Viciados em smartphones
Há mais de 280 milhões de usuários compulsivos de celulares no mundo , diz estudo
Você abre apps no seu smartphone mais de 60 vezes por dia ? Se sim,está na categoria dos “ vivia dos em celular “ .O transtorno pode ser grave , mas tem cura e você não está sozinho .Há mais de 280 milhões desses compulsivos no mundo , de acordo com um l evantamento divulgado pela Flurry , uma empresa de análise de aplicativos que o Yahoo ! comprou no ano passado . O dado mais preocupante é o que mostra que esse índice cresceu quase 60 % em relação ao ano pas- sado .
Os aplicativos mais acessados pelos “ viciados “ são , na maior parte , de redes sociais e de men- sagens instantâneas , e os dependentes usam esses dispositivos com uma freqüência pelos menos cinco vezes maior que o usuário médio .
De 2014 para 2015 ,o número de dispositivos inteligentes cresceu 1,3 bilhão para 1,8 bilhão, o que representa um aumento de 38 % de um ano para o outro . O número de usuários medianos , que utilizam aplicativos entre uma vez e 16 vezes por dia , cresceu de 784 milhões para 985 milhões no mesmo período , um aumento de 25 % . Já para número de usuários muito ativos , que são presentes 16 a 60 vezes por dia , cresceu ainda mais : de 440 milhões para 590 mi- lhões ( aumento de 34 % ) .Mas o grupo de usuários “ viciados “ foi o que cresceu mais violen- tamente , passando de 176 milhões em 2014 para 280 milhões em 2015 - um aumento de 59 % .
Não por acaso ,desde 2008 o Instituto Dieese faz pesquisas sobre dependência de celular no Brasil e promove o uso consciente da tecnologia . Em seu centro de tratamento especializado em detox digital , mais de 400 pessoas já foram atendidas .
Eduardo Guedes,diretor de programa do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) , diz que o primeiro passo para a cura é saber identificar se o indivíduo é um viciado ou não .Segundo o pesquisador , isso nada tem a ver com o tempo que se passa on-line ou o número de vezes que se acessa o celular .
- O uso abusivo ocorre quando a vida virtual começa a atrapalhar a real - define Guedes , - Por exemplo , se a pessoa deixa de viajar porque não vai ter conexão WI-FI no local , se ela fica de mau humor quando está longe do aparelho e , em casos mais graves , e há brigas com parentes e amigos por conta da dependência.
A compulsão pode ainda gerar problemas de saúde , como tendinite nas mãos e dores na coluna cervical ( pelo hábito de olhar sempre para baixo ) ,além de piora na qualidade do sono e ansiedade . Por isso , pode ser necesário fazer um detox digital . O próprio Instituto Delete dá algumas dicas : desligar o celular ou deixá-lo no modo " silencioso " na hora de dormir , não checar o aparelho quando estiver dirigindo nem durante as refeições , criar horários específicos para navegar pelas redes sociais etc.
Fonte - Jornal O GLOBO - SOCIEDADE - pág 25
Quinta-feira ,16.7.2015 - MARINHA COHEN
Ficar de fora é uma opção apocalíptica ?
Na década de 60 , o multi - intelectual Umberto - Eco escreveu " Apocalípticos e integrados " , um clássico . Ali , ele avalia dois tipos de atitudes frente à cultura : os que a veem como atribuído aristocrático - e portanto incompatível com a ideia de torná-lo acessível às massas - e os que talvez nem se importem com a natureza aristocrática da cultura , absorvendo informação venha de onde vier e , com isso , compondo uma " cultura popular " .Os primeiros são os apocaliticos ,os últimos , os integrados . Quando o livro foi escrito , a televisão era um fenômeno cultural relativamente re- cente - programas ao vivo , noticiários , rock'roll , uma sensação de " tudo ao mesmo tempo agora " , se não se infiltrava ,se consolidava no jeito de ser das coisas .Tudo porque o mundo todo começava a entrar pela janelinha eletrônica que se tornava comum nas salas de estar , primeiro nos EUA ,e dali para o mundo . Claro , havia o rádio , mas as experiências , óbvio , são bem diferentes .
Já se vão quase 70 anos desde que a TV foi tão relevante . Não que tenha deixado de ser , não é o que se quer dizer aqui ( até porque seria ridículo sugerir isso ,ainda mais no Brasil ). O que acontece é que hoje temos o fenômeno das redes sociais na internet . Que já não é tão novo , diga-se ; desde a década de 90 mais e mais . Havia esperanças mais elevadas para a internet : a rede era vista como o canal pelo qual a cultura fluiria ,contribuindo para criar uma humanidade mais e irmã ,mais unida em um propósito de gerar paz e prosperidade .Claro que nada disso se verificou . A rede hoje é uma terra de ninguém , onde manda a selvageria verbal ( que por vezes até vira selvageria física ) ; é um conjunto de pequenos feudos , nos quais valem pequenas leis locais , códigos e restrições impla- cáveis com os de fora . Essa é a posição dos aristocráticos apocalípticos , só enxergam a mudança trazida pela internet como decadência .
Já os integrados veriam a rede como a terra a se coquistar ,onde vão se moldar os novos costumes , que as gerações futuras enxergarão como normal , à medida em que os costumes de hoje vão saindo.
Há espaço para quem não queira se incluir nessa dicotomia . Sim , há ( ao menos em países em que haja alguma liberdade de expressão ; onde não há , a categorização nem se põe . Embenhar -se no debate poderia ser mais produtivo , oxigenar a discussão . Mas um breve passeio pelas redes , basta para mostrar que a contribuição seria pequena . O melhor é ficar de fora .Isso faz de você é um aristocrata apocalíptico ? Que seja .
Fonte - Jornal DESTAK - pág 8
Quinta-feira , 20.072017 - VINICIUS ALBUQUERQUE - Editor Chefe
CONVIVER para viver
SOMOS seres da espécie Homo sapiens , que " sabem que sabem ", quer dizer : somos seres que têm a capacidade de pensar e podem pensar sobre aquilo que pensam . Ou seja , têm consci- ência e auto - consciência . A consciência oferece a possibilidade de construir a individualidade ; além disso vivemos em um ambiente social , isto é , somos sers sociais . Como Homo sapiens somos indivíduos e , ao mesmo tempo , seres sociais .
O ser humano é um ser gregário , que não vive isoladamente , necessita viver em grupo , estabe- lecendo relações de troca afetiva e intelectual com outros seres humanos . Aliás,para que um ser humano se torne verdadeiramente humano ,precisa ter a experiência de uma convivência humana , estar inserido em um contexto no qual aprenda hábitos e costumes e construa sua identidade .
O personagem Tarzan é um bom exemplo de alguém que não se tornou humano , embora tivesse todo o potencial para sê-lo , pois não contou com um ambiente para lhe ensinar os hábitos e a lin- guagem humanos , que o estimulasse a desenvolver suas capacidades humanas .
Relacionamentos humanos são , portanto , a base da costrução da humanidade , pois , a partir da troca interpessoal do convívio cotidiano , o ser humano se apropria dos elementos de sua cultura e se insere na dimensão da vida social .As relações humanas tecem a trama dos vínculos significativos de cada pessoa e traduzem a rde de interações entre indivíduos dentro dos grupos .
Redes sociais
As redes sociais são o conglomerado de relacionamentos que cada agrupamento de indivíduos es - tabelecer entre si a que se preserva a identidade cultural do grupo e a sua participação social no contexto social no contexto maior do conjunto da sociedade humana . As relações interpessoais dão suporte à experiência de existir , de ser e fazer de cada indivíduo .
Já as redes sociais virtuais exemplificam muito bem , na atualidade ,a necessidade do ser humano de sentir parte de um grupo . A participação ,às vezes compulsiva , de acessar as redes e publicar incessantemente mensagens e fotos ,parece alimentar o asseguramento ao indivíduo de que ele não está isolado , ou mesmo , marginalizado . A busca incessante de estar "conectado " 24 horas às redes sociais virtuais pode estar refletindo a ansiedade de se sentir só e desamparado frente a uma sociedade atual intensamente exigente excludente .
Não pode falar do ser humano sem incluir o debate da importância das relações humanas, pois não há seres humanos sem o mundo humano . E não há mundo humano sem seres humanos . O ser humano criou o mundo humano do qual faz parte e dele depende . São as duas faces da mesma moeda : o ser e o mundo .
Vale destacar que o indivíduo tem no isolamento social seu maior castigo existencial , pois estar marginalizado socialmente significa estar privado de algo que lhe é fundamental : compartilhar sua experiência de exisitr e viver , que nada mais é que conviver !
Fonte - Revista O MÍLITE - pág 40 - Para viver bem
CLEUSA SAKAMOTO -Profa de Psicologia da Comunicação da Fapcom
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