quinta-feira, 20 de novembro de 2025

CORPO PERDIDO ( fragmento )

 






Ah , quem  me  leva  aos  harpãos 

eu  sou muito  frágil 

eu  assovio  sim  eu  assovio  coisas  muito  antigas 

serpentes , coisas  cavernosas 


Eu  outro  vento  paz - aí 

e contra  meu  focinho instável  e  fresco 

pousa  contra  minha  face  erodida 

tua  fria  face  de  rir  desfeito ,

vento  oh  eu  o  ouvirei  ainda 

negro  negro  desde o fundo 

do  céu  imemorável .


Um  pouco  menos  forte  que  hoje 

mas  forte  demais  todavia 

e  este  louco  urro  de  cães  e   de  cavalos 

que  ele  empurra  a  perseguir - nos  sempre  quilombolas 

mas  por  minha  vez  no  ar 

eu  soltarei  um  grito  e  tão  violento 

que  borrifar  o  céu  inteiro 

e  por  meus  galhos  espedaçados 

e  pelo  grito  insolente  de  minha  fronte  e  ferida  e  solene 

eu  ordenarei  às  ilhas  existirem . 


Fonte  Jornal  TROHIN   -  “  Corps  perdu  “  ( 1950 ) , Cadastre , Oeuvres 

Data  -  Junho  /  Julho  2006   -   Aimé  Césaire   - Tradução  : Maria  de  Lourdes  Teodoro


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