Exposição de Rugendas é a primeira de uma série de retratistas do século XIX
A primeira de três exposições com obras dos mais conhecidos retratistas do Brasil do
início do século XIX foi aberta ao público carioca numa terça - feira , no Centro Cultural
Justiça Federal .“ Rugendas ,sem olhar inaugural “ traz 50 litogravuras do alemão Johann
Moritz Rugendas espalhadas pelas paredes de quatro salas e projetadas em dois telões ,
num quinto cômodo . A série de eventos ligados aos 200 anos da chegada Família Real
Portuguesa ao Brasil segue com uma exposição de aquarelas , óleos , desenhos e
gravuras de Jean - Baptiste Debret , na Casa França - Brasil , a partir de 25 de março , outra com 83 obras de Nicolas - Antoine Taunay , no Museu Nacional de Belas Artes , com inauguração prevista para 6 de maio . Os dois últimos foram membros da Missão Artística Francesa ,que aportou no Rio em 1816 ( formada por bonapartistas que não se
sentiam mais seguros na França e estavam desempregados ) , enquanto Rugendas chegou em 1821 , integrando a expedição organizada pelo barão Georg Langsdorff ,
membro da Academia de Ciências de São Petersburgo e cônsul - geral da Rússia no
Rio .
As gravuras de Rugendas que compõem a exposição correspondem a metade das cem
imagens do livro “ Viagem pitoresca através do Brasil “ , editado em 1835 , em Paris .
Suas páginas traziam traziam extensas observações dos artistas , que , infelizmente ,não
serão oferecidas aos visitantes do centro cultural . Rugendas escreveu ,por exemplo ,que
os negros que encontrara aqui não conservavam os costumes e as nações religiosas
de suas terras nativas , e eram violentamente submetidos à doutrina católica . Na
Europa , havia uma demanda enorme por informações sobre o Novo Mundo .
Viajantes eram vistos como espiões
Bandeira destaca que uma figura importante desse período foi o alemão Alexander von Humboldt .
- Ele partiu para a América do Sul em 1799 , com uma carta ao rei da Espanha que lhe permitia visitar todo o território da América espanhola .Mas , para Portugal ,era um espião,
como os viajantes . Foi enviada uma carta ao governador do Grão - Pará alertando - o
sobre Humboldt - explica ele .
Rugendas , voltando do Brasil à Europa , encontrou o naturalista em Paris e ganhou sua admiração ao lhe mostrar os desenhos que fizera da natureza brasileira . Outros temas que retratou foram o movimento da extração do ouro e pedras preciosas em Minas Gerais,
os costumes e as danças de negros na Bahia e os semblantes dos escravos trazidos
de nações africanas e índios botocudos , macaxali e de outras tribos em ações de caça e
pesca , rituais e encontros com os civilizadores europeus . Sua gravura “ Derrubada de uma floresta “ ( incluída na exposição ) é a primeira documentação da destruição da Mata Atlântica .
Rugendas participou da expedição de Langsdorff até se desentender com o barão e tomar seu próprio rumo . De formação acadêmica e romântica , ele fez um trabalho documental e , ao mesmo tempo , idealizado .
O acervo exposto no Rio de Janeiro vem de Brasília e pertence a Alcina Morato , que montou em 1985 , uma mostra na capital federal com a arte produzida pela exposição Langsdorff e foi presenteada , pela embaixada russa , com cópias das gravuras originais de Rugendas .
Fonte - Jornal O GLOBO - pág 8 SEGUNDO CADERNO
Data - Domingo , 10 de agosto de 2008 - Eduardo Fradkin
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