terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A Lógica de Deus


Editorial 

Mensagem  do  Pároco

No Natal aparece com clareza a lógica de Deus . Muitos de nós estamos convencidos de que o poder do mal pode ser vencido somente usando as mesmas armas: o dinheiro, a  mentira , a corrupção. Julgamos que a violência pode ser eliminada somente com uma violência maior e que uma guerra se possa terminar mediante outra guerra .

O  Natal mostra-nos um Deus que escolhe a pobreza e a fraqueza, nos ensina a não mais acreditar na lógica da força, lógica que também nós, cristãos, sempre somos tentados a aceitar.

Todos os anos celebra-se aniversários de pessoas ilustres em todo o mundo. Porém, celebrar  o aniversário  de Jesus é diferente , porque nós o atualizamos e não somente o recordarmos. Celebrar na fé os acontecimentos salvadores de  Deus é fazê-los presentes aqui e agora ´para os cristãos de hoje. Apesar do pessimismo sobre o ser humano e de tudo o que há de degradante em nosso mundo, apesar de tudo, há esperança para o ser humano , porque  Deus assumiu nossa humanidade , continua a acreditar que somos capazes de refazer a nossa história cada dia transformando-a em nova e melhor .

Diante da proximidade do Natal , a tarefa mais urgente a executar é converter-nos. Para entrar devidamente no clima da festa precisamos começar mudando corações, mentalidade e conduta .

Um  santo  e  Feliz  Natal  a  todos ! 

Fonte   -  NOSSA  SENHORA  DA  PAZ  Informa      (  folheto )  pág 2
Dezembro , 2017   -   Pe.  Manuel 



Fé  e  Cidadania 

O  Natal  em  um  ano de  ressentimentos 

Neste ano, no Brasil, a polarização, o uso e o abuso das redes sociais  e as fake  news, que marcaram as eleições, criaram inimizades, dividiram famílias e cegaram perto do insuportável.

Como em vários países, também aqui a política  vem sendo dominada pelo ressentimento. Diante das mazelas da política e da ida pública, que parecem não reconhecer nem a dignidade nem os valores das pessoas, cresce o sentimento de frustração e de impotência , que vai se desenvolvendo como raiva e rancor . As decisões políticas e as escolhas eleitorais não são mais tomadas a partir da procura do melhor para si e para os demais , mas em função do ressentimento.

Esse sentimento funciona como óculos que distorcem nossa visão da realidade. Os fatos continuaram ali, a verdade não deixa de ser verdade , a mentira continua mentira , mas a dimensão dos acontecimentos é falseada . O pequeno  parece grande e o grande parece pequeno , o que está próximo se afasta e o que  está longe se aproxima .

Eleitores que procuram os melhores candidatos hostilizam-se entre si , enquanto homens públicos inconsequentes continuam a agir impunemente .

Indivíduos violentos ou ideológicos , demagogos que procuram enganar o povo , existem com certeza – e devem ser combatidos com firmeza . Mas , num mundo de ressentimentos, as vítimas se tornam culpadas, e os verdadeiros culpados escapam impunes, manipulando a frustração e a raiva dos demais .

Segundo o  Papa  Francisco , quando “ preferimos  o ressentimento , o rancor “ , ganhamos  “ um coração  amargo" ( Meditação matutina , 11 de dezembro de 2017 ), pois a dor em consequência dos nossos pecados e daqueles de nossos irmãos é cristã ,mas o ressentimento não ( cf. Meditação matutina , 13 de fevereiro de 2017 ) .

Na mensagem ao  povo  brasileiro , para a Campanha da Fraternidade de 2018 , o  Papa escreveu: “Deixar de lado o ressentimento , a raiva , a violência e a vingança são condições necessárias para se viver como irmãos e irmãs a superar a violência . Acolhamos , pois , a exortação do Apóstolo: ‘Que  o  sol não  se  ponha  sobre  o  vosso  ressentimento' ( Ef 4,26 )".

O crescimento da política do ressentimento ao redor do mundo aponta para os limites das propostas multiculturalistas ,das políticas afirmativas e de inclusão social. Suas raízes são justas : reconhecer os direitos do diferente , apoiar os fracos e os injustiçados ao longo da história, favorecer a convivência entre pessoas e povos . Muitas coisas boas vieram dessas propostas , mas elas têm limites : favoreceram uns , mas não contemplaram outros ; defenderam a tolerância , mas não geraram encontros verdadeiros; quiseram educar para a paz, mas não souberam educar para o amor verdadeiro.

O ressentimento só pode ser superado pelo perdão e a acolhida que criam as condições para descobrirmos e aceitarmos os erros uns dos outros, sem nos escandalizarmos,  mas procurando todos juntos mudar para melhor.

A  festa  do  Natal  é justamente a  celebração  do  dom  gratuito  de  Deus  que vem ao nosso encontro . Não é à toa que é a grande festa  da  confraternização  universal  . Ao receber um dom de amor, tornamos mais capazes de amar e acolher nossos irmãos . Mesmo a exploração consumista e comercial  do  Natal não conseguiu eliminar esse caráter original da  festa  cristã .

Não  desperdicemos  essa oportunidade, tão  necessária  a  todos os  brasileiros depois  deste  ano  tão  difícil.

Fonte  -    Jornal  O  SÃO  PAULO   -  Fé   e  Cidadania   -   pág   5
12  a  17 de  dezembro  de  2018  - FRANCISCO  BORBA  RIBEIRO  NETO 

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