Uma decisão recente do ministério da Educação da Suécia reforça os riscos à aprendizagem tra- zidos pela política de digitalização da sala de aula .
" Corremos o risco de criar uma geração de analfabetos funcionais " , advertiu a ministra da Educação , Lotta Edholm , após ver a nota do país despencar no Estudo Internacional de Pro -gresso em Leitura ( PIRLS ) , exame internacional que avalia o desempenho em leitura dos es-tudantes .
Segundo reportagem publicada no jornal francês Le Monde , a conclui que o mau desempenho é consequência da forma acrítica como o país introduziu recursos digitais nas escolas . Nos últimos 15 anos , a Suécia substitui os livros didáticos por computadores , tablets , aplicativos e plataformas tecnológicas .
No país escandinavo , as consequências negativas desse experimento foram observadas em toda a comunidade escolar . Alunos perderam o hábito da leitura , professores ficaram sem acesso a li-vros e as mães , pais e responsáveis não conseguem ajudar seus filhos .
Para receber a situação , além de barrar a estratégia de digitalização , Lotha lançou um programa de reintrodução dos livros para recuperar a capacidade de leitura dos estudantes . Os livros têm " vantagens que nenhum tablet pode substituir " , argumenta .
O plano prevê o investimento de 150 milhões de euros até 2025 . " No futuro ,o governo quer ver mais livros didáticos e menos tempo de tela nas escolas , uma vez que todas as pesquisas sobre o cérebro em crianças mostram que elas não se beneficiam do ensino com base em telas , diz a mi-nistra .
No Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023 , intitulado " Tecnologia na educação ; uma ferramenta a serviço de quem ? " divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação , a Ciência e a Cultura ( Unesco ) , há o alerta sobre os impactos negativos da intro-dução de tecnologias na educação , sem qualquer diálogo , reflexão crítica ou moderação por educadores .
O documento que reúne evidências de pesquisas do mundo todo , destaca , também , as conse -quências adversas na aprendizagem e na concentração dos estudantes quando eles levam seus smartphones para as salas de aula , causando-lhes distrações .
Conforme o texto , os smartphones , tablets e relógios inteligentes foram banidos total ou par-cialmente no México ,Portugal , Espanha , Suíça , Estados Unidos ,Letônia , Escócia, Itália, Finlândia, Países Baixos , França e em províncias do Canadá , Países asiáticos , e africanos são os mais têm leis sobre o assunto , como Uzbequistão , Guiné e Burkina Faso . Em Bangladesh , nem os profes-sores podem usar aparelho em sala .
No Brasil , não há lei que proíba o uso de celulares . Escolas particulares têm regras próprias sobre a utilização do aparelho permitindo ou não de acordo com o uso e a idade do aluno . Um pro-jeto de lei de 2015 , ainda em análise na Câmara dos Deputados , proíbe " o uso de aparelhos eletrônicos portáteis , como celulares e tablets ,nas salas de aula da educação básica e superior em todo o País " De autoria do deputado Alceu Moreira ( PMDB - RS ) , ele prevê que os aparelhos somente serão permitidos " se integrarem as atividades didático - pedagógicas e forem autorizados pelos professores " .
Quanto à utilização de material didático , os estados do Paraná e São Paulo caminham na contramão do que dizem os especialistas do mundo todo ,apostando na adoção de modelos pedagógicos cada vez mais digitais , em detrimento do uso dos livros tradicionais .
Fonte - Jornal O SÃO PAULO - pág 19 - Suécia - Zero Hora e DCM Data - 16 a 22 de agosto de 2023 - JOSÉ FERREIRA FILHO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário sobre a postagem.