  naturalizada  brasileira desde  1957 , a  economista  Maria  da  Conceição Tavares vem exercendo grande influência sobre o  pensamento econômico nas últimas  quatro décadas ,como profes-sora , como autora de  livros que marcaram essa época e  como  militante  política .

Formada em  Matemática em  Lisboa    e  em Ciências Econômicas  no Rio  de  Janeiro , com  mestrado e doutorado nessa área ,  foi  professora titular aposentada da  Universidade  estadual  de  Campinas  ( Uni-camp)  e  professora emérita da  Universidade  Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)  –  Foi deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores  (PT) do Estado do  Rio de Janeiro de  1995 a 1999 . Também  militou no PMDB de 1978 a 1998 .

No início da carreira ,  pertenceu  ao corpo  técnico do  Banco Nacional de  Desenvolvimento  Econômico e  Social  ( BNDES) . Nos  últimos anos ,participou  do grupo que fundou o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o desenvolvimento instituição independente , voltada para a investigação e  pesquisas sobre temas do desenvolvimento ,onde ministrou  cursos especiais . Foi também presidente do Instituto dos Econo-mistas do Rio de Janeiro .  

É  autora entre outros livros, de  da  substituição de  importações ao capitalismo financeiro  :  ensaios  sobre economia brasileira  ( 1973 )  . A Economia política  ( 1982 ) . Acumulação  de  capital a industrialização no Brasil  ( 1984 ) .O  grande salto  para o caos : a economia política e a  política  econômica do Brasil  ( 1985 ), Aquarela do Brasil : ensaios políticos e econômicos sobre o governo Collor ( 1990) .  ( Des)ajuste global e modernização conservadora ( 1993 ) , Lições contemporâneas  de uma economista popular (1994) , o Poder e Dinheiro : uma economia política de globalização ( 1997) , Seca e  Poder  : Entrevista com  Celso Furtado  (1998- 09 , e Celso Furtado e o Brasil ( 2000 ) .

Em sua obra,com frequência trata do desenvolvimento de países periféricos  com  especial  ênfase no  caso brasileiro ) e da sorte dos excluídos economicamente e socialmente . Alinhada com o pensamento dos econo-mistas originários da Comissão Econô-mica para a América Latina e o Caribe ( Cepa ) e do Instituto de Pla-nificação Econômica e Social da América Latina e do  Caribe  ( Ilpes ) , mostra  especial atenção com temas como as variáveis internas a cada país , as necessidades de financiamento do desenvolvimento e o setor pro-dutor de bens da  capital .

Desafios  - Essa perda de  valor do dólar significa que os  Estados Unidos  entraram numa crise sem prece-dentes  

Conceição  - Eu não gosto dessa  hipótese porque já se falou dela  há mais de 30 anos  , quando todo mundo começou a  dizer  que os  Estados Unidos  tinham  capotado , a  indústria deles tinha acabado ,  o made  in  América tinha ido  para o diabo . A  indústria deles , realmente , a não ser a  indústria top , não concorre hoje com as  indústrias do mundo . Só que eles têm os  setores  muito pesados , não só os  financeiros como os de  tecnologia . Então , não  vão quebrar . Ah ,  mas tem um  déficit de  transações correntes ,  dizem  Isso aí  é  ignorância , porque o  déficit de  transações correntes é a  causa do mundo , que manda sua poupança para eles . É o  que acontece , inclusive , com os  chineses , japoneses e nós , a América Latina inteira , todos que têm saldo de balanço de pagamentos que está em  dólar estão mandando para eles . 

Desafios  - E a China é um  problema para o  Brasil ? 

Conceição  -  Eles puxam o preço das matérias primas e nós nos  beneficiamos disso, porque somos  grandes produtores , tanto  de  minerais como de  commodities  tipo aço ou  grãos . Nós  só não somos  grandes pro- dutores é  do  petróleo , quer  dizer ,  grandes nós até já somos , por causa do  nosso tamanho , mas nós não  somos  exportadores . E espero que não sejamos tão cedo , porque seria  um disparate  entrar  nessa agora . 

Desafios  - O  Brasil não vai  ficar ficar tentado  a se tornar  com  essas novas descobertas ? 

Conceição  - Acho que a  Petrobras  não é  uma  empresa que se deixa levar por levar por  besteira . Ela  tem muita capacidade  administrativa  . E  ninguém  que eu conheça do governo , que seja do  ramo , acha que tem que  exportar petróleo , a  não ser para  trocar - exportar o pesado para  importar o leve . Mas , como  a ma- triz energética do Brasil  está indefinida ,  isto também  não ajuda  nada a definir . Como é  que se define uma  matriz energética quando está um caos energético no  mundo ?  Mas , no futuro , um dos  problemas  que  não se apresentam é a energia , a  não ser a  curto prazo por causa das  sandices feitas na  década de  1990 , por- que não se  construíram as  hidrelétricas . 

Então ,  agora  tem  que  construir . 

Trecho  da  entrevista  para demonstrar  todo  comprometimento  com o  país e  inteligência  da  Economista  que  amava  o  Brasil

Fonte  -  Revista Desenvolvimento  -  PUBLICADA   -  Ipea  
n ° 38  - 12 / 2007   Dezembro  de  2009 / Janeiro de 2010

Uma mulher , Nobel de Economia




Uma  mulher,  Nobel  de  Economia

Uma  mulher, pela primeira  vez , ganhou  o Nobel  de  Economia . E não é uma  economista assim  uma  especialista em  Ciências  Políticas 

Corrigir  deficiências ,temos a  visão de uma  terceira via em que outros agentes e opções se  apresentam , ajudando a  entender  mecanismos e  instituições fora do mercado que não são  parte do governo , e  que      se juntam em  ações cooperativas  para solver e equalizar problemas  eonômicos e sociais de sobrevivência de  grupos nos recursos ambientais .


A  teoria de  Elinor  Ostrom derruba a  tese de que , quando  comunidades administram recursos finitos , acabarão por destruí-los e que seria melhor a  regulamentação que seria melhor a regulamentação centra-lizada ou a  privatização . A  gestão comunitária pode ter  resultados melhores do que o  previsto usando  exemplos de  estudos sobre  gestão de  florestas , suprimentos de  água e  pastos .  

Demonstrou  que , em  muitos casos , grupos de  pessoas se  organizam e conseguem  explorar de  forma  sustentável ,os  recursos naturais mesmo sem  intervenção do governo . Isso ocorre porque , com o tempo , as  pessoas formam  redes e  instituições que desenvolvem  maneiras para  lidar com os problemas .Essa é uma  teoria sobre o cooperativismo e  sua  forma de administrar a  exploração organizada de  recursos co -muns e finitos .  

A  importância é o  desenvolvimento do estudo sobre o regime de  propriedades e  serviços em cooperativas, envolvendo  pesquisas em  vários  Países , mudando a   visão convencional  que envolve a  privatização ou a  regulação  centralizada do  governo , apresentando uma alternativa para o  uso dos  bens comuns : a  coope-rativa governada pelos seus próprios usuários .

A  cooperação está na raiz do desenvolvimento da  sociedade tal qual a  conhecemos . Só a cri- ação de  re-gras , princípios e  acordos permitiram , via a  cooperação entre  pessoas ,criar mecanismos que trouxeram o  desenvolvimento econômico e  social dos grupos humanos . 

Elinor  Ostrom  : seu  trabalho em defesa da  administração  comunitária foi , enfim , valorizada .

Fonte  - Coopera  Trabalho  - Da  Frebracoop 

Dezembro de  2009  - José  Rodrigues  Ribeiro 





Mulher  brasileira  EM  1º  LUGAR 

Nadadora a  primeira atleta do país a  ser campeã  mundial de  natação ao conquistar a medalha de  ouro  na  prova  dos  50 m costas no  Mundial de  Natação em  Budapeste 

A  pernambucana  Etiene  Medeiros  escreveu o seu  principal  capítulo dentro da  história do  esporte  bra-sileiro ao  vencer os 50m  de  Natação  em  Budapeste e se  tornar a  primeira mulher  brasileira a  ser cam-peã mundial .

A nadadora do Brasil fez o tempo de  27s 14  , apenas  um  centésimo à  frente da chinesa  Fu Yuanhu , sua  principal  adversária e que ficou com a  prata . Etiene  cravou a terceira  melhor da  história atrás apenas dos  27 s 11 da  própria  chinesa  e  do  recorde  mundial  ( 27s09 ) ,  da também  chinesa  Jing Zhao . 

" Fiquei  um  pouco  nervosa na  hora , mas  foi  engraçado , mas  foi  engraçado ,  todas as  nadadoras me desejavam  boa sorte . Todas estavam  nadando para  bater a  chi nesa  " ,contou  Etiene após  faturar o ouro . " Foi pouco , ela ( chinesa ) é uma ótima  adversária " , completou a  campeã . 

Esperança de  medalha na  Olimpíada do  Rio em 2016 , Etiene não  conseguiu o  pódio e ficou apenas em 8º  nos 50 m livres . "  Depois da Olimpíada , resolvemos dar  uma  refrescada porque  foi  um  ciclo intenso " , explicou o  técnico Fernando Vanzela , que está com a  nadadora há mais de  cinco anos . 

Etiene faz  história na  natação desde 2008 quando foi  a  primeira brasileira no  pódio em um Mundial Júnior , com prata nos  50 m costas aos  17 anos . 

Depois  foi a  primeira a ganhar o  ouro  Mundial  de piscina curta ,a primeira  a  quebrar a  recorde mundial    ( piscina curta ) , a  primeira a subir no  póodio em  Mundial de  piscina longa e o primeiro  ouro feminino da  natação em Pan . 

ETIENE  PIRES  MEDEIROS 

26 anos , Natural de  Recife ( Pernambuco ) 

PRINCIPAIS  CONQUISTAS 

50 m  costas - Mundial BUDAPESTE  ( 2017 ) 

50 m  costas - Mundial de  KAZAN ( 2015 ) 

50 m costas  - Mundial de  Piscina Curta 

DE  WINDSOR  ( 2016 ) 

4 X 50  MEDLEY  MISTO 

Mundial  de  Piscina Curta  - de  Doha  ( 2014 ) 

50 m  costas  

Mundial de  Piscina Curta  - de  Doha  ( 2014 ) 

MELHORES  MARCAS  

27 s 14      

50 m costas   -  25 s 67 

50 m costas   -  Em  piscina curta   - RECORDE  MUNDIAL 

Fonte  - Jornal  DESTAK ESPORTES  -  pág 14 

Sexta-feira , 28 . 07. 2017  - Redação