quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Brasil imperial a cores

 







Exposição  de  Rugendas  é  a  primeira de  uma  série  de  retratistas  do  século  XIX


A primeira de   três exposições com obras dos mais  conhecidos  retratistas do  Brasil do

início do  século XIX  foi aberta  ao público carioca numa terça - feira , no Centro Cultural 

Justiça Federal .“ Rugendas ,sem olhar inaugural “ traz 50 litogravuras do alemão Johann

Moritz Rugendas espalhadas pelas paredes de quatro salas  e projetadas em dois telões ,

num quinto cômodo . A série de eventos ligados aos  200 anos da chegada  Família Real 

Portuguesa  ao  Brasil  segue  com  uma  exposição  de  aquarelas , óleos , desenhos  e 

gravuras de  Jean - Baptiste Debret , na Casa  França - Brasil , a  partir  de 25 de março , outra com  83 obras  de  Nicolas - Antoine  Taunay , no Museu Nacional de  Belas Artes , com inauguração prevista  para  6  de maio . Os dois últimos foram membros da Missão Artística Francesa ,que aportou no Rio em 1816 ( formada por bonapartistas que não se

sentiam mais seguros  na  França  e  estavam desempregados ) , enquanto  Rugendas chegou em 1821 , integrando a expedição organizada  pelo  barão  Georg  Langsdorff ,

membro da  Academia de Ciências de São  Petersburgo e cônsul - geral  da Rússia no

Rio .


As gravuras de Rugendas que compõem a  exposição correspondem a metade das cem 

imagens  do  livro  “ Viagem pitoresca  através do  Brasil “ , editado em  1835 , em Paris . 

Suas páginas traziam traziam extensas observações dos artistas , que , infelizmente ,não

serão oferecidas aos visitantes do centro cultural . Rugendas escreveu ,por exemplo ,que 

os  negros que encontrara aqui não conservavam  os  costumes  e  as nações religiosas

de  suas  terras nativas  , e  eram violentamente  submetidos  à  doutrina  católica . Na

Europa , havia uma demanda enorme por  informações sobre o  Novo Mundo .


Viajantes  eram  vistos como  espiões 


Bandeira destaca que uma figura importante desse período  foi o  alemão  Alexander  von  Humboldt .


- Ele partiu para a  América  do  Sul  em  1799 , com uma carta ao rei da  Espanha que lhe permitia visitar todo o território da  América espanhola .Mas , para  Portugal ,era um espião,

como os viajantes . Foi  enviada  uma  carta ao governador do  Grão  - Pará alertando - o 

sobre Humboldt - explica ele .


Rugendas , voltando do  Brasil à  Europa , encontrou o naturalista  em Paris e ganhou sua  admiração ao lhe mostrar  os  desenhos que fizera da  natureza  brasileira . Outros temas que retratou foram o movimento da extração do ouro e pedras preciosas em  Minas Gerais,

os  costumes e as  danças de  negros na  Bahia  e  os  semblantes dos  escravos  trazidos 

de  nações africanas e  índios botocudos , macaxali e de outras tribos em ações de  caça e

pesca , rituais  e encontros com os  civilizadores europeus . Sua gravura “ Derrubada  de  uma  floresta “  (  incluída  na  exposição )  é  a primeira  documentação  da  destruição da  Mata  Atlântica .


Rugendas participou  da  expedição  de  Langsdorff  até  se  desentender  com  o  barão e tomar  seu  próprio  rumo . De  formação  acadêmica  e  romântica , ele  fez  um  trabalho documental e , ao mesmo tempo , idealizado .


O  acervo  exposto no  Rio de Janeiro vem de  Brasília  e pertence  a  Alcina Morato , que montou em  1985 , uma  mostra  na  capital federal  com  a arte produzida pela exposição Langsdorff e foi  presenteada , pela embaixada russa , com  cópias das gravuras  originais de  Rugendas .


Fonte  -  Jornal  O  GLOBO  -  pág 8  SEGUNDO  CADERNO  

Data  -  Domingo , 10 de agosto de 2008  - Eduardo  Fradkin


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