Rock in Brasil
O balanço das gerações
REBELDES
Até 1955 o mundo movia-se ao som de uma valsa tocada por Glen Miller .Um dos grandes momentos na vida de qualquer jovem era quando completava 15 anos ou formava-se normalista .Orquestras ocupavam os salões dos clubes e casais dançavam elegantemente sóbrios . Os rapazes de summer , as moças de longo . Dançavam distantes .Rosto colado , nem pensar – a não ser que estivessem assumindo publicamente o com - promisso de namoro e todas as suas regras conhecidas .O próximo passo ,uma semana depois, seria o beijo na boca. Passado um mês , abraços mais Nas festas mais inebriantes . Mais outro mês , e a maravilha de um beijo de boca aberta .
A partir de 55 o rock explodiu o mundo – e nem o namoro ficou indiferente a isso . As ruas das grandes cidades eram cruzadas por lambretas que conduziam na frente o rapaz ( topete , calça brim coringa , alpargatas ) e na garupa , agarradinha , o broto ( rabo de cavalo , calça pescando siri e camiseta de gola canoa ) . As regras básicas , no entanto, persistiam .A moça tinha que parecer difícil para “ não cair na boca do povo“, muito “ dar o mau passo” ( perder a virgindade ) . O rapaz, reprimidíssimo , era incentivado pelo pai a iniciar-se na vida sexual com prostitutas .
Essa juventude às vezes inventava moda jogando ioiô , rebolando com bambolê ou enchendo os cinemas quando havia algum filme em terceira dimensão ( aqueles dos oclinhos ) . Nas festas mais avançadíssima , as que tocavam os rocks de Bill Haley e Elvis Presley , o pessoal tomava drinks considerados verdadeiras bombas de desinibição : cuba libre ( Coca Cola com rum ) e hi-fi (vodka com Crush) .Nos bailes bem- com-portados havia coquetel que derrubasse a tensão.As moças temiam levar " chá de cadeira ",ou seja ,não ser convidadas para dançar . Os rapazes também sofriam. Tinham que atravessar todo o salão para tirar a moça .E quem lhes garantia que não, a famosa "tábua " uma época de avanços tímidos. Os brotos trocavam as toa- lhinhas higiênicas da farmácia . E começavam a ir à praia vestindo a audácia do biquini e isso provoca escân- dalos curiosos, como o que Ronnie Cord flagrou em Biquini Amarelo, a história de uma tal Ana Maria ex- perimentando o duas-peças numa loja. No lado dos rapazes - por mais que as grandes potências começas -sem a cruzar o espaço com seus satélites e no Brasil a indústria automobilística se firmasse .
Como tentativa de afirmação,algumas moças fumavam escondido . Em público, nem pensar. Nas noites que antecediam os exames , fazia-se um novo esforço de compreensão das matérias à custa de bolinhas e anfe- taminas . Foi através delas que as drogas entraram na classe média.O Instituto de Educação , um dos mais famosos do Rio , apresentava durante as provas parciais e orais - eram o horror da estudantada - um movi -vimento especial de normalistas abaladas pela excitação das bolinhas.
Mas a facção mais alardeada dos anos 50 é a da juventude transviada . Eram os revoltados , os que estavam de mal com tudo e manisfestavam isso em atitudes .
Quebravam cinemas após filmes de rock , lutavam de correntes e canivetes nas es-quinas,a turma de uma rua contra a da outra. No visual imitavam James Dean com seu jeitão eternamente entediado , blusão de couro e blue jeans desbotado . Eram um caso de polícia . Praticavam a roleta -paulista , uma brincadeira de avançar sinais , e de vez em quando estavam no noticiário como envolvidos em mais uma farra num apartamento em Copacabana . O jovem queria explodir mas não sabia para onde . Tempo de repressão . Nem usar camisa vermelha o rapaz podia . Era coisa de " maricas " .
JOVEM GUARDA
Uma brasa mora -o elogio máximo entre a turma da Jovem Guarda - era o rapaz usar botinhas The Beatles bem engraxadas , calças tipo Saint- Tropez e namorar uma garota papo-firme: aquela de minissaia , cabelos lisos longos repartidos ao meio e botas de cano alto. Tinha mais : os cabelos masculinos eram compridos , desciam até a altura dos ombros e dali faziam uma volta para cima . Do exterior já vinham notícias sobre a pílula anti-concepcional. Mas a garota-papo-firme , indecisa, não deixava que o namoro passasse de uns " amassos " no portão.
A coisa estourou mesmo em 1965, Roberto e Erasmo Carlos já vinham fazendo composições próprias , de temáticas tiradas do cotidiano do jovem brasileiro - como a chegada do monoquíni às prais do Rio .Mas foi no final desse ano , quando os dois - mais Wanderléa , Renato e seus Blue Caps , Jet Blacks e outros - ganharam um programa aos domingos , na TV Record (SP) , que o movimento se tornou um acontecimento sem precedentes . Jovem Guarda , o nome do programa , era a ressonância aqui de um fenômeno mundial , de novos compotamentos e nova música, criado a partir de 1962 com o primeiro disco do grupo inglês The Beatles .
Eram quatro cabeludos , franjinhas caindo escandalosamente até as sobrancelhas até às sobrancelhas , e que provocavam crise de histeria nas platéias femininas .Eram jovens , bonitos , sensuais , levemente inconse - sequentes e com uma inspiração musical típica dos grandes gênios . Deram ao rock o frescor , liríssimo e sofistificação que o gênero precisava para sua enlouquecedoura negritude rítmica . Feito o coquetel , tudo o que aconteceu nos costumes do mundo - e como aconteceu - deve ser posto na conta dos Beatles : as saias femininas foram reduzidas à metade , os jovens passaram a ser o grande modelo idealizado pela sociedade de consumo, os homens ficaram mais liberados da obigação do machismo ( com aqueles cabelos, não podia ser de outro jeito ) , a revolução sexual , finalmente , punha-se em marcha .
A Jovem Guarda adaptou como pôde essa onda de libertação . Os militares estavam no poder, a marcha pela família acabara de varrer o pecado das ruas . Achava-se que em cada LP de Rock vinha um encarte com todas as informações para as meninas deixarem de lado suas bonecas e caírem na grande festa da luxúria e perdição . Não era bem assim. As músicas descreviam o namorinho de portão , o encontro no boliche , as turmas de rua e as festas dadas como de " arromba" , mas que na verdade eram apenas de brincadeira ginasianas . Foi a última juventude ingênua da história do Brasil . Drogas , virgindade , homos- sexualismo não eram "papo" pra Jovem Guarda .
Tempos difíceis, convenhamos . Mesmo assim Roberto Carlos fez um bom desabafo em Quero que Vá Tudo pro Inferno , Wanderléa deu os primeiros sinais de insatisfação feminina em Prova de Fogo e novamente Roberto louvou uma companheira mais forte e decidida em É Papo Firme . Mais, impossível. A informação dos artistas daJovem Guarda não era muito sofisticada - e, felizmente, eles não tentaram demonstrar o con- trário . Cantavam o que lhes acontecia na vida , paixões com uma coloquialidade simples e efeciente . Eram beijos e beijos, a forma mais inebriante de realizar o desejo sexual .
O importante era que o jovem tivesse seu caranga incrementado para impressionar as meninas ao desfilar na Rua Augusta ,uma versão moderna do antigo footing na pracinha do interior. Roupas Calhambeque , lançadas por Roberto, também caíam bem . As calças , de duas cores ( uma na frente , outra atrás ), deviam ficar na altura dos quadris , ser bem justinhas e ,a partir dos joelhos ,abrir numa monumental boca- de- sino até até arrastar no chão . Além de " uma brasa, mora " , era " bárbaro " e " barra limpa " .
TROPICÁLIA
O tropicalismo foi o iê-yê-yê que frequentou e universidade , leu Marcuse , McLuhan e soube que os estudantes franceses estavam pichando as ruas de Paris com slogans como " a imaginação no poder " e seus colegas tchecos protestavam contra a invasão de seus pais pelos tanques soviéticos.Foi a primeira geração que viveu sob o impacto dos satélites de informação . O que acontecia nos Estados Unidos e Europa chegava aqui no mesmo momento em transmissões diretas de rádio e televisão . E os tropica- listas estavam ligados em toda modernidade internacional , sem esquecer porém que no fundo de ser peito bateria sempre um pandeiro .
Era preciso não ter vergonha da cafonice da pátria , adotá-la ao mesmo tempo em que se convivia com o intelsat e outros satélites da nova comunicação jogavam aqui no quintal . Nada de preconceitos . Os tropicalistas misturaram arranjos sofisticados dos Beatles , no recém-lançado LP Sargent Pepper 's Lonely Hearts Club Bad , com Araci de Almeida . O pinguim devia continuar em cima da geladeira - ficava bonito ali-mas na parede , para dar uma equilibrada na coisa , ia bem um quadro de Andy Wahol . Não se sabia mais o que era bom e o que era mau gosto . O tropicalismo tinha estô-mago de avestruz digeria todo sa - rapatel estético e limpava os lábios com a língua ,achando uma gostosura .
Foi uma revolução intelectualizada . Os baianos que fizeram o tropicalismo a partir de 1967 , principalmente Gilberto Gil , Caetano Veloso, Tom Zé e Torquato Neto , estavam antenados com a onda das passeatas. Li- deradas pelos estudantes ,elas reinvi-dicavam um país mais democrático , independente e moderno. Eram agitações quase diárias . Os estudantes usavam camisa cáqui de manga comprida calça Lee desbotada (do bolso de trás pendia o estilingue para atirar bolas de gude que desiquilibrariam os cavalos dos PMs ) e tênis grosseiros , especiais para batalhas de rua . As moças usavam grandes óculos redondos , gola rulê e minissaias - mas sem exagerar na busca da sensualidade .
Aos poucos ia se marcando um novo visual para a juventude. Caetano e Gal Costa usavam os cabelos alisados , mas resolveram assumi-los , com todos os caracóis da morenice , assim que o movimento es- tourou nos palcos - sempre com cenários de quintais e bananeiras ao fundo. Houve uma revalorização do terno branco de linho, do sapato bicolor e do chapéu com jeito de malandro . O toque de estranheza - e genialidade - dos tropicalistas é que eles revestiam tudo isso com a informação pop .Gravaram por exemplo o Hino do Senhor do Bonfim , cantado nas procissões baianas ,com um pouquinho do feético rock ali .
O rock ,por sinal , nunca tinha soado tão atualizado no Brasil . Nada do namorinho de portão da Jovem Guarda ,mas o amor louco de Clarice ( de José Carlos Capinam e Caetano Veloso ) O décor era a grande cidade, o computador, o astronauta , a rebeldia mais desafiadora possível . Era o tropicalismo colocando no palco a grande contradição do país : de um lado, um Brasil que avançava na tecnologia ( grandes indústrias ,uma sociedade de consumo excitada ) ; do outro o Brasil rural , com a eco-nomia sustentada pela expor- tação do café e embalando o sono nas lendas do saci-pererê . O tropicalismo dava seu parecer nesse conflito as duas culturas deviam con -viver em paz , sem oposições .
Foi uma onda rápida, como a que se eleva e desaba em Itapoã .Os de direita achavam que o movimento subvertia a ordem quando fazia versões para a guitarra do Hino Nacional .Os de esquerda achavam que as letras não tocavam nas grandes questões sociais . Além disso , aquele negócio de cabelo comprido e guitarra de rock era coisa de imperalista americano. Diante de um grupo desses que o vaiava no Tuca, em São Paulo , quando cantava . É Proibido \proibir, caetano discurous veemente : " Mas é isso que é juventude que diz que quer tomar o que pode ? Se vocês em política forem como são em estética , estamos feitos " !
Caetano, infelizmente , estava certo . O AI-5 desabou logo em seguida e a juventude foi uma de suas grandes vítimas .
DESBUNDE
O sonho acabou. Quem disse foi John Lennon , assim que os anos 70 apareceram no horizonte. Acertou em cheio. Foram tempos difíceis . No Brasil , a geração que curtiu sua juventude naqueles anos escuros ficou conhecida como a do sufoco, ou do desbunde . Uma das gírias mais consagradas ficou sendo "sartar " . Não há à toa .
Fugia se . Das universidades com seus professores cassados dos meios de comunicação censurados ; das torturas nas prisões . As estradas ficaram cheias de hippies . Os rapazes usavam sandálias , bolsas de couro e camisetas com flores psicodélicos impressos em silk-screem .As moças vestiam longas túnicas indianas . Tinham como ideal de beleza deixar os pêlos do corpo - todos,principalmente os do sovaco - aflorar natu -ralmente .
Essa era uma outra palavra de ordem : ser natural . usava-se patchuili , um perfume com cheiro de mato. Centenas de comunidades foram armadas em lugarejos como Mauá , nas montanhas do estado Rio de Janeiro e Arembepe , litoral baiano . Na primeira , os hippies faziam cultura de mel ,amassavam pão integral e alimentavam-se nos rigores da refeição macrobiótica . Em Arambepe era quase a mesma coisa . Só que , quando o sol ficava mais forte, todo mundo tirava a roupa e entrva no mar, exatamente como no princípio de tudo .
As drogas instalaram-se em todas as camadas da classe média urbana . Principalmente a maconha e o ácido lisérgico.Ao mesmo tempo que estimulavam o exercíco de novas percepções , faziam agumas vítimas .Os jovens começaram a curtir drogados os shows de rock .
Os músicos por sua vez , produziam uma série de cançoes falando do barato das drogas . Houve também a head-music, com Pik Floyd, Yes e outros. A música sozinha , com suas abstações, fazia a cabeça . Uma viagem .
O Oriente distante era tido como o templo máximo do conhecimento e quando não exportava modismos como I Ching ,u m jogo advinhatório , eram os próprios jovens que pegavam um cargueiro do Lloyd em busca de gurus e técnicas de meditação , como as de ioga e do zen -budismo .Tudo o que pudesse ajudar a decifrar o oculto dessa existência era bem-vindo .Foi ali que se começou o que estrava escrito nas estrelas . I Ching , horóscopo , tarô, bola de cristal . Tudo isso devia ser curtido com um incenso de jasmim aceso no fundo da sala . Muitos almofadões pelo chão e cortinas de renda compradas no Ceará.
Outra palavra importante foi alternativo . Indicava que não se precisava de muito di -nheiro para ser feliz . Mais : que esse dinheiro podia pintar em profissões fora dos es-critórios e das relações capitalistas mais explícitas . Ser artesão , por exemplo .Na Praça da República , em São Paulo, e na general Osório, no Rio, rapazes de barbas e cabelos longos vendiam objetos de couro . Alternativa também era uma certa forma de imprensa . De pequenas redações saíam jornais como Flor do Mal , Verbo Encantado, Beijo, a revista Bon -dinho . Eles davam dicas de como fugir do sufoco com matérias sobre ecologia, bioenrgética , libertação sexual e perfis dos gurus Casrañeda ,
Timothy Leary e outros. A coluna Underground ,de Luis Carlos Maciel , no Pasquim ,era o principal centro irradiador dessas novas idéias .
Nas portas dos teatros, principalmente dos que apresentavam shows de Raul Seixas , Gal Costa e outros , joven spoetas vendiam versos rodados em mimeógrafos . ComoChacal : " Espere baby , não desepere/a lagoa há de secar / e nós não ficaremos mais a ver navios / e nós não ficaremos mais a roer o fio da vida /e nós não ficaremos mais a temer a asas negras do fim ".
REALCE
Cansada do coletivismo dos anos 60 , da rebordosa do início dos 70 , a juventude que encerrou a década reuniu-se em torno do que achava mais lindo do mundo : o próprio umbigo .
Ficou conhecida para sempre , nos anais que registram a história do comportamento , como " a geração do eu ' . Um ' eu " para cima , positivo , resolvido a ficar de bem com a vida depois de tanto protesto e picada de mosquito nas comunidades de Mauá .
As "gatinhas" e "gatinhos", com suas camisas Hang Ten ou Hands-Off sandálias ha - havaianas com solas invertidas , andavam em bandos , com poucas palavras ( mas muitas gírias ) e bastante som saído de head-phones, que os acompanhavam sempre .Reuniam-se em frente de lanchonetes . No coração das " cocotas " , o hippie dá lugar ao " fera" , hábil surfista de longos cabelos dourados ( mesmo que à custa de água oxigenada ou até de parafina usada em suas pranchas ).
Um dos poucos grandes ídolos desses tempos foi o americano John Travolta , que cruzou o mundo inteiro no comando do filme OS EMBALOS DE SABÁDO à NOITE, uma ode às delícias que giravam em torno das discotecas . eram imensos salões de dança , decorados com muitas luzes ríttmicas e um som altíssimo , que despejava uma música de arranjo cheio de metais e batida insistente,comparada à do bate-estaca da construção civil . As discotecas espalharam-se por todo o Brasil, deram origem a uma moda própria ( roupas sempre coloridas e brilhantes ) , criaram mitos próprios ( como as Frenéticas ) e viraram tema de uma tele - telenovela de grande sucesso (Dancing Days ) . Cercadas de espelhos por todos os lados, reletiam jovens que tinham como grande preocupação " transar o corpo numa boa " .
Foi nessa época que as academias de ginástica começaram a viver um de seus momentos fervilhantes .Flexões abdominais e principalmente corridas ao ar livre , incentivadas pelo método do dr. Kenneth Cooper, dei - xaram de ser coisas aborrecidas, parte das aulas de educação física ,e foram consumidas por batalhões de atletas. Não havia mais tempo para utopias sociais nem viagens de labirintos da mente,que caracterizaram as gerações anteriores . " Cada um na sua " - eis a gíria mais falada.
Dentro desse orgulho pela individualidade dos gays , que discutiram publicamente a necessidade de ter seu prazer respeitado ( o jornal Lampião foi o porta-voz desses anseios ) . Todo mundo deslizava em cima de skates , patins , bicicletas e pranchas de windsurf , outros modismos do final 70 . Não eram brincadeiras gratuitas como ioiô . Eram esportes wue divertiam e , ao mesmo tempo , iam trabalhando biceps, glúteos e tudo mais .
De resto, a geração do eu consagrou a seu jeito práticas que já haviam sido detonadas anteriormente , mas fracassadas por seu radicalismo . Ninguém evidentemente continuou a mastigar 35 vezes cada porção de porção de macrobiótico , mas muita coisa da alimentação natural dos hippies ficou: o açúcar mascavo chegou aos restaurantes finos ;as casas de sucos substituíram os bares de esquinas ;o pão integral virou um item banal nas residências A preservação do corpo juntou-se ao antigo pacifismo e criticou as usinas nu- nucleares. A poluição nas grandes cidades foi encarada como ini-migo mortal da felicidade de cada um . E até mesmo o cigarro , antes tão charmoso para os jovens , sofreu sua mais forte queda de prestígio . Bom era ter saúde.
PÓS - TUDO
No início dos anos 80 o rock voltou a estourar nas paradas de sucesso , carregando junto uma geração que tem uma multiplicidade de estilos tão grande quanto os que os conjuntos aplicam na sua maneira de compor e de se exibir .A opinião geral é que todas as revoluções já foram feitas e que o novo - o novo comportamento , o novocinema ,o novo jeito de falar - só virá com uma olhada sem preconceitos no baú dos tempos .Cunhou-se um rótulo para isso : e pós-tudo.
Há um reconhecimento da saturação , de que as gerações anteriores já fizeram tantas loucuras - lutaram e sofreram tanto por elas - que é hora simplesmente de vivê-las em sua plenitude ,sem ansiedades .Nas músicas há um pouquinho de tudo: pitadas da despretensão da Jovem Guarda ao falar do cotidiano ; a colagemn tro- picalista ; a rebeldia do desbunde e uma glorificação do przer que vem do ideário dos dançarinos das dis-cotecas.
Os jovens dos anos 80 são os primeiros filhos das gerações que se criaram no embalo da música e do comportamento do rock. E u sou Free ,do grupo Sempre Livre ( só de mulheres ) , fala disso.Até o eterno choque de gerações fica difícil ; pais e filhos são todos doidões . Que bons conflitos pode ter uma menina se os pais não lhe cobram hora de chegar em casa e os rapazes não estão nem aí com os dogmas como a vir - gindade?
É difícil ser free.
Nunca a moda foi tão fragmentada , nunca o vale-tudo de estilos foi tão glorificado. É possível ser feliz usando as roupas coloridas das butiques, principalmente a combi -nação jeans e camisa-pólo , como usando cami - sonas largas ou saias de comprimento irregular .
As grotas usam óculos escuros tipo gatinho, feito as pioneiras dos anos 50 , gostam de rapazes que recriam o rock de Elvis Presley , Bill Haley ou Everly Brothers. Ima-gine: usam batom carmim .Já não pegam carona nas lambretas , têm as suas .Na praia já não ficam apenas se bronzeando , passivas cavalgam ondas , com graça e valentia , deitadas em pranchas de bodyboard .Aprofundando a tendência de recuperação do corpo do final dos anos 70, os jovens começam a modelá-lo do jeito que acham masi interessante . As meninas optam , quase todas , por trabalhos (" malhação ") que lhes dêem um bumbum empinado. Os rapazes cultuam ombros largos e bíceps extravagantes . Praticam esportes mais arrojados e emocionantes canoagem , asa delta , ultraleve , motocross, etc.
Há por outro lado, grupos que não concordam com toda essa exaltação do visual e da felicidade individual num mundo cercado de guerra e podridão. São os punks .Moram principalmente nas periferias das grandes cidades , filhos de operários e baixa classe média , e mostram sua rebeldia com cabelois cortados feito os dos índios moicanos do cinema , alfinetes de fraldas espetados no rosto, casacos de couro preto, correntes, roupas absolutamente andrajosas.
Consideram-se o podre, o lixo descartado da sociedade . Comunicam-se através dos fanzines , pequenas revista geralmente em xerox .Assim como os punks , os darks também não vão com a cara do mundo , embora não façam disso uma bandeira política .São absolutamente individualistas .Vestem-se basica -camente de preto,com roupas superproduzidas e pesadas maquiagens. Cultuam a pele branca frequentam clubes noturnos , onde bebem coquetéis chamados chuva Ácida , Kamikaze , Hepatite e Lagoa Cinza. deprimidos , mas com estilo .
Sorridentes mesmo são os yuppies . esses jovens profissionais bem-sucedidos cercam-se de todos os confortos da eletrônica japonesa e da sofisticação dp design italiano. Ganham muito dinheiro- e não se envergonham , nem um pouco disso - em profissões que podem ser tanto as mais caretas do mundo como as originjárias dos movimentos contraculturais das décadas anteriores .Os yuppies estão à frente de butiques de rou-pas loucas empresariando ou tocando em grupos de rock ,em fábricas de pranchas de surf. Vestem-se limpinhos , ou "clean",como preferem.São o exagero de uma geração que as pesquisas no geral , apontam como conservadora ,romanticamente casamenteira como a dos jovens dos anos 50. A preocupação é com carreiras rentáveis, conforto e status.Nada de sonhar com o Oriente. Para o yuppie o nirvana está em Nova Yorque .
Ou aqui mesmo. é o jovem completando um ciclo. Caindo na real .
Fonte- ROCK IN BRASIL - BASF - Ricardo Botelho
Projeto Cultural das Empresas do Grupo BASF