domingo, 3 de novembro de 2024

Autoridades suecas decidem banir recursos pedagógicos digitais das escolas

 


Uma decisão recente do  ministério  da  Educação da  Suécia reforça os riscos à aprendizagem tra-  zidos pela política de  digitalização da  sala de aula . 

" Corremos  o risco  de  criar  uma  geração  de  analfabetos funcionais " ,  advertiu a  ministra da  Educação , Lotta  Edholm , após  ver  a nota do país  despencar no Estudo  Internacional  de Pro -gresso  em Leitura  ( PIRLS ) , exame  internacional que  avalia  o desempenho em  leitura dos es-tudantes .

Segundo reportagem publicada no  jornal  francês Le  Monde , a  conclui que o  mau  desempenho é  consequência  da  forma  acrítica como  o  país  introduziu recursos digitais nas escolas . Nos últimos 15 anos , a Suécia substitui os  livros didáticos por  computadores , tablets , aplicativos e plataformas  tecnológicas . 

No  país escandinavo , as  consequências  negativas desse  experimento foram observadas em  toda a  comunidade  escolar . Alunos  perderam  o hábito da  leitura , professores  ficaram  sem acesso  a  li-vros  e as mães , pais  e  responsáveis não  conseguem ajudar  seus filhos . 

Para receber a situação , além  de barrar  a  estratégia  de  digitalização , Lotha  lançou um  programa  de reintrodução dos  livros para  recuperar a  capacidade de leitura dos  estudantes . Os  livros  têm  " vantagens  que  nenhum tablet  pode  substituir " , argumenta .

O plano prevê o  investimento de  150 milhões de  euros até  2025 . " No  futuro ,o governo quer ver  mais  livros didáticos  e menos tempo de  tela nas  escolas , uma vez que todas  as  pesquisas sobre o cérebro em crianças  mostram que elas não se  beneficiam do ensino com base  em  telas  , diz  a  mi-nistra .  

No  Relatório Global de  Monitoramento da  Educação  2023 , intitulado  " Tecnologia  na educação ; uma  ferramenta  a  serviço de  quem  ?  "  divulgado pela  Organização  das  Nações  Unidas para a  Educação  , a  Ciência  e  a  Cultura  ( Unesco ) , há  o  alerta sobre os  impactos  negativos da  intro-dução  de  tecnologias  na  educação , sem  qualquer  diálogo  , reflexão  crítica  ou  moderação  por  educadores . 

O  documento  que  reúne  evidências de  pesquisas  do  mundo todo , destaca , também , as  conse -quências adversas  na  aprendizagem e na  concentração  dos  estudantes  quando eles   levam  seus  smartphones para  as  salas  de  aula , causando-lhes  distrações .

Conforme  o  texto , os  smartphones , tablets  e  relógios  inteligentes foram  banidos  total  ou  par-cialmente no México ,Portugal , Espanha , Suíça , Estados Unidos ,Letônia , Escócia, Itália, Finlândia, Países  Baixos , França  e em  províncias do Canadá , Países  asiáticos , e africanos  são  os  mais têm leis  sobre  o assunto , como  Uzbequistão , Guiné  e  Burkina Faso . Em  Bangladesh , nem os profes-sores podem usar  aparelho  em  sala . 

No  Brasil , não  há  lei  que  proíba  o  uso  de  celulares . Escolas  particulares  têm  regras  próprias  sobre a  utilização do  aparelho permitindo ou não de acordo com o uso e a  idade do aluno . Um pro-jeto de  lei de  2015 , ainda  em  análise  na  Câmara  dos  Deputados , proíbe  " o  uso  de  aparelhos eletrônicos portáteis , como  celulares e  tablets ,nas salas de aula da educação  básica  e superior em  todo  o  País  "  De  autoria do  deputado  Alceu Moreira ( PMDB -  RS ) , ele prevê que os  aparelhos somente serão permitidos  "  se  integrarem as atividades  didático - pedagógicas e forem  autorizados pelos  professores " . 

Quanto à utilização de  material  didático , os estados do  Paraná e  São Paulo caminham na contramão do  que  dizem os  especialistas  do mundo todo ,apostando  na  adoção de modelos  pedagógicos cada vez mais  digitais , em  detrimento  do  uso  dos  livros tradicionais . 

Fonte   - Jornal  O  SÃO  PAULO  -  pág 19  -  Suécia  - Zero Hora e  DCM                                              Data  - 16  a  22  de agosto de  2023  - JOSÉ  FERREIRA  FILHO  


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