quinta-feira, 23 de março de 2017

A CATEDRAL: itinerário artístico e religioso no coração da capital Paulista





Para compreender uma grande catedral gótica seria necessário analisar a simbologia da dimensão espiritual da mesma, contemplando não somente a catedral como um lugar de turismo, mas como um lugar de peregrinação. Ao entrar em um recinto de um santuário deve-se lembrar que as graças à Cristo essa obra de arte foi erguida e para Cristo ela foi dedicada. Sem Ele, o monumento não teria sentido.
Originalmente usada como um adjetivo ( como em Igreja Catedral  ) a palavra catedral deriva da palavra grega cátedra, significando a sede, a Sede Episcopalis, pois o templo contém o trono ou a cadeira de um bispo ou arcebispo,  o chefe e pai dos clérigos de uma diocese ou arquidiocese. As primeiras catedrais góticas foram construídas na França a partir do século XII. Inicialmente chamada de opus francigenum  obra de francês“ , o termo gótico é originário a partir da Renascença onde os grandes mestres diziam que este tipo de arte era obscura  , bárbara, fazendo relação ao principal grupo bárbaro que tinha na Europa, os Godos. As primeiras catedrais góticas foram francesas e ressaltam a procura de Deus na Idade Média. A igreja era o centro da cidade e o coração cívico – religioso da mesma, e várias corporações de trabalhadores possuíam altares dedicados a seu santo patrono.
A primeira expressão de arte gótica nasceu com a Abadia Real de St. Denis, atualmente sede da Diocese homônima. Em  St  Denis  , o abade Suger consegui edificar uma igreja na qual as estruturas de sustentação, chamadas de arcobantes tornaram as paredes mais finas, possibilitando o acréscimo de vitrais. Assim nasceu a arte dos vitrais  e uma das grandes características do gótico e o uso extensivo dos vitrais e das esculturas, que serviam para catequizar o povo analfabeto através das imagens e símbolos.
A nossa Catedral possui inspiração franco-alemã em sua arquitetura, pois denota certas influências  do gótico alemão nas torres, lembrando em uma forma simplificada a Catedral de Colônia, símbolo religioso da Alemanha, país de Prof . Hell, o arquiteto da Sé.
O plano da catedral é de cruz latina, expondo uma nave principal onde se encontram os fiéis e um coro onde se encontra o baldaquino, o altar–mor e o cadeiral do coro, além da cátedra. Os braços que formam a cruz é chamado  de transepto e exibem dois altares  - São Paulo e Sant'Ana ambos em estilo moderno com fortes influências na simbologia bizantina  . O mosaico amarelo dourado simboliza o paraíso.
Na capela do Santíssimo, lugar mais sacro da catedral, dispõe de uma iconóstase, uma parede com ícones ou imagens que separa a pequena nave do Santo dos Santos, onde se situa o tabernáculo com as sagradas espécies.
O portal central da Catedral é a porta do céu, onde se situa o convite a entrada. Em nossa catedral denota-se influências de nossa fauna, tornando-se a catedral no jardim esculpido de pedras, a mesma intenção de Jerusalém Celeste ou do Jardim do Paraíso na terra que tinham os construtores das grandes catedrais medievais  . A catedral como porta do céu e como lanterna da luz divina, com vitrais multicolores têm  a intenção de mostrar ao fiel que Deus é aquele que dá beleza e luz a vida de todos os povos. O  convite  “ no portal central da Sé paulistana é feito pelo próprio Cristo ao alto ,  oferecendo seu sangue salvífico uma alusão do altar onde é revivido o sacrifício de amor. Parece que nos diz   , “ Vinde  , entremos em minha casa, a sua casa onde te quero salvar“ .Diferentemente de um Cristo Juiz de muitas catedrais européias, esse Cristo do portal mostra o amor, que o amor de Deus se encontra no coração da cidade, num lugar acessível a todos, para que todos possam se salvar. É a proposta Cristocêntrica que Deus pede a nossos corações. A rosácea da fachada da Sé mostra a magnificência do prédio como uma rosa oferecida a cidade e ao Criador, uma rosa que nunca fenecerá, a rosa que é Maria, a padroeira da Catedral. O costume de construir grandes rosáceas surgiu no período gótico, como um oferecimento, pétalas de vidro e de pedra para a rainha do Céu.
Ao adentrar na Catedral percebe-se a vastidão do edifício , como uma casa de oração e de recolhimento. O centro de tudo é o altar do sacrifício onde podemos ver a Mater – Dolorosa com seu rosto recolhido, pois nenhuma dor pode se igualar a dela. É o altar que diz que é a casa da mãe e casa de Cristo. Ela nos diz  Faça tudo que Ele disser ... “ Sou sua Mãe  , seu refúgio  “... “Ele é a sua salvação “.  A estrutura acima do altar é o Baldaquino  , usado constantemente sobre os altares das basílicas cristãs para santificar o altar e esconder o ato eucarístico da grande massa do povo. Por isso o baldaquino tinha no passado cortinados laterais que eram corridos no momento da consagração .
O nosso Baldaquino é dedicada a Virgem e a sua gloriosa Assunção, festa título dessa catedral  . Os arcos da catedral são altos e cada conjunto deles faz uma intersecção que lembra o sacrifício salvífico do Cristo em sua cruz. Sua Cripta faz lembrar as antigas catacumbas aonde se reuniam os primeiros cristãos. Como uma capela subterrânea  ,a cripta reúne lóculos onde encontram-se enterrados arcebispos da Arquidiocese e três personagens históricos de nossa nação Tibiriçá , cacique da Aldeia de Piratininga  , Feijó , padre e regente do Império e Bartolomeu de Gusmão, um dos precursores da pesquisa de instrumentos de vôo.

Fonte   -      Informativo  da  Catedral  Metropolitana  da  Arquidiocese  de  São  Paulo
Ano  II    - N º   18   -  Maio  de  2004      pág  3
Alexandre  Antônio

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