quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Os grandes prêmios da ABL


Um pouco de História

A Academia Brasileira de Letras remonta ao final do século XIX, quando escritores e intelectuais brasileiros desejaram criar uma academia nacional nos moldes da Academia Francesa .

Fundada em 20 de julho de 1897 , na cidade do Rio de Janeiro , por escritores como Machado de Assis ,Lúcio de Mendonça ,Inglês de Sousa,Olavo Bilac , Afonso Celso, Graça Aranha Medeirose Albuquerque , Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo , Visconde de Taunay e Ruy Barbosa.

A Academia tem por fim , segundo os seus estatutos , “ a cultura da língua nacional”, sendo composta por quarenta membros efetivos e perpétuos , conhecidos como “ imortais”, escolhidos entre os cidadãos brasileiros que tenham publicados obras de reconhecimento mérito e/ou livros de valor literário , e vinte sócios correspondentes estrangeiros.

A semelhança da Academia francesa , o cargo de “imortal “é vitalício, o que é expresso pelo lema “ Adimmortalitatem” , e a sucessão dá-se apenas pela morte do ocupante da cadeira . Instituição tradicionalmente masculina , a partir de 4 de novembro de 1977 , aceitou como membro Rachel de Queiroz , para quem foi desenhada uma versão feminina do tradicional fardão .

É reconhecido o mérito da ABL por esforços históricos em prol da unificação do idioma, do português brasileiro e do português europeu .Nomeadamente, teve um papel importante no Acordo Ortográfico de 1945 , conseguido em conjunto com a Academia das Ciências de Lisboa ,assim como foi de novo interlocutora quanto ao ainda “polêmico” Acordo Ortográfico de 1990 .

Inicialmente , sem possuir sede própria nem recursos financeiros , as reuniões da Academia ,eram realizadas nas dependências do antigo Ginásio Nacional , no Salão Nobre do Ministério do Interior , no salão Real Gabinete Português de Leitura, sobretudo para as sessões solenes. As sessões comuns sucediam-se no escritório de advocacia do Primeiro Secretário, Rodrigo Octávio, à rua Quitanda , 47.

A partir de 1904, a Academia ,obteve a ala esquerda do Silogeu Brasileiro,um prédio governamental que abrigava outras instituições culturais , onde se manteve até a conquista da sua sede própria.

Em 1923 , graças à iniciativa à época Afrânio Peixoto , e do então embaixador da França , Raymond Conty ,o governo francês doou à Academia o prédio do Pavilhão Francês ,edificado para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil , uma réplica do Petit Trianon de Versalhes , erguido pelo arquiteto Ange-Jacques Gabriel , entre 1762 e 1768.

Essas instalações são tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) , da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro , desde 9 de novembro de 1987. Os salões abrigam as reuniões regulares, as sessões solenes comemorativas, as sessões de posse dos novos acadêmicos,assim como o tradicional chá das quintas-feiras . Podem ser conhecidas pelo público em visitas guiadas ou em programas culturais,tais como concertos de música de câmara , lançamento de livros dos acadêmicos , ciclos de conferências e peças de teatro.

No primeiro pavimento do edifício, no saguão do Petit Trianon, destaca-se o piso de mármore decorado, um lustre de cristal francês , um grande vaso branco de porcelana de Sévres e quatro baixos-relevos em pedra de coade ingleses. Entre as demais dependências, ressaltam-se : o Salão Francês, onde o novo ,membro,tradicionalmente , permanece sozinho , em reflexão ; a Sala Francisco Alves , onde se destaca uma pintura a óleo sobre tela, de Rodolfo Amoedo, retratando intelectuais do século XIX; a Sala dos Fundadores ,decorada com mobiliário de época e pinturas de Cândido Portinari ; a Sala Machado de Assis , com a escrivaninha , livros e objetos pessoais do escritor com destaque para um retrato dele , de autoria de Henrique Bernadelli ; a Sala dos Poetas Românticos , tendo como destaque os bustos em bronze de Castro Alves, Fagundes Varela Gonçalves Dias , Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo,de autoria de Rodolfo Bernadelli.

No segundo pavimento, encontra-se a Sala de Chá, onde os acadêmicos se encontram , às quintas-feiras , antes da Sessão Plenária , a Sala de Sessões e a Biblioteca . Esta úl-tima atende aos acadêmicos e a pesquisadores , com destaque para a coleção de Manuel Bandeira.

A Academia Brasileira de Letras iniciou a concessão de Prêmios Literários em 1909, quando nomeou uma comissão para julgar , anualmente , o concurso de peças brasileiras destinadas à representação no Teatro Municipal, atendendo a convite do prefeito do Distrito Federal . Nos anos seguintes , outros Prêmios foram criados . Até 1994 , a ABL distribuiu os seguintes Prêmios : Olavo Bilac (poesia) ; José Veríssimo ( ensaio e erudição) ; Monteiro Lobato ( literatura infantil) ; Francisco Alves ( mono-grafia o ensino fundamental no Brasil e sobre a língua portuguesa ) ; Assis Chauteaubriand ( artigos literários ) ; Afonso Arinos ( contos ) ; Artur Azevedo ( teatro) ; Sílvio Romero ( crítica e história literária ) ; Coelho Neto ( romance ) ; Joaquim Nabuco ( história social) ; João Ribeiro ( filologia , etnografia e folclore) ; é de Alencar ( novelas ) ; Odorico Mendes ( tradução ) ; Aníbal Freire ( oratória ) ; Carlos de Laet ( crônicas e viagem ) ; Roquete- Pinto ( etnografia ) ; Alfred Jurzykowski( economia e política ).

Pela reforma regimental , aprovada em 10 de outubro de 1998 , passaram a ser concedidos , todos os anos , o Prêmio Machado de Assis ,para conjunto de obras , o Prêmio ABL de Poesia, o Prêmio ABL de Ficção , o Prêmio ABL de Ensaio e o Prêmio ABL de Literatura Infantojuvenil. Depois , foram criados os Prêmios ABL de Tradução e ABL de História e Ciências Sociais.

A mudança na estruturação dos prêmios deu-se no ano passado . O novo formato homenageia grandes nomes da literatura brasileira e de outras áreas das ciências humanas, alternadamente. A unificação dos prêmios ,obra de um escritor brasileiro vivo. A ideia foi acrescentar representatividade à premiação . Segundo o presidente da Academia sempre foi de reconhecimento ,nunca de estímulo a novos escritores. Antes não era pelo conjunto , era para uma obra em cada estilo literário , mas incidia sobre o autor de uma obra já reconhecida ", ressaltou.

Para a acadêmica Nélida Piñon , secretária geral da ABL ,com o modelo de prêmios segmentados ou com colocações , dificilmente os escritores contemplados recebem o devido reconhecimento da sociedade .Mas,com a concentração em um grande prêmio, o autor vai receber todos os " holofotes "quie merece: " Retomamos a consagração do conjunto da obra . Um autor é um patrimônio nacional e , no Brasil , nós estamos muito abandonados " , disse Nélida . O grande prêmio chama mais atenção para o ganhador , explica : " Prêmios com primeiro , segundo e terceiro ( lugares ) ninguém guardava todos os nomes , e os segmentados também não . Agora é um grande ven - cedor , que vai ganhar todos os holofotes ", enfatiza.

Os vencedores recebem um valor em dinheiro , um diploma e, desde 1998 , um troféu criado pelo escultor Mário Agostinelli ( um pequeno busto de Machado de Assis ) .

VENCEDORES DO PRÊMIO MACHADO DE ASSIS , DESDE 1941:

1941 - Tetra Teffé                   1967 - Adelino Magalhães         1993 - Antonio Candido

1942 - Afonso Schimidt        1968 - Oscar Mendes                 1994 - Antônio Olinto

1943 - Sousa da Silveira         1969 - Edison Carneiro                1995 - Leodegário A . de Azevedo Filho

1944 - não houve premiação     1970 - Octávio de Faria              1996 - Carlos Heitor Cony

1945 - Osório Dutra                    1971 - Murilo Araújo                   1997 - José J. Veiga

1946 - Tobias Monteiro                1972 - Dalcídio Jurandir              1998 - Joel Silveira

1947 -não houve premiação        1973 - Andrade Muricy               1999 - Fernando Sabino

1948 - Augusto Meyer                 1974 - Waldemar Cavalcanti       2000 - Antônio Torres

1949 - não houve premiação      1975 - Hermes Lima                     2001 - Ana Maria Machado

1950 - Eugênio Gomes               1976 - Mario da Silva Bueno         2002 - Wilson Martins

1951 - Padre Augusto Magne      1977 - Raul Bopp                      2003 - Antonio Carlos  Villaça

1952 - Antônio da Silva Melo       1978 - Carolina Nabuco             2004 - Francisco de Assis Brasil

1953 - Érico Veríssimo                 1979 - Gilka Machado               2005 - Ferreira Gullar

1954 - Dinah Silveira de Queiroz 1980 - Mário Quintana               2006 - César Leal

1955 - Onestaldo de Pennafort     1981 - Ayres da M. Machado   2007 - Roberto C.Filho de Albuquerque

1956 - Luís da Câmara Cascudo   1982 - Franklin de Oliveira       2008 - Autran Dourado

1957 - Tasso da Silveira                 1983 - Paulo Rónai                 2009 - Salim Miguel

1958 - Rachel Queiroz                   1984 - Henriqueta Lisboa         2010 - Benedito Nunes

1959 - José Maria Belo                  1985 - Thales de Azevedo         2011 -Carlos Guilherme Mota

1960 - não houve premiação       1986 - Péricles E. da Silva Ramos  2012 - Dalton Trevisan

1961 - João Guimarães Rosa      1987 - Nilo Pereira                     2013 - Silvano Santiago

1962 - Antenor Nascentes             1988 - Dante Milano                 2014 - Vamireh Chacon

1963 - Gilberto Freire                     1989 - Gilberto Mendonça        2015 Rubem Fonseca

1964 - Joracy Camargo                 1990 - Sábato Magaldi             2016 Ignácio de Loyola Brandão

1965 - Cecília Meirelles                 1991 - Maria Clara Machado             

1966 - Lúcio Cardoso                    1992 - Fausto Cunha

Fonte - Jornal de Letras - pág 10 Por Manoela Ferrari



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