domingo, 4 de fevereiro de 2024

COMO DEIXAR DE SER MAL - EDUCADO


 

Sobre  as  confusões  educativas  contemporâneas 

Comportamento 

Atendendo muitas  famílias  e tomando  de  suas  angústias educativas , senti-me movida a fazer  uma breve análise do que do que leva as  pessoas a buscar tantas e tão diferentes  técnicas e teorias educativas . Te -
mos disponíveis no mercado , especialmente no mercado  on - line , as mais diversas propostas de  inter-venções educativas a  disciplina positiva , a comunicação não violenta , a cama compartilhada , a  educação neuro compatível , enfim , seria  difícil nomear  todas as  linhas educativas que se apresentam e acabam  in-tegrando não somente o  imaginário , mas especialmente  ação do país .

Creio que seja  muito importante , mais do que  criticar ou  aderir , compreender em que lugar entram essas teorias . Por que os pais  se  abrem tanto a tudo o que de mais  “ novo “  se  apresenta nesse campo  ? 

Desde os  movimentos iluministas ,  oriundos da  revolução Francesa , todos estamos  relativista e equivocado no que diz  respeito a quem é a  pessoa , ou  seja , não nos ancoramos numa concepção antropológica clara  sobre a pessoa e , consequentemente , sobre  corno a  criança chega a  ser pessoa em todo o  seu potencial . 

A partir da  visão rousseaunerana de  Educação , se aderiu a  uma postura educativa espontaneísta , ou seja , se vê  a criança como alguém potencialmente capaz de , quase que somente por  herança genética ,chegar  à sua  melhor versão a partir de seu cresci-mento natural .

Tudo  o que  vai  “ contra  a  tendência natural “  e  espontânea da  criança é visto como  opressão , falta de  liberdade , de autenticidade , ou  limitador da  criatividade infantil .

Ocorre que isso toma  conta do  imaginário  dos pais sem que eles saibam exatamente o  porquê.Com medo de  oprimir ou de  traumatizar as  crianças , exatamente por não entenderem bem  o modo como realmente o  crescimento saudável e adequado acon-tece e como as  crianças podem  chegar ao  máximo do  seu  po-tencial  os pais aderem a  essas técnicas . Sendo assim , sem que saibam , estão  agindo ,  muitíssimas vezes , em  direção contrária ao  que realmente querem . ‘ É preciso , a  meu ver , esclarecer  aos pais o que se  ga-nha e o que  se  perde quando  não se tem clareza sobre  quem somos nós , pessoas .

Baseando-se , então , numa antropológica , proponho uma  visão  mais ampla dessas  abordagens educativas .
Crianças  nascem “ débeis “ .Por experiência , todos sabemos que elas nasce comple-tamente  dependentes e absolutamente  inaptas  a  viverem sós . Dependem do  adulto para sobreviver e  aprender a  viver . Não são  capazes de  escolher nem  agir  por  si mesmas .

Elas têm um  aparato neurológico imaturo , com  um sistema límbico em  alto  funcionamento ,o que as leva a buscar  o prazer e  reagir intensamente ao desprazer ( frustração ) . 

Como os  animais ,elas têm uma  sensibilidade  presente que  as leva a perceber o mundo e se  adaptar a  ele , mas , como pessoas , possuem  as potências da  inteli gência e da vontade vão promover  uma  vida superior  à de  qualquer outro  animal . Estas , na infância ,estão presentes em  potência , precisando de ajuda para  se transformarem em ato .Essa ajuda se dá  pelo processo educativo ,que no ser humano é absolutamente trans-formador - capaz de  levar a  pessoa à sua  melhor versão .

A  pessoa vai se aperfeiçoando e se tronando  melhor quanto  mais  vai  sendo educada em  sua  potência vo-litiva e  intelectual – isso se dá a partir da  aquisição de hábitos e  virtudes .

Feitas essas considerações , fica  praticamente impossível acreditar que , desenvolvimento espontâneo , che-garão a  resultados positivos . 

Algumas  propostas  educativas pregam que crianças até  determinada idade não compreendem o  sentido da  palavra “  Não “ . E  eu pergunto  a você como  compreenderão se não apresentarmos  essa palavra a elas ? Como se aprende  uma  língua  nova ?  Sem ouvir o que não se conhece , não se aprenderá nunca . 

Outras dizem que ao invés de dizermos aos  pequenos o que não podem fazer , devemos  apontar aquilo que podem . Pergunto  novamente : é contato coma frustração ter somente horizontes abertos abertos  ? Quando  perceberem que  a vida real  se trata de escolhas e que escolhas pressupõem  um ganho em  detrimento de algumas perdas, como se sairão ? 

Como poderemos ensinar  a virtude da coragem ,da  fortaleza ,da  paciência , da generosidade , da ordem , se  nos  limitarmos a  “ respeitar  “ as  capacidades  imaturas da criança  e não  as  estimularmos a  mais ?

Claro  nada disso precisa ser feito  com autoritarismo ou  agressividade . Ao contrário com  muito carinho e firmeza .Exatamente por um grande gesto de amor não podemos deixar que  os  pequenos fiquem  reféns da  condição imatura . Devemos a eles a  possibilidade de crescerem e   se desenvolverem , de se tornarem  grandes homens e mulheres . A  educação é a  única condição para que  isso acontença  verdadeiramente .

Fonte  -  Jornal  O  SÃO  PAULO  -  pág  5  -   Viver  bem   /   Fé  e Vida  
De 8  a  14 de junho de  2022  - Simone  Ribeiro  Cabral  Fuzaro  - fonoaudióloga e educadora  -  Comportamento 






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