quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

OS JESUÍTAS, 458 ANOS DEPOIS



Eles fundaram São Paulo em 1554, numa cabana de pau a pique de 90 metros quadrados. Hoje, controlam colégios e faculdade.

O lugar tinha de ser alto, para que pudesse ser defendido de eventuais inimigos. Com um clima bom, para o cultivo da mandioca. E com água em abundância, para matar a sede dos novos moradores.
Em 25 de janeiro de 1554, nas proximidades dos rios Tamanduateí e Tietê, os padres jesuítas celebraram uma missa para oficializar a fundação do Colégio São Paulo de Piratininga.
Ali, no mato, cercados de índios, uma cabana  de pau a pique, com 90 metros quadrados, marcou o início da cidade  que, 458 anos depois, com 11 milhões de habitantes, é uma das mais importantes do mundo. 
São Paulo é a maior cidade do Brasil  , mas concentra os problemas do país“, afirmou ontem o padre jesuíta Carlos Alberto Contieri, de 49 anos, que administra há sete o Pátio do Colégio, um centro histórico, cultural e religioso no mesmo local da fundação de São Paulo, no Centro da cidade. 
São Paulo é a expressão  do progresso, mas grande parte da população não participa desse progresso“, acrescentou o padre Contieri.  "Ao contrário, são vítimas do progresso, estão à margem dele. “  
Em 1556, um novo colégio foi erguido no lugar da cabana de pau a pique. Era mais moderno, de taipa de pilão, um processo construtivo em que se soca terra umedecida, fibras vegetais, areia, estrume, óleo de baleia e sangue animal. A massa serviu para preencher a estrutura de madeira da construção.
No processo de catequizar os índios tupi, os missionários da Companhia de Jesus defendiam os  nativos. Por isso, foram expulsos pelos portugueses em 1640 e novamente em 1759
Só em 1953 o sítio histórico do Pátio do Colégio foi devolvido aos jesuítas. Em 1979 foi inaugurado no mesmo local o Museu Anchieta, para preservar a memória dos missionários. 
Os jesuítas de hoje são empreendedores. Em São Paulo controlam os colégios São Luís  (Cerqueira Cesar, na região central) e São Francisco Xavier  (Ipiranga , Zona Sul) e a FEI  (Faculdade de Engenharia  Industrial), em São Bernardo do Campo, na região do ABC.
Além do museu, biblioteca e a igreja do Pátio do Colégio, os 30 jesuítas de São Paulo gerenciam a editora Edições Loyola e têm várias obras sociais. 
Para Contieri, a democratização das oportunidades ainda é um sonho. “Com tantos desafios, a cidade é uma missão.



PADRE  JOSÉ  DE  ANCHIETA, o amigo dos índios 

A cabana de pau a pique, de 90 metros quadrados, a primeira construção de São Paulo, servia de dormitório para os oito jesuítas que já se instalaram e também de cozinha, capela e sala de aula para os índios.
Liderado pelo padre Manoel da Nóbrega, o jovem José de Anchieta, de 20 anos  , logo se destacou no papel de evangelizar os nativos. Para convertê-los à doutrina cristã, unificou a língua falada pelos indígenas. José de Anchieta tornou-se o elo entre os padres e índios.
A escassez de recursos não o impediu de humanizar às pessoas“, opinou o padre Carlos Alberto Contieri, que administra o complexo do Pátio do Colégio, onde foi erguida a cabana de pau a pique  , 458 anos  atrás
José de Anchieta , criativo , lançou mão do teatro para fazer os indígenas compreenderem o cristianismo. Usava as modinhas do século 16, modificando as letras, para que os nativos entendessem as suas mensagens.
O noviço José de Anchieta era natural de Coimbra, em Portugal. Chegou ao Brasil com 19 anos, debilitado por uma doença crônica nas costas. Queria curá-la. Mais tarde, explicou ter tido tanto trabalho que não encontrou tempo para sentir dor.
Num tempo em que se discutia se os nativos tinham alma ou não, os jesuítas  defendiam a liberdade dos índios. Nas palavras  do padre Contieri:  “Eles educavam os  indígenas de tal maneira que eles se sentiam autônomos. Passaram a se recusar a se submeter aos colonos portugueses“ . 
Em 1597, José de Anchieta, aos 65 anos, morreu no Espírito Santo  , de causas naturais. No oratório  da Igreja Beato José de Anchieta, no Pátio do Colégio  , estão expostos um fêmur do jesuíta e um manto que teria sido dele.  

Fonte – Jornal  Diário de São Paulo  - quarta-feira / 25 de Janeiro de 2012 - Ivo Patarra



São  Paulo, te amo ! 

São Paulo 
Terra adorada
Que terra  querida ! 
Tão cheia de gente  
Tão cheia de vida.
Olhares que vejo nas ruas...
Se  cruzam e se beijam...
De povos tão diferentes, de cores mestiças.
Não importa nada   ! 
Não importa  a cor  !
Nem importa a procedência  !
Na rua  é povo, é raça  ! 
Pessoas que lutam...
Para essa cidade gigante, crescer muito mais.
De longe esse nome ecoa e causa anseios, 
Desejos de pisar nesse pedaço de terra.
Tão boa, tão rica  !  
Trabalho e mais trabalho  
Para cada um que aparece 
E aqui fica.
E se torna mais um filho dessa Mãe Gigante.
Reclamam que é fria, 
Porque chove demais...
Que é fria, gelada 
Porque as pessoas não conversam mais...
Por que não há tempo  ? 
É uma loucura tão grande ! 
Que corrida constante que se chama progresso,
Que tirou o verde, o canto dos pássaros das ruas.
Dos prédios tão altos...
Que trancaram as crianças, sem poderem brincar.
Que gerou a insatisfação, a violência...
Impedindo as pessoas de se amarem mais.
Mas mesmo assim, 
Eu te amo  São Paulo  !  
Te  adoro  ! 
Não vou te deixar 
E apesar dos pesares, 
Te  quero  demais ! 
Esta cidade tem jeito.
Vamos nos unir para torná-la mais humana.
Trabalho, Progresso, Educação 
Caminham  juntos.


Fonte  - Poesia de Ana Regina Gouvêa (1990) - Homenagem a minha cidade

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