terça-feira, 2 de maio de 2017

Quem é misericordioso com as crianças?





Espiritualidade 

Lendo um recente estudo obre a família e a necessária misericórdia com as famílias desfeitas pela separação e pelo divórcio, deparei-me com um questionamento do Cardeal Christoph Schönborn que me deixou intrigado: “Diante de uma separação, quem é misericordioso com as crianças, os filhos  ?"
Compreendemos as situações conflituosas que atravessam os cônjuges, as feridas abertas por uma separação, e a igreja deve ajudar os pais separados a curar as próprias feridas, mas precisamos recordar um princípio fundamental da família: o vínculo entre os pais e os filhos é indissolúvel, e os pais devem ser os primeiros a exercer a misericórdia em relação às crianças.
Afirmamos que “ os pais “ têm a responsabilidade, porque a separação não gera uma ruptura total das relações, mas uma transformação da mesma, e os pais, mesmo separados, precisam assumir o cuidado de seus filhos, como centro de sua missão, caso queiram exercer a misericórdia com as reais vítimas inocentes da situação.
De fato, as primeiras vítimas de uma separação são as crianças, que tinham a alegria  da presença dos pais  e, de uma hora para outra, devem sofrer com a ausência  do pai ou da mãe; em não poucos casos, as crianças precisam aprender a conviver com um tio, uma tia  ou o novo companheiro da mãe ou nova companheira do pai.
Há, ainda, situações graves e verdadeira falta de misericórdia quando um dos cônjuges faz uma guerra afetiva contra o outro cônjuge, instrumentalizando os filhos, lançando sobre as crianças o peso da amargura e o rancor que está no próprio coração. “Muitas vezes, peca-se gravemente nesse sentido, tornando-se necessário recordar: não mateis os vossos filhos com os vossos problemas pessoais! Eles não devem ser reféns das vossas discórdias. Convertê-los em reféns é  um crime contra a alma dos pequenos(Christoph Schönborn , 192).

Os pais que se separaram precisam individualmente se perguntar: Como tenho agido com meus filhos de uma união precedente  ? Tenho dado atenção, carinho e amor aos meus filhos  ? Esforcei-me em dialogar com meu ex-cônjuge em vista do bem de meus filhos  ? Assumi minha parcela de culpa pela separação  ?
Ser misericordioso com as crianças é colaborar com o ex-cônjuge  para garantir a presença paterna / materna sem ressentimento ou revanchismo; é permitir aos filhos o acesso à história das famílias de origem, condição fundamental para o desenvolvimento de sua identidade  (cf. Raffaella Iafrate, 371). “A história dos idosos faz muito bem às crianças e aos jovens, porque os ligam à história vivida tanto pela família como pela vizinhança e o país “ ( Amoris Laetitia, 193 ).
O caminho da misericórdia exige refletir sobre essas questões fundamentais, exige passar por um processo de cura para continuar a proteger e fortalecer no amor as crianças, não acrescentando outros pesos àqueles que os filhos, nessas situações, já têm que suportar.
Sejam misericordiosos como vosso Pai é misericordioso.

Fonte  -   Jornal      O  SÃO  PAULO          e Vida  pág 15
2  a  7  de março de 2017        -   DOM  SERGIO  DE  DEUS  BORGES
Bispo auxiliar da Arquidiocese  na REGIÃO  SANTANA




COMPORTAMENTO
VOCÊ  E  SEU  FILHO
Amor  não  é  vendido por  aí 

Muitos pais têm medo de dizer não aos filhos, de lhes dar ordens e de puni-los, porque temem perder o afeto. Além disso, quanto mais problemática é a vida conjugal, mais acentuada é a renúncia da responsabilidade paterna. A mulher que sente que o marido não a ama, procura fazer com que seus filhos a queiram em dobro, mostrando-se excessivamente tolerante e extravagantemente generosa. O marido que se sente repudiado faz o mesmo jogo. Infelizmente esses pais esquecem um velho ditado: “Quando tentamos comprar o amor, o seu preço sobe, como o de todos os outros artigos“.
Na verdade, os filhos percebem que a chantagem emocional pode ser um negócio vantajoso.
O pai que tenta conquistar a estima de seu filho dando-lhe tudo o que ele pede e deixando-o fazer o que quiser, sai perdendo em todas as frentes. Ele não conquista a simpatia nem a afeição do filho. Será desprezado por sua falta de pulso e, no fim será culpado quando ocorrer alguma dificuldade.
Na realidade, uma firmeza justificada nunca faz mal, embora os filhos fiquem emburrados algum tempo.

Tudo tem limite

Uma criança pode assumir o comando desde que o adulto se entregue. Se você deixar seu filho, de 2 anos,  impor a vontade dele, ele poderá tornar-se m verdadeiro tirano em pouco tempo.
Finalmente quero lembrar que as crianças precisam de liberdade para cometer erros, a fim de poderem ver os resultados de suas próprias pequenas injustiças, assim como das alheias. Precisam estar em situações seguras, para serem relativamente livres de interferência adulta em sua experimentação social, porque assim  podem levar a situação ao seu próprio término. Os pais, portanto, não devem deixar de disciplinar seus filhos, ou fazer exigências, pois não é o que você faz por seus filhos, mas o que lhes ensinou a fazer por si mesmos, que os tornarão bem-sucedidos como seres humanos.

Fonte   -     Jornal    EXTRA    2013
ALFREDO  CASTRO  NETO  - é psiquiatra

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