terça-feira, 19 de setembro de 2017

A PRINCESA LADY DIANA





A   bela adormecida  que   se divorciou  de seu  príncipe
POR QUE TANTOS  REVERENCIARAM   A  MORTE  de Diana  em 1997? Qual é o segredo da princesa de Gales?  Seria o seu encanto a fonte de atração para os britânicos e também para o mundo inteiro?

Diana tinha uma beleza inocente. Usava e abusava de seus grandes olhos azuis: com uma expressão de completa vulnerabilidade, era capaz de derreter corações de ambos os sexos. Ela parecia estar sempre a ponto de chorar, como se fosse uma Virgem Maria. Ainda assim, era uma das mulheres mais ricas, glamourosas e socialmente influentes do planeta. Talvez o seu maior trunfo residisse nessa combinação exótica de vulnerabilidade e poder.

Apesar de haver muitas outras princesas na Europa, nenhuma delas conseguiu chegar perto da imaginação popular como fez Lady Di. A princesa Grace de Mônaco foi quem mais se aproximou, mas havia sido de uma atriz de cinema. E, para os que dão valor a esse tipo de coisa, a realeza britânica é a mais nobre de todas as realezas. É o símbolo derradeiro de uma sociedade aristocrática que desapareceu em muitos lugares, mas que ainda persiste no Reino Unido, com muito de sua pompa vitoriana intacta.

Como a princesa Grace, Lady Di era uma celebridade dentro da família real. Ela era uma estrela de cinema que nunca apareceu nas telas. De certa forma, sua vida foi uma novela encenada em público. Ela era perspicaz o bastante para perceber o poder da televisão e dos vorazes tabloides britânicos.

A princesa Diana utilizou constantemente a mídia como um trampolim para projetar a sua imagem. Ela era a bela adormecida que beijou o príncipe encantado, a mulher enganada, a beldade radiante da alta sociedade, a líder humanitária abraçando vítimas da Aids e dos campos minados e a princesa de luto, chorando em funerais de celebridades.

A mística quase religiosa da nobreza se completou com Diana.  Até então, a monarquia  era baseada no direito divino. Mas, da mesma forma que os reis utilizam subterfúgios da religião para justificar o seu poder, o mundo moderno do entretenimento encontrou uma maneira de canalizar a adoração popular. Um dos papéis mais tradicionais dos ídolos religiosos é o sacrifício: projetamos nossos pecados sobre eles, e assim eles carregam as nossas cruzes em público.

Diana era esse símbolo.  Ela se tornou a santa padroeira das vítimas  ,  dos doentes  , dos discriminados  e dos mendigos. Projetava também uma imagem irresistível da própria vítima. Mulheres infelizes no casamento se identificaram com ela,  assim como tantos outros marginalizados. Como muitos símbolos religiosos, Diana era maltratada e ridicularizada em público pela mesma mídia que clamava por sua veneração. Por fim, ela se tornou uma vítima da própria fama: perseguida pelo paparazzi, virou um corpo alquebrado e castigado dentro de uma limusine.

Diana,  a  celebridade,  a  princesa  de  tabloide   e a  Pietá  do  mundo  pop  e  da  moda,  era  o  ídolo  perfeito  para  os  nossos  tempos.


PRINCESA  DA  MÍDIA  :  Com  uma  vítima  de  um  campo  minado .
Fonte    -       TIME   MAGAZINE    100   pág 12 
IAN  BURUMA

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