AO MUDAR-SE PARA SÃO PAULO NOS ANOS 1920 , LASAR SEGALL TROUXE O OLHAR EXPRESSIONISMO ALEMÃO PARA DIALOGAR COM A CENA MODERNISTA BRASILEIRA
De origem lituana , Lasar Segall muda-se para São Paulo na década de 1920 , aos 3 anos de idade . A aproximação afetiva com o país se formaliza em 1925 , por meio do casamento com a brasileira Jenny Klabin .Futuramente ,a casa do artista na capital paulista seria transformada no Museu Lasar Segall , ide-alizado por sua esposa e inaugurado pelos filhos do casal , Oscar e Maurício Segall , numa homenagem póstuma a um dos maiores representantes das artes visuais brasileiras do período modernista . A amizade com Mário de Andrade – um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922 – encurtou as dis- tâncias entre Segall e a movimentação cultural e intelectual de São Paulo , marcada pelo modernismo e pelo circuito dos salões aristocráticos das artes .
PINTOR CONSAGRADO
Segundo Jorge Schawartz , diretor do Museu Lasar Segall , a mudança do artista para o Brasil não é reduzida em significado e trouxe com ela a aura do famoso pintor identificado pelo expressionismo alemão .Exemplo disso foi a compra de algumas de suas obras por museus alemães , como Von der Heydt - Museu Wuppertal , juntamente com esposições em cartaz na época. " Tamanha a importância , que al-gumas obras foram confiscadas e expostas na histórica exposição nazista de ' Arte Degenerada ' em Munique , junto com 750 outros artistas - o que havia de melhor na vanguarda alemã e austríaca " , explica Schwartz .
Daqui já se notava o interesse de Mário de Andrade pela obra do artista , que se na-turaliza brasileiro em 1927 . Mário era leitor de publicações alemãs , por meio das quais conheceu Segall . " Foi quem mais escreveu sobre ele , fazendo com fosse reconhecido nos anos de 1920 como o pintor mais importante do Brasil " , completa . Mário de Andrade manifestou seu contentamento de forma pública em artigo publi-cado em 1924 , no periódico a Ideia .O crítico entenda o trabalho de Segall como um paradigma da van-guarda , uma espécie de vitrine do que melhor estava sendo feito na Europa .Em outros textos , chegou a apresentá -lo ao público leitor como exemplo de arte contemporânea . Em crítica no jornal Correio Pau- listano , em 29 de março de 1924 , a propósito de uma exposição individual do artista , afirmou que amostra trazia uma inquietação , " que é talvez o aspecto mais significante do espírito contemporâneo " .
ENTRE OUTRAS FRENTES
Com histórico nas vanguar das europeias e inserido cena modernista paulistana Segall também atuou como cenógrafo , muralista e decorador de artes visuais .Essas atividades ocorreram , principalmente , nos anos de 1930 .
Essa fase não tão conhecida do artista foi objeto de estudo do professor do departa-mento de Sociologia da Universidade de São Paulo ( USP ) e autor do livro Lasar Segall : Arte em Sociedade ( 2008 , edição esgotada ) , Fernando Antonio Pinheiro Filho , que também cita a amizade entre Segall e Mário de Andrade como peça - chave na divulgação do expressionismo no Brasil . Segundo o professor , Mário vê em Segall " uma possibilidade de renovação para predominância da cultura francesa no modernismo bra-sileiro ,defende o expressionismo como a nova vanguarda e o apresenta à elite paulistana ." Como exemplo, Pinheiro Filho menciona a decoração do pavilhão modernista na casa de Olivia Guedes Penteado " .Pin- tado num abstracionismo geométrico inusual até na obra de Segall , por isso mesmo , logrou êxito como inovação a que só uma elite que se pretendia distinta por sua cultura poderia incorporar " , analisa .
Fonte - Revista E - SELO SESC - pág 8
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