quinta-feira, 13 de julho de 2023

Rock in Brasil




Rock  in  Brasil 

O  balanço  das  gerações

REBELDES

Até 1955  o mundo movia-se ao  som de uma  valsa tocada  por  Glen Miller .Um dos  grandes  momentos  na vida de qualquer  jovem era quando completava 15 anos ou formava-se  normalista .Orquestras ocupavam os salões dos clubes e casais dançavam  elegantemente sóbrios . Os rapazes de summer , as moças de longo . Dançavam distantes .Rosto colado , nem pensar – a não ser que estivessem assumindo publicamente o com - promisso de namoro e todas as suas regras conhecidas .O próximo passo ,uma semana depois, seria o  beijo na boca. Passado um mês , abraços mais  Nas festas mais inebriantes . Mais outro mês , e a maravilha de um  beijo de boca aberta . 

A partir de 55 o  rock  explodiu o  mundo –  e nem  o namoro ficou indiferente a isso . As ruas das grandes cidades eram  cruzadas  por  lambretas que  conduziam na  frente o  rapaz  ( topete , calça  brim  coringa , alpargatas ) e na garupa , agarradinha  , o broto ( rabo de cavalo , calça  pescando siri e camiseta de gola canoa ) . As regras básicas , no entanto, persistiam .A moça tinha que parecer difícil para “ não cair na boca do povo“, muito “ dar o mau passo” ( perder a virgindade ) . O rapaz, reprimidíssimo , era incentivado pelo pai a iniciar-se na vida sexual com prostitutas .

Essa  juventude às vezes  inventava moda jogando ioiô ,  rebolando com bambolê ou enchendo os cinemas quando havia  algum filme em terceira  dimensão  ( aqueles dos oclinhos ) .  Nas festas mais avançadíssima  , as que tocavam os  rocks de  Bill Haley e Elvis Presley , o pessoal tomava drinks considerados verdadeiras bombas de desinibição : cuba libre ( Coca Cola com rum ) e hi-fi (vodka com Crush) .Nos bailes bem- com-portados havia  coquetel que derrubasse a tensão.As moças temiam levar " chá de cadeira ",ou seja ,não ser convidadas para dançar . Os  rapazes também sofriam. Tinham que atravessar todo o salão para tirar a moça .E quem lhes garantia que não, a famosa "tábua " uma época de avanços tímidos. Os brotos  trocavam as toa- lhinhas higiênicas da farmácia . E começavam a ir à praia vestindo a audácia do biquini e isso provoca escân- dalos curiosos, como o que  Ronnie Cord flagrou em   Biquini Amarelo, a história de uma  tal   Ana Maria ex- perimentando o duas-peças numa loja. No lado dos rapazes - por mais que as  grandes potências começas -sem a cruzar o espaço com seus satélites e no Brasil a  indústria  automobilística  se  firmasse .

Como tentativa de afirmação,algumas  moças fumavam escondido . Em público, nem pensar. Nas noites que antecediam os exames , fazia-se um novo esforço de compreensão das matérias à custa de bolinhas e  anfe- taminas . Foi através delas que  as drogas entraram na  classe média.O  Instituto de Educação , um dos mais famosos do Rio , apresentava durante as provas parciais e orais - eram o horror da estudantada - um  movi -vimento especial de  normalistas abaladas pela excitação das bolinhas.

Mas a facção mais alardeada dos anos  50 é a da  juventude transviada . Eram os revoltados , os que estavam de  mal com tudo e  manisfestavam isso em  atitudes . 

Quebravam cinemas após  filmes de rock , lutavam de correntes e canivetes nas es-quinas,a turma de uma rua contra a da outra. No  visual imitavam  James Dean com seu jeitão eternamente entediado , blusão de  couro e blue jeans desbotado . Eram um caso de polícia . Praticavam a  roleta -paulista , uma  brincadeira de avançar sinais , e de vez em quando estavam no noticiário como envolvidos em mais uma farra num  apartamento em  Copacabana . O jovem queria explodir mas não sabia para onde . Tempo de repressão . Nem  usar  camisa vermelha o  rapaz podia . Era coisa de " maricas " .

JOVEM  GUARDA

Uma brasa mora -o elogio máximo entre a turma da  Jovem Guarda - era o rapaz usar  botinhas  The  Beatles bem engraxadas , calças tipo  Saint- Tropez e  namorar uma garota papo-firme: aquela de minissaia , cabelos lisos longos repartidos ao meio e  botas de cano alto. Tinha mais : os  cabelos  masculinos eram compridos , desciam até a altura dos ombros e dali faziam uma volta para cima . Do exterior já vinham  notícias sobre a pílula anti-concepcional. Mas a  garota-papo-firme , indecisa, não deixava que o namoro passasse de uns " amassos " no portão.

A coisa estourou mesmo em 1965, Roberto e Erasmo Carlos já vinham fazendo  composições próprias , de temáticas tiradas do cotidiano do  jovem brasileiro - como a chegada do  monoquíni às prais do Rio .Mas foi no final desse ano , quando os dois - mais  Wanderléa , Renato  e seus  Blue Caps ,  Jet Blacks e outros - ganharam um programa aos domingos , na TV Record (SP) , que o movimento se tornou um acontecimento sem precedentes . Jovem Guarda , o nome do programa , era a  ressonância aqui de um  fenômeno mundial , de novos compotamentos e  nova música, criado a partir de 1962 com o primeiro disco do grupo inglês  The Beatles .

Eram quatro cabeludos , franjinhas caindo escandalosamente até as sobrancelhas até às sobrancelhas , e que provocavam crise de  histeria nas platéias femininas .Eram jovens , bonitos , sensuais , levemente  inconse  - sequentes e com uma  inspiração musical típica dos  grandes gênios . Deram ao  rock o  frescor , liríssimo e sofistificação que o gênero precisava para sua  enlouquecedoura   negritude  rítmica . Feito o coquetel ,  tudo  o que aconteceu nos costumes do mundo - e como aconteceu - deve ser posto na conta dos  Beatles : as saias femininas foram reduzidas à metade , os jovens passaram a ser o  grande modelo idealizado pela sociedade de consumo, os homens ficaram  mais liberados da  obigação do machismo ( com aqueles cabelos, não podia ser de outro jeito ) , a revolução sexual , finalmente , punha-se em marcha .

A  Jovem Guarda adaptou como pôde essa onda de  libertação . Os militares estavam no poder, a marcha pela família acabara de varrer o pecado das ruas .  Achava-se que em cada  LP de Rock vinha um encarte com todas as informações para as meninas deixarem de lado  suas  bonecas e caírem na  grande  festa da  luxúria e perdição . Não era bem  assim. As  músicas descreviam o  namorinho de portão , o encontro no boliche , as turmas de rua e as festas dadas como de  " arromba" , mas que na  verdade eram apenas de  brincadeira ginasianas . Foi a última  juventude ingênua da  história do Brasil . Drogas , virgindade , homos- sexualismo não eram  "papo" pra  Jovem Guarda .

Tempos difíceis, convenhamos . Mesmo assim  Roberto Carlos fez um bom desabafo em Quero que Vá Tudo pro Inferno , Wanderléa  deu os primeiros sinais de insatisfação feminina  em  Prova de Fogo  e  novamente  Roberto louvou uma companheira mais forte e decidida em É Papo Firme .  Mais, impossível. A informação dos artistas daJovem Guarda não era muito  sofisticada - e, felizmente, eles não tentaram  demonstrar o con- trário . Cantavam o que lhes acontecia na vida , paixões com  uma coloquialidade simples e efeciente . Eram beijos e beijos, a forma mais inebriante de realizar o desejo sexual .

O importante era que o  jovem tivesse seu caranga incrementado para impressionar as  meninas ao desfilar na  Rua Augusta ,uma versão moderna do  antigo footing na pracinha do interior. Roupas Calhambeque , lançadas por Roberto, também caíam bem . As calças , de duas cores  ( uma na frente , outra atrás ), deviam ficar na altura dos quadris , ser  bem  justinhas e ,a partir dos joelhos ,abrir numa monumental  boca- de- sino até até arrastar no chão . Além de " uma brasa, mora " , era "  bárbaro " e  " barra limpa "  .

TROPICÁLIA 

O  tropicalismo foi o  iê-yê-yê que frequentou e universidade , leu Marcuse , McLuhan e soube que  os estudantes  franceses estavam pichando as ruas de  Paris com slogans como "  a imaginação no poder " e    seus colegas  tchecos  protestavam contra a invasão de seus pais pelos tanques soviéticos.Foi a  primeira geração que viveu sob o  impacto dos satélites de informação . O que acontecia nos  Estados  Unidos  e Europa chegava aqui no mesmo momento em  transmissões  diretas de  rádio e televisão . E os  tropica-    listas estavam  ligados em toda  modernidade  internacional  , sem esquecer porém que  no fundo de ser    peito bateria sempre um  pandeiro .

Era preciso não ter vergonha da  cafonice da pátria , adotá-la ao mesmo tempo em que se convivia com o  intelsat e  outros  satélites da  nova  comunicação jogavam aqui no quintal . Nada de  preconceitos .  Os tropicalistas misturaram arranjos sofisticados dos Beatles , no recém-lançado LP Sargent Pepper 's Lonely Hearts Club  Bad , com Araci de Almeida . O  pinguim devia continuar em cima da geladeira - ficava bonito ali-mas na parede , para dar uma equilibrada na coisa , ia bem um  quadro  de  Andy Wahol . Não se sabia mais o que era bom e o que era mau gosto . O  tropicalismo tinha estô-mago de avestruz digeria todo sa - rapatel estético  e limpava os lábios com a língua ,achando uma  gostosura .

Foi uma revolução intelectualizada . Os baianos que fizeram o tropicalismo a partir de 1967 , principalmente  Gilberto Gil , Caetano Veloso, Tom Zé e Torquato Neto , estavam antenados com a onda das passeatas. Li- deradas pelos estudantes ,elas reinvi-dicavam um   país mais democrático , independente e moderno. Eram agitações quase diárias . Os estudantes usavam camisa cáqui de  manga  comprida  calça  Lee  desbotada    (do bolso de trás pendia o estilingue para atirar  bolas de gude que  desiquilibrariam os cavalos dos PMs ) e tênis grosseiros , especiais para batalhas de rua . As moças usavam  grandes óculos redondos , gola rulê  e minissaias - mas sem exagerar na busca da sensualidade .

Aos poucos ia se marcando um  novo visual para a  juventude. Caetano e Gal Costa usavam os cabelos alisados , mas resolveram assumi-los , com todos os  caracóis  da morenice , assim que o  movimento es- tourou nos palcos  - sempre com  cenários de quintais e bananeiras ao fundo. Houve uma revalorização do terno branco de linho, do sapato bicolor e do chapéu com jeito de malandro . O toque de estranheza  - e  genialidade - dos tropicalistas é que eles revestiam tudo isso com a  informação pop .Gravaram por exemplo o  Hino do Senhor do Bonfim , cantado nas  procissões baianas ,com um pouquinho do  feético rock  ali  .

O rock ,por sinal , nunca tinha soado tão atualizado no Brasil . Nada do  namorinho de portão da  Jovem Guarda ,mas o amor louco de  Clarice ( de José Carlos Capinam e Caetano Veloso )  O décor era a grande cidade, o  computador, o astronauta , a rebeldia mais desafiadora possível . Era o tropicalismo colocando no  palco a  grande contradição do país : de um lado, um Brasil que avançava na  tecnologia  ( grandes indústrias ,uma  sociedade de consumo excitada ) ; do outro  o  Brasil rural , com a eco-nomia sustentada pela expor- tação do café e embalando o  sono nas  lendas do  saci-pererê . O  tropicalismo dava seu  parecer  nesse  conflito as duas  culturas deviam con -viver em paz , sem oposições .

Foi uma onda rápida, como a que se eleva e desaba em Itapoã .Os de direita achavam que o  movimento subvertia a  ordem quando fazia  versões para a  guitarra do Hino Nacional .Os de esquerda achavam que as  letras não tocavam nas grandes questões sociais . Além disso , aquele negócio de  cabelo comprido e guitarra de rock era coisa de imperalista americano. Diante de um grupo desses que o vaiava no  Tuca, em São Paulo , quando cantava . É Proibido \proibir, caetano discurous veemente : " Mas é isso que é juventude que diz  que quer tomar o que pode ? Se vocês em política forem como são em estética , estamos feitos " !

Caetano, infelizmente , estava certo . O AI-5 desabou logo em seguida e a juventude foi uma de suas  grandes vítimas .

DESBUNDE 

O sonho acabou. Quem disse foi  John Lennon , assim que os anos  70 apareceram no horizonte. Acertou em cheio. Foram  tempos difíceis . No Brasil , a geração que curtiu sua  juventude naqueles  anos escuros ficou conhecida como a do sufoco, ou do desbunde . Uma das  gírias mais consagradas ficou sendo "sartar " . Não há  à  toa .

Fugia se . Das universidades com seus   professores cassados dos  meios de comunicação censurados ;  das  torturas nas prisões . As estradas ficaram  cheias de  hippies . Os rapazes usavam  sandálias , bolsas de couro e  camisetas com  flores psicodélicos  impressos em silk-screem .As moças vestiam  longas túnicas indianas . Tinham como ideal de beleza deixar os pêlos do corpo - todos,principalmente os do sovaco -  aflorar natu -ralmente .

Essa era uma outra  palavra de ordem : ser  natural . usava-se  patchuili , um perfume  com cheiro de mato. Centenas de  comunidades  foram armadas em  lugarejos como  Mauá , nas  montanhas do estado  Rio de Janeiro e Arembepe , litoral baiano . Na primeira , os hippies faziam  cultura de mel ,amassavam  pão integral  e alimentavam-se nos rigores da  refeição macrobiótica . Em  Arambepe era  quase a mesma coisa . Só que , quando o sol ficava mais forte, todo  mundo tirava a roupa e entrva no mar, exatamente como no princípio de tudo .

As drogas instalaram-se em todas as camadas da classe média urbana . Principalmente a maconha e o ácido lisérgico.Ao mesmo tempo que estimulavam o exercíco de novas  percepções ,  faziam agumas vítimas .Os jovens começaram a curtir  drogados os  shows de  rock . 

Os músicos por sua vez , produziam uma série de cançoes  falando do barato das drogas . Houve também a head-music, com Pik Floyd, Yes e outros. A  música sozinha , com suas abstações, fazia a cabeça . Uma viagem . 

O Oriente distante era tido como o templo máximo do conhecimento e quando não exportava  modismos como  I  Ching ,u m jogo advinhatório , eram os próprios jovens que pegavam um cargueiro do Lloyd em busca de gurus e  técnicas de  meditação , como as  de  ioga e do zen -budismo .Tudo o que pudesse  ajudar a decifrar o oculto dessa existência era bem-vindo .Foi ali que se começou o que estrava escrito nas estrelas . I Ching , horóscopo , tarô, bola de cristal . Tudo isso devia ser curtido com um incenso de jasmim aceso no fundo da sala . Muitos  almofadões pelo chão e cortinas de renda compradas no  Ceará.

Outra palavra importante foi  alternativo . Indicava que não se precisava de muito di -nheiro para ser feliz . Mais : que esse dinheiro podia pintar em profissões fora dos es-critórios e das  relações  capitalistas mais explícitas . Ser artesão , por exemplo .Na  Praça da República , em  São Paulo, e na general Osório, no Rio, rapazes de barbas e cabelos longos vendiam  objetos de couro . Alternativa também era uma certa forma de imprensa . De pequenas redações saíam jornais como  Flor do Mal , Verbo Encantado, Beijo, a revista Bon -dinho . Eles davam dicas de como fugir do  sufoco com matérias sobre  ecologia, bioenrgética ,  libertação sexual e perfis dos gurus Casrañeda ,

Timothy Leary e outros. A coluna  Underground ,de Luis Carlos Maciel , no Pasquim ,era o principal  centro irradiador dessas novas idéias . 

Nas portas dos teatros, principalmente dos que apresentavam  shows de  Raul Seixas , Gal Costa e outros , joven spoetas vendiam versos rodados em mimeógrafos . ComoChacal : " Espere baby , não desepere/a lagoa há de secar / e nós não ficaremos mais a ver navios / e nós não ficaremos mais a roer o fio da vida /e nós não  ficaremos mais a temer a asas negras do  fim ".

REALCE

Cansada do  coletivismo dos anos 60 , da rebordosa do início dos 70 , a juventude que encerrou a década reuniu-se em torno do que achava  mais lindo do mundo : o próprio umbigo . 

Ficou conhecida para sempre , nos anais que registram a  história do comportamento , como " a geração do eu ' . Um ' eu " para cima , positivo , resolvido a  ficar de bem com a vida depois de  tanto protesto e picada de mosquito nas  comunidades de Mauá .

As "gatinhas" e "gatinhos", com suas camisas Hang Ten ou  Hands-Off sandálias ha -  havaianas com solas invertidas , andavam em bandos , com poucas palavras  ( mas muitas gírias ) e bastante som saído de  head-phones, que os acompanhavam sempre .Reuniam-se em frente de  lanchonetes . No coração das " cocotas " , o hippie dá lugar ao " fera" , hábil surfista de longos cabelos dourados ( mesmo que à custa de água oxigenada ou até de parafina usada em suas  pranchas ).

Um dos poucos  grandes ídolos desses tempos foi o americano  John Travolta , que cruzou o  mundo inteiro no comando do filme  OS  EMBALOS DE  SABÁDO  à NOITE, uma  ode às delícias que giravam em torno das discotecas . eram imensos  salões de dança , decorados com muitas  luzes ríttmicas  e um  som altíssimo , que despejava uma  música de arranjo cheio de metais e  batida  insistente,comparada à do  bate-estaca da  construção civil . As discotecas espalharam-se por todo o  Brasil, deram origem a uma  moda própria ( roupas sempre coloridas e brilhantes ) , criaram  mitos próprios  ( como as Frenéticas ) e viraram tema de uma tele - telenovela de  grande sucesso (Dancing Days ) . Cercadas de  espelhos por todos os lados, reletiam jovens que tinham como grande preocupação " transar o corpo numa boa " .

Foi nessa época que as academias de ginástica começaram a viver um de seus momentos fervilhantes .Flexões abdominais e  principalmente  corridas ao  ar livre , incentivadas pelo  método do dr. Kenneth Cooper, dei - xaram de ser  coisas aborrecidas, parte das  aulas de  educação física ,e foram consumidas por  batalhões de atletas. Não havia mais tempo para  utopias sociais nem viagens de labirintos da mente,que caracterizaram as  gerações anteriores . " Cada um na sua " - eis  a  gíria  mais  falada.

Dentro desse  orgulho pela  individualidade dos gays , que discutiram  publicamente a necessidade de ter seu prazer respeitado ( o jornal Lampião foi o porta-voz desses anseios ) . Todo  mundo deslizava em cima de  skates , patins , bicicletas e  pranchas de windsurf , outros modismos do final  70 .  Não eram  brincadeiras gratuitas como  ioiô . Eram  esportes wue divertiam e , ao mesmo tempo , iam trabalhando  biceps, glúteos e tudo mais .

De resto, a geração do eu consagrou a seu jeito práticas que já haviam sido detonadas anteriormente , mas fracassadas por seu  radicalismo . Ninguém evidentemente continuou a mastigar  35 vezes cada porção de porção de  macrobiótico , mas muita coisa da  alimentação natural dos  hippies ficou: o açúcar mascavo chegou aos  restaurantes finos ;as casas de sucos substituíram os bares de esquinas ;o pão integral virou um item banal nas residências  A  preservação do corpo juntou-se ao antigo pacifismo e  criticou as  usinas nu- nucleares. A poluição nas  grandes cidades foi encarada como ini-migo mortal da  felicidade de cada um . E até mesmo o cigarro , antes tão  charmoso para os jovens , sofreu sua  mais forte queda de  prestígio . Bom era ter saúde. 

PÓS - TUDO

No início dos  anos 80 o  rock voltou a estourar nas  paradas de sucesso , carregando junto uma geração que tem uma multiplicidade de  estilos tão grande quanto os que os  conjuntos aplicam na sua maneira de compor e de se exibir .A opinião geral é que todas as revoluções já foram feitas e que o novo - o  novo comportamento , o novocinema ,o novo jeito de falar - só virá com uma olhada sem preconceitos no  baú dos tempos .Cunhou-se um rótulo para isso : e  pós-tudo. 

Há um  reconhecimento da  saturação , de que as  gerações anteriores já fizeram tantas loucuras -  lutaram e sofreram tanto por elas - que é hora simplesmente de vivê-las em sua plenitude ,sem ansiedades .Nas músicas há um pouquinho de tudo: pitadas da despretensão da  Jovem Guarda ao falar do cotidiano  ; a colagemn tro- picalista ; a rebeldia do desbunde e uma glorificação do przer que vem do ideário dos  dançarinos das  dis-cotecas. 

Os jovens dos anos  80 são os  primeiros  filhos das  gerações que se criaram no embalo da música e  do  comportamento do rock. E u sou Free ,do grupo  Sempre Livre  ( só de mulheres ) , fala disso.Até o eterno choque de gerações fica difícil ; pais e filhos são todos doidões . Que bons conflitos pode ter uma  menina se os pais não lhe cobram  hora de chegar em casa e os rapazes não estão nem aí com os dogmas como a vir - gindade?

É  difícil  ser  free.  

Nunca a moda foi tão fragmentada , nunca o vale-tudo de estilos foi tão glorificado. É possível  ser feliz usando as  roupas coloridas das butiques, principalmente a combi -nação  jeans e camisa-pólo , como usando cami - sonas largas ou  saias de comprimento irregular .

As  grotas usam óculos escuros tipo gatinho, feito as pioneiras dos anos 50 , gostam de rapazes que recriam  o rock de  Elvis Presley , Bill Haley ou  Everly Brothers. Ima-gine: usam  batom carmim .Já não pegam carona nas lambretas , têm as suas .Na praia  já não ficam apenas se  bronzeando , passivas cavalgam ondas , com graça e  valentia , deitadas em  pranchas de  bodyboard .Aprofundando a tendência de recuperação do corpo do final  dos anos  70, os jovens começam a modelá-lo do jeito que acham masi  interessante . As meninas optam , quase todas , por trabalhos (" malhação ") que lhes dêem um bumbum empinado. Os rapazes cultuam  ombros largos e bíceps extravagantes . Praticam  esportes mais arrojados e  emocionantes  canoagem , asa delta , ultraleve , motocross, etc.

Há por outro lado, grupos que não concordam com toda essa  exaltação do visual e da felicidade individual num  mundo cercado de guerra e podridão. São os punks .Moram principalmente nas  periferias das grandes cidades , filhos de operários e baixa classe média , e mostram sua rebeldia com cabelois cortados feito os dos índios moicanos do cinema , alfinetes de  fraldas  espetados no rosto,  casacos de  couro preto, correntes, roupas absolutamente andrajosas.

Consideram-se o podre, o lixo descartado da  sociedade . Comunicam-se através dos  fanzines , pequenas revista geralmente em xerox .Assim como os punks , os darks também não vão com a  cara do mundo , embora não façam disso uma  bandeira política  .São absolutamente  individualistas .Vestem-se basica -camente de preto,com roupas superproduzidas e pesadas maquiagens. Cultuam a pele branca frequentam clubes noturnos , onde bebem coquetéis chamados  chuva Ácida , Kamikaze , Hepatite e Lagoa  Cinza. deprimidos , mas com estilo .

Sorridentes mesmo são os yuppies . esses jovens profissionais bem-sucedidos cercam-se de todos os confortos da  eletrônica japonesa e da sofisticação dp design italiano. Ganham muito dinheiro- e não se envergonham , nem um pouco disso - em profissões que podem ser tanto as mais caretas do mundo como as originjárias dos movimentos contraculturais das décadas anteriores .Os yuppies estão à frente de  butiques de rou-pas loucas empresariando ou tocando em  grupos de rock ,em fábricas de pranchas de surf. Vestem-se limpinhos , ou "clean",como preferem.São o exagero de uma  geração que as pesquisas no geral , apontam como conservadora ,romanticamente casamenteira como a dos  jovens dos anos  50. A preocupação é com carreiras rentáveis, conforto e status.Nada de sonhar com o Oriente. Para o yuppie o  nirvana está em  Nova Yorque .

Ou  aqui  mesmo. é o  jovem completando  um  ciclo. Caindo  na  real  .

Fonte-   ROCK  IN  BRASIL - BASF  -  Ricardo  Botelho

Projeto Cultural das Empresas do  Grupo BASF  

 





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