quinta-feira, 23 de março de 2017

Ser feliz é ter dinheiro?





EDITORIAL

Vamos pensar, seria possível escolher, se fosse o caso  , entre uma coisa e outra? Vivemos num   mundo de dualidades, a unidade só acontece no plano divino, em nosso mundo tudo é duplo, tudo tem dois pólos; tudo tem o seu oposto, sendo assim ser feliz nos dias de hoje implicaria em ter uma real noção do que é felicidade e o que é ser rico. A busca pela riqueza material esta construída sobre uma percepção de gastos, contas para pagar, desejos para satisfazer...  O que é ser feliz para você meu querido leitor  ?
A felicidade, no seu caso, depende de você ou para ser feliz você precisa do outro ? Sua felicidade está em algo material? Bom, para muitas pessoas a felicidade está em pequeninas coisas, em ter uma família estruturada, saúde, um trabalho, contas em dia...  Enfim, o tempo todo fazemos escolhas e são através dessas escolhas que traçamos os caminhos de nossa felicidade. Problemas, crises, dificuldades são situações aparentemente negativas que na realidade nos mostram a necessidade de fazer mudanças: podemos entender tudo isso como sinais.
Podemos criar um quadro de família moderna onde pai e mãe trabalham fora o dia inteiro, ao fim do dia retornam ambos cansados e estressados   o dia inteiro os filhos, estudaram, fizeram várias atividades como cursos de inglês, informática, ao final do dia cada um faz suas refeições sozinhos, pois os pais chegam muito tarde, haja visto  que todos esses serviços extracurriculares custam muito dinheiro e nesse processo todos são envolvidos  numa rotina onde uma simples pergunta aos filhos de como foi o seu dia hoje na escola, não encontra mais espaço por falta de tempo, de paciência e principalmente por falta de energia ara olhar e saber do outro. Hoje vemos crianças que vão parar em consultórios se queixando de depressão, de problemas de aprendizado. Será que neste lar nesta família há felicidade  ? Os presentes materiais preenchem o vazio que se instala dentro da ala do ser humano? Não sei, minha infância foi muito simples e a de minhas filhas também, muitas lutas, dificuldades mas, em momento algum, faltou conversa, atenção, carinho.
Quando uma situação grave bate à porta de um lar, como um acidente, uma doença terminal, um divórcio, qual é a estrutura que uma  família formada na sociedade de consumo tem para superar toda essa provação? Normalmente o caos se instala e tudo vem abaixo, pois todos os curso e bens materiais não preparam as pessoas, nem as estruturam para as dificuldades da vida onde o amor foi o grande ausente.
Não estou anulando a necessidade de preparar nossos filhos para a vida com o  de melhor que podemos proporcionar, mas sim ressaltar que sem estar na troca direta com eles  , de convívio , de atenção, de amor, nada disto será base suficiente para os fortalecer para os desafios da vida.
E ser ricos ? Depende muito de qual riqueza estamos falando; a material quando não temo equilíbrio   nos transforma em escravo dela, onde o dinheiro em vez de nos servir, nos torna servo dele  . Acumular cada vez mais bens materiais de forma obsessiva só nos escraviza um movimento caótico, onde não percebemos que apesar de toda uma  riqueza a nossa volta, nos tornamos infelizes , vazios  , insatisfeitos  , carentes , deprimidos, não percebemos que  na realidade é nossa alma que está doente, pobre de valores , de amor.
Precisamos alimentar nossa alma com amor, pois só ele é a crença que nos liberta das aparências, que nos leva a conciliar as diferenças   que nos fortalece em nosso lado bom, transformando tudo, nos libertando das ilusões da vida de eterno prazer e glamour.
A nossa volta temos a todo instante a beleza de Deus, em um sorriso de uma criança, em um nascer do sol  , o desabrochar de uma flor. Ser gentil, amoroso, fraterno com o próximo, também nos faz feliz, alimenta nosso ser.
Vou terminar nossa conversa, com uma frase que chegou até a mim no momento que fechava esse texto:
“ Tentar ser feliz acumulando bens materiais é como tentar satisfazer a fome colocando sanduíches em volta do corpo  “ , George Carlin  .

Fonte  -          Jornal        PÔR  DO SOL      pag 03
JUL/ 2014        por           Ilka  de Araujo  Dantas


EPIDEMIA  vergonhosa
Disse  o  Papa Francisco: 

O corrupto irrita Deus e faz o povo pecar ... E para os corruptos  , existe
   uma saída  : pedir perdão para não serem amaldiçoados por Deus “ .

A partir desta afirmação do Papa  , Dom Orlando Brandes falou aos Microfones da Rede Milícia Sat as palavras que seguem:
A  CORRUPÇÃO  certamente é combatida, como diz o Papa Francisco, quando nós apresentamos o perdão e a misericórdia de Deus para quem está envolvido nela. Para que mude de vida, para que se converta, não basta, portanto, combater e punir a corrupção o que é altamente necessário  , mas , nós temos algo a acrescentar às pessoas vítimas ou promotoras da corrupção.
Os gestos de Jesus que foi misericordioso com Zaqueu que era corrupto, com Levi e com outros ricaços do Seu tempo os levou a se converter e compreender o pecado grave que cometiam. Corrupção é um pecado social que precisa da conversão pessoal para ser sanado. Nós temos muitos santos na nossa Igreja que eram também corrompidos antes da conversão. Então, temos a grande força e o grande poder da revolução da misericórdia, da conversão dos corações. Mas, outro remédio eficaz é a educação de nossas crianças desde pequenas para a honestidade.
Meu pai me ensinava que nem um alfinete eu devo reter comigo se ele não é meu. Então, eu aprendi a honestidade e a transparência com o meu pai. Por isso, a escola  , a família devem dar exemplos abertamente aos filhos a respeito deste mal que já se tornou  a gangrena de um povo   como nomeou o Papa. A corrupção se tornou  uma epidemia vergonhosa e já virou quase como que um costume. As pessoas se gabam dos lucros que têm por meio da corrupção.

E o Papa também falou claramente que “ a corrupção é suja e a sociedade corrupta é uma porcaria “. Se nós não nos despertarmos para a importância do   nosso voto, estamos também colaborando com a corrupção. Neste Ano Santo, somos chamados a viver as obras de misericórdia, e educar para a partilha e honestidade  faz parte destes gesto.

O Brasil vive daquele famoso “ jeitinho “ . Isso é um perigo muito grande, pelo sétimo mandamento de Deus que diz “ não furtar “ é pouco respeitado. Também devemos ir contra a mentira, pois ela é que mantém a corrupção e defende os outros pecados graves. Precisamos combater a mentira e tomar cuidado com o perigo do dinheiro  , pois , como afirma o Papa  , ele se tornou “ um deus que tudo governa  “ , e por isso o mundo vai mal  , com tantas desigualdades sociais.
 
Temos remédios e caminhos para combater a corrupção e é claro apoiar a operação Lava Jato, apoiar todas as instituições e as leis que são contra esse mal tão incorporado nos brasileiros  , essa vergonha nacional  , esse mal contra a caridade e contra o nosso povo  , que chamamos de corrupção  .

Fonte  - Revista    O  MÍLITE         pág  20 - ano 2016
DOM ORLANDO  BRANDES     Arcebispo de Londrina –PR


Contra  o “ querer  é  poder 
Obra de Bonder  critica “O Segredo“ e idéia de que o cosmos deve nos servir 

Um livro está na moda : “ O Segredo “ , de Rhonda Byrne. Transformado em DVD  , ele corre o mundo ainda mais rapidamente  . Qual é a sua mensagem  ?  A de que há um “segredo “ que é a própria estrutura íntima do universo  . Desvendado esse mistério  , você estará em condições de realizar todos os seus desejos.
O rabino Nilton Bonder, líder de uma das comunidades judaicas do Rio de Janeiro  , e autor de “ A alma imoral “ , estava fazendo uma viagem pela Palestina  , a convite de Harvard, quando teve acesso ao DVD de “ O Segredo . Ele ficou preocupado com o que viu, e dessa preocupação surgiu “ O Sagrado “ . Para o rabino  , “ O Segredo “ mistura aspectos bastante refinados e grosseiros num mesmo pacote  , “ o que , em geral  , abre caminho para muita confusão “ .
“ O livro reedita  , em pleno século XXI  , uma disputa milenar entre o sagrado e a visão mágica de um segredo “ , diz o rabino  . “ O sagrado é a tentativa de religar o ser humano a algo maior do que ele mesmo  , e que lhe permita resgatar-se como parte do projeto da vida, da àrvore da Vida  . O segredo  , por sua vez  , quer capacitar o ser humano como um deus, alguém que, no comando, determina a realidade através do seu desejo.

Um   conflito  velho como
o mundo  , diz  o rabino

É um conflito velho como o mundo  . Nilton Bonder ilustra esse conflito  , em “ O Sagrado “ , com a história do Balac e Balaão  , que aparece no livro dos “ Números “ , da Bíblia  . Israel está entrando pela Palestina , vindo do Sinai  , e chega às planícies de Moab  . O rei de Moab  , Balac  , chama o adivinho Balaão para que ele amaldiçoe essa raça de invasores  . Mas , em vez de fazer o que o rei pede  , Balaão acaba por abençoar os israelenses . O poder da magia tinha sido derrotado por uma força exterior aos desejos de Balac e do próprio Balaão.
A tese de “ O Segredo “ parece às vezes ( ou é ) um discurso de marketing  . Diz um dos “ mestres “ citados pelo livro  : “ Nós podemos ter qualquer coisa que escolhermos  . Não me importo com o tamanho do desafio . Em que tipo de casa você quer morar ? Quer ser milionário? Que tipo de negócio quer ter? Quer mais sucesso? O que você realmente quer?
O livro diz que tudo  é possível a quem tiver acesso à lei básica do universo. Que lei é essa? A lei da atração . “ Tudo o que entra na sua vida é você quem atrai, por meio das imagens que mantém em sua mente. Você é o que está pensando. Você atrai para si o que estiver se passando em sua mente“.
Como diz o rabino Bonder, o problema dessa abordagem é que ela mistura alhos com bugalhos. Se estamos falando da “ força do pensamento positivo  “ , isso não é nem novo nem controvertido. Funciona  - talvez não no nível que o livro promete. Mas respeitáveis tradições orientais ensinam: “ você é aquilo que você pensa  “. A contextura do seu “ mental “ condiciona a sua vida.
Onde é que as coisas se misturam  ? É no achar que  , qualquer que seja o rumo por você escolhido  , o resultado é igualmente bom  .
O pensamento mágico se presta a todas as ilusões. É uma das formas mais arcaicas de mentalidade religiosa. Você descobre, por exemplo, um talismã – algo que confere poder. Ou entra numa forma de entendimento pessoal com o seu deus, de modo que ele atenda aos seus desejos.
Em “ O Segredo “ , não há deuses: há uma espécie de força impessoal que ninguém sabe de onde vem: “ A lei começa nos primórdios do tempo. Ela sempre existiu e sempre existirá. É a lei que determina a completa ordem do Universo, cada momento de sua vida. Não importa quem você é ou onde está : a todo-poderosa lei da atração dá forma a toda a sua experiência de vida, ao ser posta em ação pelos seus pensamentos  “ .

Ingenuidade  perigosa  ,
Fruto de uma mente inculta

É o que o Rabino Bonder chama de “ uma nova mitologia em formação “ , uma alegoria do nosso próprio tempo: o cosmos como um vasto mecanismo cuja última finalidade  é atender aos nossos desejos, mesmo que eles surjam sob a forma de um consumismo desenfreado.
No fundo é uma ingenuidade muito grande, e perigosa. É produto de uma mente inculta (bem contemporânea) que ignora a literatura universal. Os velhos gregos já tinham seus mitos apontando para ambivalência dos desejos. Mestres mais modernos trataram do assunto de maneira antológica. Basta ver os avarentos de Balzac  , ou de Molière. Sim, eles transformaram suas vidas num imenso desejo; pensaram nisso o tempo todo, como recomenda  “ O Segredo “ , e conseguiram o que queriam . Tornaram-se ricos  ; mas  , dentro deles  , a alma apodreceu  .
A ideologia moderna que assusta o rabino Bonder é a do individualismo exacerbado. Um de seus subprodutos (bem americano) é a transformação das pessoas em vencedores e perdedores. Os vencedores terão cada vez mais; os perdedores cada vez menos. Mas, os vencedores estarão fechados em si mesmos , como máquinas de guerra . Terá valido a pena ?
Em oposição a essas novas mitologias  , pode-se lembrar de figuras como Martin Buber  , grande filósofo judeu do século XX . Em sua obra-prima  , “ Ich und Du “  ( “ Eu e Tu “), fala do ser humano como um ser relacional  - que nasce e cresce com a vocação do diálogo . Esse diálogo pode levar ao plano Sagrado  . Mas  , se não há diálogo , o céu tende a se transformar em inferno  .

Fonte   -    Jornal    O  GLOBO   pág  5
PROSA   &     VERSO    29/12/2007 
Luiz  Paulo  Horta   


PARÁBOLA 
DEUS   e  o  rabino

- Com a chegada sempre ansiosamente esperada do Natal, os sentimentos mais nobres dos seres humanos afloram  . Nesse clima  , onde se exaltam e se cantam  , pelos quatro cantos do mundo  , a necessidade e os benefícios da competitividade  , parece oportuno relembrar uma lenda judaica , extraída do livro “ Amar é Preciso “ de Maria Helena Matarazzo.
- “Dizem que Deus convidou um Rabino para conhecer o céu e o inferno  . Foram primeiro ao inferno  . Ao abrirem a porta  , viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão onde se cozinhava uma suculenta sopa  . Em volta dela , estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas  . Cada uma delas segurava uma colher de cabo tão comprido que lhe permitia alcançar o caldeirão, mas não suas próprias bocas. O sofrimento era imenso    .
Em seguida , Deus levou o Rabino para conhecer o céu  . Entraram em uma sala idêntica à primeira  : havia o mesmo caldeirão  , as pessoas em volta  , as colheres de cabo comprido. a diferença é que todos estavam saciados. “Eu não compreendo“ , disse o Rabino  . “ Por que aqui as pessoas estão felizes enquanto na outra sala morrem de aflição  , se tudo é igual ? “  . Deus sorriu e respondeu  : “ Você  não percebeu  ? É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros  ‘ .
- Como se você  , é no mínimo , bíblico , para não retroceder no tempo  , o conceito de que é a cooperação entre as pessoas  , a associação de esforços ( e não a competição ! ) que leva à preservação das espécies. A competição  , mesmo biologicamente  , foi u fenômeno apenas secundário nesse processo.
- A parábola se presta a várias conclusões  . Uma delas  , sem dúvida , diz respeito à verdadeira enxurrada de técnicas  modernosas “ para a obtenção de maiores índices de qualidade e produtividade, que invade o interior das empresas, por esse Brasil  afora, sempre enaltecendo a competitividade em contraposição à cooperação. E, honestamente, qual tem sido o resultado  ?
- Uma outra   , pode ser um balanço pessoal  , um exame de consciência de nossa atitude e comportamento com relação aos acontecimentos que enlutam a dignidade nacional.
O que você tem feito em termos pessoais ou associativos  ? Você talvez não participe por se julgar, quem sabe e até com razão, já bastante conscientizado. Mas somente a conscientização e reflexão não bastam!
É preciso ação  !   É preciso participar  , sair às ruas , ir a associação , mostrar sua posição , indignar-se , protestar , rebelar-se no sentido amoroso da palavra!  Dentro da ordem , da lei , civilizadamente , com amor e  , por isso mesmo  , com muita determinação e firmeza  !
- O povo diz que uma andorinha só não faz verão  . E o povo tem sempre razão  .

Fonte  Jornal  O  ESTADO  DE  SÃO  PAULO     pág   J 11
Recursos  Humanos  07/11/1993  - Ano X  - nº  523

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