segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

JOÃOZINHO TRINTA

 



O  GÊNIO  DO  CARNAVAL  BRASILEIRO

“ Não quero me promover . Só divulgar meu trabalho “

De artista plástico a   filósofo popular , ele  é hoje  uma das figuras mais queridas de toda uma comunidade . Motivo suficiente para que virasse um personagem de TV . Joãozinho Trinta  e O Mutirão da  Alegria , epi -sódio do Caso Verdade , está sendo  por isso mesmo , considerado pela equipe que o produziu “ uma justa homenagem “ ao carnavalesco da escola de Samba Beija -Flor .

Agora ele é um Caso Verdade na TV

Para viver Joãozinho Trinta , no texto da autora Wloy Callage , o ator Paschoal   Villaboim fez , dos sete dias em que gravou na quadra da escola em Nilópolis , “ um trabalho de muita sensi-bilidade , um laboratório muito epidérmico , em que a  equipe  se  impregnou  de  todo  o clima desta iniciativa social  “ . Ele conta ainda que , antes de começarem as gravações ,  “ não via  a hora de conhecer   pessoalmente o carnavalesco que sempre admirei  “ e com quem acabou travando uma grande amizade . A única diferença entre os dois , segundo o car-navalesco , “ é que o João Paschoal , na hora H , até se esqueceu do trabalho e caiu no samba “ .

As gravações sob a direção de   Walter Campos , feitas na   segunda semana de maio , movimentaram o pe-queno bairro do Rio , quando os próprios  integrantes da  escola  formaram a figuração , ao lado do elenco , também formado por Jacira Silva , Jorge Coutinho , a   frenética Edyr de Castro , Maria Teresa  Barroso e Robson ( que interpretou , antes , o Adílio ) . Para   Joãozinho Trinta , a importância do Caso Verdade é prin-cipalmente a divulgação desse trabalho comunitário , desenvol vido pela escola de samba também do mutirão , já que  a TV Globo mandou pintar a escola . Espero que o programa atue também como um mutirão culural , propagando essa necessidade que nos levou a isso .

UM HOMEM POLÊMICO

Joãozinho Trinta  já se assume como uma  espécie de   relações – públicas de Nilópolis . Recentemente  con-seguiu ,do ministro dos Transportes , uma verba de 30 milhões de cruzeiros para ser empregada nas obras de saneamento da cidade . Solicitado , inclusive , para participar , frequen-temente , de palestras que abordaram os  problemas sociais , ele  já causou  muita polêmica . Diriam alguns : um sonhador ?  Um oportunista ?  Um político ? Ou apenas um sambista ? Ele afirma que “ nunca temi nenhuma crítica , e o fato de virar personagem tampouco me envaidece . Continue me vendo como um operário , um instrumento de  trabalho social . E , se com a minha imagem consigo atingir esses objetivos , melhor ainda .Muitos  também já  me perguntaram se o que pretendo na verdade , é vira a me candidatar .Não .Sou muyito mais influente na posição que ocupo . O Congresso não me atrai  apesar de ter a certeza de que hoje sou muito mais famoso do que o próprio cacique Juruna “ !

Mas Joãozinho prefere mesmo é explicar um pouco do trabalho que realiza , pois sente que o homem está se afastando da terra , das origens : “  Não há nada fantástico nisso . As pessoas estão disponíveis , eu apenas procuro ser lógico . O homem está deixando de ser lógico . Nin-guém percebe , mas as pessoas vêm agindo assim : desde o afortunado que tem a cobertura na Vieira Souto àquele que , com muito suor , conseguiu seu apartamento do BNH , passam o resto de suas  vidas tentando conseguir comprar um sítio . E o que se pre-tende com este trabalho na Baixada , é , justamente , mostrar que as pessoas já  têm isso , precisam apenas que se melhore o seu espaço Os críticos dizem que é elitismo planejarmos construir jardins de Burle Max ou, transformarmos lixeiras em hortas ( com a ajuda da FEEMA e do IBDF ) . Por quê ? Não é nenhum privilégio de classe , é uma necessidade econômica , de espaço . Tentar incutir essa , necessidade de se   viver decente-mente , numa população que sofre , nem que seja por osmose , pois é a geografia humana que está muito mais carente .Como é que se exige , por exemplo , que as pessoas não sejam violentas ? Se elas utilizam uma estra-da de ferro que é um curral : ou se têm que desistir de assistir ao Projeto Aquarius em sua cidade ,pois não há lugar conveniente.Beethoven poderia  resistir às lixeiras ? Seria insólito , surrealista , van ghoghiano !  Por isto estou assumindo esta função mesmo . Mas acho que tudo é uma questão de implantação .Um impulso na roda para que ela comece a girar .De nada adianta só reclamar ,as pessoas precisam chamar a atenção para os seus problemas . Porque no Brasil , o berço continua esplêndido , mas o gigante é que ainda está adormecido “ .

Fonte - Revista Amiga - pág 18  -  Reportagem de   Mônica Soares




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